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Um estudo sobre: Apóstolo, Pastor, Bispo e Presbítero

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Apóstolo, pastor, bispo e presbítero? 

No Novo Testamento, Em (Atos 20:17,28; 1 Pedro 5:1-3; Tito 1:5-7). as palavras pastor, bispo e presbítero descrevem os mesmos homens Eles servem em congregações locais, cuidando do rebanho de Deus. São como sinônimos pois que identificam os mesmos servos. Entretanto, cada uma tem seu próprio significado:

Pastor  Se refere aos pastores de ovelhas, cuidavam dos rebanhos protegiam, guiavam e alimentavam as ovelhas.Esta palavra, Pastor, muitas vezes usada no Antigo Testamento, descrevia líderes espirituais.

Em Gênesis 49:24-25,Deus é chamado de Pastor desde a época dos patriarcas. O Salmo 23 descreve o Senhor como pastor do seu servo fiel. Davi, um pastor de ovelhas, mostra nesse salmo, a proteção divina sobre nossas vidas e o carinho e a Sua proteção para conosco .

Moisés mostrou o homem que iria guiar o povo como pastor (Números 27:17). Deus condenou fortemente os pastores egoístas que devoravam o rebanho de Israel (Ezequiel 34:1-10).

No Novo Testamento, Pastores são homens preparados para pastorear o rebanho, O Povo do Senhor (1 Timóteo 3:1-7; Atos 20:28-35; 1 Pedro 5:1-3).

Bispo vem da palavra grega episkopos, que quer dizer supervisor ou superintendente. Em 1 Pedro 2:25, se refere ao Senhor. Várias outras passagens usam essa palavra para descrever a responsabilidade de homens escolhidos para guiar os discípulos na administração da igreja (veja Atos 20:28; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3:2; Tito 1:7).

Presbítero (ancião em algumas versões da Bíblia) alguém de idade mais avançada com experiência de vida. A palavra é usada na Bíblia para identificar alguns dos líderes entre os judeus.

No livro de Atos dos apóstolos e nas epístolas os homens que pastoreavam e supervisionavam as igrejas locais eram  chamados de presbíteros (veja Atos 11:30; 14:23; 15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18; 1 Timóteo 5:17,19; Tito 1:5; Tiago 5:14; 1 Pedro 5:1; 2 João 1; 3 João 1).

São homens de idade suficiente, que tenham filhos crentes, experimentados com as situações da vida, maduros e escolhidos entre os cristãos na congregação. Usam seu conhecimento e experiência para servir como modelos e ensinar o povo de Deus.

Entretanto, Pastores, bispos e presbíteros não são  atividades diferentes mas, três aspectos diferentes.

Aos pastores lhes é dada a liderança por se ver neles, o chamado de Deus, para conduzir o rebanho. Querer atribuir ao Bispo lideranças sobre o pastor é um erro, pois fogem do padrão bíblico. As Igrejas que procuram manter distinções entre pastores, bispos e presbíteros desviam a riqueza das palavras que o Espírito Santo usou para descrever os guias do povo de Deus.

Apóstolos – Apesar do forte impacto apostólico os líderes evangélicos tendem a não aceitar a autodenominação de “apóstolo” das Igrejas neopentecostais.

Segundo o teólogo Dorival Guimarães, o último dos apóstolos foi Paulo, pois encontrou com o Senhor ressurreto. Em 1 Cor 15: 8-9, ele diz, “depois de todos” (ou “E por derradeiro de todos”) pode e deve ser traduzido como o “último dos apóstolos”.

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O pastor e teólogo Augustus Nicodemus, chanceler da Faculdade Mackenzie, em seu artigo intitulado “ Carta ao Apóstolo Juvenal”, disse que os apóstolos constituíram um grupo único e exclusivo na história da Igreja primitiva e que hoje não existem mais.

Nicodemus ao escrever a carta ao seu colega da turma do seminário presbiteriano, Juvenal, explica sobre o papel que tiveram os apóstolos de Jesus Cristo, crucial e extremamente relevante para a fundação da Igreja Cristã. “é um cargo, um ofício, tão sério e fundamental”, que foi designado por Jesus Cristo àqueles que o viram ressurreto.

Ele aponta para características como as de realizar as curas e milagres que os apóstolos faziam e sobre as contribuições efetivas à Igreja, sociedade, missões e teologia. Segundo ele, grandes líderes que tiveram papel importante na Reforma Protestante, não ambicionaram e não tiveram esse tipo de designação, sugerindo que os Apóstolos são apenas os designados 12 Apóstolos de Cristo.

