Categorias
Artigos Estudos

CALÇAS COMPRIDAS PARA AS MULHERES À LUZ DE DEUTERONÔMIO

 

Talvez você já estudou a questão dos judaizantes, mas vale a pena salientar que não estamos mais debaixo da lei e, sim da graça conforme já vimos. Mas ainda encontramos nos dias de hoje certos cristãos usando versículos isolados do Velho Testamento para tirar a liberdades das mulheres.

Este é um dos pontos mais difíceis entre alguns pentecostais. Sem ferir ninguém, quero interpretar à luz da Palavra. Os nossos renomados mestres em teologia são unânimes em afirmar que estão superadas as normas de Deuteronômio 22.5. Há igrejas que proíbem terminantemente o uso de calças compridas para mulheres, usando este texto: “A mulher não usará roupa de homens, nem homem vestes peculiar à mulheres; porque qualquer que faz tais coisas é abominável ao Senhor teu Deus” (Dt 22.5).

Nem mesmo o cumprimento da lei exaltava realmente a Deus, pois Ele veria as pessoas servindo-O apenas por obrigação, por serem compelidas a fazê-lo.

[…] Aqueles que servem a Deus simplesmente porque a letra da lei os obriga fazê-lo, ainda estão sob o regime da Velha Aliança. Não aprenderam a respeito da Nova Aliança. A maioria dos cristãos ainda estão vivendo no regime da Velha Aliança. Até dizem: “Tentei fazer isto e fazer aquilo”. Vivem sob a condenação da lei. Embora cantem louvor a Deus e sejam do povo de Deus, têm dúvidas terríveis e enfrentam problemas e lutas. Fazem boas coisas na igreja, mas quando vão para casa, sabemos os problemas que tem. Estão vivendo pela Velha Aliança” [ORTIZ. P. 163].

Jamais poderíamos usar um versículo para fazer uma doutrina, assim como critica-se os que guardam o sábado, deixando outros mandamentos, que não conseguem cumprir. Tanto é verdade, que o mesmo capítulo, que fala sobre vestes, fala também em matar o filho rebelde, não usar roupa de lã com roupa de linho ao mesmo tempo, fazer franja no cobertor de dormir e outros versículos, por exemplo: o homem não podia cortar o cabelo e nem sequer danificar a barba. Veja o exemplo:

“Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba” (Lv 19.27). “Não farão calva na sua cabeça e não cortarão as extremidades da barba, nem ferirão a sua carne” (Lv 2.5).

A barba para os Judeus era símbolo de dignidade, mas era vergonhoso raspada: “Tomou, então, Hanum os servos de Davi, e lhes rapou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes até às nádegas, e os despediu. Sabedor disso, enviou Davi mensageiros a encontrá-los, porque estavam sobremaneira envergonhados. Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e, então, vinde” (2º Sm 10-4-5).

Somos salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.

Considero o legalismo, ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade, onde ela bate de frente com o Cristianismo. Em momento algum os praticantes da religiosidade concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Para eles só a graça não basta, tudo tem que ser barganhado e negociado.

Esta concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas:

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão”. (Gl 2.16-21).

O legalismo, como disse, é o maior e o mais grave dos problemas deparados pelo apóstolo Paulo na igreja primitiva e que que igreja cristã ortodoxa ainda enfrenta.

Dessa forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até melhor do que a fé cristã.

O legalismo tira do coração do crente a alegria do Senhor e com essa ausência vai-se também o seu poder para um culto de adoração ao homem. Nada resta senão uma confissão rígida, sombria, tediosa e indiferente. A verdade é traída e o nome glorioso do Senhor torna-se sinônimo de “desmancha prazeres”. Os cristãos sob a lei não passam de uma triste paródia da realidade”.

Embora já estamos no século XXI, encontramos grupos de indivíduos “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes, basta visitar algumas das igrejas evangélicas de hoje. É com grande dor no coração e grande desapontamento dizer que as igrejas morrem quando o pastor é legalista, pois são assassinos de almas. Os legalistas, com sua lista inflexível de “faça” e “não faça”, matam o espírito de alegria e espontaneidade daqueles que desejam gozar a sua liberdade em Cristo Jesus. As pessoas estritamente legalistas na liderança tiram toda a vida da igreja, embora afirmem estar prestando um serviço a Deus.

Em primeiro lugar não encontramos nenhum versículo que proíba as mulheres a usarem calça comprida no Novo Testamento, porque não existia nem para homens e nem para mulheres. Em segundo lugar, o próprio Jesus diz “Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João Batista” (Mt 11.13). Usar a lei escrita por Moisés para doutrina de usos e costumes é invalidar a graça de Cristo, adulterar o evangelho segundo Jesus segundo o Novo Testamento.

É extremamente difícil estabelecer quais eram as diferenças entre as vestes masculinas e femininas nos dias de Moisés. Tanto os homens como mulheres usavam indistintamente capa, cinto, casaco e vestidos longos. Muitas vezes as roupas de um homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra, unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das mulheres a cor.

O princípio básico apresentado aqui é de que homens e mulheres devem honrar a dignidade do seu próprio sexo e não tentar adotar aparência ou papel do outro. Esse versículo proíbe claramente o travestismo, que é um desvio do comportamento. Deus reprovou e é abominável a mudança do uso natural do sexo, tanto no Velho como no Novo Testamento. O apóstolo Paulo exortando aos romanos diz: “… porque até as mulheres mudaram o uso natural de suas relações íntimas por outro, contrária a natureza; semelhantemente, os homens também deixaram o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmo, a merecida punição do seu erro” (Rm 1.27-28).

Alguns líderes interpretam o “uso natural” como calça comprida ou abrigo. Mas, o ensinamento de Moisés e de Paulo se refere à mudança de sexo, homem com homem ou mulher com mulher. Não tem nada haver com calça comprida.

O que uma sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região geográfica.

Não compete ao Espírito Santo designar quais roupas são masculinas ou femininas. Experimente um homem usar uma bota feminina ou vice-versa. Ou um homem usar uma calça feminina. Não irá servir, porque o estilo masculino e o estilo feminino são diferentes. Isso é convenção cultural, portanto, humana.

Deve se observar que as roupas e tradições também variam de geração para geração. A calça comprida era considerada roupa de homens no início do século passado. Como as mulheres começaram a trabalhar fora de casa e necessitavam de roupas fortes que protegessem suas pernas do frio e dos acidentes de trabalho, o uso acabou sendo inevitável. Inicialmente, causava inquietação e gerava muita polêmica. Mas, logo pode contar com o consentimento da sociedade.

Note que houve uma mudança social e cultural sem atingir a moralidade das pessoas. Houve uma mudança de tradição. Hoje as calças compridas já nem são mais roupas masculinas, e sim neutras em seu gênero, tanto homens como mulheres podem usar.

