Categorias
Estudos

Jovens evangélicos são mais liberais, aponta estudo surpreendente nos EUA

Estudo indica o que faz os jovens evangélicos serem menos conservadores

PorLuciano Portela | Repórter do The Christian Post

Um estudo feito nos EUA, sobre o que leva alguns evangélicos da chamada “geração do milênio” a ter menos pontos de vista conservadores que os mais velhos, trouxe resultados surpreendentes.

  • oração
    (Foto: Reuters)
    Jovem cristão orando em igreja dos EUA.

Em uma análise de redes sociais mais seletivas para gerações mais novas, foi possível observar que jovens brancos e evangélicos são os mais propensos a se distanciar dos evangélicos mais velhos em questões culturais, enquanto jovens evangélicos de redes sociais mais diversificadas estão predispostos a ter visões semelhantes aos crentes mais experientes.

Em outras palavras, quanto mais esses jovens evangélicos estavam imersos na chamada “subcultura evangélica” e quanto menos interação com os não-crentes, mais eles são inclinados a demonstrar atitudes diferentes de seus pares com mais idade.

Esta foi a principal conclusão da pesquisa realizada pelo Instituto de Público de Pesquisas da Religião (em inglês, PRRI), uma organização de pesquisa liberal, apartidária que estuda a relação entre religião e vida pública, e que apresentou no encontro anual da Associação Americana de Ciência Política, em 30 de Agosto, a pesquisa “Semeando as sementes da discórdia: Fontes da divisão entre os brancos evangélicos”, de autoria de Juhem Navarro-Rivera.

Navarro-Rivera é pesquisador associado do PRRI, e desenvolveu o estudo em conjunto com Daniel Cox, diretor de pesquisa do PRRI, Robert P. Jones, CEO do PRRI, e Paul Djupe, professor associado de Ciência Política na Universidade de Denison e estudioso afiliado à organização.

Para o estudo das redes sociais de evangélicos, a pesquisa da PRRI perguntou aos entrevistados sobre sete “pessoas com quem você discute assuntos importantes”. E dentro da análise, os autores argumentaram que os evangélicos com mais exposição à subcultura evangélica estão reagindo negativamente a essa subcultura.

Curta-nos no Facebook

 

“Por isso, reunimos algumas evidências de que é sugestivo sobre o porquê de jovens evangélicos serem diferentes dos seus antecessores – eles estão reagindo negativamente à conturbada subcultura política de seus pais”, escreveram eles.

Os autores admitem que as divergências que encontraram são pequenas e pouco prováveis de fazer a diferença em uma eleição qualquer no futuro próximo, mas sugerem que essas disparidades poderiam importar em longo prazo, enquanto mudam as redes sociais dos evangélicos.

“Mas, enquanto jovens evangélicos crescem, mudam, e começam a exercitar mais discrição em suas relações sociais, suas opções políticas podem crescer para corresponder às suas orientações políticas. Dito de outro modo, um movimento político, certamente não pode ser mantido principalmente pela pressão social”, eles escreveram.

Categorias
Cultos Estudos

O PERIGO DO EVANGELHO COOL


TEOLOGIA

pa

Movimentos como Igreja Emergente tentam impedir êxodo da juventude

Por: McCracken Brett, no Wall Street Journal

“Como podemos parar o vazamento de petróleo?” pode ter sido a grande pergunta deste verão para a maioria dos norte-americanos. Para muitos pastores e líderes evangélicos, o acidente da BP não é nada quando comparado à ameaça representada por um outro vazamento contínuo, mas de um tipo diferente: jovem saindo das igrejas, para nunca mais voltar.

Sendo um evangélico de 27 anos de idade, entendo a preocupação deles. A maioria das pessoas da minha geração, muitos dos quais cresceram na igreja, estão perdendo o interesse pelo cristianismo que conhecem.

Estatísticas como essa criaram uma espécie de tendência nos últimos anos,enquanto os líderes evangélicos atuais tentam descobrir onde foi que erraram (e por que as grandes igrejas não se esforçaram para continuar atraindo a juventude?). Ao mesmo tempo, os líderes tentam elaborar um plano para manter os membros mais jovens envolvidos na vida da igreja.

Há um êxodo crescente de jovens das igrejas, especialmente depois que saem de casa e vão morar sozinhos. Em um estudo de 2007, a Lifeway relatou que 70% dos jovens evangélicos adultos (entre 18 e 22) pararam de frequentar a igreja regularmente.

