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PORQUE OS TEMPOS ESTÃO DIFÍCEIS ???


Leandro Borges

“Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor! Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações”. (Jeremias cap.17 vers.5,7,9,10).

Os cristãos estão vivendo tempos difíceis. Descontentamento, decepção, desconforto, desencorajamento, desespero, depressão, divórcio, discórdia, desdém, desgosto, terrorismo, pertubações financeiras, pertubações ministeriais, dissensão, desobediência, coisas como estas são bastante comuns entre os que foram chamados para dar testemunho da glória de Deus e para refletir a imagem de Cristo. Muitos cristãos têm buscado conselheiros profissionais e psicólogos para ajudá-los a resolver os problemas da vida, mas esses problemas parecem estar aumentando.

Os "consumidores" cristãos carregados de problemas também podem escolher entre uma grande quantidade de produtos: livros, conferências e grupos de auto-ajuda – mas os problemas continuam se multiplicando. Quanto mais se trata dos problemas, mais as pessoas se tornam centradas neles. Até aqueles que tentam resolver os problemas da vida com princípios bíblicos, muitas vezes acabam se envolvendo tanto nesses problemas que não alcançam a raiz da dificuldade real. O tratamento dos problemas freqüentemente alcança somente os sintomas superficiais, apenas substituindo-os por outros sintomas. Alguns cristãos vivem de crise em crise. Outros carregam um peso que parece ficar mais e mais pesado com o passar dos anos.

Nunca houve tantos livros disponíveis para os cristãos na sua busca da família perfeita, do casamento perfeito e da vida perfeita. Não obstante, muitos cristãos falham em refletir a imagem de Cristo em sua família, no casamento, no testemunho, e até mesmo na vida ministerial. Será que as dificuldades que os cristãos enfrentam estão relacionadas com o fato deles estarem vivendo naqueles tempos difíceis sobre os quais o apóstolo Paulo alertou a Timóteo ??? "Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas…" (2 Timóteo cap.3 vers.1-2).

As pessoas estão perecendo por causa do amor – do amor a si próprias. Elas foram ensinadas pelos especialistas modernos em psicologia que deveriam amar a si mesmas. Elas ouviram que, a menos que se amassem, elas não poderiam amar aos outros. Pregadores e outras pessoas bem-intencionadas fizeram ecoar as palavras: "você precisa se amar". Conselheiros e televangelistas insistiram: "Ame-se! Goste de si mesmo! Honre-se! Você merece!" Cada vez mais essas tentações de auto-comiseração ou exaltação do ego são sutil e facilmente aceitas pelas pessoas, pois o coração é enganoso.

Mas, observe o que procede de pessoas que são "amantes de si mesmas". Esses homens "egoístas" são: "avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus" (2 Timóteo cap.3 vers.2-4).

Uma rápida observação das palavras que seguem "amantes de si mesmas" revela um estado de vida bastante pecaminoso, assim como atitudes e atos pecaminosos. Tal amor a si próprio é tão poderoso que os "amantes de si mesmos" são "mais amigos dos prazeres que amigos de Deus". E isso está em profunda contradição com o Grande Mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus cap.22 vers.36-39).

Enquanto que os propagadores do amor a si próprio tentam ler um terceiro mandamento (ame-se a si mesmo) nessa passagem das Escrituras, Jesus deixou claro que estava falando de apenas dois mandamentos, pois disse: "Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mateus cap.22 vers.40). Não há nas Escrituras um mandamento para amar a si mesmo.

Os homens são infelizes e sofrem com os problemas da vida porque se tornaram "amantes de si mesmos" e "mais amigos dos prazeres que amigos de Deus". A inclinação pecaminosa do ser humano é amar a si mesmo mais do que a Deus e às outras pessoas. O egoísmo se agarra à natureza humana e produz inveja, luxúria, orgulho, arrogância, desrespeito por Deus, desobediência aos pais, falta de gratidão, engano, provocando tanto a paixão pelos seus próprios caminhos quanto a contenda por causa deles. Ele leva também a falsas acusações, que são exageradas, já que as pessoas têm sido encorajadas a culpar seus pais, as circunstâncias, e a qualquer outra coisa, menos a si mesmas, pela sua condição de vida.