Como nos tempos de Jesus homens e mulheres usavam vestidões e não havia nenhum pecado, também em nossos dias não há pecado para homens e mulheres usarem calças comprida. Mas, sempre com decência.

Há outras vestimentas que também são usados por homens e mulheres e não trazem nenhuma inquietação, como por exemplo: as sandálias havaianas; camisetas de malhas; certos tipos de casacos, usados para nos protegermos do frio; e até mesmo alguns modelos de armação para óculos de grau. Hoje o que designa uma calça masculina ou feminina é o estilo. Sendo assim, quando Deus ordena que a mulher não se vista com roupas de homem, Ele não está escolhendo certo tipo de roupa, mas apenas rechaçando o travestísmo, e a roupa intima de cada ser humano. O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres desejem ser mulheres. A mensagem de Deuteronômio 22.5 trata de princípios, e não de uma lei sobre moda.

Outro detalhe é que, se fosse pela diferença entre homem e mulher, nós homens teríamos que voltar ao uso de vestido; se é pelo costume do país que usamos a calça, elas também têm o direito de usar o costume do país, sendo que as mulheres brasileiras também usam a calça, mais que a saia e, muitas vezes, como abrigo contra o frio.

Entendemos que no Novo Testamento temos apenas uma norma, ou seja, a que fala de vestes decentes, conforme 1ª Tm 2.9, e disso não devemos abrir mão, é claro. Por outro lado, não é porque a mulher, por exemplo, está usando vestido comprido, que está obrigatoriamente decente, pois tudo o que chamar a sensualidade é indecente, é lascívia.

Em certas igrejas, para a maioria dos crentes, uma mulher usar calça idêntica a do homem é um pecado mortal, mas não encontramos um texto bíblico que dê sustentação a essa idéia. Ele vem apenas de uma má interpretação e tradição da igreja.

Se fosse indecente, nós os homens, estaríamos sendo indecentes ao usarmos a referida calça, pois o nosso corpo tem as mesmas condições de mostrar indecência. Além disso, usamos roupas modernas e caras (ternos e gravatas), contrariando Lc 7.25 e Mt 11.8. Os ministros não poderão comprar ternos atualizados, pois deverão cumprir Êxodo 39, se quiserem exigir que as mulheres cumpram uma má interpretação de Deuteronômio 22.5.

Se for para manter a distinção entre homem e mulher, existem diversos itens do vestuário que podem caracterizar a mulher, como calçados, cabelo, blusa, bolsa e outros, vistos que as vestes dos tempos bíblicos eram vestidos idênticos para ambos os sexos e a diferença ficava por conta de outros detalhes, como o comprimento do vestido, a textura do tecido. O homem diferenciava-se pela barba e a mulher pelo véu.

Uma mulher com uma calça descente se protege mais do que uma saia, num símbolo de mundanismo como no entendimento de alguns. Se for provado que a coisa material provoca indecência (que é um atributo moral), não se pode afirmar biblicamente que um costume é mau.

Usar certas frases e dizer que o cristão não pode andar na moda, primeiro devemos saber o que é realmente moda. Moda é como a gente apresenta-se, para as outras pessoas. Isso inclui roupas (ternos, camisa, calça, gravata, sapatos, chapéus, meia, cinta, fivela…). È, ainda, o jeito como você usa seus óculos, corta, pinta ou penteia seus cabelos.

A moda é tudo isso e junta e se compõe em você, em cada um de nós. Ela varia de região para região, de país para país. Por exemplo, na Escócia os homens andam de saia, na África os homens andam de vestidões, no sul os gaúchos andam de bombachas e os políticos e pastores de ternos, etc.

Jesus Cristo nunca usou paletó e gravata. Era uma pessoa comum, ou seja, se vestia de modo semelhante aos demais, a ponto de Judas precisar beijá-lo para identificá-lo. Paletó e gravata não podem ser adotados como roupas de santos. Em primeiro lugar, é uma roupa utilizada em solenidade em ocasiões sociais por autoridades e pessoas da sociedade. Em segundo lugar, grande parte dos corruptos que se acompanham nos noticiários usam este tipo de roupa. Portanto, não se pode atribuir paletó e a gravata uma exclusividade, ou um requisito de quem é crente, pois é um traje social, de uso comum de todas as pessoas da sociedade.

Se Jesus ou um dos apóstolos participasse de um dos nossos cultos eu acredito que muitos irmãos iriam colocá-los para fora. Por quê? Porque estariam com o vestuário esquisito. Moda dos tempos de Jesus era diferente com as de hoje. Jesus usava vestidões, e nós usamos calças compridas. Ninguém consegue viver neste mundo sem estar na moda, ou seja, seu jeito de vestir. O que realmente precisamos entender é que todos acompanham a moda e a cultura da época. Entretanto, o que for extravagante, principalmente sensual, deve ser corrigido e ensinado pela Palavra de Deus sem usar o radical e o autoritarismo.

Certo dia, uma irmã que encontrava-se com problema saiu de seu trabalho e veio até a igreja pedir ajuda e oração, mas um determinado “ministro” quando a viu de uniforme (calça comprida) chamou atenção veemente dizendo: Porque a irmã veio vestida de homem na igreja? Em vez de receber uma palavra de consolo recebeu uma chibatada pelo fariseu. E ela saiu magoada e triste.

É isto que os fariseus fazem. Ensinam que a “igreja” tem “regras” (tradições e doutrinas de homens), que foram condenadas por Jesus (Mt 15.1-3, 9) e, sem base bíblica, fecham o reino dos céus para os aflitos e necessitados. Enquanto Jesus tinha compaixão e misericórdia, os fariseus de hoje são petulantes e donos da verdade.

Aprendemos em missiologia que devemos respeitar a cultura de cada país, mas estamos esquecendo que estamos na cultura de nosso próprio país, onde, especialmente, na região sul, com temperaturas negativas; além de costume, é uma necessidade e um direito constitucional do cidadão, tendo inclusive, amparo legal na preservação da saúde. O uso da calça para a proteção contra o frio, na época do inverno, é uma necessidade. É redundante dizer que, se a pessoa questionasse seus direitos morais pela advertência em público, a Igreja teria problemas. Nesse particular, existe um grande obstáculo, que tem levado muitas mulheres optarem por outras igrejas que entendem não ser esse um problema de indecência, nem de preceito bíblico, senão apenas de uma tradição, que deveriam ser mantidas se não causassem a perda de muitas almas.

Temos visto que muitas igrejas brasileiras assistem a confirmação de Deus ao seu trabalho missionário em outros países, sem a tal exigência, mas continuam proibindo aqui, como se Deus fosse mais exigente para os brasileiros.

Porque muitos líderes fazem este tipo de acepção com as mulheres e o Espírito Santo não? Deus não condena uma mulher pela roupa, mas pela sua conduta sem Deus.

