ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
O padre Mansueto Pontarolo, da paróquia de Matinhos (litoral do Paraná), não gosta de chamar a polícia para resolver balbúrdias em frente à igreja. "Eles têm coisas mais importantes a fazer", diz.
Quando algo ameaça a ordem, ele lança mão de um chicote. "É como o pai que usa o chinelo. Não é para agredir, é para impor respeito."
Porém, a família de uma menina de 12 anos diz que, na sexta, ela levou um golpe no rosto quando Pontarolo dispersava um grupo de estudantes que comemorava, na frente da igreja, o fim do ano letivo jogando ovos e farinha uns nos outros.
O padre nega. "Eu espantei com o chicote e teve alguém que se doeu", diz Pontarolo, 49, na cidade há 7 anos.
A menina foi levada a um hospital e liberada horas depois. A mãe registrou boletim de ocorrência, mas não quis representar contra o padre.
"A lesãozinha é coisa mínima. Estão fazendo tempestade em copo d’água", diz o delegado Edilson Blener. Como não houve queixa, a polícia não dará continuidade ao caso.
A Cúria de Paranaguá manifestou-se contra a atitude do padre. Ele diz que não foi repreendido formalmente.
"Não é arma, é um instrumento. Assim como Jesus usou chicote no templo, para dizer que tinha uma ação errada lá", diz. "Jogar ovo e coisarada na porta da igreja é errado!"