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ANDANDO NAS NUVENS

LIDERANÇA

Pastores com aviões particulares alegam autonomia e conquista

     Dizem que um homem pode ser medido pela grandiosidade dos seus sonhos. Se é mesmo assim, um seleto grupo de ministros do Evangelho anda sonhando alto – literalmente. Desde o ano passado, diversos pastores brasileiros andam cruzando os céus em aviões próprios, um luxo antes somente reservado a altos executivos, atletas milionários e sheiks do petróleo.
     A justificativa para as aquisições, algumas na faixa das dezenas de milhões de dólares, é quase sempre a mesma: a necessidade de maior autonomia e disponibilidade para realizar a obra de Deus, o que, no caso dos grandes líderes, demanda constantes deslocamentos pelo país e exterior a fim de dar conta de pregações e participações em palestras e eventos de todo tipo. Eles realmente estão voando alto.
     O empresário e bispo Edir Macedo, dirigente da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) tem feito a ponte aérea Brasil – Estados Unidos a bordo de um confortável Global Express, avaliado no mercado aeronáutico por US$ 50 milhões (cerca de R$ 85 milhões). Para comparar, o preço é semelhante ao do Rafale, o caça-bombardeiro francês que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sonha comprar para as Forças Armadas brasileiras. Equipado com sala de estar, dois banheiros, minibar e lavabo, além de um confortável sofá, o jato permite deslocamentos dos mais confortáveis até os EUA, onde Macedo mantém residência, e tem autonomia suficiente para levá-lo à Europa ou à África. O Global, adquirido em setembro numa troca por um modelo mais antigo, veio juntar-se à frota da Alliance Jet, empresa integrada ao grupo Universal e que já possuía um Falcon 2000 e um Citation X, juntos avaliados em 40 milhões de dólares.
     Edir Macedo justifica o uso de aviões particulares dizendo que precisa levar a Palavra de Deus pelas nações onde a igreja atua, que já são mais de 120, e também para evitar transtornos aos passageiros dos aviões comerciais, pois sua pessoa costuma atrair muita atenção da mídia. Pode haver também outros motivos. Foi em voos particulares que a Polícia Federal descobriu, em 2005, que deputados e empresários ligados à Iurd transportavam dinheiro em espécie, no episódio que ficou conhecido como o caso das malas. Os valores, explicou a igreja na época, teriam sido arrecadados nos cultos e eram transportados dessa maneira por questão de segurança e praticidade até São Paulo e Rio de Janeiro, onde a denominação tem sua administração.
     Já o missionário R.R.Soares, mais discreto que o cunhado Macedo, não fez alarde da aquisição do turboélice King Air 350, em novembro, fato noticiado pela revista Veja.. Avaliado em cerca de R$ 9 milhões, a aeronave transporta oito passageiros. Como tem uma agenda das mais apertadas, Soares viaja praticamente toda semana pelos mais de mil templos que sua Igreja Internacional da Graça de Deus tem no país, além de realizar cruzadas e gravar programas diários para a TV. Ele realmente tem pensado alto: a igreja também mantém parceria com a empresa de aviação Ocean Air, através da qual um percentual sobre cada passagem comprada por um membro da Graça reverte para a denominação.
      “Conquista”
     O que chama a atenção no aeroclube dos pastores são as justificativas espirituais para a compra das aeronaves. Renê Terra Nova, apóstolo do Ministério Internacional da Restauração em Manaus (AM) e um dos grandes divulgadores do movimento G12 no Brasil, conta que o seu Falcon é fruto de profecias de grandes homens de Deus como o pastor e conferencista americano Mike Murdock. Em abril de 2009, durante um evento em que ambos estavam, Murdock incentivou uma campanha de doações a fim de que Terra Nova pudesse realizar seu “sonho”. Após chamar Terra Nova à frente, ele mesmo anunciou que ofertaria R$ 10 mil reais, atitude logo seguida por dezenas de pessoas. O avião foi comprado em julho. Dizendo-se “constrangido” com a atitude, Terra Nova admitiu que aquele era seu desejo e que se submetia ao que considerava a vontade de Deus. “O Senhor é testemunha que este avião não é para vaidade, mas para estimular que outros ministérios a que também tenham aviões e, juntos, possamos voar para as nações da terra, pregando o evangelho de Jesus. Assim está estabelecido”, diz o líder em seu site.
     “Conquista” e “resultado da fé” também foram as expressões usadas pelo pastor Samuel Câmara, da Assembleia de Deus de São José dos Campos (SP), para comemorar a compra de seu King Air C90, de quatro lugares. O religioso, que durante anos liderou a Assembleia de Deus em Belém (PA) – onde montou a Rede Boas Novas, conglomerado de rádio e TV que cobre vinte estados brasileiros –, se diz muito grato a Deus pela bênção, avaliada em R$ 8,5 milhões. Ele espera juntar-se a outros líderes para montar “uma esquadrilha de aviões para tocar o mundo todo”. Ano passado, Câmara também esteve no noticiário pelas denúncias que fez contra supostas irregularidades nas eleições para a presidência da Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB).
     Mas a aquisição aérea que mais chamou a atenção, dentro e fora do meio evangélico, foi concretizada pelo famoso pastor e apresentador de TV Silas Malafaia, da Assembleia de Deus da Penha, no Rio. Possuir uma aeronave própria era um objetivo anunciado pelo líder já há algum tempo, inclusive em seu programa Vitória em Cristo, um dos campeões de audiência na telinha evangélica. Além dos insistentes pedidos por ofertas para manter-se no ar, Malafaia constantemente tocava no assunto avião em suas falas. O empurrão que faltava foi dado pelo pastor americano Morris Cerullo, outro profeta da prosperidade proprietário de um luxuoso Gulstream G4. Num dos programas, levado ao ar em agosto, Cerullo admoestou os telespectadores a desafiar a crise global e participar de uma campanha de doações ao colega brasileiro – um chamado “desafio profético”, no valor de 900 reais, estipulado graças a uma curiosa aritmética que associava a cifra ao ano de 2009.
     Aparentemente surpreso, Silas Malafaia assentiu com o pedido. Não se sabe quanto foi arrecadado a partir dali, mas o fato é que em dezembro o pastor anunciou que o negócio foi fechado por cerca de US$ 12 milhões, cerca de 19 milhões de reais. Trata-se de um jato executivo modelo Cessna com pouco uso. Um “negócio espetacular”, na descrição do próprio. Bastante combatido pela maneira ostensiva com que pede ofertas para seu ministério, o pastor Malafaia, que dirige também a Editora Central Gospel, recorre à consagrada oratória para se defender: “Quem critica não faz nada. Você conhece alguma coisa que algum crítico construiu? Crítico é um recalcado com o sucesso da obra alheia.”


