Arqueólogos acham pinturas mais antigas dos apóstolos de Jesus

22/06/2010 – 16h23

 

DA REUTERS, EM ROMA

Arqueólogos e restauradores de arte usando nova tecnologia a laser descobriram o que acreditam ser as pinturas mais antigas dos rostos dos apóstolos de Jesus Cristo.

As imagens, encontradas em um trecho das catacumbas de Santa Tecla, perto da Basílica de São Pedro, do lado de fora das muralhas da Roma antiga, foram pintadas no fim do século 4º ou início do século 5º.

Tony Gentile /Reuters

Afrescos em catacumba na Itália contêm as mais antigas imagens conhecidas dos apóstolos de Jesus.

Afrescos em catacumba na Itália contêm as mais antigas imagens conhecidas dos apóstolos de Jesus.

Arqueólogos acreditam que essas imagens podem estar entre as que mais influenciaram os retratos feitos por artistas posteriores dos mais importantes entre os primeiros seguidores de Cristo.

"São as primeiras imagens que conhecemos dos rostos desses quatro apóstolos", disse o professor Fabrizio Bisconti, diretor de arqueologia das catacumbas de Roma, que pertencem ao Vaticano e são administradas por ele.

Os afrescos eram conhecidos, mas seus detalhes vieram à tona durante um projeto de restauração iniciado dois anos atrás e cujos resultados foram anunciados nesta terça-feira (22) em coletiva de imprensa.

Os ícones de rosto inteiro incluem as faces de São Pedro, Santo André e São João, que fizeram parte dos 12 apóstolos originais de Jesus, e São Paulo, que se tornou apóstolo após a morte de Cristo.

As pinturas possuem as mesmas características de imagens posteriores, como a testa enrugada e alongada, a cabeça calva e a barbicha pontuda de São Paulo, o que indica que podem ter sido as imagens nas quais os retratos posteriores se basearam.

Os quatro círculos, com cerca de 50 centímetros de diâmetro, estão no teto do local do sepultamento subterrâneo de uma mulher nobre que se acredita que tenha se convertido ao cristianismo no fim do mesmo século em que o imperador Constantino legalizou a religião.

Bisconti explicou que as pinturas mais antigas dos apóstolos os mostram em grupo, com rostos menores cujos detalhes são difíceis de distinguir.

"Trata-se de uma descoberta muito importante na história das comunidades cristãs primitivas de Roma", disse Bisconti.

CIRURGIA A LASER

Os afrescos dentro do túmulo, medindo cerca de 2 metros por 2 metros, estavam recobertos de uma pátina espessa de carbonato de cálcio pulverizado, provocada pela umidade extrema e a ausência de circulação de ar.

"Fizemos análises extensas e demoradas antes de decidir qual técnica empregar", disse Barbara Mazzei, que chefiou o projeto. Ela explicou como usou um laser como ‘bisturi ótico’ para fazer o carbonato de cálcio cair sem prejudicar a tinta.

"O laser criou uma espécie de miniexplosão de vapor quando interagiu com o carbonato de cálcio, levando este a se destacar da superfície."

O resultado foi a clareza espantosa das imagens, antes opacas e sem nitidez.

As rugas na testa de São Paulo, por exemplo, estão nítidas, e a brancura da barba de São Pedro ressurgiu.

"Foi uma descoberta de forte impacto emocional", disse Mazzei.

Outras cenas da Bíblia, como a de Jesus convocando Lázaro a levantar-se dos mortos ou Abraão preparando-se para sacrificar seu filho, Isaac, também ficaram muito mais claras e nítidas.

"No que diz respeito a pinturas no interior de catacumbas, estamos acostumados a ver pinturas muito pálidas, geralmente brancas, com poucas cores. No caso das catacumbas de Santa Tecla, a grande surpresa foram as cores extraordinárias. Quanto mais avançamos, mais surpresas encontramos", disse Mazzei.

Situado num labirinto de catacumbas sob um prédio moderno, o túmulo ainda não está aberto ao público devido às obras que continuam, à dificuldade de acesso e ao espaço limitado. Bisconti disse que as novas descobertas serão abertas por enquanto apenas à visitação de especialistas.

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Antigos achados cristãos podem sem falsos, dizem especialistas

POLÊMICA

 

Os 70 livros de metal supostamente descobertos em uma caverna na Jordânia foram aclamados como os primeiros documentos cristãos. Datados de poucas décadas após a morte de Jesus, os estudiosos dizem que os “códices” são a descoberta arqueológica mais importante da história.

Os livros são bastante inéditos, visto que nunca foram encontradas relíquias do movimento cristão primitivo. Aos poucos, porém, a excitação dessa descoberta foi acalmada por questionamentos quanto à autenticidade dos códices, cujo ponto de apoio eram páginas em chumbo fundido, ligadas por anéis de chumbo.

Recentemente, um tradutor aramaico, Steve Caruso, concluiu sua análise dos artefatos, e afirmou ter uma evidência irrefutável de que eles são falsos.

O especialista obteve fotos de todos os textos. Examinando-as, confirmou que havia um monte de formas de escrita aramaicas velhas (com pelo menos 2.500 anos), mas percebeu que elas estavam misturadas a outras formas de escrita mais jovens.

