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Aécio tenta atrair Marina para projeto de 2014

 

Governador tucano Antonio Anastasia assinou decreto concedendo à ex-senadora o título de cidadã honorária e já planeja cerimônia

26 de julho de 2011 | 23h 00

Marcelo Portela, correspondente de O Estado de S.Paulo

BELO HORIZONTE – Sem partido e com um poderoso cacife eleitoral que rendeu quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, a ex-senadora Marina Silva (AC) está na mira do tucanato mineiro. Na avaliação de integrantes do PSDB, uma aproximação com a ex-verde poderia impulsionar uma possível candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência em 2014, além de uma virtual empreitada para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem.

Werther Santana/AE-8/7/2011

Werther Santana/AE-8/7/2011

Marina Silva foi a mais votada no 1º turno das eleições de 2010 em Belo Horizonte

O primeiro passo dessa tentativa de aproximação foi dado pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Antes de embarcar no fim de semana para uma viagem oficial ao Japão, ele assinou decreto concedendo a Marina o título de cidadã honorária de Minas Gerais. O governo e a Assembleia Legislativa já planejam uma cerimônia para entrega do título à ex-senadora.

"Ainda estamos tentando contato com ela, mas haverá cerimônia com a presença do Anastasia", disse o deputado estadual Délio Malheiros (PV), que encaminhou pedido ao governo, em abril, para a concessão do título.

Apontado como possível candidato à Prefeitura da capital mineira, Malheiros afirma que não foi apenas o cacife eleitoral de Marina que pesou para ela se tornar cidadã mineira. "É respeito à pessoa dela e ao eleitorado mineiro", disse. O deputado ressalta que, no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina liderou na capital e ficou em segundo no Estado, o que atesta "a afinidade e o apreço dos mineiros a esta grande personalidade".

Mas o parlamentar assume que o apoio de Marina também pode ajudar nos projetos em torno da Prefeitura, em 2012, e da Presidência, em 2014, apesar de ela ter se recusado a apoiar o então candidato do PSDB, José Serra, no segundo turno.

Boa relação. "O Serra é uma coisa bem diferente do Aécio. A Marina tem boa relação com Aécio, Anastasia e comigo. Ela poderá nos ajudar. Se o PSDB tiver preocupação com meio ambiente, nos termos que ela entende, acredito que ela pode apoiar", avaliou Malheiros. "Estamos num momento político que qualquer coisa que puder atrair Marina é ótimo."

Para isso, o PSDB e o PV – que faz parte da base aliada do governo em Minas – ainda têm outro percalço. Marina tem forte ligação com o candidato derrotado ao governo de Minas, o ex-deputado José Fernando Aparecido, que também deixou o PV no início do mês. Durante a campanha do ano passado, José Fernando atacou duramente o governo. "Ele se equivocou em muitas posições. Sua postura política criou arestas com Aécio Neves. Agora, terá que administrar os conflitos que criou. Mas ela não se envolveu nisso", declarou Malheiros.

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Aliados de Marina debatem próximos passos em reunião em SP

 

DE SÃO PAULO

Aliados da ex-senadora Marina Silva realizam, na terça-feira (19), um encontro aberto para debater os próximos passos do movimento criado após a saída da ex-ministra do Meio Ambiente do PV.

Marina anuncia saída do PV e diz que é hora de ser ‘sonhático’
Marina Silva busca fórmula para não submergir

Batizado de "Terça-feira Sonhática", o evento acontece na zona oeste de São Paulo e está sendo organizado pelo ex-presidente municipal do PV e também dissidente da legenda Mauricio Brusadin.

"Iremos promover um encontro aberto para debater quais os próximos passos e o que todos esperam deste novo processo político", afirmou o grupo, no site Transição Democrática, criado para discutir mudanças na estrutura do PV.

Segundo Brusadin, o evento poderá ser acompanhado ao vivo pela internet.

Em seu perfil no Twitter, Marina tem ajudado a divulgar a reunião, mas não deve comparecer, já que anunciou nesta segunda-feira que vai tirar alguns dias de férias.

Marlene Bergamo – 7.jul.2011/Folhapress

A ex-senadora Marina Silva discursa em ato de desfiliação do PV, em São Paulo

A ex-senadora Marina Silva discursa em ato de desfiliação do PV, em São Paulo

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‘Não é hora de ser pragmático’, diz Marina Silva ao anunciar saída do PV

 

Ex-senadora anunciou movimento para discutir política.
Gabeira diz que apoia movimento de Marina, mas que segue no partido.

