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‘Renúncia irritou ala conservadora da Igreja’

 

Para vaticanista, temor de tradicionalistas é o de que decisão de Bento XVI ajude a desmistificar papel do papa

14 de fevereiro de 2013 | 0h 15

  • Estadão.com

Jamil Chade e Filipe Domingues – O Estado de S.Paulo

CIDADE DO VATICANO – A decisão de Bento XVI de renunciar foi um gesto de "realpolitik", pragmático. A avaliação é de um dos principais vaticanistas, o italiano Marco Politi, que acaba de publicar um livro sobre o pontificado de Bento XVI. Em entrevista ao Estado, Politi apontou que, no fundo, a demissão de Bento XVI foi sua "única grande reforma" nos oito anos de seu pontificado. Mas uma iniciativa que ficará para a história e fará muitos pensarem sobre o futuro da Igreja.

Renúncia foi um gesto revolucionário - a única grande reforma de seu pontificado, diz Marco Politi - Jamil Chade/AE

Jamil Chade/AE

Renúncia foi um gesto revolucionário – a única grande reforma de seu pontificado, diz Marco Politi

Segundo o especialista, a ala mais conservadora da Igreja teria ficado irritadíssima com Bento XVI por conta de sua renúncia, temendo uma "desmistificação" do cargo de papa a partir de agora. Eis os principais trechos da entrevista:

Como foi a reação dentro do Vaticano diante da renúncia?

Os conservadores temem a decisão. O temor é de que isso possa causar uma desmistificação do papel do papa. E que, no futuro, um papa possa ser colocado sob pressão para se demitir em determinadas situações. Mas a decisão foi muito lúcida e muito bem planificada. Foi um gesto revolucionário – a única grande reforma de seu pontificado, um exemplo e um estímulo à reflexão. Na Alemanha, há cardeais que já falam abertamente de que seria justo colocar um limite de idade para o papa. Bento XVI completou a reforma de João Paulo II, estabelecendo idades para cardeais e sua participação no conclave. Agora, mandou a mensagem de que um papa pode, sim, renunciar. Nos tempos modernos, não se pode permitir um papa doente.

Fala-se muito de que a renúncia foi um ato político. Como o sr. avalia isso?

Foi um gesto de realpolitik e de reconhecimento da incapacidade sua de cuidar da Igreja, pois não basta ser um intelectual ou teólogo. Para guiar a instituição de 1 bilhão de fiéis, ele precisava de um pulso de governador.

Há o risco de que católicos no mundo não entendam essa decisão de Bento XVI?

Acho que a massa dos fiéis entendeu. Muitos ficaram surpresos e, no começo, desorientados. Mas não houve uma oposição ou mau humor. Na Praça São Pedro, não vimos nenhum grupo pedindo que ele fique. Entenderam que foi justamente uma troca de governo. O papa foi muito pragmático.

Quais são as perspectivas para o conclave, diante dessa situação inédita?

Dentro do conclave, todas as cartas estão embaralhadas. Será um conclave muito complicado. Em 2005, havia um grupo forte de apoio e de mobilização pela candidatura de Ratzinger. Mas ele era o único ator mais forte. O cardeal Martini seria uma opção, mas estava doente. Hoje, temos vários candidatos. Mas nenhum deles tem um pacote de votos claro. O vencedor será um candidato de centro. Não poderá ser alguém de continuidade de Ratzinger. Mas não sabemos se essa pessoa está disposto a fazer as reformas que a Igreja precisa para enfrentar seus desafios.

Quais são esses desafios?

O primeiro é a crise de padres. Não há padres para todas as paróquias. Outro é o papel das mulheres dentro da Vaticano. Há ainda o tema da sensualidade no mundo moderno, o homossexualismo, o divórcio. Finalmente, há a questão do papel do papa.

Um papa do mundo em desenvolvimento estaria sendo considerado?

