Categorias
Estudos

Deus não se esqueceu de você!

 

Por gabrielfelix em 23 de julho de 2012

ou no facebook

Deus não se esqueceu de você!

A história de José, filho de Jacó nos ensina muito. José foi amado por Jacó e preferido por ele mais do que seus irmãos. Foi invejado primeiramente por causa de uma túnica de várias cores. A inveja e ira de seus irmãos aumenta depois que ele tem sonhos e os conta.

Diante de tanta ira ele é lançado em uma cisterna e posteriormente é vendido pelos próprios irmãos para mercadores estrangeiros que seguiam para o Egito. José é vendido por 30 moedas de prata.

Na casa de Potifar, acabou estudando com um escriba e aprendeu o antigo egípcio. Foi preso após acusação injusta de tentativa de abuso da mulher do seu amo, depois de uma tentativa frustrada de sedução por parte desta.

Na prisão José começa a cair na graça do chefe da prisão e começa a vigiar os outros presos. José começa a interpretar o sonho do copeiro e o chefe dos padeiros que foram presos. Dois anos depois José é chamado a interpretar os sonhos de Faraó e o Faraó achou sabedoria e prudência na interpretação de José. Colocou o anel real no dedo de José, vestiu-o ricamente e colocou em seu pescoço um colar de ouro.

A partir dai José começa a governar o Egito e como na interpretação do sonho chegaram os 7 anos de fertilidade e José manda recolher todo o excedente das colheitas. Quando chegaram os 7 anos de miséria o povo começou a pedir pão ao faraó que respondia “Ide a José”. José manda abrir os celeitos e de toda a parte do Egito vinha gente para comprar trigo.

José reencontra-se também, com os seus irmãos, que pensavam erradamente que José ia matá-los. José depois se apresentou a seu pai que correu aos braços arrependido, e com a chegada destes, com seu pai, ao Egito.

José teve sonhos e revelações que foram promessas do Pai em sua vida. Diferente do que pensamos e imaginamos hoje, não foi nada fácil para José passar pelo que passou. O que parecia impossível de se acontecer aos olhos humanos, aconteceu. E Deus estava com ele!

Fico imaginando se ele teve um sonho e nesse sonho seus irmãos se curvavam a ele e de repente ele é vendido pelos próprios irmãos a mercadores do Egito seria um tanto controverso para a sua mente imaginar que o seu sonho iria se concretizar. Ele no mínimo poderia imaginar que o seu sonho estaria equivocado!

Talvez em sua vida esteja acontecendo o mesmo. Talvez vc tenha sonhos e projetos que nasceram no coração do Pai e a última coisa que você tem feito é cumprir esses sonhos e projetos. A cada dia que passa você “tem se afastado” daquilo que foi proposto pelo Pai em sua vida.

Deus está contigo e não se esqueceu de você! Por mais difícil e impossivel que seja, tudo irá cooperar para o seu bem! Não perca sua esperança, vai dar tudo certo!

Shalom!

Gabriel Félix
www.gabrielfelix.com
www.facebook.com/gabrielfelixbh
www.twitter.com/bielfelix_

Categorias
Estudos

Pastor não é Deus

Por bereshit

 

Pastor não é DeusAtualmente, muitos líderes de igrejas evangélicas estão sendo vistos como verdadeiros deuses.

Muitos deles, não admitem ser questionados, como se estivessem acima do bem e do mal e ainda se colocam (de uma forma sutil e velada) numa posição de intermediários entre Deus e os seus respectivos rebanhos.

Muitos até se autodenominam apóstolos. No entanto, a Bíblia diz que Jesus é o Senhor, e estes líderes (pastores, bispos, apóstolos) não são deuses.

Este estudo tem como objetivo acabar com toda esta deificação que está se formando em torno de vários pastores (além de bispos e apóstolos, é claro), dentro de várias igrejas evangélicas de nossos dias.

Em 1 Pedro 5:2-3 está escrito: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.”

