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Cientistas analisam DNA de mais antiga linhagem de humanos

Genética

 

Eles teriam se separado do resto dos povos africanos há 100.000 anos, antes da humanidade sair da África

Integrantes do povo africano Khoisan

Os povos Khoe-San habitam o sul da África e se concentram, principalmente, no deserto Kalahari (Morne De Klerk/Getty Images)

A África é conhecida por ser o berço da humanidade. Ali, há mais de 300.00 anos, surgiram os primeiros Homo sapiens, que só foram sair do continente 60.000 anos atrás. Por isso mesmo, pesquisadores de todo o mundo defendem que o estudo do DNA dos povos tradicionais do continente pode ajudar a jogar uma luz sobre o surgimento e desenvolvimento de nossa espécie. Agora, o maior estudo genético já realizado na população do sul da África mostra que os indivíduos de um povo local, os Khoe-San, são extremamente únicos: eles são a mais antiga linhagem de humanos a divergir do resto da humanidade, antes mesmo de sair do continente africano para tomar o mundo. A pesquisa mostrou que os Khoe-San são descendentes do mais antigo evento de diversificação da história humana, que teria acontecido há 100.000 anos, e conservam até hoje essas diferenças ancestrais em seu DNA. O estudo foi publicado nesta quinta-feira na revista Science.

CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Genomic Variation in Seven Khoe-San Groups Reveals Adaptation and Complex African History
Onde foi divulgada: revista Science
Quem fez: Carina M. Schlebusch, Pontus Skoglund, Per Sjödin
Instituição: Universidade Uppsala, na Suécia
Dados de amostragem: Análise genética de 220 pessoas pertencentes a 11 populações do sul da África, entre eles sete povos Khoe-San
Resultado: Os pesquisadores descobriram que os Khoe-San divergiram do resto dos povos da região há 100.000 anos, muito antes da humanidade sair da África. A segunda divergência teria acontecido entre povos do leste e do centro africano, há cerca de 45.000 anos.

Os pesquisadores analisaram os genes de mais de 220 indivíduos de 11 diferentes populações do sul da África, com a intenção de traçar o ponto exato onde teria surgido a espécie humana. Eles avaliaram 2,3 milhões de variantes no DNA de cada indivíduo — o maior estudo do tipo já feito na região. Mas, em vez de descobrir a origem da humanidade, encontraram um complexo registro de misturas e cruzamentos entre as populações subsaarianas ancestrais, que impedia qualquer conclusão geográfica precisa.

O que conseguiram confirmar foi o caráter único dos Khoe-San, que teriam se separado do resto da humanidade há 100.000 anos e seguido seu desenvolvimento de forma quase independente. A segunda divergência a ser registrada pelos pesquisadores só aconteceu bem depois, há 45.000 anos, quando os povos do centro da África se separaram dos povos ao leste. "A maior divergência entre os humanos modernos aconteceu há 100.000 anos, bem antes da migração da África, e duas vezes antes das divergências entre os pigmeus e os caçadores-coletores do leste da África do resto dos grupos africanos", disse Carina Schlebusch, pesquisadora da Universidade Uppsala, na Suécia.

O estudo também encontrou uma divergência dentro do grupo Khoe-San. Em um período entre 25.000 e 40.000 anos atrás, uma parte da população teria se separado e migrado para o norte da Namíbia e Angola. "Há uma incrível variedade étnica entre os povos Khoe-San, e nós fomos capazes de ver muitos aspectos da história que deu origem a essa diversidade em seu DNA", disse a pesquisadora.

Khoe-san

Os povos Khoe-San são, na realidade, formados por dois grupos étnicos com ancestrais comuns, os Khoe e os San. Os primeiros se organizam, tradicionalmente, de modo pastoril, enquanto os últimos são caçadores-coletores. Eles dominavam o sul da África antes da chegada dos Bantos, que hoje são maioria na região. Com a vinda dos europeus, o povo sofreu um grande extermínio, e hoje se concentra no deserto do Kalahari, distribuído entre Botsuana, Namíbia e África do Sul.

