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‘Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar?’, questiona Cabral

 

THAIS BILENKY
DA COLUNA MÔNICA BERGAMO

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que o país precisa reformular a legislação sobre o aborto.

"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é", afirmou durante palestra em evento da revista "Exame" direcionado a empresários em São Paulo.

Segundo Cabral, a descriminalização do aborto deve ser ampliada, mas não se aplica a ele: "Fiz vasectomia e sou muito bem casado".

Sérgio Lima-30.nov.10/Folhapress

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que o país precisa reformular a legislação sobre o aborto.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que o país precisa reformular a legislação sobre o aborto.

O governador criticou a atual legislação. "Do jeito que está, está errado, falso, mentiroso, hipócrita. Isso é uma vergonha pro Brasil. Vamos pegar países onde a religião tem um peso significativo. Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Estados Unidos. Esses países gostam menos da vida do que nós? Esse é o ponto."

Para ele, o tema foi "muito mal discutido" na campanha eleitoral. Durante a corrida presidencial, sua aliada, Dilma Rousseff, teve de rebater acusações de que ela era favorável ao aborto –uma posição quepoderia lhe custar uma substancial fatia do eleitorado, em especial a religiosa.

Para Cabral, "a mulher tem que ser muito ouvida e participar ativamente dessa discussão".

"Porque se você tem 200 mil a 300 mil mulheres que anualmente vão para os hospitais para reparar danos causados por abortos mal feitos, o poder público tem que estar preparado. Ninguém é a favor do aborto, mas uma coisa é uma mulher, por alguma necessidade, física ou psicológica, psiquiátrica ou orgânica, desejar interromper uma gravidez."

O governador ressaltou que "um milhão de mulheres, talvez mais, todo ano fazem aborto, só que o sujeito de classe média alta tem uma clínica de aborto, clandestina mas em melhores situações, mesmo que não passe por nenhum controle de vigilância sanitária nem médica".