Observem que a função dos pastores não é de dominar a vida de suas ovelhas; um pastor pode, no máximo, dar conselhos, mas nunca mandar na vida de alguém. No entanto, muitos pastores (bispos e apóstolos também) se acham no direito de dirigir a forma como as suas ovelhas devem viver, impondo costumes e determinando a quantidade de vezes que as suas ovelhas devem vir à igreja. Eu mesmo cheguei a ouvir o seguinte do pastor de uma igreja em que congreguei: “as ovelhas que não frequentavam todas as reuniões da igreja, não seriam abençoadas por Deus”. Que absurdo. As bênçãos de Deus não estão relacionadas com a quantidade de vezes que alguém frequenta uma igreja, até mesmo porque Deus sabe que muitos não vão a algumas reuniões da igreja por motivo de saúde, estudo ou trabalho. Outros separam parte do tempo de folga para ficar com a família ou para descansarem.

Infelizmente, muitas pessoas estão sendo induzidas a ocuparem todo o tempo disponível dentro da igreja, colocando o descanso e o tempo para a família em segundo plano. Isto é muito perigoso, pois, a falta de descanso pode trazer esgotamento físico e emocional. Além disto, é necessário separarmos um momento para nos dedicarmos as nossas famílias, principalmente aos nossos filhos. Então, frequente uma igreja, mas saiba separar tempo para todas as coisas: descansar, se divertir com a sua família, trabalhar e estudar. Quem manda na sua vida é Deus, não o pastor da sua igreja. Lembrem-se de que o Senhor da sua vida é Cristo, não o pastor. Pastor não é Deus para querer mandar na sua vida e determinar a quantidade de vezes que você deve frequentar as reuniões de sua igreja.

Muitos pastores também passam a idéia de que as ovelhas precisam dele para serem abençoadas. Em Lucas 11:9 está escrito: “Por isso vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-à.”

Irmãos, o véu foi rasgado e hoje temos acesso direto a Deus através do nome de Jesus. Sempre que precisarmos de uma benção em nossas vidas, basta orarmos e pedirmos a Deus. Não dependemos da oração do pastor para sermos abençoados; é claro que a oração de alguém por nós sempre será bem vinda, mas no que se refere a sua vida, Deus quer ouvir a sua oração, pois deste modo, você terá experiências com Deus e o seu relacionamento com Ele irá amadurecer. Lembrem-se: a oração de um pastor não é mais poderosa que a oração de qualquer outra pessoa, pois Deus não faz acepção de pessoas. Todas as nossas orações são importantes aos olhos de Deus, independente de sermos ou não um pastor. Jesus é quem intercede por nós; Ele (Jesus) é o Mediador. Pastor não é Deus para ser o mediador entre você e Deus. A oração de um pastor é sempre bem vinda, mas você não depende da oração do pastor para ser abençoado. A tua oração é tão importante quanto à oração de qualquer outra pessoa, aos olhos de Deus. A oração de um pastor não é mais especial aos olhos de Deus, por se tratar de um pastor. Isto não existe, pois, Deus não faz acepção de pessoas. Lembrem-se disto.

Vários pastores (bispos e apóstolos) se intitulam ungidos do Senhor, como se somente eles e ninguém mais, fossem ungidos do Senhor. Em virtude disto, muitos pastores criam um verdadeiro clima de terrorismo, afirmando que pelo fato deles serem ungidos do Senhor, então, aqueles que não obedecê-los, estarão sendo rebeldes, e a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, dizem eles. Então, as ovelhas, por medo de se tornarem rebeldes, acabam se sujeitando a todas as ordens de seus pastores, como se os mesmos fossem deuses.

Antes de qualquer coisa, a palavra ungir significa “pôr azeite na cabeça de uma pessoa a fim de separá-la para algum serviço especial”. No Antigo Testamento, aqueles que iriam exercer as funções de rei, profeta e sacerdote eram ungidos para o desempenho destas funções. Observe que o sacerdote também era um ungido do Senhor. No Novo Testamento, todos os cristãos são sacerdotes do Senhor, conforme podemos ver nos versículos abaixo:

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:5).

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).

“E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a Ele glória e poder para todo o sempre. Amém” (Apocalipse 1:6).

“E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:10).