Do G1, em São Paulo

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Marina Silva e o senador Ricardo Young, na tarde desta quinta, em São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/G1)Marina Silva e o senador Ricardo Young, na tarde
desta quinta, em SP (Foto: Eduardo Carvalho/G1)

A ex-senadora Marina Silva anunciou, nesta quinta-feira (7), a desfiliação do Partido Verde no evento "Encontro por uma nova política", realizado na Zona Oeste de São Paulo, e a criação de um movimento, ainda sem nome, para discutir política. O evento reuniu aliados da ex-ministra do Meio Ambiente.

Segundo o deputado federal Alfredo Sirkis, o movimento terá como lema o tema "verde e cidadania".

"Não é hora de ser pragmático, é hora de ser sonhático e de agir pelos nossos sonhos", disse, em discurso. A íntegra do discurso foi publicada no blog da ex-senadora, assim como a carta de desfiliação, assinada por outras 15 pessoas.

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O ex-deputado Fernando Gabeira participou do evento por meio de uma videoconferência. Em reportagem publicada às 15h57 desta quinta, oG1 errou ao informar que o ex-deputado anunciou desfiliação do PV. Ele apenas expressou apoio ao movimento de Marina Silva, mas não declarou ter deixado o partido e afirmou que não cogita sair do PV.

Eleições
Marina ressaltou que a saída do partido não tem motivação eleitoral. "Manter a coerência e seguir em frente, é o sentido de nosso gesto, repito. Não se trata de uma saída pragmática, com olhos postos em calendários eleitorais. Ao contrário, é a negação do pragmatismo a qualquer preço."

"Não sou candidata a priori, não vou ficar na cadeira cativa e não sei se vou me candidatar à presidência (em 2014). Não vou engessar a minha vida a priori numa expectativa induzida para ser candidata. Me exponho a um processo e quero ver, como pessoa, onde é melhor a minha contribuição”, afirmou.

Marina deixou o PT em agosto de 2009 e se filiou ao PV para concorrer às eleições de 2010. Disputou a Presidência da República e ficou em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos.

Sobre o movimento que deverá mobilizar a partir de agora, ela afirmou: “Estamos procurando metabolizar uma nova forma de fazer polítca, não há ainda uma fórmula. As pessoas estão na expectavia, mas também estou. Não deve ser criada a ilusão da velha liderança.”

‘Coerência’
Marina começou seu discurso relembrando o texto para um convite para a candidatura de 2010, em que falava na criação de “um grande movimento para que o Brasil vá além e coloque em prática tudo aquilo que a sociedade aprendeu nas últimas décadas”. O documento também dizia, segundo Marina, que era preciso “reinventar o futuro” e que “a distância entre o que somos e o que podemos ser não é tão longa se nos dispusermos a começar a caminhada.”

“Estamos aqui hoje para reafirmar que esta continua sendo a nossa palavra, que vale o que está escrito. Está nesta palavra dada a principal razão pela qual eu mesma e tantos companheiros estamos nos afastando do Partido Verde. Para manter nossa coerência e seguir em frente, em união com aqueles que, embora não se desligando do partido por diversas razões, permanecerão críticos e em consonância com o mesmo pensamento.”

Ela acrescentou que a experiência no PV “serviu para sentir até que ponto o sistema político brasileiro está empedernido e sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação.”

Marina fez outras críticas ao partido, mas de forma indireta. "O resultado mais grave da perversão do sistema político é o afastamento das pessoas da Política com P maiúsculo, pela qual cada um pode ser parte das decisões públicas por meio de suas opiniões, sua palavra, suas propostas, seu voto bem informado e consciente."

Leia a íntegra do discurso:

“Chegou a hora de acreditar que vale a pena, juntos, criarmos um grande movimento para que o Brasil vá além e coloque em prática tudo aquilo que a sociedade aprendeu nas últimas décadas”. Assim começava o convite para a grande aliança que, em 2010, propusemos à sociedade brasileira. E continuava dizendo que chegou a hora dos que querem viver num país melhor, reinventar o seu futuro no século 21. Que podemos alcançar a democracia que queremos. Que a distância entre o que somos e o que podemos ser não é tão longa se nos dispusermos a começar a caminhada.

Estamos aqui hoje para reafirmar que esta continua sendo a nossa palavra, que vale o que está escrito. Está nesta palavra dada a principal razão pela qual eu mesma e tantos companheiros estamos nos afastando do Partido Verde. Para manter nossa coerência e seguir em frente, em união com aqueles que, embora não se desligando do partido por diversas razões, permanecerão críticos e em consonância com o mesmo pensamento.

A experiência no PV serviu para sentir até que ponto o sistema político brasileiro está empedernido e sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação. Se antes dissemos “chegou a hora de acreditar”, afirmo hoje: chegou a hora de ser e fazer, de nos movimentarmos em conexão com as redes e pessoas que expressam a chegada do futuro e o constroem na prática, no dia-a-dia.

