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“Fui um dos maiores ateus que já pisou na terra”, diz Augusto Cury

Foi estudando os grandes pensadores como Friedrich Nietzsche e Karl Marx que o autor chegou em Jesus Cristo. A partir disso, Cury notou que o Filho de Deus não cabe no imaginário humano.
FONTE: GUIAME, LUANA NOVAES
O médico, psiquiatra e escritor Augusto Cury deixou de ser ateu ao estudar sobre as características de Cristo. (Foto: Patrícia Zaidan)
O médico, psiquiatra e escritor Augusto Cury deixou de ser ateu ao estudar sobre as características de Cristo. (Foto: Patrícia Zaidan)

Os leitores dos variados livros religiosos de Augusto Cury podem não imaginar que ele já tenha sido “um dos maiores ateus que já pisou na terra”, conforme ele mesmo se define — mais do que pensadores históricos como Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Denis Diderot e Karl Marx.

“Muitos deles foram anti religiosos. Nietzsche, na verdade, era crítico da religião da época, que era exclusivista, arrogante e não respeitava os diferentes. Não era, portanto, um ateu”, explicou Cury em entrevista ao Guiame durante a CBB 2016. “Para mim, Deus era fruto de um cérebro apaixonado pelo vida.”

Compreender o pensamento humano tem sido um dos maiores desafios da ciência, e uma das paixões de Cury. Foi estudando os grandes pensadores que o autor chegou em Jesus Cristo, esperando encontrar “um personagem que foi construído por um grupo de galileus, que queriam um herói para romper o cárcere de Tibério César, o tirano imperador romano”.

No entanto, o estudo despertou sua fé. “Eu fiquei espantado, porque percebi que ele não cabe no imaginário humano. Ele fez poesia quando o mundo desabava sobre ele, apostou tudo o que tinha naqueles que pouco tinham, foi tão grande que se fez pequeno, para tornar os pequenos grandes. Por isso, ele não tinha medo de falar de suas lágrimas e falar que a sua mente e a sua alma estavam profundamente deprimidas até a morte”, afirmou Cury.

Diante das novas observações, o médico mudou sua forma de pensar. “Eu não defendo uma religião, eu me tornei um cristão sem fronteiras”, esclareceu. “Para mim, a procura por Deus era fruto de um cérebro apequenado, hoje eu considero que a procura por Deus é a busca  pelo cintilar da existência, mesmo quando a nossa mente se silencia.”

Cury ressalta sua admiração por pessoas que são religiosas, mas sabem lidar e respeitar outras que não tenham o mesmo padrão de comportamento.

“Jesus, como mestre dos mestres, correu risco de vida por causa de um ser humano que ele não conhecia, ele deu tudo o que tinha para aqueles que pouco tinham, ele trouxe aqueles que estavam na margem da sociedade como seres humanos. Você pode não concordar com eles, mas você respeita-os como seres humanos. Portanto, essa espiritualidade é saudável para a mente humana”, disse ele.

Assista a entrevista completa:

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Bíblia laica traz evangelho de filósofos

23/04/2011 – 09h00

 

JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

A. C. Grayling se diz a versão suave de Richard Dawkins e Christopher Hitchens, dois ateus que militam contra Deus nos livros e na imprensa. Sua nova obra, como explica, não é "contra a religião". Apenas a ignora.

"The Good Book: A Humanist Bible" (o livro bom: uma bíblia humanista, na tradução literal) quer ser fonte de inspiração, reflexão e consolo, partindo da tradição laica do Ocidente e do Oriente.

"Ao se fixar em Deus e no que há após a morte, pessoas se distraem da vida", diz àFolha. Ninguém cai em desgraça se come o fruto da sabedoria, sugere o professor de filosofia da Universidade de Londres, autor de quase 30 livros.

Por décadas, anotou o que disse Aristóteles, Heródoto, Safo, Nietzsche, Baudelaire, Rimbaud, Newton e editou as citações com estrutura e linguagem semelhantes às da Bíblia.

Publicado há duas semanas na Inglaterra, o livro está na lista de mais vendidos. Foi comprado pela Objetiva/Alfaguara e sai em 2012.

Com bom humor, Grayling conta que sua mulher fez para ele um cartão que diz: "Achava que era ateu até que descobri que era Deus".

David Hartley/Divulgação

O autor A. C. Grayling diz que se opõe à Bíblia original

O autor A. C. Grayling diz que se opõe à Bíblia original

Folha – Com a bíblia laica, o sr. diz ajudar leitores a ter uma vida boa. O que é isso?

A. C. Grayling – Ser bom e ter afetos costumam levá-lo a ter uma vida melhor. Diferentemente da Bíblia, porém, este livro mostra que não há modo único de conduzir a vida, que é muito curta para tantas brigas. O mais importante é que o leitor pense por si mesmo e não tenha de seguir regras irracionalmente.

Tudo de que você precisa é amor", "Pense por si mesmo" e "a vida é muito curta para tantas brigas" são letras dos Beatles.

Não tinha pensado nisso. É a prova de que essa sabedoria pode ser encontrada também no senso comum.

Em oposição à Bíblia, o livro sugere retornar aos gregos?

Não só aos gregos, mas à tradição humanista que começa com eles e permanece até hoje. E, apesar de ateu, não quis me opor à Bíblia, apenas mostrar a sabedoria que nasce dos próprios homens sem tratar de Deus ou de vida após a morte.

Se não se opõe, por que se baseou na estrutura da Bíblia?

Primeiro porque o livro se torna muito acessível: você pode ler um ou dois trechos e pensar a respeito. E sem autores citados, você se concentra no que é dito, e não em quem e quando disse.

É inevitável querer saber de quem é cada citação…

Várias pessoas reclamam disso. Mas é como ver uma exposição e se concentrar nas legendas. O mais importante são as pinturas. E quer saber? Queria não ser identificado como autor do livro. Meus editores não deixaram.

Por que a religião voltou a ser tema de livros e da mídia?

Justamente por causa do seu declínio.

THE GOOD BOOK: A HUMANIST BIBLE
AUTOR A. C. Grayling
EDITORA Walker & Company