Em outras palavras:

1. Todo cristão é um sacerdote do Senhor.

2. Todo sacerdote é um ungido do Senhor.

Em virtude destas duas afirmativas, podemos concluir que todo cristão é um ungido do Senhor, independente de ser ou não um pastor. Logo, esta afirmação de que somente os pastores são os ungidos do Senhor não está correta. Você também é um ungido do Senhor e pastor não é Deus para ser obedecido incondicionalmente. Obediência plena é só a Deus e pastor não é Deus para exigir isto de nós. Deus é o Senhor da sua vida, lembrem-se disto. Use o seu bom senso, pois, pastor não existe para ser obedecido cegamente. Lembrem-se disto.

Para concluir, saibam que biblicamente falando, Deus está em primeiro lugar, depois vem a sua família, depois o trabalho e por fim, a igreja. A igreja não está acima da sua saúde, família ou trabalho. Frequente a sua igreja, mas saiba que a sua vida não se resume a igreja. Você tem de se preocupar também com os seus objetivos, com a sua saúde e a de seus familiares, com a educação dos seus filhos, com a manutenção do seu casamento, com os seus estudos, com o seu trabalho e também com o descanso, pois, não somos máquinas para funcionarmos de forma ininterrupta. É como a Bíblia diz: há tempo para todas as coisas. Espero que tenham gostado deste breve estudo e até a próxima oportunidade, se Deus assim quiser.

06-06-16 013

 Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

Categorias
Estudos

Os Sofrimentos da Mulher de Jó

Por mac41:

 

 

Os Sofrimentos da Mulher de Jó

Mulher esquecida e incompreendida pela modernidade, assim defino inicialmente a mulher de Jó. Este patriarca sim, paladino da fé, suportou todas as vicissitudes e flagelos dócil e humildemente. Ele é símbolo de perseverança, paciência e retidão (Jó 1.1,22), mas a mulher desse sofredor…, no mínimo, ainda é chamada de louca ou néscia (Jó 2.10).

Mulher anônima, a quem a tradição posterior chamou de Sitis, aparece em Jó 2.9,10 e não é mais mencionada no livro, embora nada sugira sua morte, ou abandono do lar.

Ela era uma mulher nobre, respeitada por todos, e considerada afortunada para os mais antigos e de sorte para as donzelas da região. Seu marido era um homem sábio, fiel à sua família, riquíssimo e temente a Deus. O homem mais poderoso do Oriente. Seus filhos, saudáveis e belos. Suas filhas eram mulheres decentes, educadas e belas. Centenas de servas e servos estavam espalhados pela bela casa, fazendas, plantações (Jó 1.3).

Sitis era uma mulher riquíssima que ajudava na administração da casa, dos servos domésticos; um elo de unidade familiar (Jó 1.2). Seus sete filhos e três filhas periodicamente reuniam-se ao redor da mesa para desfrutarem de seus conselhos, sapiência e virtudes (Jó 1.2,4). No período patriarcal o número dez era símbolo de completude, de abundância e prosperidade. Era a mulher mais poderosa, afamada e respeitada de todo o Oriente (Jó 1.3). Jó amava-a muitíssimo; suas filhas provavelmente espelhavam-se no zelo, discrição, beleza e sabedoria da mãe. O lar de Sitis era um paraíso cravado no Oriente (Jó 1.10).

Essa mulher, “ossos dos ossos” e “carne da carne” de Jó, no entanto, viveu as primeiras calamidades da vida do patriarca. Próximo a Jó ouvira que seus servos foram mortos e os seus rebanhos confiscados pelos sabeus. A notícia era ruim, mas suportável. Note a descrição do versículo 13, que destaca a efusiva alegria da reunião familiar na casa de seus filhos (“comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão primogênito”), e a calamidade súbita que toma conta do restante da narrativa. Essa narrativa que antecede e moldura as tragédias de Jó será depois desconstruída no versículo 19.

