Dentre os trabalhos expostos, alguns atraíram a fúria de ativistas católicos, seja por conta da defesa do aborto ou pela blasfêmia de se referir a Deus como “maricas” (“bicha”, numa tradição literal do espanhol).
Na exposição, há ainda representações da virgem Maria que a mostram como travesti ou como um ninho de baratas, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo.
“Uma verdadeira Babel de ódio a Deus”, disse Daniel Martins, 28 anos, horrorizado com o conteúdo desta edição da Bienal. “É um acinte à religião, ao Deus nosso Senhor. Um guia convidou alunos a assinar uma petição pela abolição do inferno”, relatou.
Martins é coordenador da ação jovem do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira (IPCO), um grupo católico que promove valores cristãos e acredita que “Depauperar a família destrói a civilização”.
Como parte dos protestos, o grupo imprimiu 50 mil panfletos para denunciar “aborto, blasfêmia e sacrilégio” e pretendem distribuí-los aos visitantes da exposição. O grupo também produziu um vídeo em que protesta contra a “ditadura feminista” e denuncia a apologia ao aborto. Assista:
“A 31ª Bienal se entende como eminentemente contemporânea, em diálogo com o presente: com a situação atual na cidade de São Paulo, com o Brasil, com a América do Sul, e, além do seu contexto imediato, com o mundo”, diz trecho do material de divulgação, que enfatiza que o objetivo da exposição é “analisar diversas maneiras de gerar conflito”.
Os curadores da Bienal defendem-se das críticas feitas ao conteúdo afirmando que “a arte reflete sobre questões que afetam a vida das pessoas” e dizem que ao expor tais materiais, apenas cumprem o papel de instigar o debate: “Falar de coisas complexas, invisíveis ou apagadas é fundamental. Acreditamos que o debate publico que esta surgindo é importante para tratar de assuntos tão delicados como o direito das mulheres de tomar decisões sobre os seus próprios corpos, a questão da liberdade sexual e o lugar e papel da religião e da fé na nossa sociedade”, argumentam.