Portanto, querer ser apóstolo hoje em dia, o pretendente deveria ter no mínimo os dons espirituais que os 12 apóstolos tiveram pois essa seria a característica que identificava os apóstolos. Lembrando ainda que só Jesus Cristo diretamente,nomeou e capacitou apóstolos.

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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O comércio da Palavra de Deus – mercenários em ação

 

Quanto você cobra para pregar em minha igreja, Pastor?

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Mercadores que lucram com a palavra

     Virou comercio: Pregadores mercenários cobram altos cachês para “pregarem”a Palavra de Deus. O que você acha disso? Pagar altos cachês para ouvirem a Palavra de Deus? Muitos apresentam uma lista de exigência para irem à alguma igreja levar uma Palavra. Exigem pagamento antecipado, hospedagem em hotéis cinco estrelas, carro, passagens de avião e espaço disponível para a venda de seus livros, cds, dvds  e  outras bugigangas.

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      1- Visando somente o lucro

Muitos estão se transformando em pregadores profissionais, preletores, pastores sem terem sido ordenados e se tornando “Pregadores Gospel”  seu objetivo é o lucro. Pregam o evangelho para obterem lucro; elaboram conferencias com um tema chamativo, e cobram altos valores para pregar. São pregadores não convertidos, ensaiam “chavões” para a plateia gritar glorias à Deus, infelizmente são pregadores mercantilizadores da Palavra conforme está escrito em II Pedro 2, 3 e 4″  ” e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas,  havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo”;

      2.  mercenários da Palavra que se tornaram ídolos.

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     Muitos são os mercenários que transformam igrejas em reféns. Estipulam tempo de pregação, quantidade mínima de vendas de seus produtos, se vestem na moda atual, ensaiam gestos e posições chamativas, e querem ser tratados como ídolos. Pastores acostumaram mal as igrejas e a igreja só tem audiência quando vai um pregador de nome e que saiba fazer firulas tais como “Deus me falou” entre outras. E o povo incauto teologicamente aplaudem tal mercenário. O Pastor local, negocia com o mercenário que diz:  “só prego na sua igreja por tal valor”

Grandes igrejas trazem pregadores mercenários importados e eles tem que ser verdadeiros atores para motivar a igreja, são pregadores conhecidos cujo “cache” é em dólares, fingem estar na unção do ‘cai cai no espírito” e o inimigo faz a festa e o povo grita, pula e se comovem.

Esquecem-se que a igreja é do Senhor e os pastores foram ali colocados para pastorear aquela igreja. É claro se nós não estamos satisfeitos com esse tipo de conduta mercenária Deus está com o coração entristecido por estarem fazendo da igreja um celeiro de negócios. Em. Rm.1.18 está assim escrito: ” Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”;

A igreja n~1ao precisa de pregadores que sejam atores ou ídolos, muito pelo contrário, precisa de homens honrados que preguem com singeleza a Palavra de Deus em um linguajar acessível aos menos instruídos e que ganhem vidas para aumentar o rebanho do Mestre.

É necessário acabar com a mercantilização da Palavra de deus, os mercenários existem porque existem pastores dispostos a gastar o dinheiro da igreja para trazerem esse tipo de pregadores e cantores gospel que cobram altos caches para se apresentarem. Existem milhares de pastores que pregam a Palavra de Deus graciosamente e pelo prazer de levar uma Palavra de Fé e esperança àqueles que os convidarem.

Deus abençoe a todos.

27-5-16-a 006Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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A origem do declínio dos dons espirituais – um estudo bíblico

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É talvez, dos maiores desafios da igreja, encontrar o ponto de equilíbrio, de tal forma que possa fugir das heresias, mas não se tornar um clube de amigos

por Moisés C. Oliveira

É praticamente unanimidade entre os historiadores do Cristianismo que a crescente institucionalização da Igreja foi acompanhada pelo desaparecimento dos dons espirituais, especialmente o de profecia, que à época era tido como um ofício tal como o de bispo e pastor, segundo o professor James L. Ash, Jr.

Institucionalização, aqui entendida, é a ênfase demasiada na organização que, por sua vez, provoca a hierarquização, em detrimento de outros aspectos, inclusive os espirituais da igreja.

Há um brilhante livro escrito por Adolf Harnack, delineando claramente esse aspecto e demonstrando todas as conexões dos fatos que levaram ao declínio do dom de profecia desde o período da igreja primitiva. Não apenas Harnack, mas outros historiadores protestantes do dogma, ligam o desaparecimento do ofício de profeta com a evolução da teologia canônica.

