Ao falar do final dos tempos e da vinda do Senhor Jesus, o Evangelho de Lucas menciona não apenas a família de Noé, como também a de Ló: “O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar” (Lucas 17:28-30).
Ló, que era sobrinho de Abraão, viveu em uma época que precedeu o julgamento de Deus sobre as pessoas, assim como Noé. Ló era considerado um homem justo e sentia-se afligido pelo comportamento libertino de seus contemporâneos em Sodoma, cidade onde vivia (2 Pedro 2:7). Apesar disso, não vemos nele um testemunho de alguém que tinha uma aliança com Deus e uma vida comprometida com Ele. Tampouco vemos em Ló a mesma busca por Deus e por fazer Sua vontade como vemos em seu tio. Não fosse pela intercessão de Abraão, talvez Ló nem mesmo escapasse da destruição de Sodoma (Gênesis 18:16-33; cf. 19:29).
Gênesis 13 mostra que ele seguia Abraão e com ele se tornou rico, mas não mostra que em toda sua vida tenha erigido um altar e invocado o nome do Senhor como fazia Abraão (vs. 4-5). Um dia, houve contenda entre os pastores de Ló e os pastores de seu tio; este sugeriu que ambos se apartassem. Seria razoável Ló deixar Abraão escolher antes dele para onde ir, mas em vez disso, ele “escolheu para si” toda a campina fértil do Jordão (vs. 10-11). Sua escolha indica que ele era egocêntrico e que queria viver uma vida mais fácil, fazendo o que lhe era mais conveniente. Ló não se importou com seu tio já idoso e muito menos em saber qual era a vontade de Deus. Por fim o caminho que ele escolheu levou-o a Sodoma, um lugar onde os homens eram maus e grandes pecadores contra o Senhor e ali passou a morar (vs. 12-13).
Ló estava à porta da cidade, lugar de honra para quem era juiz, quando dois anjos foram enviados para resgatá-lo (Gênesis 19:3, 9). Os anjos recusaram o convite de pernoitar em sua casa, pois somente queriam cumprir sua missão de tirá-lo dali o mais rápido possível. Mas, pela insistência de Ló, eles entraram em sua casa onde se banquetearam. Vieram, então, os moradores da cidade para abusar de seus hóspedes. Ló procurou preservar-lhes a vida, oferecendo suas filhas, virgens, para que os homens fizessem com elas o que bem quisessem (vs. 5-8). Que confusão!
Ló se acostumou com o “estilo” de vida de Sodoma e se tornou insensível à maldade e perversidade da cidade. Resultado, mesmo tendo mantido suas filhas virgens, ele as expôs a situações tão constrangedoras. Isso tudo mostra que a escolha de Ló afetou não somente a ele como também toda a sua família. Seus futuros genros não foram convencidos por ele a sair daquela cidade e escapar de seu julgamento, pois pensaram que Ló gracejava com eles. Isso revela que as palavras de Ló não eram levadas a sério por eles (v.14). Que situação lamentável!
Ao serem levados para fora da cidade, mesmo puxado pela mão, Ló apresentou certa resistência em sair, dizendo: “Assim não, Senhor meu” (vs.16-18), mas foram advertidos pelo anjo a nem olhar para trás, mas a fugir para o monte, a fim de não perecerem. Infelizmente, sua esposa não lhe deu ouvidos e olhou para trás, para onde seu coração estava apegado, e tornou-se uma estátua de sal. A menção desse fato pelo Senhor Jesus indica que ela se tornou um sinal de vergonha e advertência para todas as gerações. Já as filhas de Ló decidiram, após embriagá-lo, cometer incesto com ele para dar-lhe descendência. Isso revela que Ló não conseguiu colocar nelas alguns princípios divinos quanto ao modo de viver que agradava a Deus. Por não serem instruídas nos caminhos do Senhor, não tiveram temor a Deus, e o resultado desse incesto foi o surgimento de dois povos, amonitas e moabitas, que se tornaram grandes inimigos do povo de Deus e tiveram o mesmo fim de Sodoma e Gomorra (Sofonias 2:9).
Das experiências de Ló aprendemos que não é suficiente ficarmos indignados com a situação atual do mundo, mas devemos ter um coração de aprender lições de fé e dependência de Deus, vistas em Abraão, seu tio. Precisamos também contabilizar as consequências de nossas escolhas, e para isso orar antes de tomar qualquer decisão, pois, se não negarmos a nós mesmos, podemos pôr em risco toda nossa família.
Também vemos que não podemos nos acostumar com as coisas do mundo e permitir que as práticas mundanas façam parte de nossa família, pois elas podem se tornar um tropeço na hora de querer fugir das tentações. Precisamos fugir para a vida da igreja, onde muitos de coração puro invocam o Senhor (2 Timóteo 2:22)! Precisamos nos consagrar ao Senhor e invocar Seu nome e não somente ficar perto de quem tem esse viver. Quando estamos em Sua presença e buscamos fazer Sua vontade, nossa família inteira é beneficiada, poupada de destruição e de situações vergonhosas e podemos ser úteis a Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e não permita que nossa casa seja como a de Ló!