É absolutamente prudente uma Igreja abrir mão do encontro presencial – por amor aos irmãos e em favor da sociedade
Parece-me que o povo de Deus ainda tem muito a amadurecer na fé. Um problema como esse (cancelar o culto ou não) deveria ser um dos mais tranquilos e fáceis de resolver.
Antes de tudo, preciso informar que o culto ao Senhor não é uma prerrogativa do “Templo”. O culto a Jesus Cristo deve transcender as quatro paredes – ou alguma coisa está errada na espiritualidade da comunidade. Se nós dependemos de reuniões públicas para que a nossa comunhão com o Senhor não morra, isto é um sinal de que estamos espiritualmente deficientes.
A espiritualidade cristã se desenvolve na lógica binária [porém, paradoxal] “quarto x templo”, onde eu cresço na devoção a Cristo através dos meios de graça que são compartilhados numa relação vertical direta entre eu e o Deus Trino e na relação horizontal direta entre eu, o Deus Trino e meus irmãos.
Nenhum cristão saudável vive muito tempo sem a Igreja. Nenhum cristão saudável morre por ficar por algum tempo sem a Igreja.
As nuances das peculiaridades de cada congregação não são tão essenciais como é a necessidade de entendermos que, em tempos de pandemia, é absolutamente prudente uma Igreja abrir mão do encontro presencial – por amor aos irmãos e em favor da sociedade – para manter a chama dos encontros familiares (e virtuais) acesa.
A fé de ninguém deve ser testada por conta de um vírus. Creio que o maior teste da fé é o da permanência na mesma em tempos de tribulação e sofrimento.
Entretanto, ainda sabemos de contextos em que os riscos podem ser calculados, como é o caso de algumas Igrejas que possuem um volume baixo de aglomeração e que estão em regiões onde ainda são raros os casos de pessoas infectadas.
Não acho que nestes tipos de casos os líderes e os irmãos estejam tentando a Deus. No entanto, tenho de encorajá-los a refletir se de fato sofrerão muitos danos caso se preservem por algumas semanas para contribuir com as medidas cautelares do Ministério da Saúde.
Creio que, onde há muito barulho, há pouca sabedoria. Precisamos ouvir mais e falar menos nessas horas e evitar fazer acusações uns contra os outros de falta de fé ou de responsabilidade com a sociedade. Tudo que é tratado com mansidão e sabedoria tende a ser solucionado com êxito.
É tempo de oração, seja em casa ou na Igreja. É tempo de confiar em Deus e seguir com a vida normal, ainda que com adaptações de rotina e lugares. Só não é tempo de dividir o Corpo com discussões acerca de uma questão tão simples e tão pontual.