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Irmã franciscana diz que Igreja Católica é muito machista

‘As mulheres terão que lutar para poder ampliar o seu trabalho religioso’, considera ela.

Por Maria Carolina Caiafa | Correspondente do The Christian Post

A mineira Priscilla Dutra Moreira, de 50 anos, ou Irmã Priscilla como é conhecida, considera a Igreja Católica como uma das instituições mais machistas na contemporaneidade. Ela pertence à Ordem Franciscana e espera que sua religião aceite o sacerdócio feminino: “Ninguém vai dar isso a nós. Esses avanços não nos serão concedidos pelos homens ou pela Igreja. As mulheres terão que lutar para poder ampliar o seu trabalho religioso”, afirmou ela à Época, sonhando que, no futuro, mulheres possam rezar missas e consagrar hóstias, indo além da evangelização.

  • Priscilla Dutra Moreira, Irmã franciscana
    (Foto: Facebook/Priscilla Dutra Moreira)
    Irmã franciscana, Priscilla Dutra Moreira, defende maior importância feminina na Igreja Católica.

Nas religiões evangélicas, as mulheres têm um papel muito mais importante que as irmãs católicas. Por exemplo, nos cultos, elas têm espaço para expressar sua opinião. São vários nomes de destaque como as bispas Sônia e Fernanda Hernandes e as pastoras Elizete Malafaia, Ludmila Ferber, Marcia Teixeira, Eyshila e Alda Célia, entre tantas outras.

Segundo Papa Francisco, que esteve no Brasil na última semana, liderando a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), “essa porta está fechada”. O pontífice diz que as formulações de João Paulo II impedem o sacerdócio feminino. Mesmo assim, ele valoriza a posição de Nossa Senhora – “Maria foi mais importante do que os apóstolos”- e reconhece ser necessário construir “uma teologia da mulher”.

Priscilla observa que a “questão não é apenas se uma freira pode ou não rezar missa. É mais ampla. Refere-se ao trabalho em si dentro da Igreja. Vários setores são assumidos apenas pelos homens: as tomadas de decisão, os postos dentro do Vaticano, os próprios vicariatos dentro das dioceses. […] Nas periferias do mundo, vemos muitas religiosas e poucos padres trabalhando. A mulher leva a palavra de Deus às pessoas, às comunidades. Ou seja, como vemos hoje, a prática do Evangelho pode ser feminina, mas a Eucaristia é vetada à mulher”.

A irmã considera que várias características femininas são importantes para o trabalho da Igreja: “A Igreja precisa acordar para mudar. Jesus pregava que a fé se realiza através da convivência, da promoção humana, e as mulheres já fazem isso com extrema dedicação e ternura. […] A nossa forma de nos relacionar com as pessoas é diferente. Os homens são mais racionais e mais durões. E hoje as comunidades estão mais carentes, precisam de carinho. […] A mulher gera a vida, traz a alegria”.

A religiosa explica o significado de teologia da mulher: “A Igreja ainda não permitiu essa especificação defendida pelo papa Francisco. Seria uma teologia voltada para o estudo religioso a partir de uma visão feminina de Deus. Todos nós devemos lembrar que a boa notícia da ressurreição de Jesus foi dada por uma mulher. Foi uma mulher a escolhida e não um homem. A Igreja reduz a importância desse anúncio”.

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Irmã Francisca tem um currículo internacional e de peso: formou em Ciências Religiosas na Itália, fez trabalhos de campo em comunidades carentes na Bolívia e é diretora pedagógica do Instituto Francisca Paula de Jesus, localizado no Méier, zona norte do Rio de Janeiro [RJ].

Parar ler a entrevista completa, acesse o site da Época.

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Mulheres com pouca roupa fazem a ‘Marcha das Vadias’ em SP

04/06/2011 16h17 – Atualizado em 04/06/2011 16h17

 

Manifestação aconteceu na tarde deste sábado (4), na Avenida Paulista.
Objetivo é alertar a sociedade sobre o machismo.

Paulo Toledo Piza Do G1 SP

Fonte G1

Com faixas e cartazes, mulheres se concentram para a Marcha das Vadias na Avenida Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Com faixas e cartazes, mulheres se concentram para a Marcha das Vadias na Avenida Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Mulheres com saias curtas, de salto alto e até só de calcinha e sutiã se reuniram na tarde deste sábado (4) na Praça dos Ciclistas, na Avenida Paulista, em São Paulo, para uma manifestação inusitada: a Marcha das Vadias. A ideia da brincadeira surgiu após um policial afirmar, durante uma palestra em uma universidade em Toronto, no Canadá, que as mulheres deveriam parar de usar roupas de vadias (ou slut, em inglês) para evitar estupros.
A opinião do policial teve grande repercussão e marchas semelhantes ocorreram em todo o mundo. Uma das idealizadoras da manifestação paulistana, a escritora Solange De-Ré, de 30 anos, afirma que o objetivo é fazer com que a sociedade reflita sobre o machismo. “Em uma mesma família, o menino tem toda a liberdade para se mostrar. A mulher, não. O machismo não vem só dos homens, mas das mulheres também, que julgam as outras mulheres.”

