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Tabernáculo Metropolitano: Breve Histórico

 

Metropolitan Tabernacle

Pórtico original do Tabernáculo
Pórtico original do Tabernáculo

Local  – Londres Elefanth & Castel, Newginton

Reino Unido

Religião – Batista

Ano de consagração 1861

Arquiteto -Wilmer Wilmer Pocok

Início da construção – 1859 (primeira construção)

Fim da construção –  1957 (última e atual construção)

O Tabernáculo Metropolitano, (em inglês Metropolitan Tabernacle) é uma Igrejal batista em Elefanth & Castel, na cidade de Londres, na Inglaterra. Atualmente é pastoreada por Peter Master. O edifício atual, foi edificado em 1957, é o terceiro desde 1861. O edifício original foi construído no pastoreado de Charles Haddon Spurgeon[1].

Índice

Os primeiros 200 anos

A Congregação batista reunida hoje no Tabernáculo Metropolitano começou a reunir-se por volta de 1650[1], 30 anos depois da partida dos pais peregrinos às Colônias Americanas, após o Parlamento inglês proibir, em 1645, no reinado de Carlos I reuniões cristãs independentes. A Igreja reunia-se clandestinamente em Kennington, na casa de uma viúva, Seu primeiro pastor foi Willian Riderde 1653 a 1665, quando provavelmente morreu pela praga de Londres desse ano.Em 1688, a lei de restrição de culto foi revogada, e a partir disso, a Congregação, sob a liderança de Benjamin Keach, que assumira o pastoreado nesse ano, estabeleceram a irmandande num local de culto próximo onde hoje é a Torre de Londres[1].

Benjamin Keach foi pastor até 1704. Foi um eminente evangelista e pastor, que chegou a firmar e aderir a Confissão de Fé Batista de 1689, e pregou durante algum tempo em Buckinghamshire e Winslow. Sofreu perseguição e prisões por parte das autoridades conformista devido suas convicções batistas e contrárias ao batismo infantil, em especial com a publicação de um livro chamadoo Instrutor dos Meninos. Keach morreu em 16 de julho de 1704, foi enterrado num cemitério batista em Soutweark. antes de seu falecimento, convidou seu genro, BenjamÌn Stinton, para assumir o pastoreado, e esse foi convidade e confirmado pela igreja; foi pastor da congregação de 1704 a 1718.

John Gill

Em 1718, John Gill foi convidado a assumir o pastoreado da congregação;[1] foi ordenado em 22 de maio de 1720. Gill foi um dos mais eminentescalvinistas e um dos mais famosos teólogos do século XVIII, considerado o primeiro teólogo batista. É conhecido por ter sido em muitos aspectos um hipercalvinista. Porem, durante o ministério de Gill, a igreja apoiou fortemente a pregação de George Whitefield em Kennington Common, local onde em 1739, pregou vários sermões.

Especializou-se em Hebraico e línguas orientais. Em 1748, publicou uma exposição do Novo Testamento, e também outros livros, como “Corpo de divindade” e “Antiguidades Judaicas” . Em 1748, Gill foi agraciado com o grau honorário de Doutor em Teologia pela Universidade de Aberdeen. No seu pastoreado, em 1757 a congregação, necessária de maiores instalações, mudou-se para Carter-lane, Tooley Street. Nessa época, Gill escreveu uma declaração de fé e pratica usada para admissão de membros, que posteriormente não foi mais usada, sendo anexada a biografia de Charles Haddon Spurgeon.

Gill faleceu em 14 de outubro de 1771. Para substituir seu posto, John Rippon foi convidado. Ao fim de seu tempo de prova na Igreja, 40 pessoas decidiram separar-se da congregação por não concordar do voto da maioria dos membros. Rippon propôs que, como esses irmãos procediam de acordo com suas consciência, que fundassem una nova Igreja e fossem despedidos com amor e oração; ajudou na construção da nova Capela, e ainda ordenou seu primeiro pastor. John Riponn ficou bastante conhecido por compilar um hinário, chamando, em inglês , The Selection of Hymns from the Best Authors, Intended to Be an Appendix to Dr.Watts , vulgarmente conhecida como a Seleção Rippon , que fez muito sucesso, e foi reimpresso 27 vezes em mais de 200.000 cópias,e que Spurgeon usou durante seu ministério.