Fonte: Cristianismo Hoje

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Papa aceita renúncia de bispo que batia em crianças

RELIGIÃO

 

Walter Mixa

Walter Mixa admitiu ter estapeado crianças em orfanato

O papa Bento 16 aceitou neste sábado a renúncia de um bispo alemão acusado de bater em crianças, segundo o Vaticano.

O bispo Walter Mixa, de Augsburg, disse ao Papa em sua carta de renúncia, enviada no mês passado, que sua diocese precisa de um “novo começo”.

O bispo havia primeiramente negado ter batido em crianças em um orfanato católico nos anos 70 e 80, mas depois admitiu que pode ter dado tapas nelas, e pediu desculpas.

Depois de semanas negando as acusações, ele disse que “sentia muito por ter causado sofrimento a várias pessoas”.

Em sua carta ao papa, ele pediu o perdão de “todos aqueles a quem eu possa ter sido injusto e àqueles que possa ter causado tristeza”.

O bispo disse que estava “totalmente ciente” de sua própria “fraqueza”.

Investigações

Em um curto anúncio, o Vaticano não citou as razões pelas quais aceitou a renúncia.

A Igreja também começou uma investigação sobre supostas irregularidades financeiras em um orfanato que estava sob controle do bispo Mixa, em meio a rumores de que enormes quantias foram gastas em pinturas antigas, móveis de jardim e vinho.

O bispo, no entanto não foi acusado de abuso sexual.

A Igreja Católica está sob forte pressão por causa de acusações de abuso sexual cometido por padres em várias partes do mundo.

Fonte: BBC

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Procuradora é condenada a pagar tratamento psicológico de criança

06 de maio de 2010 21h17 atualizado às 21h26

A procuradora aposentada da Justiça chega à delegacia para depor, no Rio Foto: Amadeu Bocatios/Futura Press

A procuradora aposentada da Justiça chega à delegacia para depor, no Rio
Foto: Amadeu Bocatios/Futura Press

A procuradora de Justiça aposentada Vera Lucia de Sant’Anna Gomes, acusada de agredir uma criança que seria adotada por ela, foi condenada a pagar o tratamento psicológico da menina de 2 anos. A decisão partiu da Vara de Infância, Juventude e Idoso da Comarca da Capital, que acolheu o pedido feito pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Ao julgar o pedido de indenização à criança por danos morais e materiais, a corte acatou o pedido feito pelo MP, para que Vera Lucia comece a custear imediatamente o tratamento psicológico, em uma unidade da rede particular de saúde, no valor correspondente a 10% de seus rendimentos.

A Justiça enviou ofício ao abrigo onde a menina está abrigada para que seja providenciado o profissional que fará tratamento no prazo de 10 dias.

De acordo com a decisão, o tratamento psicológico deve ser iniciado imediatamente para amenizar o sofrimento da criança e tratar os traumas, que podem ter sido gerados pelas agressões.

Ainda corre a ação, cujo mérito não foi julgado, na qual o Ministério Público pede que Vera Lúcia seja condenada a pagar indenização por danos morais de, pelo menos, mil salários mínimos, e de uma pensão mensal de 10% de seus rendimentos, por danos materiais, até que a criança complete 18 anos de idade.

Redação Terra