Muitos líderes evangélicos já entendem que essa tradição traz mais prejuízo que lucro e resolveram abrir mão, mesmo que se diga que liberaram o mundo dentro da igreja, porém, biblicamente, para entrar o mundo na igreja, pelas vestes, precisamos ser, no mínimo indecentes, o que não é o caso da calça, e, sim, de muita saia curta, justa ou transparente e blusa decotada (que é tida como um erro, mas a calça é vista, por muitos, como um horror do inferno).

Umas das teorias, a que considero a mais equivocada, é aquela que afirma ser a proibição dessa peça do vestuário um dos motivos da integridade, indispensáveis para a igreja manter a sã doutrina e a santidade. Entendo que a igreja é santa porque não abre mão das doutrinas bíblicas e, ficaria melhor ainda, se dispensasse este item que nada tem a ver com a santidade e nem com a diferença do mundo, pois Jesus em João 13.35 nos diz qual é a única característica que faz a diferença do mundo. O único requisito no vestir é a “decência” que procede do amor. A caridade, que é o próprio amor, não se porta com indecência, conforme 1ª Co 13.5 e nada mais que isso pode ser exigido biblicamente.

Quantos pastores ficam envolvidos com a tal proibição, enquanto Satanás vem minando a santidade das igrejas pela mentira, inveja, desonestidade, corrupção, prostituição, adultério, rancor, falta de perdão, enfim, todos os males causados pela falta do amor de Deus nos corações.

È o mundo entrando dentro da igreja e não um figurino de vestuário para manter uma característica da igreja, representada apenas pelas mulheres, assim como nos países muçulmanos, cujas mulheres com o corpo coberto, da cabeça aos pés, representam, para o mundo mais desenvolvido, a característica de uma religião atrasada. Este é um exemplo clássico de que manter uma característica, se não tiver fundamento bíblico, só pode representar um atraso, como vem fazendo aquele povo. Com certeza, isso não garante pureza à igreja, nem admiração pelos que deveriam converter-se ao Evangelho. O evangelho que Jesus mandou pregar, não recomenda, uma só vez, tais exigências.

A bem da verdade, o que está acontecendo é que uma boa parte dos crentes só sabem aplicar a dureza da lei da aparência exterior, mas não sabem praticar o amor e a misericórdia, vivem como se fossem os números exatos dos escolhidos, não se importando com o resto do mundo, como se fossem os donos da salvação, e quem não pisar na linha de suas exigências, deve ser eliminado.

A pergunta que faço: Como será o acerto, um dia, dos que trocaram a graça pela obras e dos que evitam o esclarecimento para não contrariá-los? “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1.18).

Se Jesus condenou os fariseus, que aplicavam a lei ao invés do amor, não fará o mesmo com aqueles que mudam a verdade de Deus, ensinando aos descrentes, que a mulher que usar calça, no dia do senhor não poderão entrar no céu? “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci” (Mt 7.22-23).

Outro grande prejuízo é que, na medida em que afirmamos ser pecado intolerável o uso dessa peça do vestuário, os crentes em sua maioria dizem-se cumpridores da sã doutrina e não comparecem ao debate, nas reuniões de ensinamento, para descobrirem que Satanás está minando grandemente, de forma sutil, outras áreas da vida, que declaradamente a Bíblia classifica como pecado.

Podem conferir: os defensores ferrenhos de usos e costumes, geralmente, não se lembram de exercer o que Deus expressamente exige como doutrina, isto é: amor, perdão, misericórdia, bondade, benignidade, paz, mansidão, humildade, pontualidade, a eficiência no ensino e no trabalho, a transparência, a ética, a verdade a qualquer custo, etc. Dizer que a igreja não precisa disto para crescer seria desprezar o valor das almas, que por este impedimento, deixam de entrar no caminho da salvação.

Outro argumento bem conhecido é o de que as igrejas que liberam o tal uso são igrejas frias e mornas. Entendo, no entanto, que o motivo é bem outro, isso é: o que ocorre é que algumas igrejas não se animam a liberar, pensando que sua espiritualidade está nesse detalhe, como a força estava no cabelo de Sansão. Deveriam, antes, conhecer outras igrejas que ensinam a verdade e, no entanto, são portadoras de todas as características bíblicas da salvação em Jesus.

Podem conferir que os tais não conseguem mover a igreja com seus sermões, mas quando notam que estão sem a graça divina, mudam seus sermões para usos e costumes mostrando assim mais espiritualidade.

Sabemos, também, o argumento de que nas igrejas em que se liberou o uso, desta parte do vestuário, desandou a imoralidade e o mundanismo. A esse argumento gostaria de responder como exemplo do que já ouvimos a respeito da televisão, sendo que certos pastores a proíbem, sob esta legação, porém, a prova aí está, que nas igrejas em que foram mantidos os princípios éticos e morais, nada aconteceu por conta da televisão liberada. Não devemos proibir, mas ensinar ver televisão. Sei de pastores que proibiam nas suas igrejas o uso da televisão dizendo que era a caixinha do diabo, mas hoje eles têm uma caixinha na sua casa e não é mais pecado. É interessante que é pecado enquanto o líder não liberar. Quantas pessoas de valor foram sumariamente excluídas da igreja por possuírem aparelho de televisão, hoje, entretanto, os que cometeram tais injustiças possuem o aparelho, tranqüilamente, em suas casas. Descobriram que era ignorância, pois os males procedem do coração e o mundo ao vivo é muito mais perigoso que a tela da TV.

Sabemos que não só as vestes e a televisão usada de forma imoral podem arruinar a igreja, mas todos os demais procedimentos que não estiverem pautados pela decência e moralidade. Se em algum lugar a coisa descambou, foi por falta dessas características e não pelo uso de uma peça de roupa que não pode alterar a integridade de uma pessoa.

Portanto, o que preocupa é ter de defender, sem argumentos convincentes, aquilo que não encontra na Bíblia. Ouvimos a explicação: na Bíblia não está escrito, mas deve ser obedecido e, se quiser explicação, fale com o Pastor, porque é o único autorizado a tocar no assunto.

Não acredito que pastores apóiem essa idéia, pois se assim fosse, seria o mesmo que admitir que a palavra do pastor esteja acima do preceito bíblico e, por isso mesmo, o assunto não poderia ser discutido; deveria apenas ser cumprido.

Interessante que os legalistas dessa exigência com a veste feminina querem cumprir um mandamento da lei e não se importa em cumprir o que está no Novo Testamento (Rm 16.16; 1ª Co 16.20), que manda saudar os irmãos com beijos e (1ª Tm 5.10), que manda lavar os pés uns dos outros.