New Park Street

Foi no pastoreado de John Rippon que, por ocasião da construção da Torre de Londres no terreno em Carter-Lane, a capela localizada nessa região foi demolida, e uma nova foi levantada, em New Park Street, Southwark, em 1833. Tinha capacidade para 1200 pessoas sentadas e 300 em pé.

New Park Street, em 1855.

John Rippon morreu em 1836. Em 1837, Joseph Angusfoi ordenado pastor de New Park Street em seu lugar, ocupando esse posto até 1839, quando foi convidado para ser secretário da Sociedade Missionária Batista de Londres. Foi também diretor de Stepney College, escola batista de ensino, conhecida como Regent’s Park College, e é parte da Universidade de Oxford. Deve-se Notar que curiosamente, Angus e Spurgeon se conheceram em 1852, e chegaram a marcar uma entrevista para a admissão de Spurgeon no seminário, mais por um desencontro, esse encontro nunca ocorreu. Spurgeon sentiu a direção divina de não entrar no Seminário, e posteriormente ocupou o pastoreado outra ocupado por Angus. Joseph Angus fez parte do comitê de revisão da King James Version em 1881. Faleceu em 1902.

em 1841, James Smith assumiu o pastoreado vago de Angus, e o exerceu por 8 anos e meio. em 1851, William Walters assumiu o cargo, mas não permaneceu por muito tempo, demitindo-se por não ter a confiança do diaconato da Igreja. Nos anos 1840-1850, a frequência da Igreja decairá muito, a Igreja se apresentava numa condição fria espiritualmente.

Charles Haddon Spurgeon

em 1853, George Gold, participou de uma reunião da União das Escolas dominicais em Cambridge, e escutou pregar nessa ocasião o jovem Charles Haddon Spurgeon, com apenas 19 anos, pastor da Igreja Batista de Waterbeach. Gold informou sobre ele a Thomas Olney, diácono de New Park Street, que estava à procura de um pastor para o cargo vago. Spurgeon foi convidado a pregar em Londres, pela primeira vez, em 18 de dezembro de 1853. Foi tão bem sucedido que voltou a ser convidado em 1º e 8 de janeiro, e no dia 29 de janeiro de 1854, quando a Congregação o convidou a ser provado por seis meses em vista de assumir o ministério. Porem, em 19 de Abril de 1854, a Igreja lhe convidou imediatamente. Spurgeon aceitou.

A pregação e a mensagem de Spurgeon atraiu muitos a New Park Street. Spurgeon tornou-se o pastor mais famosos de Londres. Logo, não suportava mais o numero de ouvintes. em 1855, New Park Street passou por reformas, e decidiu-se alugar o Exerter Hall, um salão público com capacidade de 5.000 membros, para as reuniões da congregação, até junho de 1855. Em 1856, tornaram a alugar Exerter Hall em janeiro e junho, devido a pressão dos multidões, por falta de espaço em New Park. Porem, os proprietários de Exerter Hall recusaram-se a alugar o salão por largos períodos para Spurgeon, afim que outras denominação o usassem. Foi necessário outro local para os cultos.

A tragédia do Surrey Garden Music Hall

Spurgeon pregando no Surrey Garden.