Advertência

Hoje o ambiente cristão protestante está com opiniões polarizadas sobre esses assuntos, daí a importância de deixar evidentes os pressupostos que serão tratados. Há por um lado, o justo temor dos pastores em verem seus cultos tornarem-se num caos generalizado, com a liturgia sendo interrompida a todo tempo por “profetas” – mais íntimos com o Eterno que eles próprios – querendo entregar mensagens mais importantes que a sua ao rebanho. Por outro lado, os membros que sentem cada vez mais acuados diante da teologia racionalista, apontando para um Deus idealizado, numa submissão constrangedora à filosofia e ideologias contemporâneas, que vêm sendo divulgadas e abafam, sobremodo, os dons espirituais.

Assim como há um árduo caminho para alguém se tornar pastor, também o havia para o profeta. Ambos, em tese, falam em nome de Deus. Nos livros de Samuel (1Sm 10:11) e Reis (2 Rs 4:38), do Antigo Testamento temos exemplos da escola de profetas. Portanto, profetizar era algo que estava sujeito a educação, ao aprendizado. Profeta, no contexto das passagens citadas, era um ofício exercido – aprendido e exercitado praticamente em pé de igualdade com as lideranças das congregações –, distinto de como entendemos hoje  o dom de profecia.

Quanto ao pastor, para a igreja contemporânea, é praticamente questão fechada entre as denominações que ele curse Teologia, que contemple uma grade mínima de disciplinas para capacitá-lo e situá-lo na realidade da igreja e da sociedade em que vive. Ambos têm a responsabilidade de entregar mensagens que norteiam a Igreja nessa terra. Se ponderarmos no quesito função e papéis determinados, veremos que a autoridade e a liderança em conduzir o rebanho está com o pastor; ao profeta, no contexto contemporâneo e relativo ao dom e não mais ao ofício, cabe anunciar – apenas quando houver o que anunciar – a mensagem à Igreja, que obviamente deve estar em perfeita harmonia com as Escrituras Sagradas. Disputar espaço e holofote com pastor não é função de profeta, muito menos entregar profecias a granel de assuntos corriqueiros em reuniões feitas à sombra da liderança.

Para o devido entendimento desse dilema, é preciso ter em mente que há diferentes tradições no seio da Igreja que interpretam de maneiras distintas a profecia e os dons espirituais. De ambos os lados há nomes de peso. Porém esse artigo vai em outro viés; antes se restringe unicamente a expor os fatos limitados a suposta origem, que determinaram o declínio dos dons espirituais e do ofício de profeta, do que comparar interpretações sobre os dons e tomar partido na questão.

A institucionalização

A institucionalização da Igreja primitiva, avançou muito como uma resposta contra a perseguição do estado e contra as heresias tais como o gnosticismo e o marcionismo. Reagindo contra esses inimigos, a Igreja formalizou o culto e centralizou o poder nos bispos. Desafortunadamente, esse movimento em direção à organização estrutural, trouxe consigo uma mudança semântica no significado da palavra “bispo”.

A palavra bispo é derivada do grego epískopos (ἐπίσκοπος). Na sua forma verbal significa vigiar ou supervisionar. Essa palavra não é restrita ao Novo Testamento e foi vastamente empregada pela cultura/literatura greco-romana do primeiro século para indicar indivíduos com funções de tutores, inspetores, vigilantes e ou superintendentes. Na igreja apostólica, a palavra foi usada para designar aqueles que ocupavam função de supervisionar outros indivíduos em fatos relacionados a igreja. Em Atos 20:17,28 e Tito 1:5,7 descreve os mesmos indivíduos que eram conhecidos por bispos, como sendo também os mais velhos (anciões), de quem se esperava também que pastoreassem o rebanho.

Com a crescente ênfase na estrutura organizacional, os bispos foram separando-se em congregações distintas e tornando cada vez mais prestigiados e poderosos. Essa mudança surge nos escritos de Inácio, bispo de Antioquia, em meados de 110 D.C., já preocupado em defender e promover a autoridade e prestígio dos bispos contra os hereges. Na Epístola aos Esmirniotas, ele vai declarar que “apenas essa Eucaristia que está sob o bispo será considerada válida”. Também asseverava que além do bispo, não há legitimidade em batismos e casamentos. Em outra epístola, a do Trálios, chega a admoestar que “não se faça nada sem o bispo”.

A História demonstra que a tendência de institucionalizar a função do bispo, iniciada com Inácio, permaneceu e culminou no eclesiasticismo – Afeição excessiva a formas, métodos e práticas eclesiásticas, Dic. Michaelis – e no estabelecimento do episcopado monárquico. Houve a partir daqui, uma valorização cada maior das práticas eclesiásticas em detrimento das experiências espirituais e pessoais.