Significado genético – A partir da análise, o estudo também revela uma adaptação dos diferentes povos Khoe-San às condições locais. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que alguns dos genes selecionados estão envolvidos em atividades como a função muscular, resposta imunológica e proteção aos raios ultravioleta. Esses traços poderiam estar ligados a respostas adaptativas de seus ancestrais aos desafios ambientais a que estavam expostos.

Os cientistas também procuraram por alterações no genoma humano que aconteceram antes de os Khoe-San divergirem do resto da humanidade, e que todos carregamos até hoje. Entre os principais genes encontrados, estão alguns ligados ao desenvolvimento do esqueleto, da cartilagem e do sistema neurológico, que podem ter sido cruciais na determinação das características dos humanos modernos.

Saiba mais

HOMO SAPIENS
Espécie do homem moderno, surgiu na África há mais de 300.000 anos e começou a se expandir para a Europa, Oriente Médio e Ásia há aproximadamente 60.000 anos. Alcançaram a Austrália há 40.000 anos e as Américas há 14.000 anos.

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Artigos Ciência

Ser humano é o terceiro chimpanzé, diz biólogo

17/04/2011 – 10h47

 Folha.com
 REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

bonobo

“Ainda não temos uma Grande Teoria Unificada do Tamanho do Pênis”, brinca o biólogo americano Jared Diamond, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, quando a reportagem da Folha aborda esse tema.

“Nossa incapacidade de explicar o tamanho desmesurado do pênis humano continua sendo um dos fracassos mais embaraçosos da ciência moderna”, completa Diamond, que gastou alguns dos parágrafos mais divertidos da história da biologia evolutiva enfrentando a questão no livro “O Terceiro Chimpanzé”.

A obra, clássico de 1991 que só agora chegou ao Brasil, consegue a façanha de transformar a discussão em algo um bocado relevante.

Ocorre que, entre os grandes macacos “”grupo dentro do qual o homem se encaixa como o terceiro chimpanzé do título, ao lado do chimpanzé-comum e do chimpanzé-pigmeu ou bonobo””, o tamanho relativo do corpo, dos testículos, dos pênis e dos seios é a chave para entender a natureza de cada espécie.

EM FAMÍLIA

Se um biólogo de Marte baixasse por aqui, só precisaria desses dados para saber que 1)chimpanzés são promíscuos, 2)gorilas formam haréns e 3)humanos são, bem, “fracamente monógamos”.

Os gorilas são o caso mais fácil. A brutal diferença de tamanho entre machos e fêmeas implica que eles podem, na base do muque, monopolizar várias feito sultões. Daí os testículos e pênis pífios.

Chimpanzés, mais igualitários fisicamente, adotam a promiscuidade e testículos imensos para dar conta dela. E os humanos trocaram as despesas com esperma pelas com canções de amor, chocolates e idas ao cinema.

“A evolução de uma sexualidade distinta parece ter sido uma das chaves para tornar os seres humanos únicos, embora seja difícil dizer a que época remonta a nossa quase-monogamia”, diz o autor.

Que o leitor não pense, porém, que o livro é só sexo. É nele que aparecem, pela primeira vez, as importantes e polêmicas ideias de Diamond sobre os “vencedores” e “perdedores” da história.

Ou seja: por que europeus conquistaram as Américas e a África, e não o contrário?

A resposta, depois ampliada pelo cientista na obra “Armas, Germes e Aço”, envolve esses três fatores “mas principalmente o fato de que Europa e Ásia possuíam mais espécies domesticáveis de animais e plantas, ganhando um “pontapé inicial histórico” melhor que o resto da Terra”.

Aliás, Diamond diz que, apesar do tempo transcorrido, pouco mudaria no livro hoje. Mas faria uma alteração pontual. Hoje, ele considera que os falantes da língua ancestral de quase todos os idiomas da Europa foram justamente os primeiros agricultores vindos da atual Turquia.

20-06-16 034

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.