Será que as pessoas estão tentando desenvolver-se, melhorando a si mesmas e às circunstâncias em que vivem, sem tocar na raiz do problema ??? Será que o amor a si próprio está escondido sob os mais benevolentes gestos e por trás das orações mais fervorosas ??? Que tipo de crescimento pessoal as pessoas estão procurando ??? O crescimento pessoal que vai aumentar sua auto-estima, ou o crescimento pessoal que envolve negar a si mesmo e tomar a sua cruz ??? O crescimento pessoal que vai confirmar o valor de seus próprios egos, ou o que as tornará semelhantes à imagem de Cristo ???

Ambas as formas de crescimento, tanto a que se inclina para o amor a si mesmo quanto a que se inclina para amar a Deus, têm um custo elevado. Amar a si mesmo mais do que amar a Deus leva a uma perda espiritual, mas amar a Deus com todo o seu ser leva a negar o "eu" e faz com que o efeito mortal da cruz se faça sentir contra o velho homem (aquele "eu" ao qual muitos de nós ainda estão agarrados e amam), que deve ser considerado morto, conforme podemos ver em (Romanos cap.6).

Observe que em (Lucas cap.9 vers.23-25), Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?".

O mesmo Deus que salva e santifica também ordenou que as boas obras sejam uma conseqüência natural da Sua obra:Observe com atenção (Efésios cap.2 vers.8-10): "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas". Essas boas obras incluem amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e a obediência a Ele, pois o amor a Deus é expresso obedecendo-Lhe e amando-se uns aos outros. Uma pessoa não é salva nem se santifica pelas boas obras. Entretanto, as boas obras são conseqüência do que Deus já fez e continua a fazer. Por isso, Paulo diz: "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Filipenses cap.2 vers.12-13).

Além disso, todas essas coisas devem ser feitas sem murmurações nem contendas, ou seja, sem reclamar ou discutir com Deus sobre as circunstâncias da vida e como proceder na presença dEle. Isso podemos ver em (Filipenses cap.2).

Por toda a caminhada cristã há o despojar-se dos velhos caminhos (do velho homem com suas paixões enganosas) e o revestir-se do novo homem, "criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade" (Efésios cap.4 vers.24).

Essa é a caminhada diária do cristão. Despojar-se do velho homem é o equivalente a negar a si mesmo, e revestir-se do novo homem envolve tomar sua cruz e seguir a Cristo.

Se bem que muitos cristãos podem concordar em princípio, quantos estão fazendo isso diariamente, momento após momento ??? Quantos de nós estão confiando no Senhor o suficiente para tomarmos a nossa cruz, reconhecendo-O em todos os nossos caminhos e deixando-O afastar-nos do amor-próprio para amá-lO de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de toda a força, amando-nos uns aos outros tanto quanto nós nos amamos a nós mesmos ??? Cada dia é cheio de oportunidades para amar a Deus ou para amar o "eu" em primeiro lugar. Qual vamos escolher ???

Pare de ouvir as vozes erradas, e começe a ouvir a voz certa que é a voz o Espírito Santo, somente esta voz é a que pode te salvar. Lembre-se que o tempo está acabando…

QUE DEUS TE ABENÇOE…

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Manancial no Deserto

Publicado por Everson Barbosa (G+ Social)

 

Manancial no Deserto

Há pouco recebi por email uma palavra daquelas que vem “na hora certa”.
Nem sei como agradecer por tamanho cuidado, pelo Senhor inspirar pessoas
de longe, que nem conheço, pra escrever e ser instrumento dEle.
A cada dia Deus tem usado novos textos da Bíblia, livros e canções pra falar
comigo, me dar respostas e tocar meu coração. Isso é algo maravilhoso.
Neste momento passo justamente por alguns problemas e sinto algo
como o medo dos “gigantes” e a dor do “deserto”. Mas sei que o Senhor nos ama e, como Pai, nunca nos deixa sós nos piores dias. Ao contrário, sempre traz o alívio e a solução. Por isso, eis a palavra de hoje, que Ele – com todo o Seu infinito amor – me enviou:
O que fazer quando estou em uma situação
sem possibilidades?