Cada vez mais, esse “plano” parece ter tomado a forma de uma reformulação total da imagem, e o esforço maior é para repaginar o cristianismo, mostrando que pode ser algo como moderno, relevante e contracultural. O resultado disso foi que, no início dos anos 2000, surgiu algo chamado “igreja emergente” – um tipo de ataque pós-moderno ao movimento da Reforma Protestante. Talvez porque era radical demais na exigência que “devemos repensar tudo”, acabou fracando rapidamente. Mas o impulso por trás desse movimento – reabilitar a imagem do cristianismo e torná-lo cool – continua existindo.
 Os perigos do cristianismo querer ser “descolado”

Existem várias maneiras como as igrejas tentam parecer cool. Para alguns, significa a tentativa de parecer culturalmente engajada. O pastor gosta de citar Stephen Colbert ou fazer referências a Lady Gaga durante o sermão, ou uma igreja fecha um cinema para exibir ao seus membros o filme violento “Onde os Fracos não tem Vez”. Para outros, a ênfase está em ter uma aparência moderna, talvez dando ao pastor uma aparência metrossexual, com jeans apertados e um corte de cabelo de oitenta dólares. Há quem prefira insistir no uso de papel reciclado e apenas fontes Helvetica em todo o material impresso que produz. A opção de outro grupo é realizar um culto em um bar ou uma discoteca como é o caso da Mosaic, igreja de Los Angeles cujos cultos no centro da cidade ocorrem num espaço que à noite é usado  por um clube noturno conhecido como Club Mayan.

capa do livro de McCracken, lançado este mês

O cristianismo que “deseja parecer cool” também manifesta-se em sua obsessão de estar na vanguarda tecnológica. Igrejas como a Central Christian, de Las Vegas, e a Liquid Church, em New Brunswick, Nova Jersey, por exemplo, fazem cultos on line, onde as pessoas podem ter uma experiência de adoração em um iTemplo “. Muitas outras igrejas estão incentivando a interação com o pastor durante os cultos por SMS, Twitter e iPhone.

Um dos métodos mais populares – e sem dúvida o mais estranho – de fazer o cristianismo parecer legal é transformá-lo em algo chocante. Que melhor maneira de atrair as gerações mais jovens do que forçar a barra e chegar onde nenhum fundamentalista esteve antes?

Sexo é uma tática bastante popular para fazer algo ser chocante. Livros escritos por evangélicos com títulos como “Sex God” (de Rob Bell) e “Real Sexo” (de Lauren Winner) são bons exemplos disso nestes dias. Ao mesmo tempo, muitas igrejas estão encontrando maneiras criativas de usar temas truques de marketing envolvendo sexo para atrair pessoas à igreja.

A igreja Oak Leaf, de Cartersville, Georgia, criou um site chamado yourgreatsexlife.com[suagrandevidasexual.com] para despertar o interesse dos jovens. A igreja Flamingo Road, na Flórida, criou uma espécie de confessionário anônimo online (IveScrewedUp.com)[piseinabola.com], e teve uma série na web chamada MyNakedPastor.com[meupastornu.com], espécie de reality show que deixava a webcam ligada o dia inteiro, mostrando cinco semanas de vida do seu pastor, Troy Gramling. Depois, há Mark Driscoll, da igreja Mars Hill em Seattle – que criou uma série de vídeos online com perguntas e respostas, mostrando partes de cultos onde responde a perguntas de pessoas da igreja, sobre temas como “o sexo oral na Bíblia” e “como dar prazer ao seu esposo.”

Mas são esses truquezinhos realmente irão trazer os jovens de volta para a igreja?É para isso que as pessoas realmente vêm à igreja? Talvez sermões sobre sexo e rock louvor com música alternativa ajudem a reunir mais pessoas na porta to templo, e talvez até mesmo gerem novos convertidos. Mas a que tipo de cristianismo eles estão se convertendo?

Em seu livro, “The courage to be protestant” [A Coragem de ser protestante], David Wells escreve: “A igreja convertida e que usa o marketing entendeu que, se não fizesse adaptações culturais sérias e profundas, iria acabar fechando as portas, especialmente por causa  das gerações mais jovens. O que não eles não pensaram com cuidado suficiente é que assim eles podem estar fechando as portas com Deus. “A ironia maior”, acrescenta, “é que as gerações mais jovens, menos impressionadas com a tecnologia estrondosa, e que muitas vezes vê o que está além de uma capa colorida e bonita, já são alvos do marketing o suficiente para enjoar dele , estão mais  suscetíveis a se afastar dessas igrejas tão relevantes do que a entrar nelas. ”

Se a liderança cristã evangélica pensa que “o cristianismo cool” é um caminho sustentável para o futuro, estão muito enganados. Como representante de uma geração dos vinte e poucos anos, posso dizer com certeza que quando se trata de  igreja, não queremos algo cool, queremos algo verdadeiro.

Se temos interesse no cristianismo, com alguma seriedade, não é porque é algo fácil, está na moda ou é popular. É porque o próprio Jesus é atraente, e que ele diz parece verdadeiro. É porque o mundo em que vivemos é completamente falso, efêmero, narcisista, obcecado pela imagem e encharcado de sexo. Queremos uma alternativa. Não é porque queremos mais do mesmo.

Fonte: Tradução e edição: Jarbas Aragão/Pavablog