Também significativo, é que as manifestações espontâneas do Espírito Santo se tornassem cada vez menos desejadas e aceitas pelas autoridades eclesiásticas, a saber os bispos. A solução proposta por James L. Ash, Jr. para o questionamento de que os dons foram superados com o estabelecimento do cânon do Novo Testamento é que “os bispos, e não o cânon, rejeitaram a profecia”. A autoridade de falar à Igreja em nome de Deus é deslocada para aquele que ocupa o cargo de bispo e não mais naquele que foi agraciado com o dom espiritual, ou mesmo aqueles que exerciam o ofício de profeta.

A tensão gerada pela oposição dos que pretendiam a continuidade da liberdade do Espírito, contra os que defendiam a emergente organização estrutural é tema ainda aberto, desde aquela época. Há inclusive, a eminente escritora, socióloga e pesquisadora do Movimento Pentecostal norte-americano Margaret M. Poloma, que destaca em seus livros essa mesma tensão aos quais ela nomeia por dilemas. Inclusive há um livro seu que trata desse dilema que perdura no meio evangélico, visto pela perspectiva das Assembleias de Deus nos EUA (The Assemblies of God at the Crossroads: Charisma and Institutional Dilemmas).

A liberdade e espontaneidade do Espírito Santo foram vencidas pelo formalismo ritualístico. No seu livro “História do Pensamento Cristão”, Paul Tillich, teólogo alemão lamenta que a institucionalização tenha vencido a liberdade do Espírito. O passo seguinte dessa opção feita pela Igreja, agora determinava que os líderes que ocupavam os cargos de bispos não careciam mais dos dons espirituais para exercer tais cargos; ao mesmo tempo arrogavam para si exclusividade na comunicação e como representantes da vontade de Deus.

Essa tensão se tornou evidente quando Montano começou a defender a importância dos dons espirituais na Igreja, especialmente o de profecia.

Detalhe importantíssimo

Um detalhe importante sobre os textos redigidos pelo bispo Inácio de Antioquia, defendendo a supremacia do episcopado era que ele também era profeta. Portanto, esses documentos eram dirigidos aos seus pares, pois ele também exercia, nessa época, o dom de profecia, concomitante com o de bispo. Há um texto dele na Epístola aos Filadelfos que diz: “Gritei enquanto estava com vocês. Falei com grande voz, com a própria voz de Deus. ‘Deem atenção ao bispo, ao presbitério e aos diáconos’. Mas alguns suspeitaram de mim por dizer isso, porque eu teria conhecimento prévio da divisão de algumas pessoas; mas Aquele a qual estou ligado é testemunha por mim de que eu não tinha conhecimento disso da parte de nenhum ser humano, mas do Espírito, que pregava, e dizia isso, ‘Não faça nada sem o bispo’.”

A novidade iniciada por Inácio foi a máxima: “não faça nada sem o bispo”. No entanto essa asserção da supremacia do bispo não justifica por si, o desaparecimento do ofício de profeta. A falência do ofício, pode estar ligada a uma ideia que passa a atribuir ao bispo, tanto o dom de profecia quanto o ministério de bispo. Arnold Ehrhardt, argui que a partir de Inácio de Antioquia o que ocorre é “um lento amalgamento do ministério profético com o ministério episcopal” (The Apostolic Succession).

Contribuem para esse ponto de vista, o fato de Policarpo, o mártir, em meados do segundo século, também ser chamado de “profético” – atribuição só aplicada a bispos respeitados pela comunidade.

Melitão de Sardes era outro bispo que profetizava. Polícrates descreve-o como “aquele que vivia inteiramente no Espírito Santo”. Tertuliano também afirmou que os montanistas posteriores o consideravam um profeta. Há um inclusive uma homilia sua, “Sobre a Páscoa”, que ao final, o Cristo Ressuscitado fala aos leitores em primeira pessoa, aludindo assim à retórica profética, na qual estudiosos apontam como uma linguagem extática.

Portanto Inácio de Antioquia não foi o único a reunir tanto o dom de profecia, quanto o ministério episcopal. Após ele, o ofício de profeta foi virtualmente extinto; enquanto o dom de profecia continuou aparecendo ocasionalmente em alguns bispos.

Por irônico que possa parecer, quando Inácio profetiza, “não faça nada sem o bispo” e conquista aceitação por parte da comunidade, a autoridade e a liberdade essencial do ofício de profeta sofreram um golpe definitivo e essa profecia curiosamente contribui para a extinção do ofício.

