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Cientistas dizem terem descoberto a "partícula de Deus"

04/07/2012 06h19 – Atualizado em 04/07/2012 06h33

Cientistas descobrem partícula subatômica inédita

Experiências apontam que essa pode ser a chamada ‘partícula de Deus’.
Novas pesquisas são necessárias para afirmar que este é o bóson de Higgs.

Tadeu MeniconiDo G1, em São Paulo

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Info bóson de Higgs (Foto: arte/G1)

Cientistas anunciaram nesta quarta-feira (4) a existência de uma partícula subatômica inédita até então. Eles acreditam que se trate do “bóson de Higgs”, a “partícula de Deus”, única partícula prevista pelas teorias da física que ainda não tinha sido detectada em laboratórios, e que vinha sendo perseguida ao longo dos últimos anos.

A nova partícula tem características “consistentes” com o bóson de Higgs, mas os físicos ainda não afirmam com certeza que se trate da “partícula de Deus”. Para isso, eles vão conduzir novos experimentos para observar se a partícula se comporta com as características esperadas do bóson de Higgs.

O “bóson de Higgs” ganhou o apelido de “partícula de Deus” em 1993, depois que o físico Leon Lederman, ganhador do Nobel de 1988, publicou o livro “The God Particle” (literalmente “a partícula de Deus”, em inglês), voltado a explicar toda a teoria em volta do bóson de Higgs para o público leigo. Ainda não há edição desse livro em português.

O anúncio foi feito em Genebra, na Suíça, sede do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em inglês). As conclusões foram baseadas em dados obtidos no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), acelerador de partículas construído pelo Cern debaixo da Terra na fronteira entre a França e a Suíça, considerado a máquina mais poderosa do mundo.

A descoberta foi confirmada por especialistas do CMS e do Atlas, dois grupos de pesquisa independentes que fazem uso do LHC. Apesar de usarem o mesmo acelerador de partículas, as duas colaborações científicas trabalham com detectores diferentes e seus resultados são paralelos.

Os cientistas medem a massa das partículas como se fosse energia. Isso porque toda massa tem uma equivalência em energia. Se você calcula uma, tem o valor das duas. A unidade de medida usada é o gigaelétron-volt, ou "GeV".

No anúncio, o CMS disse que observou um “novo bóson com a massa de 125,3 GeV” – com margem de erro de 0,6 GeV para mais ou para menos – “em 4,9 sigmas de significância”. Esses “sigmas” medem a probabilidade dos resultados obtidos. O valor de 4,9 sigmas representa uma chance menor que um em 1 milhão de que os resultados sejam mera coincidência. Por isso, os cientistas consideram esse número como uma confirmação da descoberta.

Paralelamente, o grupo Atlas afirmou que “exclui a não-existência de uma partícula com a massa de 126,5 GeV, com a probabilidade de 5 sigmas”.

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“Eu não tenho muita dúvida de que, na física de partículas, é o evento mais importante dos últimos 30 anos”, afirmou Sérgio Novaes, pesquisador da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que faz parte da colaboração CMS. "Eu acho que é um momento histórico que a gente está vivendo", completou.

Em 2011, pesquisadores dos dois grupos de pesquisa do Cern já haviam “encurralado” o bóson de Higgs, quando identificaram a faixa em que encontrariam a partícula – a massa estaria entre 115 GeV e 130 GeV.

Na última segunda, pesquisadores norte-americanos também tinham encontrado “forte evidência” da existência da partícula, em experiências com um acelerador próprio

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Entrevista: Cientista Cristão Fala Sobre ‘Partícula de Deus’ Vs ‘Origem do Universo’

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Por Jussara Teixeira| Correspondente do The Christian Post

Recentemente, dois grupos de pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês) apresentaram os resultados sobre a busca pela partícula conhecida como “bóson de Higgs” – apelidada de “partícula de Deus”.

A eventual descoberta do boson de Higgs poderá fazer com que a física tenha mais subsídios para compreender sobre a matéria da qual o universo é formado.

A explicação é de Adauto J. B. Lourenço, formado em Física e Matemática pela Universidade Cristã Bob Jones, da Carolina do Sul, físico das áreas de matéria condensada e física de superfície e pesquisador em trocas de energia entre superfícies metálicas e gases.

Cientista, cristão e criacionista, Lourenço é autor dos livros “Como Tudo Começou: Uma Introdução ao Criacionismo” e “Gênesis 1 & 2: A Mão de Deus na Criação”, além de “A Igreja e o Criacionismo”, todos da Editora Fiel.

Em entrevista ao The Christian Post, o cientista nos explica como a possível descoberta da partícula pode mudar os conceitos da física e explicar sobre a matéria da qual o universo é formado.

