Como o papel da mulher tem sido pouco compreendida até no meio da igreja
por Sady Santana
A outra notícia refere-se à inauguração de uma escola em São Paulo que propõe ensinar meninas a serem princesas. Desde a decoração feita em rosa, branco e dourado, até os frufrus, laços e tiaras, tudo lá é pensado para evocar o mundo que os organizadores acreditam serem o do feminino. Eles asseguram que a proposta deste tipo de escola é tão somente ensinar boas maneiras e etiqueta. E de uma certa forma isso tem a ver com o mundo feminino sim, no entanto, isto não é tudo. Um “fuá” logo se estabeleceu no mundo feminista causando muita coceira e alergia.
Uma última notícia vem do site G1 onde se lê: Mulher-Maravilha será embaixadora da ONU para empoderar as meninas e mulheres. E logo a baixo a matéria explica que esta iniciativa da ONU tem o propósito de alavancar uma forte campanha pela igualdade de gênero pelos próximos 15 anos. E para isso a heroína dos quadrinhos será até nomeada embaixadora honorária para “lutar” por esta causa.
Qual a ligação entre estas 3 notícias? Todas tratam do universo da mulher no século XXI, eis a ligação. E talvez estas três informações definam exatamente a grande gangorra ética e conceitual pela qual passa o universo feminino neste século. Compõem esta trama, um homem utilitarista que considera a mulher uma serva dele. Uma escola que considera que o mundo feminino é somente nos tons das princesas da Disney, seguida pela imagem da mulher guerreira, independente, dona de si, com superpoderes. Diante deste quadro uma pergunta importante para nós cristãos é: qual destes papeis faz justiça à mulher dentro dos padrões de Deus nas Escrituras? E este é o tema proposto aqui.
Quando assinalo no título da postagem que a feminilidade está no banco dos réus, refiro-me que ela, além de estar sendo ferozmente combatida e muito mal-entendida fora da igreja, está também “de castigo e no banco” dentro das nossas igrejas. Principalmente pela inexistência de ensino consistente sobre ela em nossos estudos bíblicos, em nossas Escolas Bíblicas Dominicais e, do mesmo modo em nossas casas, onde pais e mães pouco ou nada falam do assunto diretamente com seus filhos.
Não há uma orientação bíblica combativa e exaustiva quanto a isso. Nossos filhos são submetidos intensa e diariamente a esta visão de mundo deturpada, com exemplo após exemplo nos desenhos animados, em novelas, em filmes, e até nos joguinhos. E o pior ainda é ver estes mesmos exemplos de desequilíbrio nos papéis de homem e mulher se repetindo dentro de casa. E o que estamos fazendo de efetivo para orientá-los? Pouco ou nada, infelizmente.
Já reparou que os filmes de comédia são os mais ferozes em destruir valores judaico-cristãos? Sim, começamos a assistir algum deles, e de repente, nos percebemos rindo e torcendo por alguma heroína desrespeitando e ridicularizando seu marido fraco e sem liderança. Além disso, mulheres cabeças de família é o que se vê o tempo todo. Parece muito lógico na nossa era que elas façam isso. Os dois têm planos para a família, os dois perseguirão esses sonhos, cada um no escritório, longe de casa. Mas, quando uma esposa sai para trabalhar fora, ela também quer ter a palavra final dentro de casa. Ouvimos o tempo todo a respeito da dupla jornada. Ela trabalha dentro e fora de casa, nada mais justo que ela decida quando o impasse surgir no lar. Contudo, a premissa bíblica não mudará. As mulheres poderão até se esforçarem em ajudar os maridos com a tarefa deles de provisão, e devem ajudar no que puderem, mas, isso não alterará o que Deus está esperando de cada parte.
Vamos falar de Sara, a esposa do patriarca Abraão. Quantos de nós nos incomodamos com o fato dela chamar seu esposo de senhor no A.T e depois ser elogiada por isto no Novo Testamento? Pedro diz:“Sara, por exemplo, obedecia ao seu esposo Abraão, respeitando-o como o cabeça da casa, chamando-o de senhor. E vocês, se fizerem o mesmo, estarão seguindo os passos dela, como boas filhas, e fazendo o bem; assim vocês não precisarão ter medo”.
Repetindo, assim vocês não precisarão ter medo. Poderia repetir mais vezes este final de frase, porque tem tudo a ver com muitos sentimentos femininos, atualmente. Se muitas tem assumido papel diferente do recomendado pelas Escrituras é porque elas têm medo. Temem pela provisão, temem pelo sustento. Homens sem decisão, apáticos e irresponsáveis tomam os bancos das nossas igrejas.
Se este exemplo de Sara estivesse somente no Velho Testamento, alguns poderiam tentar invalidá-lo. Mas este exemplo foi reafirmado também no Novo Testamento. E isso para mim é o suficiente para crer que o modelo de Deus para a mulher de submissão, de fragilidade, de recato não mudou. Bem como o modelo masculino de liderança amorosa, assertiva e sacrificial
também não mudou, pois o apóstolo Pedro faz questão de completar o pensamento ao afirmar: “Vocês, maridos, devem ser cuidadosos com suas esposas, estando atentos às necessidades delas e respeitando-as como o sexo mais frágil; lembrem-se que vocês e suas esposas são co-herdeiros do dom da graça da vida. Ajam assim para que as suas orações não sejam interrompidas”.