Olhando apuradamente, o tradutor concluiu que nunca havia visto um tipo de mistura daquelas. Os manuscritos mais novos que ele identificou, chamados Nabatean e Palmira, datam do segundo e terceiro séculos, o que prova que os documentos não poderiam ter sido escritos durante os primórdios do cristianismo.

Segundo a nova análise, mesmo os manuscritos mais antigos foram escritos por alguém que não sabia o que estava fazendo. Há inconsistências no modo como foi feita a ordem da escrita. O pesquisador afirma que os escribas tinham formas muito específicas de escrever. Além disso, vários caracteres apareceram “tremidos”, um erro que implica que eles foram copiados às pressas, e não são originais.

Um arqueólogo grego, Peter Thonemann, já tinha afirmado que as imagens que aparecem nos códices, incluindo uma de Cristo na cruz, eram anacrônicas. Segundo ele, a imagem que dizem ser Cristo é na verdade o deus do sol Hélios, a partir de uma moeda que veio da ilha de Rodes. Também há algumas inscrições em hebraico e grego nos manuscritos. O arqueólogo acredita que os códices foram falsificados nos últimos 50 anos.

O que não significa que os livros já foram desacreditados. Um estudioso de arqueologia religiosa antiga, David Elkington, continua a acreditar na autenticidade dos códices. Durante meses, ele e sua equipe têm tentado ajudar o governo jordaniano a recuperar os códices de Israel, para onde foram contrabandeados.

Eles argumentam que os códices mostram imagens de Jesus com Deus, bem como um mapa de Jerusalém e um texto discutindo a vinda do Messias. Além disso, os livros foram supostamente encontrados perto de onde refugiados cristãos acamparam, na época. A equipe ainda identifica um fragmento de leitura do texto que diz “Eu andarei em retidão”, uma possível referência à ressurreição de Jesus.

No entanto, David, um dos únicos defensores dos códices, parece estar sem credenciais acadêmicas. Outros estudiosos questionam que o “arqueólogo britânico” não é um arqueólogo. Ele parece não ocupar nenhum cargo ou posição acadêmica, e muitos dos seus trabalhos não seriam aceitos por qualquer acadêmico ou estudioso.

Os especialistas que fizeram análises posteriores dos códices – e que concluíram que eles são falsos – reclamam do embalo dos meios de comunicação. Segundo eles, a mídia acabou dando um impulso para o assunto. Algumas boas fotos provavelmente também ajudaram. Tudo parecia convincente sobre a superfície; com um pouco mais de tempo e prudência, os veículos teriam percebido que David Elkington, que trouxe o assunto para primeiro plano, está à margem da academia.

Relíquias cristãs falsas são relativamente comuns. Segundo pesquisadores, as pessoas querem muito encontrar provas materiais dos dois primeiros séculos do cristianismo, mas isso é muito difícil porque o número de cristãos neste período era incrivelmente pequeno – provavelmente menos de 7.000 por 100 d.C. – e eles não se distinguiam materialmente dos seus irmãos judeus.

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Data: 14/4/2011 08:43:32
Fonte: Live Science

Grécia possui texto decifrável mais antigo da Europa

06/04/2011 – 12h1

DA FRANCE PRESSE

Um pedaço de cerâmica com mais de 3.000 anos, com o texto decifrável mais antigo da Europa, estava em um sítio arqueológico do Peloponeso, na Grécia, informou um arqueólogo da Universidade do Estado do Missouri (EUA) na terça-feira.

"O artefato sugere que a escrita é muito mais antiga do que se acreditava até o momento", explicou o arqueólogo Michael Cosmopoulos em e-mail enviado à agência de notícias AFP.

A cerâmica surgiu durante escavações na colina de Iklena, aldeia de Messênia, a 300 km a sudoeste de Atenas, e tem um século a mais que as tábuas já descobertas até o momento, destacou o arqueólogo.

Christian Mundigler/AFP

Pedaço de cerâmica com mais de 3.000 anos parece ser um registro financeiro com cifras e nomes incrustados

Pedaço de cerâmica com mais de 3.000 anos parece ser um registro financeiro com cifras e nomes incrustados

"Trata-se da placa de argila cozida (com escrita) mais antiga já descoberta na Grécia, o que a torna a mais antiga da Europa", disse Cosmopoulos.

Ao que parece, o artefato é um "registro financeiro" procedente de uma cidade da antiga região de Messênia. "Em um dos lados figuram nomes e cifras, e do outro lado, um verbo relativo à confecção."

A inscrição está em linear B, uma escrita utilizada pelos micênios na idade do bronze (1.600 anos a.C.). Seria o equivalente à época da guerra de Tróia descrita no épico "Ilíada", de Homero.

As escavações, sob a supervisão da Escola de Arqueologia de Atenas, tiveram início em 2006 e já revelaram ruínas de uma enorme estrutura com grandes muralhas datada de 1550-1440 a.C.

Segundo Cosmopoulos, o local foi destruído provavelmente no ano 1.400 a.C, antes de ser invadido pelo reino de Pilos, cujo rei, Nestor, é mencionado na "Ilíada".