Líder é eleito por internautas como referência
Por: Robson Morais – Redação Creio
Quem foi o líder de maior destaque na Igreja brasileira em 2011? Para os mais de 100 mil leitores do CREIO, que participaram da enquete promovida pela equipe do portal no mês, o nome de número 1 no ranking é Silas Malafaia. Militância contra o movimento gay, troca de farpas com Edir Macedo e Valdemiro Santiago, ameaça a parlamentares e quase a suspensão do registro de psicólogo foram só alguns dos casos em que o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Avec) se envolveu neste ano.
Logo em janeiro, Silas Malafaia foi motivo de repercussão nacional, pedindo para que veículos de massa, como a Rede Globo, fizessem a cobertura de eventos da Igreja Mundial do Poder de Deus (Impd). Mal sabia que a gratidão era algo que não veria. Ao contrário, o líder perdeu o horário que mantinha na TV Bandeirantes pouco tempo depois, e o motivo fora a oferta exageradamente superior de Valdemiro Santiago, líder da Impd, para por seu programa no ar. “Com a medida que medirdes sereis medido, e mais, tudo que o homem plantar vai colher. É lamentável tudo isso” disse na época.
No meio do ano, a troca de farpas foi com outro nome de peso na Igreja brasileira. Silas Malafaia discordou de declarações feitas pelo líder da Igreja Universal (Iurd), Edir Macedo, sobre o uso ou não de tatuagens. Se o assunto tinha tudo para dar em nada, na voz confrontada dos dois líderes rendeu longa discussão. Silas usou seu portal de notícias, lançado logo após a perda de horário na Band, para criticar a postura do bispo, e incluiu no pacote temas como aborto (defendido por Macedo) e o ataque a cantores evangélicos, chamados de “edemoniados” pelo dono da Record, em um programa especial na emissora. Este último episódio faria com que outros nomes entrassem na briga contra o líder da Iurd.
Fora do meio evangélico, Silas também foi motivo de destaque, para não dizer preocupação. Revistas de grande circulação nacional, como a literária Piauí e a global Época se renderam ao poder influenciador do pastor e dedicaram páginas a fim contando sua história, além do tablóide norte americano New York Times. A cada reportagem, críticas e novos capítulos da história de Silas eram acompanhados tanto pelo público quanto pelo próprio pastor, que mais uma vez não poupou no ataque. Um dia após a publicação na Revista Época, Silas Malafaia criticou duramente o repórter Humberto Maia Júnior, que publicou em letras garrafais a seguinte frase: “Silas Malafaia diz que vai fornicar Toni Reis, líder da causa gay”. A matéria referia-se ao combate ativo de Silas contra os projetos favoráveis à união homoafetiva no Brasil. “Nessa guerra de manipulação de vídeo que o movimento gay fez, eu disse ao jornalista que ia ‘funicar’, e não ‘fornicar’, como ele publicou", defendeu-se Silas.
Pelo mesmo motivo e contra o mesmo veículo, Silas arranjou nova briga. A “vítima” desta vez foi a jornalista e colunista Eliane Brum, que publicou no site da revista um artigo intitulado ‘A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico’, referindo-se ao crescimento da denominação no Brasil e possível ameaça motivada pelo que classificou de intolerância para com os não crentes, como a maioria dos gays. E Silas pegou ainda mais pesado. Em entrevista ao tablóide The New York Times, ele a chamou de ‘trump’, termo usado na gíria para o adjetivo ‘vagabunda’. A resposta da jornalista veio de imediato: “A afirmação do pastor é autoexplicativa: ao atacar minha honra por discordar de minhas ideias, ele proporciona a maior prova do acerto e da relevância do meu artigo”. Depois dessa, Silas se desculpou e o caso foi abafado.
Muito se engana, porém, quem acha que um pedido de desculpas pudesse abalar Malafaia. Militando contra o movimento gay há anos, 2011 o levou ao auge das discussões na mídia, nas manifestações pró-gays e na bancada em Brasília. “Homossexualismo é comportamental, corrigível” e “Querem rasgar a Constituição?” foram frases usadas pelo pastor, causadoras, mais uma vez, de imensa polêmica. Líderes do movimento LGBT apresentaram ao CRP (Conselho Regional de Psicologia) do Rio de Janeiro um pedido de cassação do registro profissional do pastor, formado na área, sob a acusação de práticas homofóbicas. No início do ano, Silas havia espalhado pelo Rio de Janeiro outdoors com a mensagem “Deus fez o macho e a fêmea”, defendendo a união heterossexual.
De gays direto à Frente Parlamentar Evangélica de Brasília, Silas Malafaia manteve o tom. A CPI da corrupção, instaurada em outubro e acompanhada por marchas em todo o Brasil, fez do líder da Avec um ativista de dar medo em muitos membros da bancada, que se negaram a assinar o documento em prol da ‘Lei Ficha Limpa’. “Vou dar nome e mandar chumbo grosso nos deputados evangélicos que não assinaram a CPI da corrupção. É uma vergonha saber que somente 15 de 76 parlamentares assinaram a CPI. Podem falar o que quiser, mas com o advento das redes sociais ninguém mais fica calado”, disparou. O projeto está a caminho de ser implantado, e enquanto a confirmação não vem, Silas Malafaia continua de olho em cada um dos deputados omissos na votação.
Líder de maior destaque na Igreja brasileira em 2011. Foram estes alguns dos episódios que fizeram de Silas Malafaia o vencedor da enquete. Difícil mencionar todos, mas é certo que muita coisa ainda está por vir.
Data: 30/12/2011 08:15:00