“Veio sobre mim à mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos. Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: SENHOR Deus, tu o sabes. Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR”. Ezequiel 37: 1- 4

Quando Deus quer fazer algo grande ele nos coloca em uma situação difícil.
A dificuldade que você vê é a missão que você tem. Para receber o que Deus tem, temos que estar dispostos a enfrentar os problemas. Deus não te chamou para fugir, mas para conquistar e avançar.
Para começar uma restauração, Deus nos leva para os piores lugares.
Antes da benção temos que passar pelo deserto, porque é no deserto que aprendemos o que Deus tem para a nossa vida. Você é resposta e não problema.
Mesmo quando você não tem resposta existe uma resposta. Deus tem uma resposta para você. No momento em que Deus perguntou se haveria possibilidades daqueles ossos sequíssimos voltarem a viver o profeta disse: “Tu o sabes Senhor”.
Isso significa que naquele momento ele não tinha uma resposta para aquela situação, mas sabia que Deus tinha, pois há alguma coisa difícil para Deus? Não.
O seu prazo de validade está dentro da sua fé. Nunca esqueça: Há resposta para todas as coisas, pois Deus sabe de todas as coisas, mas as respostas só virão no tempo dEle.
Deus não conhece uma situação que não possa resolver e Ele opera
o impossível através:
Do homem – Deus usa o homem. Não fique parado deixa Deus te usar.
Da profecia – Você precisa profetizar a palavra e não os problemas ou o que está sentindo, pois você é resultado das palavras que fala. Seja boca de Deus. Não ore apenas, mas fale ao seu problema. Aprenda a profetizar aquilo que você quer.
Finalizo essa palavra dizendo:
Não temas os gigantes, porque o maior gigante
que existe é Deus e Ele está a seu favor.

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Como entender que tudo coopera para o nosso bem?

 

Imagem do avatarPor Paulo César Nunes do Nascimento (perfil no G+ Social) em 19 de agosto de 2011

Como entender que tudo coopera para o nosso bem?

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8.28)

Talvez este seja um dos versículos mais citados por nós evangélicos, especialmente diante de situações adversas vividas por outras pessoas! Geralmente buscamos conforto e refúgio nesse versículo.

Mas muitas vezes, Rm 8.28 é usado meramente como último recurso ou fuga face às complexidades da vida cristã. Quando irmãos conosco as tragédias que atingiram as suas vidas, nos sentimos impotentes, não encontramos palavras capazes de produzir conforto e tranqüilidade, então recorremos a Rm 8.28 e dizemos: “É assim mesmo irmão, todas as coisas cooperam…”

No entanto, a experiência cristã tem mostrado que esse versículo é doce e fácil de ser digerido até o momento em que as tragédias da vida não batem a nossa porta e invadem a nossa casa.

Esta semana recebi um email com o seguinte conteúdo: (12/06/07)“Não sei se você conhecia um amigo nosso que fez o CLM aqui no passado, o Carlinhos e a esposa Cristina. O Gino e eu fomos ontem à tarde no sepultamento deles em Goiânia. Sofreram um acidente de carro e morreram os dois no local, deixando dois filhos, um de 13 (menina) e o outro de 10 (menino).”

Como estas crianças pré-adolescentes irão entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus diante da dura realidade de terem perdido pai e mãe no mesmo dia e numa fase da vida tão complicada como a pré-adolescência?

Como entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus quando se tem uma mãe maravilhosa, uma esposa dedicada, serva de Deus, que aos 55 anos descobre que está com câncer e 43 dias depois vem a falecer?

Como entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus quando se dedica toda a vida à tradução da Bíblia para um povo indígena na Colômbia, depois de publicado os guerrilheiros queimam todos os exemplares? O missionário vem para o Brasil começa um processo de revisão desse NT que fora queimado e aí descobre que está com câncer na medula. Pede a Deus apenas duas coisas: dê-me ainda mais um tempo para que eu possa completar esta revisão e ver os meus netos crescerem. Obtém como resposta NÃO, e pouco tempo depois morre. Como entender?

O apóstolo Paulo nos deixou nesse texto algumas orientações que, se forem bem assimiladas por nós, nos proporcionarão maturidade cristã, e nos capacitarão a lidar com as tragédias de forma menos dramática. Observem: não de forma calma, tranqüila, mas de forma menos dramática.