O Surren Garden Music Hall tinha capacidade para 10.000 lugares, era o maior edificio público de Londres. Foi alugado pela congregação de New Park para os cultos vespertinos de domingo. Em 19 de outubro de 1856, com 7.000 pessoas presentes para a primeira pregação de Spurgeon, um princípio de tumulto causado por alguns baderneiros e falsos avisos de incêndio provocaram tal correria e pânico na multidão, que resultou em 28 feridos e a morte de 7 pessoas. Esse fato traumatizou Spurgeon profundamente. Foi posteriormente instituído um fundo de ajuda as vítimas. Desse fato, porem, em vista da necessidade de um local seguro e suficiente para abrigar as multidões de assistentes e ouvintes, a congregação de New Park Street decidiu iniciar um fundo para construção de um novo templo. Os serviços de Spurgeon e de New Park Street em Surrey Garden Music Hall ocorreram até 11 de dezembro de 1859.

A construção do Tabernáculo Metropolitano

Conforme a decisão adotada, um largo terreno em Newington, em Elefanth & Castel, foi adquirido, onde no momento era um espaço para prática de tiro ao alvo, e vários séculos antes fora um campo utilizado para o martírio de diversos dissidentes batistas. Em 16 de agosto de 1859, foi lançada a pedra fundamental do futuro edifício, juntamente com uma Bíblia e um exemplar da Confissão de Fé Batista de 1689. Para a construção do edifício, muitas coletas e e fundos foram realizados, e Spurgeon pregou em diversos lugares. Várias Igrejas e denominações ajudaram na edificação da Igreja, que em sua época, foi a maior Igreja Batista do mundo, influenciando muitos outros templos que forma construídos posteriormente ao redor do mundo.

O projeto do Tabernáculo foi encabeçado pelo arquiteto Willmer Willmer Pocok , que ganhou um concurso feito para tal obra. O projeto original incluía quatros torres em cada ângulo do Tabernáculo, mas elas foram retiradas para diminuir o custo da obra. O edifico foi construído de tal forma que a acústica do templo fosse favorável a voz de Spurgeon. Comportava 6000 pessoas sentadas.

Interior do Tabernáculo, em 1861.

Durante a construção, a congregação saiu do Music Hall, (que posteriormente foi destruído por um incêndio) e ocupou temporariamente oExerter Hall, de novo, até 1º de março de 1861. A obra custou, na época, 31.332 libras esterlinas. Foi concluída em 1º de março de 1861, e dedicado em um dia de oração no dia 18. O primeiro sermão pregado por Spurgeon na Igreja foi no dia 25 de março, e o primeiro culto de domingo, dia 29. Cinco semanas foram dedicadas aos festejos da abertura, sendo que nas duas primeiras, várias palestras foram realizadas por vários pastores e igrejas não-conformistas diferentes.

Quanto a New Park Street, a antiga capela foi utilizada ainda por alguns anos como sede do Spurgeon College, e finalmente fechado, vendido e demolido em 1866.

O Tabernáculo pós Spurgeon: primeira metade do século XX

Thomas Spurgeon, filho de Charles, que sucedeu seu pai no pastoreado do Tabernáculo

Em 1888, a Igreja, apoiando a Charles Haddon Spurgeon em decorrência a Controvérsia do Declínio, desligou-se oficialmente da União Batista da Inglaterra, da qual fazia parte. multidões de pessoas afluíam ao local, tanto que em várias ocasiões, o próprio Spurgeon pedia aos membros regulares da congregação que cedessem seus lugares em benefício daquelas que não tinhan tido oportunidade de frequentar o Tabernáculo.

Spurgeon pregou no Tabernáculo Metropolitano até 1891; vários pregadores pregaram nesse edifício, dentre eles D.L.Moody, que influenciaria muitos pregadores posteriores a Spurgeon no Tabernáculo. Os sermões impressos de Spurgeon a partir dessa data passaram a integrar os volumes denominadosThe Tabernacle Metroplitan Pulpit. Spurgeon, já muito doente, convidou o pastor Presbiteriano Arthur Tappan Pierson para assumir seu posto temporariamente enquanto estava convalescente na França, porem, com a morte de Spurgeon em 31 de janeiro de 1892, Pierson continuou a frente do Tabernáculo. Spurgeon foi velado no Tabernáculo Metropolitano em fevereiro de 1892. Seu funeral contou com a presença do famoso compositor de hinos Ian Sankey. Pierson ficou a frente do serviços pastorais Tabernáculo ininterruptamente até junho de 1892, e James Spurgeon, irmão de Spurgeon, que era pastor de outra igreja batista e encarregado dos trabalhos e obras do Tabernáculo propôs que ele assumisse o pastoreado em definitivo, o que não aconteceu.