A proposta de desenvolvimento sustentável é inseparável de uma política sustentável. Não podemos falar das conquistas de nosso país separando–as da baixa credibilidade do sistema político, dos desvios éticos tornados corriqueiros, da perplexidade da população diante da transformação dos partidos em máquinas obcecadas pelo poder em si e cada vez mais distantes do mandato de serviço que estão obrigados a prestar à população. A ideia de desenvolvimento não pode estar desvinculada da existência de um sistema político democrático consolidado, tanto na sua face representativa quanto na sua imprescindível dimensão participativa direta.

O resultado mais grave da perversão do sistema político é o afastamento das pessoas da Política com P maiúsculo, pela qual cada um pode ser parte das decisões públicas por meio de suas opiniões, sua palavra, suas propostas, seu voto bem informado e consciente. Quando a representação gerada por esse voto não expressa integralmente o compromisso de se dedicar ao bem comum, a democracia sai trincada, e essa ameaça afeta a todos nós e nosso direito a viver melhor, com mais justiça, mais qualidade de vida, com horizontes mais prazeirosos. Então, é preciso reagir e chamar mais e mais pessoas para um grande debate nacional sobre o nosso futuro.

É essa a causa que nos move e nos faz reconhecer, em primeiro lugar, que o propósito de levá-la adiante por meio do PV, na forma como ele hoje se estrutura, não foi possível. E, em segundo lugar, que não podemos relativizá-la para compor com uma cultura política que combatemos e que se mostra impermeável ao novo e ao sentido profundo da democracia.
Manter a coerência e seguir em frente, é o sentido de nosso gesto, repito. Não se trata de uma saída pragmática, com olhos postos em calendários eleitorais. Ao contrário, é a negação do pragmatismo a qualquer preço.

É uma reafirmação de compromissos e princípios. É uma caminhada verdadeira e esperançosa em direção ao nosso foco principal: sensibilizar as brasileiras e os brasileiros que se dispõem a sair do papel de meros espectadores a que vêm sendo condenados pelo atual sistema político para ser uma força transformadora. Força capaz de fazer sua vontade junto a um sistema político superado na sua essência, mas ainda no comando das instituições, tornando-as reféns de privilégios, de interesses setoriais, de alianças e posturas atrasadas, incompatíveis com os desafios que temos para este século.

Hoje, as pessoas se mobilizam por causas muito diferenciadas, se manifestam pela internet, mas tem dificuldades de se integrar, de amalgamar suas diferentes preocupações num grande projeto de país, impulsionado pelo desejo de um salto civilizatório que só acontecerá se interrompermos a trajetória de degradação social e ambiental que é, infelizmente, uma das principais marcas de nossos tempos.

Junto-me a todos que se identificam com esse pensamento, para fazer chegar o momento da integração. De inventar outra cultura política para nosso futuro. Vamos discutir democracia, educação, desenvolvimento, sem as amarras das ambições de poder como um fim em si mesmo, que diminuem e pervertem os sonhos e as intenções.

Não se trata de negar as instituições de Estado e o sistema representativo. Sabemos de sua importância e de seu papel, mas não podemos fechar os olhos para seus desvios. Devemos exigir que saiam de suas velhas práticas e acordem para o presente. Para isso, a sociedade brasileira precisa recuperar a sua iniciativa no campo político, construir coletivamente sua vontade e fazê-la valer.

Nosso debate, hoje, não pode ser o das eleições de 2014. As eleições de 2010 tiveram o papel de fazer a luta socioambiental abrir suas janelas e portas para a sociedade. Fizeram com que milhões de pessoas escolhessem uma proposta diferente. Agora é hora de ir mais fundo. A hora da verdade. Para nós e para a sociedade. Vamos nos reencantar com o nosso potencial para mudar o que precisa ser mudado e preservar o que precisa ser preservado.

Na campanha de 2010 dissemos que deveríamos “ir além dos limites impostos pela falta de grandeza dos interesses e costumes de alguns políticos que se acomodaram à lógica do poder pelo poder, que se tornaram incapazes de assumir plenamente os desafios do presente”. Essa também continua sendo a nossa palavra. Não era vento, não era circunstância, era de fato nossa proposta de Política e de Vida e por ela continuaremos a nos guiar, não importam quais sejam as dificuldades, as maledicências, as armadilhas, as ofertas para deixar por menos.

Como alguém já disse, o ideal que move as pessoas para melhorar o mundo em que vivem, e onde no futuro outros irão viver, deve estar na popa e não na proa, a nos impulsionar para o futuro. Não é hora de ser pragmático, é hora de ser sonhático e de agir pelos nossos sonhos."