O motivo pelo qual existe rivalidade entre os crentes é que os mais esclarecidos sabem que certos usos são apenas tradições, enquanto que a maioria pensa que é um mandamento, escrito em algum texto da Bíblia. Para quem governa é mais fácil assim; os membros menos esclarecidos pensam que está escrito e, além de cumprirem, exigem dos demais que cumpram também, criando uma pressão psicológica naqueles que entendem a verdade.

A Palavra de Deus não admite meia verdade. Se não pudermos esclarecer o que é doutrina e o que é tradição, é porque não estamos preocupados com a divisão e o descontentamento entre os crentes, e sim, preocupados em manter certos usos ou costumes arcaicos através de uma estratégia de desinformação.

Quando dizemos que não podemos facilitar o tal uso, porque iria escandalizar a maior parte dos crentes, não devemos esquecer que eles só se escandalizam porque foi o próprio ministério da igreja que sempre ensinou ser um pecado horrível.

Não acho válido, também, o argumento de que a igreja tem o poder de estabelecer normas e regras, mesmo sem base bíblica, pois se assim fosse, a Igreja Católica estaria certa em todas as tradições e dogmas que ela criou.

Um princípio é válido quando não trouxer prejuízo ao Evangelho, nem discordar da vontade de Deus, pois do contrário, pode se enquadrar nos textos de Dt 4.2; Pv 30.6 e
Ap 22.18, que proíbem acrescentar um til às Sagradas Escrituras e automaticamente à doutrina da salvação, em qualquer tempo ou circunstância, Eu, particularmente, não quero assumir esta culpa.

Não consigo entender a total tranqüilidade de alguns obreiros, argumentando que não podem perder tempo com descrentes que querem exigir que a igreja se adapte às suas tradições. Dizem que os de fora é que têm de mudar e devem viver de acordo com a Palavra e com nossas regras. Muito bem, mas onde está escrito a tal palavra e onde está escrito as tais regras? Enquanto ficamos brigando e ensinando as regras, as outras igrejas estão enchendo e tua está se esvaziando. E, o mais triste, aqueles que têm o ministério do ensino estão ficando no banco para não ensinarem as verdades bíblicas.

Outro aspecto é a repercussão moral: Saia comprida é roupa social, que exige coerência dos pés a cabeça, mas como menos favorecidos não podem acompanhar este estilo, andam por aí, de forma ridícula, criando um péssimo visual; fazendo com que os descrentes tenham a impressão de que somos um povo atrasado. Isso é prejuízo na certa.

Daí argumentar que para os salvos pouco importa o que o mundo pense, e que a aparência não vale, é no mínimo desconhecer certos textos bíblicos, por exemplo:
1ª Co 14.23, onde Paulo preocupa-se com a impressão que podemos causar aos descrentes, prejudicando a conversão de almas. Nós que deveríamos estar preocupados com os não crentes e perguntar a nós mesmos se não estamos impedindo a sua entrada; e não nos darmos ao luxo de dizer: se quiserem é assim, ou, então, procurem outra igreja! Pois, assim era o tratamento dos fariseus nos dias de Jesus agiam sem amor e sem misericórdia.

Igrejas que recebem todos os dias, pessoas transferidas de outras localidades, não sentem a necessidade do crescimento por conversão, talvez por isso não se importem com o entrave e ainda dizem que a igreja está crescendo, quando, na verdade, as conversões são menores que as exclusões.

Considero desonesto da parte de certos líderes, antes de serem consagrados ao cargo, tinham essa interpretação, porém, assim que subiram ao poder, mudaram de opinião e passaram a defender o contrário, para merecerem a simpatia do povo. Que falta de personalidade e seriedade com o santo ministério.

É fácil perceber que tudo isso é falta de conhecimento bíblico, que infelizmente herdamos de nossos antepassados e que vem dando enorme prejuízo na conversão de almas. Será que apenas as igrejas que as irmãs não podem usar a calças que irão se salvar? Não deveríamos desconfiar que estamos sozinhos neste modelo atrasado? Pior que isso é dizerem que é uma tradição e um modelo que Deus nos deu e que a igreja vem crescendo desta forma. Como alguém pode provar que foi Deus quem deu? Se não fossem estas regras humanas e ridículas as igrejas poderiam ter crescido muito mais? Só os menos esclarecidos podem aceitar estas regras, pois quem conhece a verdade tem a mente de Cristo.

Lamento a ignorância daqueles que, ao invés de abordarem os candidatos ao batismo, perguntado se entenderam bem e estão dispostos a praticar o amor e as doutrinas bíblicas, que contêm a receita completa do caminho estreito, tratam de proibir o uso de certas roupas, jóias e corte de cabelo, etc.

Entendo que muitos que se batizam não permanecem porque são edificados na areia e não na rocha. Na primeira luta espiritual, tentação, calúnia ou perseguição, o crente vai cair, pois ele foi ensinado a valorizar um figurino material e não o conhecimento espiritual da salvação.

Como seria bom se todas as igrejas deixassem de olhar apenas para o passado baseando-se na tradição, e passassem a praticar um arrependimento diário acompanhado de vigilância constante; tenho certeza de que não seriam atingidas por falsas concepções de cristianismo; improdutivo, apenas nominal e indigente do fervor do Espírito Santo. Pelo contrário haveria um avanço real e sem falsificação. Seriam gerados verdadeiros cristãos dispostos a doar-se em favor do próximo e da causa da verdade. Infelizmente porque o sectarismo torna-se envolvente nas massas humanas poucos param para pensar que placa denominacional não alimenta a alma do ser humano e nem sequer alivia a consciência.

Não queremos com isto dizer que organizações religiosas deveriam estudar propostas de unificação, mas sim que cada discípulo em particular seguisse fielmente a unidade de um corpo cuja cabeça é Cristo.

Vamos olhar para os grandes homens do passado como Martino Lutero, João Calvino, João Huss e outros que sem medo começaram a denunciar a miséria do proceder humano diante do Seu criador. A explosão monetária pela venda de indulgências e de imagens esculpidas, a corrupção moral, as perseguições empreendidas contra os guardiões da fidelidade e mesmo o sangue inocente daqueles que foram lançados às feras ou decapitados, nada disso podia ficar esquecido na obscuridade.

Desta forma o cristianismo estava-se reavivando e as consciências dos homens passavam a ser acordadas, quando o combate da fé empregava não mais a força das armas, nem tribunal de inquisição, mas a Palavra de Deus (Ef 6.10). Considere-se o porte de vida destes grandes pregadores; quais eram as suas mensagens, quais eram seus ideais, a que tipo de povo falava e qual o resultado que colheram e ter-se-á a convicção de que Deus cuidou, cuida e cuidará sempre a sua obra gloriosa.