Thomas Spurgeon, um dos filhos gêmeos de Charles Spurgeon, foi chamado de seu trabalho pastoral na Nova Zelandia à Londres, e muitos membros do Tabernáculo quiseram que ele assumisse o cargo outrora ocupado por seu pai. Em março, em votação, Thomas foi convidado ao pastoreado, e James Spurgeon renunciou as suas funções, e Pierson encerrou seu ministério nessa Igreja, regressando ao Estados Unidos. Thomas Spurgeon foi eleito em 1894.

Thomas Spurgeon foi muito influenciado pelos métodos evangelísticos de D.L.Moody e de muitos pastores e pregadores evangelicais americanos, que em certa medida, utilizavam de alguns métodos evangelísticos aplicados por Charles Finney por volta de 1850; tanto que, nessa época, muito dessas práticas americanas foram implantados e executados no Tabernáculo, em detrimento da simplicidade dos cultos dominicais da época de Spurgeon, entre eles, “reuniões especiais” e “chamados do altar” etc

Em abril de 1898, o Tabernáculo Metropolitano foi destruído por um incêndio causado por um acidente em uma conzinha do local. O prédio foi totalmente consumido, só restando o pórtico frontal. Foi reconstruído e inaugurado em outubro de 1900. Em 1908, por motivos de saúde, Thomas Spurgeon renunciou ao pastoreado, assumindo em seu lugar o pastorArchibald G. Brown, que era amigo de Spurgeon. Em 1910, esse também renunciou, e assumiu o púlpito da Igreja o pastor americano Dr. Amzi Clarence Dixon, advindo da Igreja Moody, Chicago. Uma de suas primeiras mudanças foi a instalação de um piano no Tabernáculo, com fim de tocar musicas comoventes, alem de incentivar abertamente muitas reuniões de decisões por Cristo, reuniões pós culto, e várias práticas não usadas por Charles Spurgeon. Em 1918, vários irmãos da Igreja se mostravam insatisfeitos com as novidades e a baixeza doutrinaria de Dixon, o acusando de arminiano e de dominar a congregação ( alguns diáconos forma demitidos e forçados a renunciar) .Em 1919, Dixon, desgastado, renunciou, retornando aos Estados Unidos, e assumiu o pastoreado o pastor calvinista Harry Tydeman Chilvers de 1919 a 1935.

O terceiro Tabernáculo: os dias atuais

Em 1935, assumiu o pastoreado o pastor Dr. W Graham Scroggie. Em 1941, devido ao bombardeio alemão em Londres devido a Segunda Guerra Mundial, o Tabernáculo foi novamente destruído, só restando, novamente, do projeto original de 1861, o pórtico frontal. Seria totalmente reconstruído em 1957 (com um projeto arquitetônico diferente do original, e menor que o original) sobre o pastoreado de Eric W Hayden (que foi sucessor de Gerald B Griffiths, até 1954)

Dennis Pascoe foi pastor da Igreja de 1963 até 1970, quando Peter Master assumiu o pastoreado, e o mantêm até os dias de hoje. Ele resgatou muito do que foi ensinado por Spurgeon, e re-colocou em prática no serviço dominical, nas escolas dominicais, e nas ações evangelísticas.