A primeira questão é se haverá um papa italiano ou não. Os 29 cardeais italianos no conclave estão sobrerrepresentados. Mas isso não quer dizer que todos eles queiram um italiano. Há divisões. No passado, eram os estrangeiros que pediam para que o papa fosse um italiano. Mas há a impressão depois que os escândalos de corrupção foram revelados de que muitos querem que a internacionalização do papado continue. Ele poderá vir da América do Norte ou Sul. Eu dou menos chances aos africanos. Na América Latina existem vários candidatos. Mas há que ver se haverá um mais forte que concentre a atenção. Em 2005, no conclave, os latino-americanos fecharam um acordo de que apoiariam um nome da região se um cardeal começasse a se destacar.

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Análise: Alemão é brilhante como teólogo, mas fracassou como papa

 

LUIZ FELIPE PONDÉ
COLUNISTA DA FOLHA

Sucessão PapalJoseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16, fracassou.

Conservador, um tanto liberal no começo de sua carreira, Bento 16 iniciou seu papado com um projeto, já em curso quando era a eminência parda intelectual de João Paulo 2º, de pôr "medida" na herança do Concílio Vaticano 2º, verdadeira "revolução liberal" na Igreja Católica.

Já nos anos 80 atacava a teologia da libertação latino-americana por considerá-la certa quanto ao carisma profético bíblico de procurar justiça no mundo, mas errada quanto a assumir o marxismo como ferramenta de realização desta justiça.

Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos.

Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua "infantaria", que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico.

Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das "modas moderninhas".

Quais seriam algumas dessas demandas modernas? Diálogo simétrico com outros credos (multiculturalismo), casamento gay, divórcio, sacerdócio das mulheres, fim do celibato, uso de contraceptivos, aborto, punição pública de padres pedófilos (a igreja deveria passar esses padres para a Justiça comum), aceitação de avanços da medicina pré-natal como identificação de fetos sem cérebro e consequente aborto, alinhamento político do clero com causas sociais e políticas do terceiro mundo –enfim, desafios típicos do contemporâneo.

Bento 16 esbarrou com o fato de que a maior parte dos católicos militantes hoje é de países pobres (afora o caso dos EUA, o cristianismo é uma religião de país pobre).

Os fiéis, portanto, estão mais próximos de um discurso contaminado pelas teorias políticas de esquerda, que fala de justiça social como um direito "divino" e aproxima Jesus de Che Guevara, do que da complicada discussão acerca dos excessos do iluminismo racionalista ou da crítica bíblica que tende a humanizar Cristo excessivamente em detrimento de sua divindade.

Seu próprio clero (sua "infantaria") ajudou no fracasso de seu papado, resistindo sistematicamente à "romanização da igreja", o que em jargão técnico significa centralização das decisões relativas ao cotidiano da instituição na lenta burocracia do Vaticano, com sua típica alienação europeia, distante do "caos" do mundo real do Terceiro Mundo. O Vaticano é muito europeu, inclusive em sua decadência como referência para o mundo no século 21.

Mas há dimensões que transcendem as dificuldades específicas de seu projeto conservador e tocam dificuldades da Igreja Católica contemporânea como um todo.

A igreja hoje tem um sério problema de formação de quadros. Antes era "um bom negócio" entrar para a igreja; hoje, quem o faz, salvo casos de grande vocação mística e espiritual ou de revolta contra as ditas "injustiças sociais", é muitas vezes gente sem muita opção de vida.

Quando não, tal como é visto por parte da população secular, gente com desvios sexuais graves.

Os cursos de formação do clero, quando não totalmente contaminados pelos próprios teóricos que João Paulo 2º chamava em sua encíclica "Fides et Ratio" ("Fé e Razão") de "pensadores da suspeita" contra a fé e a razão (Marx, Nietzsche, Freud, Foucault), são fracos, com professores mal formados e conteúdos vazios. Claro que existem exceções, que, como sempre, em sendo exceções, confirmam a regra.