A crítica de Inácio arrogando poder ao bispo, era muito mais relacionada ao poder e a defesa da Igreja contra heresias que surgiam pela boca de qualquer um, desmantelando o ensinando dado à luz das Escrituras, do que contra a profecia propriamente, visto que ele mesmo era profeta.

Onde estão os profetas?

No final do segundo século, Montano surgiu com a embaraçosa pergunta à Igreja: “Onde estão os profetas?” Esse questionamento, obviamente, só tornou-se cabível devido ao desaparecimento dos profetas, os de ofício, principalmente.

Montano foi um personagem polêmico do segundo século, que distinguia-se pela operação de sinais e maravilhas, bem como de milagres; a ponto dos seus detratores reconhecerem que “sua vida e doutrina eram imaculadas”.

A interpelação de Montano, foi provocada pela sua preocupação com o crescente formalismo adotado pela igreja e pela frouxidão moral cada vez mais evidente e tolerada entre seus membros. Suas reivindicações eram que se desse a devida importância à direção sobrenatural do Espírito Santo, a uma religiosidade ascética e a segunda vinda de Cristo.

A qualificação para o ministro da Igreja, segundo Montano, era, sobretudo, possuir dons espirituais ao invés de indicações para tais cargos. Seus seguidores, os montanistas – como foram chamados – eram reconhecidos por falarem em línguas estranhas.

Essa ênfase nos dons espirituais trouxe a Montano conflitos com os líderes da Igreja, que contestaram assegurando que o ofício eclesiástico sobrepunha-se a qualquer dom espiritual. Também tiveram problemas na maneira como Montano e seus seguidores entregavam as profecias. Foram acusados de profetizar em estado de êxtase, embora não tivessem tido problemas em comprovar o conteúdo das profecias. Acreditavam que esse expediente de profetizar em frenesi, ou estado de êxtase, era prova da origem demoníaca das mensagens.

Vários sínodos posteriores censuraram Montano e seus seguidores, demonstrando assim, o impacto desconcertante que a sua pergunta causou na Igreja.

O apoio a Montano se alastrou pela Europa, Norte da África e Oriente Médio. Eusébio indica que Irineu foi enviado a Roma para interceder em nome dos montanistas. Tertuliano foi outro que tomou partido em favor de Montano. No seu texto “Contra Práxeas”, Tertuliano chega a afirmar que o bispo de Roma reconhecia os dons de profecia de Montano. Outra afirmação famosa sua é a de que Práxeas prestou duplo serviço; a Roma e ao diabo: “Ele [Práxeas], destituiu a profecia e trouxe a heresia. Ele colocou em fuga o Paracleto e crucificou o Pai”. Tertuliano também escreveu sete livros sobre a profecia em êxtase (extática) que foram ou perdidos ou destruídos.

John Wesley, teólogo cristão do século 18 e quase mítico pregador, foi outro que apoiou a visão de Montano após ler o livro de John Lacy “The General Delusion Of Christians Touch

Epílogo

O grande problema em estudar o Montanismo é que os textos disponíveis são apenas dos seus detratores, não restando os da sua defesa.

Inácio de Antioquia, também era profeta. Não confirmado através dos documentos históricos se de ofício ou por dom.

Esse dilema provocado pela exigência, até certo ponto natural, da organização da igreja e ao mesmo tempo liberdade e espontaneidade do Espírito Santo que deveria ser mantida, é problema ainda não superado. É talvez, dos maiores desafios da igreja, encontrar o ponto de equilíbrio, de tal forma que possa fugir das heresias, mas não se tornar um clube de amigos com reuniões pálidas e previsíveis, tratando e falando quase que de uma filosofia de vida, distante quilômetros da sua origem e vocação.

Fica o texto do Apocalipse de João que parece contemporizar a profecia ao longo do tempo, na Igreja; “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3).

Bibliografia
ASH, James L.  Jr. – “The Decline of Ecstatic Prophecy in the Early Church” – Theological Studies 37 (1976).
HYATT, Eddie L. – “2000 Years of Charismatic Christianity” – Charisma House, Florida (2002).
BORING, M. Eugene – “How May We Identify Oracles of Christian Prophets in the Synoptic Tradition?” Journal of Biblical Literature 91 (1972).
EHRHARDT, Arnold – “The Apostolic Succession”, Londres, (1953).
HARNACK, Adolf – “Outlines of the History of Dogma”, Funk & Wagnalls Company, Nova Iorque, (1893).

Informações obtidas junto ao site gospelprime

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 Moisés C. Oliveira – autor

Formado em Letras (Literatura Inglesa e Portuguesa), pastor assembleiano, professor da EBD e de teologia, residindo em São José, SC.