Para entendermos que Deus manobra todas as coisas (inclusive tragédias) para o bem daqueles que o amam, é preciso que tenhamos em mente que…

1. Deus trabalha em cima de projetos eternos. VS. 29,30

Observemos o resumo que Paulo faz do projeto eterno de Deus em relação aos seus.
…conheceu de antemão… Predestinou… Essas duas ações divinas se deram na eternidade.
…chamou… Justificou… Essas outras duas ações divinas se deram, aconteceram num momento histórico das nossas vidas. Ele nos chamou através da pregação da sua Palavra. Quando respondemos positivamente ao seu chamado, ele nos declarou justos em Cristo Jesus.
…glorificou… Esta última ação divina se dará no futuro, no momento da vinda de Jesus.

Ocorrerá no futuro? Ou já ocorrera no passado?

Essa declaração de Paulo é considerada a mais ousada expressão de fé das escrituras. A glorificação dos servos de Deus se dará em algum momento no futuro, mas ele fala dela como já consumada no passado.
O princípio que podemos extrair desses versículos é que o que Ele planejou na eternidade acerca das nossas vidas tem o seu desfecho final garantido. Independentemente dos contratempos e das tragédias que atingem as nossas vidas hoje.
Amados, o Senhor nosso Deus trabalha em cima de projetos eternos, de sorte que pra Ele não existe surpresas, acontecimentos inesperados, tragédias repentinas. Para Ele está fora de cogitação declarações tais como: “Não tive o controle da situação! Sinto-me impotente diante do que está acontecendo! Tudo aconteceu tão de repente!!!”
Todas essas coisas fazem parte da nossa experiência. De fato, nós somos surpreendidos por algumas tragédias, por desastres, por perdas repentinas; nós nos sentimos impotentes diante de sofrimentos prolongados vivenciados por nós ou por pessoas intimamente ligadas a nós.

De fato nós não conseguimos entender nem perceber que todas as coisas vão cooperar para o nosso bem. Isso é fato!
· Na verdade, algumas tragédias, alguns desastres, algumas perdas e alguns sofrimentos. São entendidos e explicados com o tempo. (José do Egito). “Vós na verdade, intentaram o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem…” Gn 50.20a.
· Outras e outros, porém, nos atingem aqui, mas os seus motivos e as suas razões se processam numa dimensão acima da nossa, os quais ficam sem explicação para nós. De maneira que, quando tentamos ou alguém tenta oferecer uma explicação plausível, tece comentários e chega a conclusões equivocadas.
· Jó sofreu uma tragédia familiar, uma tragédia financeira, uma tragédia física, e uma tragédia matrimonial.
O que se passava com Jó aqui na terra eram efeitos, resultados, de algo que se processava numa dimensão espiritual que ele desconhecia.

Todos os seus amigos que tentaram oferecer explicações plausíveis, falaram bobagens.

Em situações como esta de Jó, em que as tragédias ficam sem explicações e nós não conseguimos enxergar como essas coisas vão cooperar para o nosso bem, precisamos entender que para Deus, numa dimensão espiritual acima da nossa, todas as coisas estão perfeitamente claras e são perfeitamente explicáveis.
Precisamos descansar e confiar, que de alguma maneira, que nós desconhecemos, Ele promoverá o bem para nós porque
Ele trabalha em cima de projetos eternos.

Mas em segundo lugar, para entendermos que Deus manobra todas as coisas para o nosso bem (inclusive as tragédias), preciso que tenhamos em mente que…

2. O laço amoroso de Deus para conosco não se rompe mesmo diante das piores tragédias da vida v.35

No v.35 Paulo faz uma pergunta retórica “Quem nos separará do amor de Cristo?” ao fazer esta pergunta Paulo não estava em busca de respostas. Ele a fez simplesmente para fins de argumentação; para enfatizar uma verdade que ele já sabia.
Em seguida ele passa a alistar uma série de circunstâncias incômodas que quando estamos no meio delas temos dificuldade de perceber e entender o amor de Deus por nós. V. 35.