Enfim, o papado de Bento 16 fracassou, em grande parte, em razão do fogo amigo: sua própria infantaria.

A Igreja Católica agoniza diante de um mundo que cada vez é mais opaco para quem pensa, como ela, que a vida seja algo mais do que conforto, prazer e liberdade pra transar com quem quisermos e quando quisermos.

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Origen de la Inquisición: los judíos conversos

Emilio Monjo Bellido

 

‘Leyenda Negra’ española (3)

Origen de la Inquisición: los judíos conversos

Los conversos procedentes del judaísmo tienen un momento crucial de su historia en los sucesos de 1391 (cien años antes de la expulsión).

03 DE DICIEMBRE DE 2012

Reconociendo que la Inquisición española es un producto del que se hace publicidad, en una u otra dirección, avanzando la mitad del siglo XVI; y que en ese producto una idea de España se encuentra formulada y afirmada, para los interesados: sublime; para otros, de fuera y de dentro: modelo de oscuridad y falta de libertades; y reconociendo, como señalan historiadores judíos, que en esa publicidad se ha olvidado su origen, que parece que no interesaba en Europa, nos conviene colocarnos precisamente en esos momentos originales.
Quiero destacar lo que es evidente, pero que no se suele mirar en su natural, sino travestido por ropajes interesados. Me refiero al llamado “problema” converso . Con el aviso de que en este caso, como en tantos otros del momento, y los generadores de la propia Inquisición, se ha “globalizado” y metido en un mismo capítulo, lo que en muchos aspectos es algo variado y diverso en tal medida que aparece como opuesto. Los conversos no son una sola cosa. Sin embargo, incluso historiadores de prestigio, los han colocado como personaje singular en un solo lienzo , de manera que, admitiendo que algunos pudieran ser fiables, al final todos tenían una misma índole inmoral judaica, y por ello, aunque fuere injusto el proceder de sus aniquiladores, “ellos” se lo habrían buscado. Nunca dejaban de ser judíos, por tanto, enemigos naturales.
Los conversos procedentes del judaísmo tienen un momento crucial de su historia en los sucesos de 1391 (cien años antes de la expulsión). Por “razones” que no vamos a mirar, se produjeron ataques bestiales contra las comunidades judías asentadas en los reinos hispanos.
Se inicia la matanza en Sevilla y se propaga a otras ciudades. Se machacó, en algún lugar, como Toledo, demasiado literalmente, a las comunidades judías. Las “historias” que algunos frailes levantaron contra ellas produjeron una terrible sed de sangre y destrucción. Solo tenían dos puertas de escape: la conversión inmediata, o la inmediata salida de este mundo (sobre todo si era varón adulto; a las mujeres y los niños les quedaba otra: ser vendidos como esclavos a los moros).
Murieron miles, se convirtieron decenas de miles. De un día para otro pasaron de ser enemigos, un extraño al que hay que liquidar, a ser parte de la “santa” iglesia (estos episodios obligan a las comillas). Pero, ¿se habían convertido de verdad?
Hasta es razonable que se les mirase con sospecha. ¿Cómo estar seguros de su lealtad? Había, pues, que inquirir a ver si realmente no conservaban sus ritos bajo la nueva forma eclesiástica a la que estaban sometidos. Ese será el argumento para la posterior Inquisición.
Pero hay más, y es fundamental. En este contexto de crueldad absoluta, muchos (existen ya bastantes estudios sobre los pogromos, aunque este aspecto no se explica, pero hay indicadores y deducciones) de esos judíos se convirtieron de verdad. Se convirtieron a la Verdad (como luego algunos dirán), es decir, se convirtieron al Cristo, al Mesías. De ningún modo se convirtieron a la “iglesia” (que, además, para ellos significaría ser como los que los estaban machacando), sino a Cristo  y su Iglesia  (perfecta, sin arruga o mancha, como tantas veces luego nos confirman).