Mas ele salienta: “é importante ressaltar que o modelo padrão ainda está distante de ser uma teoria completa”. Segundo o cientista, os atuais modelos utilizados pela física, ainda não fornecem os dados necessários para nenhuma afirmação sobre a origem da matéria.

Veja as explicações do cientista sobre a “partícula de Deus”:

CP: O que é a física de partículas?
Lourenço: A física de partículas é um campo da física que estuda as partículas sub-atômicas e as interações que ocorrem entre elas. Um dos modelos que procura descrever tanto as partículas como as interações é conhecido por “modelo padrão”. Este modelo está voltado principalmente para as interações das forças nucleares, conhecidas por eletromagnética, fraca e forte.

CP: Quando esta teoria foi desenvolvida?
Lourenço: Essa teoria foi desenvolvida na metade do Século XX pelos pesquisadores Sheldon Glashow, Steven Weinberg e Abdus Salam. Os três compartilharam o prêmio Nobel em física de 1979. Dentre as muitas partículas propostas (ainda teóricas) e pesquisadas (já encontradas) por esse modelo encontra-se o bóson de Higgs.

CP: O que seria o bóson de Higgs? Esta partícula explica a origem da matéria? De que forma?
Lourenço: Uma comparação bem simples pode ser feita para se entender a função do bóson de Higgs no modelo padrão. Na biologia encontramos as células estaminais (conhecidas por células tronco). Elas possuem a capacidade de dividirem-se e diferenciarem-se em diversos tipos especializados de células. Já na física de partículas, o bóson de Higgs teria uma função similar. Ele seria o progenitor das demais partículas. é importante notar que não estamos dizendo que todas as partículas existentes no universo teriam vindo de um único bóson de Higgs, mas que, segundo a teoria, todas as partículas seriam provenientes de bósons de Higgs. O bóson de Higgs, caso comprovado, não dará uma explicação sobre a origem da matéria, pois ainda não há uma teoria que explique como ele teria surgido.

CP: O que é o CERN e como ele funciona?
Lourenço: O CERN (antigo Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é uma organização internacional conhecida atualmente por Organização Européia para Pesquisa Nuclear (European Organization for Nuclear Research). Ela foi estabelecida em 1954. Essa instituição opera o maior laboratório de física de partículas do mundo, conhecido como LHC (Large Hadron Collider), Grande Colisor de Hádrons.

CP: O que exatamente os cientistas estão pesquisando?
Lourenço: Os cientistas esperam poder responder as questões fundamentais da física, referentes às leis básicas que governam as interações e as forças das partículas elementares, incluindo a estrutura do tempo e do espaço, e especialmente a junção da mecânica quântica com a teoria da relatividade. A pesquisa também irá revelar se o modelo padrão de partículas está correto ou não. Caso não esteja, um novo modelo deverá ser proposto.

CP: Qual a importância da descoberta?
Lourenço: As informações oficiais do CERN, até a data desta entrevista, mencionava que o bóson de Higgs ainda não havia sido descoberto. Os pesquisadores do CERN já procuraram e não encontraram o bóson de Higgs em 95% de todos os níveis de energias possíveis. Esses níveis de energia representam a massa que o bóson de Higgs poderia ter. Resta apenas 5% para pesquisar, entre os níveis 116-130 GeV (Giga Electron Volts) no detector ATLAS (A Toroidal LHC ApparatuS) ou 115-127 GeV (Giga Electron Volts) no detector CMS (Compact Muon Solenoid). Esses são dois dos seis detectores existentes no LHC.

CP: E se a partícula for realmente encontrada?
Lourenço: Caso o bóson de Higgs seja encontrado, a física terá ganho um pouco mais de compreensão sobre a matéria da qual o universo é formado. é importante ressaltar que o modelo padrão ainda está distante de ser uma teoria completa.

CP: Ela irá mudar os atuais conceitos sobre a origem da matéria na física?
Lourenço: Caso o modelo padrão seja confirmado, com a descoberta do bóson de Higgs, a física terá uma ferramenta a mais para continuar a sua pesquisa sobre a origem da matéria. Como já foi mencionado, o modelo padrão estuda as partículas sub-atômicas e as interações que correm entre elas. Por meio dos modelos utilizados pela física, ainda estamos muito distantes de termos condições de afirmarmos qualquer coisa sobre a origem da matéria.

CP: Por que a referida partícula tem o apelido de “partícula de Deus”?
Lourenço: A “partícula de Deus” é um apelido dado ao bóson de Higgs. O termo bóson faz referência ao físico e matemático indiano Satyendra Nath Bose (colaborador com Albert Einstein na teoria dos condensados de Bose-Einstein). O apelido “partícula de Deus” foi dado pela mídia fazendo referência ao título do livro “The God Particle: If the Universe Is the Answer, What Is the Question?” de Leon Lederman (físico americano, prêmio Nobel pelo seu trabalho com neutrinos).

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.