[1]

Lista dos pastores do Tabernáculo Metropolitano

  • William Rider, c1653–c1665 (12 anos)
  • Benjamin Keach, 1668–1704 (36 anos)
  • Benjamin Stinton, 1704–1718 (14 anos)
  • Dr. John Gill, 1720–1771 (51 anos)
  • Dr. John Rippon, 1773–1836 (63 anoss)
  • Joseph Angus, 1837–1839 (2 anos)
  • James Smith, 1841–1850 (8 ½ anos)
  • William Walters, 1851–1853 (2 anos)
  • Charles Spurgeon, 1854–1892 (38 anos)
  • Arthur Tappan Pierson, 1891–1893 (Temporário, não eleito ao pastoreado – 2 anos)
  • Thomas Spurgeon, 1893–1908 (15 anos)
  • Archibald G. Brown, 1908–1911 (3 anos)
  • Dr. Amzi Clarence Dixon, 1911–1919 (8 anos)
  • Harry Tydeman Chilvers, 1919–1935 (15 ½ anos)
  • Dr. W Graham Scroggie, 1938–1943 (5 anos)
  • W G Channon, 1944–1949 (5 anos)
  • Gerald B Griffiths, 1951–1954 (3 anos)
  • Eric W Hayden, 1956–1962 (6 anos)
  • Dennis Pascoe, 1963–1969 (6 anos)
  • Dr. Peter Masters, 1970– a hoje

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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GONDIM NÃO QUER PAÍS EVANGÉLICO

 

Em artigo ele teme fisiologismo político e falta de liberdadeimage

Deus nos livre de um Brasil evangélico
Ricardo Gondim

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

Soli Deo Gloria

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Cresce o número de conversões falsas entre adolescentes cristãos

 

Se você é pai ou mãe de um adolescente cristão, Kenda Creasy Dean faz um alerta: seu filho está seguindo uma forma mutante de cristianismo e você pode ser o responsável.

Dean afirma que cada vez mais adolescentes estão adotando o que ela chama de “deísmo moralista-terapêutico”. Tradução: uma fé enfraquecida que mostra Deus como um “terapeuta divino”, cujo principal objetivo é aumentar a auto-estima das pessoas.

Dean é pastora, professora do Seminário Teológico de Princeton e autora de Almost Christian, [Quase cristão]. Seu livro argumenta que muitos pais e pastores estão propagando inconscientemente essa forma egoísta de cristianismo. Ela afirma que essa fé “impostora” é uma razão pela qual os adolescentes abandonam as igrejas.

“Se este é o Deus que eles estão vendo na igreja, então estão certos em querer nos abandonar”, diz Dean. “As igrejas não dão motivos suficientes para eles se sentirem motivados.”

Características comuns dos jovens apaixonados pelo que fazem

Dean tirou suas conclusões no que ela chama de um dos verões mais deprimentes de sua vida. Ela entrevistou adolescentes sobre sua fé depois de ajudar a realizar uma pesquisa para o controverso “Estudo Nacional da Juventude e Religião”.

Este estudo, que incluiu entrevistas feitas em profundidade com pelo menos 3.300 adolescentes americanos entre 13 e 17 anos, concluiu que a maioria dos adolescentes que afirmavam ser cristãos eram indiferentes sobre sua fé e não se envolviam com ela.

O estudo incluiu cristãos de todas as classes – desde católicos até evangélicos, de denominações conservadoras e também das mais liberais. Os números finais indicam que embora 3 em cada 4 adolescentes americanos (75%) se declarem cristãos, menos da metade pratica sua fé, apenas metade a considera importante e a maioria não consegue falar de maneira coerente sobre suas crenças.

Muitos adolescentes pensam que Deus quer apenas que eles se sintam bem e que façam o bem – algo que os pesquisadores chamaram de “deísmo moralista-terapêutico”.

Alguns críticos disseram à pastora Kenda Dean que a maioria dos adolescentes não consegue falar coerentemente sobre qualquer assunto profundo, mas ela argumenta que existem estudos em abundância mostrando que isso não é verdade.