O que Paulo está enfatizando com estás duas perguntas retóricas e que nenhuma dessas circunstâncias incômodas, nenhuma tragédia da vida é capaz de romper o laço do amor de Deus para conosco.
Mas, pastor, como entender o amor de Deus por nós diante das tragédias da vida?… diante de um casamento desfeito?… diante do abandono do marido?… diante da morte dos pais quando ainda se é muito novo?… diante das agonias de um parente com uma doença incurável?… diante do fato de ter sido e ainda ser rejeitado?… quando se perde o emprego ou a fonte de renda para o sustento da família?… quando se é abandonado pelos pais?…quando Ele remove das nossas vidas as pessoas que mais amamos?

Em circunstâncias como essas é extremamente difícil perceber e entender o amor de Deus.

No entanto, nas Escrituras, o Senhor afirma e reafirma o seu amor para com o seu povo, especialmente em circunstâncias em que o povo sente o abandono e o desamparo do Senhor. Em Is 49.14,15 está escrito:

“Mas Sião disse: O Senhor me desamparou o Senhor se esqueceu de mim. Pode uma mãe esquecer-se do filho que ainda mama, de modo que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.”

No Sl 27.10 Davi fala desse amor imutável do Senhor:

“Ainda que meu pai e minha mãe me desamparassem, o Senhor me recolheria.”
Observemos que para afirmar e reafirmar a imutabilidade do seu amor para conosco, até mesmo em meio as tragédias da vida o Senhor usa como ponto de comparação o mais elevado nível de amor nos relacionamentos humanos: o amor dos pais para com os filhos.

Portanto, tenhamos sempre em mente que o laço amoroso de Deus para conosco não se rompe mesmo diante das piores tragédias da vida.

Mas em terceiro lugar, para entendermos que Deus manobra todas as coisas (inclusive as tragédias) para o nosso bem, é preciso que tenhamos em mente que…

3. O laço amoroso de Deus para conosco ultrapassa os limites da própria morte. Vs. 38,39

A morte impõe limites a existência terrena, mas Paulo diz que nem mesmo ela põe fim à ligação amorosa de Deus para com os seus servos, nem mesmo ela rompe, quebra, desfaz o laço amoroso de Deus para com os seus filhos.
Desde novo convertido eu aprendi que a Bíblia fala de três tipos de morte: física, espiritual e eterna. Também aprendi que o conceito básico que inclui esses três tipos de morte é separação. Separação do espírito e do corpo, separação da comunhão com Deus, separação eterna do Criador.
Se este conceito de morte estiver teologicamente correto, o que Paulo está dizendo é que nem mesmo a “separação poderá nos separar do amor de Deus”.

Na experiência humana a morte é o ponto alto, o ápice de uma tragédia. Tragédias que terminam com a morte de pessoas, são mais angustiantes e dramáticas.

Entender o amor de Deus em tragédias desse tipo é muito difícil do que em qualquer outra situação.
Geralmente as pessoas acham que se Deus as amasse não teria tirado a vida do seu ente querido; se Deus amasse o seu ente querido não teria permitido que ele morresse numa situação como aquela.
Pensamentos como estes geram revoltas, abalam a fé, levam muitas pessoas a desacreditarem do amor de Deus.
Em momentos assim é preciso maturidade cristã, é preciso visão correta da morte: Deus não deixou de nos amar porque o nosso ente querido morreu de forma tão trágica, Ele não deixou de amar o que foi vítima da tragédia, porque o seu laço amoroso para conosco, diz Paulo, ultrapassa os limites da própria morte.
Amados esses meus 22 anos de evangelho, uma das declarações mais belas que eu já ouvi face à dura realidade da morte foi de um indígena. Fazendo uma visita para uma irmã de sua comunidade que estava com câncer em estado terminal, ele disse:
“vá minha irmãzinha, vá em paz! O câncer pode comer a sua carne, mas não pode comer o seu espírito”. (Senhor Jair – etnia Dâw).
Esse homem tão simples, na simplicidade da sua fé, expressou maturidade, visão correta da morte. Mesmo matando-a, o câncer não seria capaz de pôr fim à sua existência espiritual, ao seu relacionamento com Deus numa outra dimensão, de desfazer, de romper o laço amoroso de Deus para com sua serva.

Em outras palavras, Paulo já havia falado sobre isso na carta aos Romanos 14.7,8: Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos para o Senhor morremos. Quer pois, vivamos ou morramos, SOMOS DO SENHOR.

Pr. Paulo César Nascimento