Infelizmente, desde a reforma implantada com eficientes resultados o ápice alcançado pelo cristianismo pouco a pouco foi novamente cedendo a espaço ao avanço rápido de novas filosofias e tradições arranjadas através de conglomerados de idéias que desvirtuaram paulatinamente a verdadeira fé. Introduziu-se na mentalidade humana uma nova “cultura” religiosa e os grupos que haviam sido avivados retornaram as tradições modificadas pela cultura e o humanismo secular, desentoando as verdades bíblicas. Hoje muitos destes têm sido obrigados por força da religiosidade presente confessar o seu desvio e o declínio sofrido.

As estatísticas confirmam a constante queda tanto em números como em diligência espiritual de denominações que há bem pouco tempo eram prósperas nas atividades do reino de Deus. Entretanto aquelas igrejas que tem solidificado sua fé nas doutrinas bíblicas continuam firmes e vitoriosas em caminho da cidade santa. Enquanto que outras estão desmoronando-se, pois construíram a base de sua religião (doutrina de homens), na areia e não na rocha.

Cristo veio ao mundo com a finalidade de tornar os homens cidadão do Seu reino (Mc 1.14-15). Por conseguinte, o cristão é um cidadão do Reino de Deus (Cl 1.13), onde é diferente (Jo 18.36), principalmente na maneira de pensar (1ª Co 18.36). Logo, o meu modo de ser já não importa. Devemos ver tudo sob a perspectiva do Reino. O Rei dos reis exorta-nos a buscar o Reino de Deus e a sua justiça, a fim de que as demais coisas nos sejam acrescentadas (Mt 6.33). Portanto, o comer, o vestir-se, o ter um teto para abrigar, embora importante á nossa sobrevivência, são pontos em segundo plano.

O cristianismo judaizante é remendo novo em vestidos velhos (Mt 9.16). A salvação é pela fé em Jesus (Gl 2.16; Ef 2.2-10; Tt 3.5). O cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um conjunto de regras. O verdadeiro cristianismo enfatiza o nosso relacionamento com Cristo ressuscitado (Gl 2.20), e isto é suficiente para crescermos na graça e no conhecimento de Deus.

Pr. Elias Ribas

Dr. em Teologia

Categorias
Estudos

Uma derradeira carta do Inferno

 

Max McLean stars as Screwtape in "The Screwtape Letters," uma adaptação teatral da obra de C.S. Lewis’ novel. GERRY GOODSTEIN PHOTO

Por Marcelo Lemos

Denominacionalismo e doutrinas de homens são fogo no rastilho neste ensaio bombástico homenageando famosa série de C.S. Lewis.

Chamo-me Wormwood. Fiquei famoso por minhas aparições nas páginas de um jornal britânico, o The Gardian, em artigos produzidos por C. S. Lewis. Ele, pensador cristão, anglicano, autor da consagrada trilogia Crônicas de Narnia, dispensa apresentações. Eu, para aqueles que não me conhecem, devo esclarecer desde início: sou um demônio.

Beckley Andrews (Wormwood)

Também devo apresentar meu Tio, Screwtape, que durante bom tempo, com toda paciência e dedicação, instruiu-me na arte de fazer as almas se perderem eternamente. As cartas que me enviava, contendo seus conselhos, acabaram apelidadas “Cartas do Coisa-Ruim” – pura maldade da oposição. Ele, claro, era também um demônio, só que muito mais experiente. Digo ‘era’ como força de expressão, já que não pode deixar de ser, nem que desejasse. Apenas aposentou-se, e hoje, sou eu quem catequiza os demônios mais novos por meio de cartas.

A carta que você tem em mãos é uma exceção. Nunca escrevo para as minhas vítimas. Na verdade, sempre falo com elas, mas disfarçadamente: um dos meus disfarces favoritos me faz parecido a um anjo bom; ‘anjo de luz’ como diria certo São Paulo, que, para minha sorte, vocês cristãos não costumam dar ouvidos (apesar de se dizerem o povo da Escritura).
“Porque você lhes escreveria?”, perguntou-me tio Screwtape, adivinhando minhas intenções. Sinto, incomodado por certa nostalgia, uma vontade imensa de agradecer. Ora, sei que a gratidão não é algo possível à natureza de alguém como eu, mas tem coisas que vocês entendem melhor por antropoformismos, bem sei. Metafísica de botequim à parte, deixem-me ser grato! Ah, tenho tantos motivos! Pode ser até que lhes escreva outras vezes, mas hoje o tema da minha gratidão é por vocês terem se esquecido do mero cristianismo.

Uns querem ‘pentecostalizar’ o mundo, outros ‘prebiterianizá-lo’, outro tanto só pensa em ‘anglicanizar’…

Mero Cristianismo, escrito assim com letras maiúsculas e tudo mais – como iria preferir o já citado C. S. Lewis -, é aquele que não oferece ajuda “a ninguém que esteja hesitante entre duas denominações cristãs”. Em outras palavras, é pregar Cristo por Cristo, Cristo na Cruz, Cristo no Gólgota, Cristo à destra de Deus, … Ressuscitado. Posto de outro modo: mero cristianismo é não sucumbir à tentação de transformar tradições humanas em Dogma Cristão. Mas vocês, minhas vitimas!; já não sabem o que é isso! Uns querem‘pentecostalizar’ o mundo, outros ‘prebiterianiza-lo’, outro tanto só pensa em ‘anglicanizar’. Já encontrei até quem ache que os que negam o Dispensacionalismo serão “deixados para trás”. Também me lembro de certo pregador berrando que “crente que não fala em línguas não tem combustível para subir!”. Tudo isso é música para os meus ouvidos!

Confesso que cheguei a me sentir inseguro algumas vezes. Por exemplo, quando o sangue dos mártires lavou o paganismo do Império Romano. Mas, logo o poder subiria a cabeça de alguns, e a coisa meio que desandou. Depois veio certo monge, com mania de me ver em tudo quanto é lugar. E acho que ele realmente me viu, pois percebeu o que eu fazia, e tratou logo de me exorcizar com 95 Teses. Daí pareceu-nos bem promissor tentar fazer estes cristãos, novos, reformados, cometerem os mesmos erros de seus pais, sem que pudessem dar conta disso. Como?

Uma historinha de dormir que tio Screwtape nos contava à beira do Lago Fumegante ajudou muito na elaboração de um plano. Ele nos dizia sobre o modo correto de cozinhar um sapo vivo. Primeiro, coloca-se o sapo numa panela fria, que vai sendo aquecida pouco a pouco, até que o sapo cozinhe vivo.

Ora, nunca tentei fazer isso com um sapo, mas quase sempre dá certo com vocês, cristãos. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Um pouco aqui, um pouco ali, um acréscimo aqui, outro lá. Pouco a pouco, como no passado, vocês foram transformando novas tradições em novos Dogmas, e aquilo que era uma Reforma, virou apenas cópia, e, cá entre nós, da mal feita.

