O ex-presidente Lula concedeu uma entrevista recentemente onde insinuou que a culpa pela corrupção generalizada nos governos do PT, e posta em prática através da Petrobras, recai sobre Deus.
Luís Inácio costuma fazer declarações desastrosas quando resolve envolver aspectos de fé e religião em suas entrevistas e discursos. Dessa vez, na conversa com o jornalista Roberto D’Ávila, da Globo News, o ex-presidente sugeriu que o juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava-Jato, deveria intimar Deus a depor para confirmar se Ele é cúmplice do escândalo.
“Eu espero que um dia Deus, vendo tudo que está acontecendo no Brasil, carimbe na testa das pessoas o que ele vai ser quando ele tiver um emprego —se vai ser ladrão, se vai ser honesto ou não”, disse Lula, atribuindo a Deus omissão no caso.
“Você sabe que muitas vezes aquele cara que parece que é um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo”, completou o ex-presidente, eximindo-se de culpa na escolha de seus pares, corruptos, condenados pela Justiça.
D’Ávila havia questionado a Lula se ele foi pego de surpresa com o escândalo do petrolão, já que ele era o principal responsável pelas nomeações. O ex-presidente disse que sim: “Acho que foi um susto para mim. E foi um susto para o mundo”, afirmou.
O jornalista do Uol, Josias de Souza, fez piada com a fala do ex-presidente: “O depoimento de Deus tornou-se indispensável. Ainda mais nesse clima de suspeição generalizada em que a simples menção de um nome pode afetar uma reputação que, às vezes, levou muito tempo para ser construída, como a do Todo-Poderoso. Deus, obviamente, seria dispensado pelo doutor Moro de prestar qualquer tipo de juramento”, escreveu.
Para Souza, “com divina paciência, Ele recordaria as bênçãos que concedeu a Lula”, como por exemplo, a chance de revidar os ataques feitos a ele por Fernando Collor durante a campanha presidencial de 1989: “Lula recebeu a graça de participar da cruzada pelo impeachment. Nessa época, chamava Collor de ‘ladrão’”, acrescentou o jornalista.
Ao final de seu artigo, Josias de Souza torna a insinuação de Lula ainda mais cômica, construindo um diálogo hipotético entre Deus e o condutor da Lava-Jato: “O Padre Eterno dirá ao juiz Moro: ‘Anos depois, com a graça de Deus, digo, com a Minha graça, Lula elegeu-se presidente da República. Incorporou aquele que chamava de larápio à sua base de apoiadores. Em 2009, premiou Collor com duas diretorias de uma subsidiária da Petrobras, a BR Distribuidora. Agora diga, meu filho, acha mesmo que alguém que é incapaz de perceber que Fernando Collor é Fernando Collor merece ajuda?’ Sérgio Moro, mãos postas, encerrará o depoimento de Deus. E intimará Lula”, concluiu.