O nome Sara significa princesa. Para as feministas de plantão ser chamada de princesa é demérito. Porque, dizem elas, mulheres frágeis e dependentes, que não se bancam, não correm atrás de um sentido e satisfação profissional, e friso “fora de casa”, não podem ser consideradas mulheres de fato.
Mas, nas Escrituras não é assim. Ser mulher é ser a parte mais frágil, no sentido de comparação com o seu esposo, que é seu primeiro líder espiritual. Inclusive, a visão de feminilidade pode ser resumida nestas duas imagens encontradas em Cantares: a primeira é a afirmação do esposo que diz para a Sulamita, “O seu andar é belo; você tem o porte de uma rainha”. 7.1 e a outra imagem vem da fala das moças de Jerusalém que ao contemplarem de longe a Sulamita dizem, “Quem é que vem do deserto, apoiada no seu amado? ” 8.5
Em Cantares a feminilidade é rainha, mas está apoiada no esposo, compreende?
Quando um homem afirma que o lugar da esposa é na cozinha, ele não se parece em nada com o amado de Cantares, e com aqueles que já entenderam que a esposa é uma com ele. Se ela está na cozinha, ele também estará lá. Se ela está em qualquer parte que seja, ele também estará com ela, ao seu lado, a ajudando e a valorizando. Quanto a ideia de que ser feminina somente é ter boas maneiras e etiqueta tenho que concordar que sim. Mas, isso vale tanto para o universo feminino quanto para o masculino. Porque ser feminina e ser masculino é ter comportamento respeitoso, que considera o outro superior a si mesmo em serviço e em amor.
O homem cuida dela, e ela se submete a esta liderança amorosa e lhe é submissa. Ela não deseja o controle da situação. Ela confia no seu amado. Ela patrocina a decisão dele. Ela crê que seu lar é o que há de mais importante na sua vida, depois do reino de Cristo. Ela estará lá, cuidando e zelando deste lar por tanto tempo que for necessário. O seu ir e vir será sempre medido por essa necessidade. E se o lar possui filhos, então os dois pensarão juntos em como fazê-los crer que ser menino e ser menina tem a ver com os propósitos de Deus, assim como está nas Escrituras: “Assim Deus criou o ser humano semelhante à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher o criou”. Gn 1.27
E este propósito divino não tem consonância alguma com a pregação feminista de empoderamento vazio e egoísta que luta em causa própria, por desconfiar que ninguém a ama adequadamente e ninguém dará a ela o que acha que merece. A visão feminista é a visão do medo, da insegurança, por não ter em que se apoiar. Este propósito, do mesmo modo, não tem consonância com a visão machista, escandalosamente interesseira e sem amor, que antes deseja facilitar a sua própria vida e usar quem quer que seja para isso, inclusive esposa e filhos.
É esta influência do esposo e da esposa em casa com os filhos demanda tempo, esforço e luta, até ao ponto de, sem amargura, transformá-los através do evangelho da graça em príncipes e princesas para o Rei da glória, Jesus Cristo, a quem tudo é devido.
Em meio à esta gangorra de conceitos vivida pelas mulheres do mundo, nós mulheres cristãs temos exemplos preciosos nas Escrituras, com mulheres em plena feminilidade e com diferentes perfis. Temos uma mulher sendo bela e submissa, como Sara; vemos uma Débora sendo juíza de um povo porque não existiam homens muito corajosos por lá; olhamos ainda, Ester colocando sua coroa, tratando o seu esposo com deferência e respeito e recebendo esta posição de rainha para salvar os israelitas dos inimigos; lemos sobre uma mulher em Provérbios 31 sendo elogiada por cuidar da família e ainda fazendo cintos e vendendo aos mercadores; encontramos Dorcas costurando roupas para ajudar à algumas viúvas lá na cidade de Jope; e , por último, vemos a mulher em Cantares, rodeada pelo clima romântico de perfumes e flores, atraindo o esposo embevecido com sua presença e com suas maneiras tão graciosas, e por isso ele não economiza nos elogios para ela. A Sulamita de Cantares para mim é referência, pela delicadeza e pela força que encontramos nela. Encanto e firmeza. E isto me inspira, e que eu seja inteligente e submissa, que eu seja doce e preparada biblicamente, que eu confie no meu esposo sem medo. E para esse tipo de feminilidade o mundo feminista e machista não estão preparados.
Por tudo isso é que temos que retirar a feminilidade do banco e colocá-la em evidência tanto mais rápido possível. Devemos dar a ela o lugar de destaque que merece. E que novamente todo cristão desfrute da graça e da benignidade que é ter lares ajustados, para a glória do Deus criador.
Uma resposta em “A feminilidade no banco dos réus”
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