“Eles têm muito a dizer. Eles podem falar sobre dinheiro, sexo e suas relações familiares com detalhes. A maioria das pessoas que trabalha com adolescentes sabe que eles não são naturalmente desarticulados”, afirma Dean.

Em Almost Christian, Dean fala com os adolescentes que são envolvidos com sua fé. A maioria vem de igrejas mórmons e evangélicas, que tendem a realizar um trabalho melhor no sentido de gerar nos adolescentes uma paixão pela religião.

A escritora disse que adolescentes cristãos comprometidos compartilham 4 características, não importando suas origens: eles têm uma experiência pessoal com Deus, um envolvimento profundo com uma comunidade espiritual, um senso de propósito e um senso de esperança quanto ao futuro.

“Existem incontáveis estudos que mostram que adolescentes religiosos têm melhores notas na escola, têm relações melhores com os pais e se envolvem menos em comportamentos de alto risco. Eles fazem um monte de coisas pelas quais os pais oram”, escreve ela.

Dean é uma pastora ordenada pela Igreja Metodista Unida e que diz que os pais são a influência mais importante na fé dos filhos. Por isso, coloca sobre os adultos a responsabilidade maior pela apatia religiosa dos adolescentes.

Alguns adultos não esperam muito dos pastores e líderes de jovens. Os pais simplesmente esperam que os pastores mantenham os jovens longe das drogas e do sexo antes do casamento. Outros ensinam um “evangelho legal”, no qual a fé consiste simplesmente em fazer o bem e não machucar os outros. Não se ouve sobre o chamado cristão para correr riscos, testemunhar e se sacrificar pelos outros, conclui Dean.

“Se os adolescentes carecem dessa articulação da fé, possivelmente é porque a fé que mostramos a eles é muito fraca para merecer mérito durante a conversa”, escreveu Dean, com a autoridade de quem é professora de Juventude e Cultura Eclesiástica no Seminário Teológico de Princeton.

Mais adolescentes podem estar se desviando do cristianismo convencional, mas seu desejo de ajudar os outros não diminuiu, afirma Barbara A. Lewis, autora de The Teen Guide to Global Action [Guia dos Adolescentes para Ação Global]. Ela diz que Dean está certa – muitos adolescentes estão adotando uma crença distorcida sobre quem é Deus.

No entanto, houve uma “explosão” no envolvimento dos jovens desde 1995, o que Lewis atribui a mais escolas enfatizando a necessidade de serviço comunitário. Adolescentes menos religiosos não são automaticamente menos compassivos, afirma.

“Vejo um aumento na paixão dos jovens para fazer deste mundo um lugar melhor. Muitos jovens estão buscando a solução dos problemas. Eles não estão esperando pelos adultos”, conclui Lewis.

O que os adolescentes dizem sobre seus colegas

Elizabeth Corrie encontra alguns desses adolescentes idealistas em todos os verões. Ela adotou o desafio central do livro de Lewis: incutir a paixão religiosa nos adolescentes.

Corrie, que já foi professora de religião do ensino médio, hoje dirige um programa chamado YTI – Youth Theological Initiative [Iniciativa Teológica da Juventude] da Universidade de Emory, na Geórgia.

O YTI funciona como um curso rápido de treinamento teológico para os adolescentes. Pelo menos 36 estudantes do ensino médio de todo o país reúnem-se para três semanas de formação cristã. Eles adoram a Deus juntos, visitam diferentes comunidades religiosas e participam de projetos comunitários.

Corrie diz que não há escassez de adolescentes que desejam ser inspirados e fazer deste um mundo melhor. Mas o cristianismo que alguns aprenderam não os inspira “a mudar alguma coisa que não está funcionando no mundo”.

“Adolescentes querem ser desafiados; eles querem que suas perguntas difíceis sejam levadas em consideração. Achamos que eles querem bolo, mas eles realmente desejam bife com batatas fritas, e nós continuamos a lhes dar bolo”, acredita Corrie.