O mensageiro ainda não terminara o anúncio fúnebre quando imediatamente outro mordomo anunciou: “Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu” (v.16). A mulher de Jó fica espantada com a sucessão de tragédias que se sucedem sucessivamente sem cessar. Perde o fôlego, aproxima-se do marido para apoiá-lo… quando então, novamente, outro desastre, dessa vez arquitetado pelos caldeus que, em três bandos, roubam os camelos e ferem os servos (v.17). Mas o pior ainda estava para acontecer. Um servo aproxima-se esbaforido, com ar de cansaço e pesar. Tem receio do que vai dizer. Durante o trajeto ensaiara diversas vezes, até soltar o verbo flamífero: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo, eis que um vento muito forte sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (Jó 1.18,19). O vento da desventura e sortilégio, gélido como a morte, implacável como a desgraça. Quem é suficiente forte para resistir suas lanças inflamadas? Como reagir diante de tanta calamidade e dor?

Sitis chora amargamente a morte de seus filhos. Se isso não bastasse, vê o seu marido rasgar suas vestes, rapar sua cabeça e cumpridas barbas, símbolos de sua posição social superior, e lançar-se em terra adorando a Deus. Apesar da dor que aflige sua alma abatida olha com carinho e respeito o gesto humilde e devoto de seu marido. Somente a fé e a comunhão com Deus dão ao aflito a esperança e a força para vencer as vicissitudes. É nessas ocasiões que a comunhão do crente com Deus faz toda a diferença. A resiliência e o ânimo para continuar a lida depois de uma grande calamidade são resultados de uma vida de fé, comunhão com Deus e relacionamentos corretos. Jó, como os pequenos ribeiros orientais em período de estio, vê a sequidão tomar conta de si, no entanto, estivera durante muito tempo da vida plantado junto a ribeiros de águas; suas folhas não murchariam e os seus frutos viriam na estação própria (Sl 1). Dizia um antigo provérbio oriental que o “justo nunca será abalado” (Pv 10.30).

Os dias de luto ainda não estavam completos. Parentes distantes e amigos próximos reuniam-se na casa de Sitis para apoiá-la e ao marido, Jó. Os melhores amigos nascem nos períodos de sequidão e angústia (17.17). Autoridades do Oriente chegavam à casa do infortúnio. Ouvia-se os murmúrios das carpideiras, que se revezavam em seus turnos. Os cancioneiros entoavam suas elegias, e os sábios do Oriente procuravam entender a tragédia humana. Sitis chorava desconsoladamente. A dor e angústia apertavam seu corpo, como se a estivessem comprimindo em um pequeno vaso de cerâmica. Olhava para Jó e se inspirava na fé, piedade e devoção de seu marido. Ele em nenhum momento blasfemou ou se queixou de sua sorte (Jó 1.22). Junto aos sábios do Oriente, ouvia-o dizer: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Todos ouviam, admirados, a fé e perseverança de Jó em Deus. Procuravam algum altar na casa, ou artefatos que materializassem o Deus de Jó, mas nada encontravam. Diferente dos tolos adoradores de ídolos do Oriente, Jó confiava no Deus Invisível, Espírito eterno e imutável em seu ser.

Passados os dias de luto, Sitis e Jó procuravam retomar as atividades diárias. Todavia, sentiam dificuldades de recomeçar. Reconstruir a casa que desabara sobre as crianças era uma dúvida latente. Aquele lugar trazia boas recordações. O lugar que as crianças cresceram e a velha árvore com as marcas de suas brincadeiras traziam lembranças tão vívidas como o vento outonal que derrubava as folhas das árvores e pintavam o chão de tons marrons e cinza. Nada diziam um ao outro, apenas apertavam firmemente as mãos. Todas as palavras foram expressas naquele aperto de mãos. Nunca saberemos exatamente o que disseram. Apesar da tristeza, estavam unidos, apoiando um ao outro.