Um Cristianismo puro e simples tornou-se algo tão estranho a vocês, que facilmente os convenci a buscar coisas mais extravagantes. O Cristo crido e pregado por vocês é completamente irreconhecível, mesmo para alguém como eu, que pude vê-lo de perto no Getsêmani. Ele não ficava grilado com roupas, cerveja, cigarro; não ensinava cobertura espiritual, sacrifícios financeiros, plantações de ‘sementes’, e tão pouco sobre o quanto os cristãos devem ser felizes, saudáveis e consumistas. A pureza e a simplicidade da sua mensagem, creiam-me, o tornariam um herege em muitas Igrejas atuais. Vocês o acusariam de bêbado, amigo de pecadores e talvez até de bem humorado demais!

Adoro vê-los satanizar Mickey Mouse e Harry Potter, enquanto seus ídolos musicais possam de estrelas, cobram cachês milionários e distribuem autógrafos.

Isso me faz lembrar outra parábola interessante, essa contada por Jesus, e seria terrível para nós, no Inferno, se os cristãos tivessem aprendido alguma coisa dela (sorte minha!). Vocês certamente se lembrarão dela, mas talvez imaginem que ela valia apenas para os fariseus. Sim, Jesus disse que eles coavam mosquitos e engoliam camelos – felizmente vocês não aprenderam a lição.

Adoro fazer vocês dividirem Igrejas por causa de uma guitarra, ou uma eleição convencional, enquanto seus líderes se digladiam nos bastidores por meia-hora na televisão, ou por cargos eclesiásticos. Adoro vê-los satanizar Mickey Mouse e Harry Potter, enquanto seus ídolos musicais posam de estrelas, cobram cachês milionários e distribuem autógrafos. Divirto-me ao ver que não percebem que o verdadeiro satanismo de Potter, o humanismo, desde muito está canonizado nos hits e palavras de ordens de seus pastores, bispos e apóstolos…

Ah! Mesmo assim batem em seus peitos, cheios de orgulho e autoconfiança: “Não somos como os seguidores do Papa! Nós seguimos apenas as Escrituras!”. Será? Pouco me importa, já que os resultados me tem sido satisfatórios.

Dia desses, aliás, recepcionamos aqui um grupo interessante de novos hospedes. Um deles tentando simular um Shofar com as mãos trêmulas, desesperado para afastar o que julgava ser apenas um pesadelo, divertia-nos a todos. Menos seus três companheiros. Os outros três, apesar do desespero da situação, tentavam montar uma agência para evangelizar e converter o Inferno – apenas não conseguiam decidir se isso se deveria acontecer pentecostalizando, arminianizando ou luteranizando o submundo do Encardido.

É por isso todo o meu esforço para afastá-los do Mero Cristianismo. Porque se começarem a acreditar que o Evangelho da Graça é suficiente, estaremos perdidos aqui em baixo, no submundo. Neste caso, o sonho de Spurgeon, sobre o céu estar mais cheio do que o Inferno, poderia se tornar realidade em segundos. Muito mais produtivo é fazê-los acreditar que a Graça não é o bastante. Você deve ser convencido que precisa também de uma lista de mandamentos humanos, uma coleção de “pode-não-pode”, não importa qual, nem escrita por quem, basta que haja a tal lista e, ainda melhor, se a virem como a mais perfeita entre outras tantas listas escritas por homens circulando por ai…

Paro por aqui, para não correr o risco de, ao invés de simplesmente agradecer, terminar alertando-os. Deus me livre! A gente se vê… Ou não?

Marcelo Lemos é colaborador do Genizah e editor do Olhar Reformado.

Marcadores: denominacionalismo, Usos e costumes

Categorias
Estudos

Usos e Costumes: Doutrinas de Deus ou dos Homens?

Thiago Lima Barros

A questão do comportamento cristão sofre um debate sem paralelo nos últimos duzentos e cinquenta anos. Nesse período, surgiram interpretações sem precedentes anteriores, que terminaram por se tornar majoritárias, ao mesmo tempo em que buscavam justificativas para seus entendimentos ao longo das Sagradas Escrituras. Refiro-me às chamadas doutrinas de usos e costumes, muito em voga principalmente no meio pentecostal histórico, do qual constituem um traço cultural bastante arraigado.

A cerveja do pai da reforma.

Até meados do século XVIII, questões como vestuário, uso do álcool, acesso à informação e à arte seculares, dentre outras, eram desconhecidas da igreja cristã. Mesmo porque o padrão de indumentária europeu era uniforme, as restrições à leitura se restringiam ao Index romanista.
Lutero fabricava sua própria cerveja (na verdade não ele, mas sua esposa Catarina), e Calvino recebia, como parte de seu salário anual em Genebra, sete tonéis de vinho. A igreja era doutrinada a usufruir de tudo com moderação, como produto da Graça de Deus, e não se deixar dominar por nenhuma delas.

Calvino é marca de cerveja européia.

Todavia, o início do movimento metodista nas Ilhas Britânicas veio acompanhado de uma reversão de tendência quanto a esses assuntos, a começar pela questão das bebidas alcoólicas. À época, com o advento da Revolução Industrial, as cidades não oferecem infraestrutura suficiente para atender às demandas da população que aflui do campo para trabalhar na indústria nascente, o que inclui a oferta de água potável. Bebidas destiladas e fermentadas passam a substituir a água. Porém, o ambiente de pobreza extrema em que viviam os operários propicia os excessos no uso de bebidas. A embriaguez se torna uma constante, e se transforma num problema social.

John Wesley foi o primeiro a se insurgir contra os excessos do álcool entre os crentes, e foi o primeiro a articular um movimento de proibição do seu uso. Em seus sermões, Wesley reprovava o uso não-medicinal de bebidas destiladas, como conhaque e uísque, e dizia que muitos destiladores que vendiam seus produtos indiscriminadamente não eram nada mais do que “envenenadores e assassinos amaldiçoados por Deus”. Porém, os Artigos de Religião de Wesley, adotados pela Igreja Metodista Episcopal nos Estados Unidos em 1784, admitiam em seu Artigo XVIII que o vinho é para ser usado na Ceia do Senhor, e preceituavam, no Artigo XIX, que ele deveria ser ministrado a todas as pessoas, e não apenas aos clérigos. Da mesma forma, as recomendações para pregadores metodistas indicam que eles deveriam escolher água como bebida comum e usar o vinho apenas como medicamento ou na Ceia.

O Movimento de Temperança

J. Wesley, o precursor do movimento anti-alcool.

No entanto, o pensamento metodista acerca do assunto era compartilhado por poucas pessoas, até a publicação de um folheto de autoria do médico Benjamin Rush, um dos signatários da Declaração de Independência norte-americana, que deblaterou contra o uso de “espíritos ardentes” (álcool destilado), introduziu a noção de vício e prescreveu a abstinência como única cura.

