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Com órgãos já "doados", homem se mexe na maca em hospital de SP

25/03/2011 – 08h41

Folha.com

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

A família de um homem vítima de um tiro na cabeça afirma que já havia até autorizado a doação dos órgãos quando, surpresos, foram informados de que, na verdade, ele não havia morrido.

Eles contam que o cobrador Hamilton Souza Maia, 43, foi diagnosticado com morte cerebral num hospital de São Paulo e, no dia seguinte, moveu as pernas, a cabeça e levantou uma mão.

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Os movimentos chegaram a ser classificados como "reflexos" pelos enfermeiros. Horas mais tarde, porém, três médicos afirmaram que Maia, internado desde terça no hospital municipal José Storopolli, conhecido como Vermelhinho, estava vivo.

"Já estava com a sala do velório agendada quando vi a cena e tive a informação. Estou chocada", diz a mulher do cobrador, a dona de casa Eva Vilma Souza Maia, 48.

Eduardo Knapp/Folhapress

Eva Vilma e o filho Luis Gustavo deixam hospital após visitar o marido que se mexeu após ser declarado morto

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Atingido por um tiro por volta das 22h30 de terça, quando um ladrão tentou levar seu carro, o cobrador foi levado para o Vermelhinho, na Vila Maria, na zona norte.

Como não havia equipamentos de tomografia ali, ele foi encaminhado ao complexo hospitalar do Mandaqui, também na zona norte, onde passou pelo exame.

"Quando ele voltou de lá, o médico disse que a tomografia havia comprovado que ele teve morte cerebral. Até me pediram autorização para doar os órgãos e eu autorizei", afirma Eva.

Anteontem à tarde, ela recebeu a informação de que o marido estava vivo e reagia a impulsos. "O médico beliscou a mão dele e ele se mexeu. Fiz cócegas nos pés e ele reagiu", diz a dona de casa.

Apesar de responder a estímulos, o estado de saúde do cobrador ainda é gravíssimo, diz a família. O projétil está alojado em sua cabeça e ele perdeu massa encefálica.

OUTRO LADO

A Secretaria de Estado de Saúde, órgão responsável pelo complexo hospitalar do Mandaqui, informou que o exame feito em Hamilton Souza Maia aponta que ele estava em coma irreversível. O órgão afirmou ainda que em nenhum momento usou o termo morte cerebral.

Já a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo hospital Vermelhinho, disse que abrirá uma investigação preliminar para apurar se houve falhas e se os procedimentos que devem ser adotados em casos de morte encefálica e de doação de órgãos foram seguidos corretamente pelos profissionais.

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Órgãos do papa não podem ser doados, diz Vaticano

 

Papa no papamovel

REUTERS

CIDADE DO VATICANO (Reuters Life!) – O papa Bento 16 abriga no seu coração muito carinho pela causa da doação de órgãos, mas nenhuma parte do seu corpo poderá ser usada para salvar vidas após a sua morte, segundo o Vaticano.

Um médico da Alemanha tem usado o fato de o papa possuir um cartão de doador de órgãos, emitido por uma associação médica, para promover essa prática. O Vaticano diz que já pediu que ele pare com isso, mas o médico se recusa.

Para resolver a questão, o secretário particular do papa, monsenhor Georg Gaenswein, enviou uma carta ao médico, cujo teor foi noticiado no programa em alemão da Rádio do Vaticano.

"É verdade que o papa tem um cartão de doador de órgãos (…), mas, contrariando a opinião pública, o cartão emitido na década de 1970 na prática se tornou inválido com a eleição do cardeal (Joseph) Ratzinger para o pontificado", diz a carta.

Em 1999, seis anos antes de ser eleito papa, Ratzinger divulgou que sempre andava com o cartão de doador, e estimulou as doações como sendo "um ato de amor".

O Vaticano diz que, quando um papa morre, seu corpo pertence a toda a Igreja, e precisa ser sepultado intacto. Além do mais, se órgãos do pontífice fossem doados, eles se tornariam relíquias em outros organismos caso o papa seja declarado santo.