No sábado (15), ondas de tsunami atingiram a ilha de Tonga após a erupção de um vulcão submarino do Oceano Pacífico, gerando ondas de mais de 1 metro. A capital do país — Nucualofa, que fica na Oceania — foi inundada rapidamente. Moradores tiveram que se refugiar nos telhados das casas
O vulcão conhecido por Hunga-Tonga-Hunga-Ha’apai fica a cerca de 60 quilômetros da capital. A erupção que durou 8 minutos foi tão forte e violenta que pôde ser vista do espaço, por imagens de satélite. Nuvens de cinzas subiram rapidamente e o vapor de gás se espalhou pelo ar.
Depois disso, os serviços meteorológicos emitiram alertas para chuvas, inundações repentinas e ventos fortes nas regiões próximas. A Rádio Cristã Tonga e vários líderes cristãos no país pediram orações.
“Orem pelo Reino de Tonga. Que abrigo, água potável, alimentos e medicamentos sejam fornecidos o mais rápido possível. Que gestos generosos de ajuda prática e apoio em oração oferecidos levantem o espírito daqueles que sofrem”, foram os primeiros pedidos.
Outras regiões ficaram em alerta
A ilha vizinha de Fiji também emitiu um aviso público pedindo às pessoas que vivem em áreas costeiras baixas que se movessem antecipadamente para locais altos em busca de segurança.
Alertas também foram emitidos para a Ilha Norte da Nova Zelândia e a costa oeste dos Estados Unidos, da Califórnia ao Alasca, bem como para a Colúmbia Britânica do Canadá, nação insular de Vanuatu, no Pacífico e Samoa Americana, conforme informações da CNN. As populações dessas regiões foram avisadas para se manterem longe das praias.
Para os Estados Unidos, especificamente, o alerta de tsunami permaneceu em vigor com atenção especial para os estados da Califórnia, Oregon, Washington e Alasca.
Dave Snider, coordenador do Centro Nacional de Alerta de Tsunami em Palmer, Alasca, disse à CNN: “Vimos a onda se movendo pela ilha havaiana. Não temos uma previsão muito boa porque este evento é baseado em um vulcão e não em um terremoto”, ele observou deixando claro se tratar de apenas um aviso e não um alerta.
Imagens registradas do mar, no momento da erupção. (Foto: Captura de tela/YouTube Band News)
Outras erupções estão previstas
Tsunamis gerados por vulcões são muito menos comuns do que tsunamis de terremotos submarinos, explicou a cientista Emily Lane, do Instituto Nacional de Água e Pesquisa Atmosférica da Nova Zelândia.
Em entrevista ao New Zealand Science Media Center ela disse que foi uma erupção muito significativa. “Uma erupção menor no final de 2014 e no início de 2015 construiu a cratera do vulcão acima da superfície da água”, contou.
Segundo Lane, ainda não está claro como esse vulcão em Tonga entrou em erupção. “Ao vermos o que restou da ilha depois que essa erupção acabou, podemos começar a juntar as peças do que aconteceu”, disse ela. “O tsunami da erupção atingiu mais de 2.500 quilômetros, sendo registrado em medidores em toda Aotearoa”, continuou.
O professor Shane Cronin, da Escola de Meio Ambiente da Universidade de Auckland, disse que pesquisas sobre erupções históricas do mesmo vulcão sugerem que o atual episódio de erupção pode durar semanas ou meses “e que outras erupções de tamanho semelhante ao evento de 15 de janeiro de 2022 são possíveis”.
Vale ressaltar que o vulcão estava ativo desde 20 de dezembro, mas foi declarado inativo em 11 de janeiro, segundo a Radio New Zealand. A região é conhecida como o “círculo de fogo” do Pacífico, devido ao encontro de placas tectônicas de grande atividade sísmica.
Consequências atuais e posteriores
Embora não haja relatos de vítimas até o momento, além da inundação, casas danificadas e barcos destruídos, existem outros desafios a serem enfrentados.
Ainda de acordo com o professor Cronin: “A erupção provavelmente resultará em uma queda significativa de cinzas, até dez centímetros, em Tongatapu, bem como no grupo de ilhas Ha’apai”, alertou.
“Será necessária ajuda para restabelecer o abastecimento de água potável. O povo de Tonga também deve permanecer vigilante para novas erupções e especialmente tsunamis com curto prazo e deve evitar áreas baixas”, disse.
Pedidos de oração
O líder cristão Ulufonua, de Ha’apai, em Tonga, disse que os pastores estão em oração pelos moradores da ilha. Os cristãos australianos também têm orado, conforme informações do Eternity News.
Conforme a líder cristã Mata Havea Hiliau, da Uniting Church NSW e ACT, é necessário que todos intercedam pelos tonganeses. “Oremos pelo povo em Tonga. Muitos de nós não conseguimos contatar nenhum familiar e entes queridos. Tudo o que podemos fazer é nos reunir para orar”, ela disse em suas redes sociais.
“Deus Todo-Poderoso, tu és Pai, Filho e Espírito Santo. Esta é uma das noites mais escuras do Reino de Tonga. Senhor, que a tua luz brilhe no meio das trevas, pois sabemos que onde a tua luz brilha, as trevas não a vencerão”, orou.
“Somos lembrados de nossa vulnerabilidade como criaturas humanas que habitam esta vasta terra”, diz também a oração da reitora Sandy Grant, postada na Catedral de St Andrew, em Sydney, na Austrália.
“Como escreveu o antigo salmista: ‘Tu és o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente em tempos de angústia’. Então reúna os afetados sob suas asas, acalme seus medos e mantenha nossa fé forte”, pediu.
“Solicitamos seu apoio de oração para Tonga, e especificamente para nossos representantes do BSSP e seus familiares. Que Deus guie e abençoe a todos”, diz o pedido urgente da Sociedade Bíblica do Pacífico Sul.
A ilha de Tonga tem 747 km² e uma população aproximada de 105 mil habitantes que, em sua maioria (89,4%), segue a religião cristã. A família real frequenta a Igreja Metodista e garante a liberdade de religião em sua Constituição.
O país costuma guardar o domingo (representando o descanso sabático) que é considerado como um “dia santificado”, quando as atividades são suspensas, com exceção de hotéis e resorts, que fazem parte da indústria do turismo na região.