Apesar da adesão de alguns pregadores proeminentes, o movimento perdeu força durante a Guerra de Secessão, para mais tarde ressurgir por meio da União Feminina pela Temperança Cristã, e foi tão bem sucedido na realização dos seus objetivos que Catherine Booth, esposa do fundador do Exército da Salvação William Booth, observou, em 1879, que quase todos os ministros cristãos estadunidenses haviam se tornado abstêmios. O movimento, liderado por feministas conservadoras como Frances Willard, conseguiu a aprovação de leis anti-álcool em vários estados, e atingiu o seu zênite político em 1919, com a promulgação da Décima Oitava Emenda à Constituição dos Estados Unidos (Lei Seca), que estabeleceu a proibição da venda e consumo de álcool no país inteiro, revogada mais tarde, em 1933, pela Vigésima Primeira Emenda.

Francis Willard ajudou a “secar” os E.U.A.

Inicialmente se opondo apenas ao álcool destilado, a mensagem do movimento de temperança foi mais tarde alterada para defender sua eliminação total, especialmente na Ceia do Senhor. Tal posicionamento foi em grande medida influenciado pelo Segundo Grande Despertar, que enfatizava a santidade pessoal e o perfeccionismo na práxis cristã.

Os efeitos jurídicos e sociais resultantes do movimento, como visto, atingiram seu pico no início do século 20 e começaram a declinar logo depois. Os efeitos sobre a prática da igreja foram principalmente um fenômeno do protestantismo americano. O Pentecostalismo e as Restrições Consuetudinárias – Porém, no ambiente pentecostal, que sofreu, como (e do) Movimento de Temperança um influxo filosófico bastante forte do Movimento de Santidade, (o qual, por sua vez, é resultado direto do Segundo Grande Despertar), o proibicionismo, longe de arrefecer, foi adotado como cláusula pétrea. Afinal, ainda não havia bases teológicas de fundo mais intelectual: tudo era mais voltado ao experiencialismo da glossolalia e da cura divina, o que enfatizava ainda mais a tese de separação artificial do mundo e de suas coisas.

Mais tarde, porém, mesmo com o aprimoramento teológico dos ministros pentecostais, as mudanças de postura foram poucas, e meramente pontuais, fora a tolerância com abusos na rigidez das regras, mormente em locais menos desenvolvidos economicamente. Logo, para além da proibição da ingestão de álcool, surgiriam outras questões nas quais a resposta era uma só: proibido.

Ademais, tanto o pentecostalismo como o neo-pentecostalismo, juntamente com metodistas e grupos afiliados ou decorrentes destes, são os únicos grupos que elevaram tais restrições ao status de doutrina; se não na teoria, pelo menos na prática diária. Os demais ramos da cristandade protestante rechaçam esse tipo de associação, muito embora tambem tenham cometido esse tipo de excesso ao longo da história. Basta ver, nesse ponto, o que sofreram dois músicos cristãos: o alemão Johann Sebastian Bach, que foi obrigado a conter sua criatividade diante do estilo simplório de música imposto pela corte do príncipe calvinista Leopoldo de Anhalt-Köthen; e o brasileiro Luiz de Carvalho, que era anatematizado nos meios batistas por tocar… Violão!

O principe os púlpitos – Spurgeon era fumador de charutos e virou marca. Um outro momento cultural.

Usos e costumes no pentecostalismo brasileiro

Otto Nelson

É com os pentecostais, mormente da Assembleia de Deus, que o proibicionismo do Movimento de Temperança deita suas raízes no Brasil. De início, essa influência não se dá de forma institucional: o debate sobre questões relativas à inserção do pentecostal no mundo, ao contrario do que alguns líderes querem fazer parecer, era intenso e muitas vezes descambava para o rompimento pessoal entre os pastores divergentes. Nessa fase (de 1930 a 1975), o tratamento dessas questões era eminentemente personalista: cada pastor decide acerca das regras comportamentais a serem seguidas pelo rebanho, e muitos o fazem de forma radical.

Foi o caso do presbitério da AD de São Cristóvão (fundada por Gunnar Vingren em 1924), o qual, n’O Mensageiro da Paz da primeira quinzena de julho de 1946, em decisão unilateral datada do dia 4 de junho, sob a presidência do missionário sueco Otto Nelson, estabeleceu regramentos draconianos sobre o vestuário e cortes de cabelo femininos.

Samuel Nyströn

A dureza da Resolução de São Cristóvão, como passou a ser conhecida, aliada à evidente misoginia que a perpassava, não deixaram de ser notadas na 8ª Reunião da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, realizada em Recife em fins de outubro do mesmo ano. Os convencionais exigiram a retratação da congregação carioca. Quase no apagar das luzes da rodada de reuniões, o Presidente da CGADB, o tambem missionário sueco Samuel Nyströn, faz publicar um texto intitulado “Dando lugar à operação do espírito”, no qual rechaça o zelo jacobino da Resolução. Não por acaso, Nyströn abre o artigo com a citação do capítulo 4, versículo 6, do livro de Zacarias: “não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito diz o Senhor dos Exércitos”.

Com a refutação, veio a retratação da AD de São Cristóvão, em janeiro de 1947, e um silêncio de 16 anos acerca de questões consuetudinárias. Elas só voltam à baila em 1962, e de forma pontual. Essa tendência é revertida em 1975, com a publicação de uma resolução na 22ª reunião da CGADB, realizada em Santo André (SP), contendo oito restrições comportamentais, de observância obrigatória para os membros das AD’s. Eis a íntegra da mesma:

E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separai-vos dos povos, para serdes meus (Lv 20.26).

A Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, reunida na cidade de Santo André, Estado de São Paulo, reafirma o seu ponto de vista no tocante aos sadios princípios estabelecidos como doutrinas na Palavra de Deus – a Bíblia Sagrada – e conservados como costumes desde o início desta obra no Brasil. Imbuída sempre dos mais altos propósitos, ela, a Convenção Geral, deliberou pela votação unânime dos delegados das igrejas da mesma fé e ordem em nosso país, que as mesmas igrejas se abstenham do seguinte:


1. Uso de cabelos crescidos, pelos membros do sexo masculino;

2. Uso de traje masculino, por parte dos membros ou congregados, do sexo feminino;

3. Uso de pinturas nos olhos, unhas e outros órgãos da face;

4. Corte de cabelos, por parte das irmãs (membros ou congregados);

5. Sobrancelhas alteradas;

6. Uso de mini-saias e outras roupas contrárias ao bom testemunho da vida cristã;

7. Uso de aparelho de televisão – convindo abster-se, tendo em vista a má qualidade da maioria dos seus programas; abstenção essa que justifica, inclusive, por conduzir a eventuais problemas de saúde;

8. Uso de bebidas alcoólicas.

Geziel Gomes

Um detalhe interessante: a resolução acima foi lida na Convenção pelo pastor Geziel Nunes Gomes, a pedido do presidente da CGADB à época, pr. Túlio Barros Ferreira, coincidentemente (ou não) responsável pela AD de São Cristóvão. Ambos se desfiliaram da AD anos mais tarde, aderindo às doutrinas heréticas da Confissão Positiva e do G-12.