Su precipitado y sangriento bautismo luego se transforma en un bautismo real, se revisten del Cristo. No han recibido el bautismo de las manos sangrientas de los que los están machacando, sino de las manos del que derramó su sangre por ellos.
Las cifras siempre serán relativas para este periodo, pero se acepta que seguramente un 5% de la población de la Península era conversa; eso puede significar, por bajo, unos doscientos mil .
Por los escritos y presencia social de esa minoría, notamos que muchos eran verdaderos creyentes cristianos. Y tenían una peculiaridad: su cercanía y sustento en las Escrituras (Antiguo y Nuevo Testamento), las cuales conocían extensamente
La ignorancia y superstición religiosa de la masa del cristianismo hispano contrasta con la extensa religión bíblica de los conversos. Esto lleva a una percepción: los rechazos de la sociedad contra los cristianos nuevos, guiada por la ignorancia de la Biblia y la mano de los frailes, se debe a que éstos tenían una forma de vida cristiana católica que era una ofensa a la “antigua”, pues anteponían la enseñanza de la Escritura, y la primacía del sacrificio de Cristo, y la primacía de la fe sustentada en la caridad, es decir, eran cristianos católicos “protestantes”  (si me permiten el trasvase del lenguaje).
Seguro que también hubo otras razones políticas y económicas, pero su cercanía y sustento en la suprema autoridad del texto bíblico no lo podemos ocultar en estos episodios . [Nuestro próximo congreso sobre Reforma Española tendrá que ver con esta situación, por eso se centrará en Religiosidad Conversa.]
En los escritos defendiendo su verdadera condición de cristianos católicos, los conversos hacen una profesión de fe siempre en base a la enseñanza directa de la Escritura, luego usan los escritos de los doctores antiguos (conocen también ampliamente a los llamados padres), solo indirectamente, de forma muy secundaria se refieren a la sede papal. Es decir, de ningún modo ellos tienen el papado como referente. No se convirtieron al papado, sino a la Iglesia Católica, que para ellos no es lo mismo . (Otra vez, con permiso, eso es “protestantismo”.)
¿Qué papado existe en el tiempo de esta gran persecución? Hay un momento (con Inocencio III) en que se pasa de ser “vicario” de Pedro a “vicario” de Cristo. Pero eso lo era un “príncipe” terreno, un príncipe italiano. Los intereses de su principado (la “monarquía” vendrá luego, con Bonifacio VIII), que son prioritarios, los interpone a su pretensión universal. La corrupción se multiplica: tiene que conservar y extender “sus” territorios.
Además, el monarca universal, pero italiano, se marcha con su corte a Avignon, tutelado por Francia (aunque el sitio sea del papado). Dicen que eso es “cautividad”; no lo ven así los cardenales. La parte rigurosa de franciscanos levanta la voz: el papa es un hereje. Se multiplican los testimonios: estamos ante la presencia de la bestia que destruye el cristianismo. ¿Cómo, si son sucesores de Pedro, tienen lo que Pedro nunca dispuso? Él no tenía ni oro ni plata, ¿cómo pudo dejar tal herencia? El oro y la plata, la bolsa, la tenía otro; quien la busque es su heredero. De Avignon a Roma (los romanos quieren elegir a su papa): el caos. En esas aparecen las persecuciones. El papado está en el cisma. Varios papas, varios colegios cardenalicios, diversidad de apoyos de príncipes y reyes. ¿A qué “iglesia” se tenían que convertir los judíos?
Y ahora ya nos aclaramos un poco más sobre la aparición de la Inquisición Española. Luego vendrá su leyenda o lo que sea, pero que ese camuflaje no oculte sus genes: eliminación de una Iglesia Católica bíblica.
Seguimos, d. v., la próxima semana.

Autores: Emilio Monjo Bellido

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