Alhures, absorto com os últimos acontecimentos, Sitis percebe que pequenas chagas começam alastrar-se sobre o corpo de seu marido. Imediatamente, os melhores médicos são consultados, especialistas na arte da cura entram e saem da casa do patriarca. Sitis se mantém firme cuidando de Jó; tratando das feridas de seu amado; procurando suavizar a dor com as especiarias, óleos de vários gêneros, alguns importados. A chaga se espalha mais ainda, desde a planta do pé até ao alto da cabeça (Jó 2.7). Longe de Jó ela chora, sente as lágrimas quentes caminharem pelas linhas de sua pele até caírem e se desfazerem lentamente ao chão. “Senhor porque me provas?”, murmurava. “Não basta os meus filhos?” “Agora tu queres o meu marido Jó?”, balbuciava. Os médicos diagnosticaram que a doença era maligna, incurável. Erupções e prurido intenso destilavam do corpo de Jó (2.7,8). Os bichos insaciáveis se alimentavam do corpo putrefato (7.5), e os ossos daquele homem forte se desfaziam como torrão de madeira apodrecida (30.17). A pele de Jó perdera toda elasticidade, suavidade e beleza (30.30). Até no sono era atormentado por pesadelos (7.14). Sitis olhava para todo aquele sofrimento. O cheiro dos florais da primavera paulatinamente foi expulso por uma mistura de pus, sangue e carne putrefata. Nem ela mesma conseguia cuidar de seu marido. A praga alastrara por toda casa. Ela gastara as últimas reservas financeiras no tratamento do marido moribundo. Investira todos os seus recursos para curar a Jó, mas a sentença médica era apenas uma: “Nada podemos fazer, só um milagre”. Sitis sofria, inconsolável… A esperança escapava por entre os seus dedos como as águas ribeirinhas. Lembrava dos momentos em que ela era considerada uma mulher bem-aventurada, rica, com filhos e filhas para lhe consolar, um marido próspero que a amava. Mas agora, tudo lhe havia sido tirado, à uma. O que você faz quando a calamidade bate à sua porta e, sem pedir licença, carrega para sua família toda desventura conhecida? A quem você recorre?

Certo dia, Sitis vê o seu marido no meio da cinza com um pedaço de cerâmica raspando as feridas. Olha e um sentimento acre-doce lhe invade a alma aflita. O grande príncipe Jó no monturo da cidade, como um pária. Sitis perde definitivamente a esperança. Aproxima-se do moribundo, sente pena do marido, fecha os olhos, aperta-os e a seguir dispara: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9). Nenhum sofrimento pode ser maior do que a confiança e fidelidade a Deus. O Senhor jamais permitirá que sejamos tentados acima de nossas forças. Sitis achava que já havia chegado ao limite.

Assim como os servos de Jó foram preservados da morte para levarem a notícia calamitosa ao patriarca, a esposa parece que fora guardada todo esse tempo para destalingar esse último chicote. Sem o saber, pensando que a morte seria a melhor solução para o marido, Sitis empresta sua boca ao Tentador incitando Jó a se rebelar e amaldiçoar a Deus. O que você faz quando toda a esperança se esgota? Sitis em vez de confiar em Deus acima de todas as coisas; em vez de amar ao Senhor pelo que Ele é, deixou-se levar pelas circunstâncias atrozes, fundamentada em um relacionamento de troca com Deus. Para muitos a morte é a solução para uma vida de infortúnios e desajustes domésticos. Contudo, sempre há uma esperança para aqueles que confiam em Deus.

Jó olha para sua esposa, e a fita com ternura e carinho. Sitis sente o tempo congelar por alguns instantes. Embora o tabernáculo terrestre de Jó estivesse se desfazendo, seu edifício eterno estava preparado por Deus (2 Co 5.1). Os olhos de Jó traziam um brilho vivaz, contagiante, embora todo o restante dissesse o contrário. Lembrava muito o olhar de Jesus quando Pedro o negou. Carinhosamente afirma: “Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10). O sábio Jó afirmara que sua esposa, em seu desespero e dor, falava como uma pessoa sem entendimento; como alguém que ele não conhecia. Sitis fica desconcertada diante da afirmação do marido. Reflete a respeito do assunto. Lembra das muitas orações de Jó feitas em gratidão ao Senhor. E ali mesmo reconsidera… Cala-se e desaparece do cenário até o final do livro de Jó quando Deus restitui-lhe todas as coisas. Embora não seja mencionada no final do livro, não há razões para se duvidar de sua presença. Ela é a esposa incansável que esteve com o marido nos piores momentos e circunstâncias, mas que, em certo momento, perdeu as esperanças, mas a recobrou através da piedade e devoção de seu marido.