Daí por diante, a tendência é de recrudescimento dessa postura até 1999, quando, por ocasião do 5º Encontro de Líderes da Assembleia de Deus (ELAD), ocorre uma espécie de aggiornamento assembleiano: sem abrir mão do positivismo exacerbado de Santo André, tenta-se contextualizar as exigências mais como recomendação do que como decálogo (ou octólogo) denominacional. Mas mesmo esse documento padece de um certo “complexo de Gabriela”, numa indisfarçável demonstração de soberba denominacional:

Quando afirmamos que temos as nossas tradições, não estamos com isso dizendo que os nossos usos e costumes tenham a mesma autoridade da Palavra de Deus, mas que são bons costumes que devem ser respeitados por questão de identidade de nossa igreja. Temos quase 90 anos, somos um povo que tem história, identidade definida, e acima de tudo, nossos costumes sãos saudáveis. Deus nos trouxe até aqui da maneira que nós somos e assim, cremos, que sem dúvida alguma ele nos levará até ao fim.


Conclusão

Nas faculdades de Direito, estudamos que o costume é um dos vários meios de integração do ordenamento jurídico, utilizados em virtude do caráter genérico dos textos legais, que não raro apresentam lacunas. Ele deriva da prática reiterada de dado comportamento, devido à convicção sobre sua obrigatoriedade (a qual, se violada, acarretaria alguma sanção), e seu uso deve ser uniforme, constante, público e geral.

Túlio Barros

No entanto, a história dos avivamentos pelos quais a Igreja Cristã passou a partir do século XVIII, malgrado seus benefícios espirituais, teológicos, éticos e sociais, trouxe um grave efeito colateral para essa mesma Igreja: uma prática de usos e costumes nascida não da convicção do corpo iluminado pelo Espírito Santo, como deveria ser, mas do tacão dos líderes. Embora siga uma linha pentecostal clássica, seja neto de assembleianos por parte de pai e creia que a conduta cristã deva ser diferenciada da que é corrente no mundo, creio que essa jurisprudência deve ser escrita nas tábuas do coração, e não imposta de maneira bonapartista pela liderança, por mais bem-intencionada que esta seja.

Nenhum cristão realmente nascido de novo em Cristo, em sua saníssima consciência, vai defender a libertinagem, vestimentas indecorosas, embriaguez, enfim, uma postura de evidente mundanismo. Precisamos, de fato, ser santos como o Nosso Senhor o é. O problema é que, no afã de vivenciar essa santidade, houve um retorno inconsciente ao legalismo mosaico e aos seus rudimentos fracos, e o bebê foi jogado fora junto com a água do banho. Ou seja, a fruição dos bens dados pelo Senhor ao ser humano (quem lê, entenda) foi relegada, em alguns casos, a uma condição de conduta pecaminosa, mesmo que não ofenda as Escrituras em momento algum.

Cuidados com o corpo e o vestuário são pecado? Jamais! Antes, evidenciam o cuidado que temos com o templo do Espírito Santo: nosso corpo. Sem extravagâncias, mas com elegância. E o vinho, não alegra o coração do homem (Sl. 104:15)? E, da mesma forma, a embriaguez é condenada (Pv. 20:1). Sem contar que o mau uso que se faz dos meios de comunicação não os torna invenções de Satanás. Afinal, se a televisão não podia sequer entrar nos lares dos crentes, como os herdeiros dos que contra ela verberavam hoje dela se valem? Enfim, os lineamentos para o usufruto das dádivas de Deus são explícitos na Bíblia: basta segui-los, pois todas as coisas nos são lícitas, mas não nos deixamos dominar por nenhuma delas (I Co. 6:12). Encerro rememorando o rasgo de sensatez que o Nosso Deus e Pai do Nosso Senhor Jesus Cristo bafejou no coração do pastor Samuel Nyströn, por ocasião do debate acerca da Resolução de São Cristóvão, no gracioso libelo “Dando lugar à operação do espírito”, orando ardentemente para que todos os cristãos, lideres principalmente, façam dessas palavras sua prática diuturna de vida:

Em qualquer tempo, lugar ou circunstância, devemos lembrar-nos que não se consegue fazer a obra do Senhor por força nem por meios violentos, resoluções ou imposições, mas a obra do Senhor se realiza pela intervenção criativa de Deus e pela lei do crescimento externo da obra do Senhor, mas igualmente quando se tratar do crescimento interno desta, tanto individual como coletivamente.


Mesmo durante a Dispensação da Lei, a Lei não conseguiu outra coisa senão descobrir e pôr o pecado em atividade, tendo como resultado a morte (…) enquanto a fé não tinha vindo, a Lei teve um alvo como pedagogo: conduzir homens a Cristo. Mas, tendo vindo a fé, não estamos mais debaixo do pedagogo (a Lei), e nem devemos fazer ressuscitar leis ou inventar outras leis para que não fiquemos no lugar dos gálatas, que foram chamados insensatos e a respeito dos quais Paulo temia que todo o seu trabalho se tornasse vão (…) Cristo veio com a graça e, então, a Dispensação da Lei se encerrou. Em lugar do mandamento prévio. que foi ab-rogado por sua fraqueza e inutilidade, pois ‘a Lei nada fez perfeito’, foi introduzida uma melhor esperança, pela qual nos chegamos a Deus: Cristo, que é nosso Sacerdote, segundo o poder de uma vida indissolúvel (…) Portanto, o que realmente tem valor para nós é ‘a fé que opera por amor’, por isso não nos justificamos pela Lei ou leis, para não sermos decaídos da graça e separados de Cristo (Gl 5.6).


As ordenanças para manifestar humildade e servidade com o corpo servem para satisfazer a carne, o erro, e elas com facilidade arranjam os que se julgam mais santos do que outros, e isto resulta em inchação vã e cria espírito de fariseu, que é o maior impedimento para as bênçãos de Deus.


Há muitos países e muitas formas de se trajar neste mundo, bem como muitos climas diferentes, e tudo isto deve ser considerado, mas como a Palavra de Deus diz: ‘com modéstia e sobriedade’. O que a Escritura ensina em relação a este assunto é que as mulheres devem ser castas e tementes a Deus, tanto as que são casadas como as moças (…) lembremo-nos também que há muitas outras coisas que são igualmente perigosas para a obra do Senhor, que só pelo Espírito Santo poderão ser removidas, como o amor ao dinheiro (…) o homem ostentado justiça própria, criticando tudo e todos, é um indivíduo perigoso para o avanço da unidade da obra do Senhor.

Genizah

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.