Bom humor e pouca roupa foram as marcas registradas das manifestantes na marcha (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Bom humor e pouca roupa foram as marcas
registradas das manifestantes na marcha
(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

A versão paulistana da marcha foi mais recatada do que as equivalentes estrangeiras. “A gente não quer carnaval. A gente quer que as pessoas se vistam normalmente, como elas gostam de se vestir”, disse a publicitária Madô Lopez, de 28 anos, co-responsável pela marcha. O que mais chamou a atenção entre os cerca de 300 participantes foi a grande quantidade de cartazes contra o machismo e a favor do respeito entre os gêneros. Além disso, um grupo de mulheres animava o público usando tambores improvisados em baldes para produzir música.
Apenas uma jovem foi mais ousada e encarou a fria tarde de sábado vestindo apenas calcinha e sutiã. A estudante Emilia Aratanha, de 23 anos, justifica a vestimenta: “Independentemente do que você usa, em primeiro lugar vem o respeito.”
Ela lamenta a violência contra as mulheres –fato que em sua opinião é uma realidade mundial. “Tem mulheres com burca que acabam sendo estupradas. Isso tem que acabar.”

Participantes da marcha exibiram cartazes contra o machismo e a favor do respeito entre os gêneros (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Participantes da marcha exibiram cartazes contra o machismo e a favor do respeito entre os gêneros (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

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Avenida Paulista deve ser palco da ‘marcha das vagabundas’ neste sábado

 

Idealizado no Canadá, ato contra o machismo já tem 4 mil presenças confirmadas no Facebook

Eduardo Roberto – Estadão.com.br

SÃO PAULO – Pela terceira semana consecutiva, a Avenida Paulista promete ser palco de uma manifestação que ganhou força na internet. Mas o motivo que promete reunir neste sábado milhares de manifestantes na Praça dos Ciclistas, a partir das 14h, é inusitado: trata-se da Slut Walk, ou "marcha das vagabundas", em tradução livre.

Mark Blinch/Reuters - 03/04/2011

Mark Blinch/Reuters – 03/04/2011

Manifestantes com cartazes durante Slut Walk em Toronto, no Canadá

A ideia vem do Canadá. Em janeiro, na universidade de York, em Toronto, um policial falou a um grupo de estudantes que mulheres não deveriam se vestir como vagabundas ("sluts", na gíria em inglês) para evitar serem atacadas sexualmente. E logo gerou reação: em março, quatro mil pessoas ocuparam as ruas da cidade, em direção ao prédio da polícia de Toronto, para protestar contra a declaração. A maioria dos manifestantes era mulheres, vestidas com roupas curtas, peles falsas, sutiãs e meia-arrastão.

No Brasil, a passeata está sendo organizada por três amigos, entre eles a escritora Solange De-Ré. "A Madô Lopez mostrou para mim e para o Edu K. uma reportagem sobre o Slut Walk lá fora. Começamos a discutir o assunto entre nós e concluímos que o Brasil ainda é um país definitivamente machista, mas de maneira velada", diz.

Os três marcaram então o evento no Facebook. Quatro mil internautas já confirmaram presença. "Superou nossas expectativas. Está sendo surpreendente ver que esse problema sempre existiu e agora podemos discuti-lo publicamente, apoiados por homens e mulheres", afirma Solange. Ela espera 2,5 mil pessoas na marcha.

Apesar do tema espinhoso, os organizadores dizem não temer repressão policial. "A nossa manifestação é pacífica e aborda um tema sério da nossa sociedade, não vejo motivo para repressão", acrescenta a escritora.

A principal atração da marcha são as roupas provocantes, que fazem uma alusão ao estereótipo da prostituta. Mas a organizadora explica que as mulheres devem ir vestidas "delas mesmas". "Não é concurso de miss, nem festa à fantasia", ressalta.

Homens também podem participar do Slut Walk. "O Edu K. está apoiando abertamente a causa", diz Solange. "Homens são mais do que bem-vindos, uma vez que seja pra somar aos nossos ideais."

Evento global. O Slut Walk se espalhou pelo mundo. Depois do Canadá, a marcha foi organizada na Austrália, Argentina, EUA, Holanda e Grã-Bretanha e Nova Zelândia. Para o dia 4 de junho, passeatas em várias partes do planeta estão sendo organizadas simultanemente, além de mais marchas ao longo do ano. Confira a lista de locais aqui.