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Caso de George Alves reacende debate sobre “falsos pastores”

Polícia o acusa de ter violentado e matado duas crianças e provocado incêndio para encobrir crime

George AlvesGeorge Alves e esposa em culto. (Foto: Reprodução / Facebook)

George Alves, que está preso, denunciado pela polícia por estuprar, agredir e queimar os meninos Joaquim de 3 anos (seu filho), e Kauã, 6 anos (seu enteado) fez a vida como cabeleireiro. Nos últimos anos era pastor da Igreja Batista Vida e Paz, na cidade de Linhares, Espírito Santo.

O caso chamou atenção mundial pela crueldade envolvida. No meio evangélico, está reacendendo o antigo debate sobre como uma pessoa se torna pastor sem ter, necessariamente, estudo formal de teologia e reconhecimento de alguma organização.

A prática não é incomum, mas para o pastor José Ernesto Spinola Contide, presidente de honra do Conselho Estadual de Igrejas evangélicas do Espírito Santo, é necessária uma reflexão.

“Sabemos que nossa Constituição assegura o livre exercício dos cultos religiosos e garante, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. O problema é: será que ao assegurar o livre exercício dos cultos religiosos, permite que qualquer pessoa abra uma porta, invente o nome de uma ‘igreja’ e se autodenomine pastor, bispo, apóstolo, ou sei lá o quê, para dirigir aquela igreja? A resposta, para mim, é não”, afirmou ele ao jornal Gazeta.

Contine insiste que ser pastor não é nem deveria ser visto como uma profissão. O experiente líder religioso faz uma crítica aberta a algumas igrejas que não possuem critérios claros.

“É irresponsável uma denominação que ordena alguém pastor com apenas seis meses de conversão. Já está passando da hora das diversas denominações serem mais criteriosas e conscientes na escolha de seus pastores.”

Ao mesmo tempo, ele defende que a Igreja Batista Vida e Paz deveria ser responsabilizada civil e criminalmente por ter ordenado George. “Ele é uma pessoa monstruosa e desqualificada para exercer qualquer cargo eclesiástico. A denominação assumiu o risco de ordenar uma pessoa despreparada para a função. Se ela fosse responsabilizada, assim como um hospital também é responsabilizado pelo erro de um médico, tenho certeza de que as denominações teriam mais cuidado em ordenar qualquer um para pastor”, avalia.

Já Oscar Domingos de Moura, que é pastor há 40 anos e hoje o presidente da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus do Estado do Espírito Santo, reitera que são muito sérias acusações que o pastor George responde.

“A categoria está estarrecida. A pessoa que tem coragem de fazer isso com duas criancinhas não é gente, é monstro. Não é qualquer um que pode ser pastor. O George entrou na igreja para enganar. Na verdade, ele é um falso pastor”, sentencia.

Outro pastor que opina de modo semelhante é Geovanni Gomes Coelho, da igreja batista de Morada da Barra, em Vila Velha. Ele explica que conhece outros casos de pastores que cometeram crimes e isso sempre gera um desgaste na imagem de todos os líderes evangélicos.

“Esses criminosos costumam ter poder de persuasão. Já vi pessoas usando a função de pastor para praticar crimes. Usam da lábia e infelizmente é difícil detectar”, lamenta.

Apesar de todo o processo montado pela polícia, que fez perícia na casa incendiada e nas crianças mortas, George Alves alega inocência e nega todas as acusações. Com informações Gazeta