Estudante de uma escola em Atlanta, David Wheaton diz que muitos de seus colegas não estão motivados com o cristianismo porque não conseguem ver o retorno disso. ”Se eles não conseguem ver benefícios imediatos, acabam se mantendo longe. Eles não querem fazer sacrifícios”, afirma.

Como pais radicais instigam a paixão religiosa em seus filhos

Não são apenas os pais, as igrejas também compartilham a culpa pela apatia religiosa dos adolescentes, afirma a professora Corrie.

Ela diz que os pastores muitas vezes pregam uma mensagem de segurança que pode atrair um número maior de fiéis. O resultado: mais pessoas bocejando nos bancos. ”Se a sua igreja não consegue sobreviver sem um certo número de membros comprometidos, você acaba não querendo pregar uma mensagem que possa irritar as pessoas. Todo mundo vai concordar se você apenas disser que devemos ser bons e que Deus recompensa os que são bons”, conclui Corrie.

Parafraseando a autora de Almost Christian, Corrie enfatiza que o evangelho da gentileza não consegue ensinar os adolescentes a enfrentar uma tragédia.

“Não consegue suportar o peso de questões mais profundas: Por que meus pais estão se divorciando? Por que meu melhor amigo cometeu suicídio? Por que, nesta economia, eu não consigo o emprego bom que me foi prometido se fosse um criança estudiosa?”

O que um pai pode fazer então? “Seja radical”, responde Dean.

Ela diz que os pais que fazem algum ato radical de fé na frente de seus filhos transmitem mais do que um grande número de sermões e viagens missionárias.

Um ato radical de fé poderia envolver algo simples como passar um verão na Bolívia trabalhando em um projeto de renovação agrícola ou recusar uma oferta de emprego mais lucrativa para ficar em uma igreja que está passando por lutas, aponta Dean.

Mas não é suficiente ser radical – os pais devem explicar que “esse é o modo como cristãos vivem”. ”Se você não disser que está fazendo isso por causa de sua fé, seus filhos dirão que os pais são realmente pessoas legais. Não se entende que a fé deveria fazer você viver de forma diferente, a menos que os pais ajudem os filhos a perceber isso”, diz Dean.

“Eles me ligaram quando eu estava sem opções”

Anne Havard, uma adolescente de Atlanta, pode ser considerada radical. Uma jovem cuja fé parece estar incendiada. Ela participou do programa da universidade Emory. Hoje, fica emocionada quando fala sobre a possibilidade de ensinar teologia futuramente e cita estudiosos de peso, como o teólogo Karl Barth.

Ela está tão entusiasmada com sua fé que, após ouvir uma questão, dispara uma resposta de 5 minutos antes de parar e rir: “Desculpe, já falei demais”.

Havard diz que sua fé tem sido alimentada pelo que Dean chama em Almost Christian“uma comunidade de fé relevante”.

Em 2006, o pai de Havard foi vítima de uma forma rara de câncer. Em seguida, perdeu uma das suas melhores amigas – uma jovem na flor da vida – também para o câncer. Foi aí que sua igreja e seu pastor entraram em cena. Segundo ela: ”eles me ligaram quando eu estava sem opções”.

Quando questionada sobre como sua fé se manteve após perder o pai e sua amiga, Havard não ficou procurando palavras como alguns dos adolescentes em Almost Christian.

Ela diz que Deus falou mais quando se sentiu sozinha – como Jesus deve ter se sentido na cruz. “Quando Jesus estava na cruz clamando: ‘Meu Deus, por que me abandonaste”?’ Jesus era parte de Deus”, diz ela. “Então, Deus sabe o que significa duvidar. Está tudo bem passar em uma tempestade, ter dúvidas, porque Deus também estava lá”.

Data: 14/2/2011 08:33:58
Fonte: Pavanews