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Os mineiros chilenos, o mico-leão, e o destino de fetos e embriões humanos

 

Heitor De Paola

O aborto é tratado como um direito da mulher ou um problema de saúde pública, o feto que se dane. Só entrou em pauta nos debates eleitorais porque uma das candidatas fingia ser contra a descriminação em nome de princípios religiosos, mas ao invés de se mostrar firme, sugeria um plebiscito.

Recentemente a humanidade inteira foi mobilizada pelo drama com tons de epopéia dos 33 mineiros soterrados em Copiapó. Esforços extraordinários foram empreendidos e grandes somas despendidas para salvá-los. Tecnologias anteriormente impensadas foram desenvolvidas. Houve uma vibração e alívio geral pelo sucesso da operação.

A ninguém ocorreu — ou ao menos ninguém expressou esta idéia — que seria muito mais barato deixá-los morrer por asfixia, fome e sede, ou envenená-los com gás tóxico. Nas últimas décadas parcelas da sociedade mundial começaram a se preocupar com as espécies animais e vegetais em extinção, das quais o mico-leão-dourado está aqui como representante simbólico, como poderiam ser as baleias ou qualquer planta ameaçada.

Mais uma vez fortunas foram levantadas, obras fundamentais embargadas, esforços inauditos despendidos. A cada bichinho ou planta salva a euforia é imensa e generalizada.

Isto para não falar em tribos indígenas selvagens que recentemente conseguiram territórios imensos, maiores que a grande maioria dos países europeus, contemplando uma quantidade irrisória de indivíduos com milhares de hectares sob a desculpa esfarrapada de que sua "cultura" necessita de grandes espaços para sobreviver intacta.

Quando se trata de salvar ou matar embriões e fetos humanos, gerados por seres humanos, hospedados em barrigas humanas e não em confins de matas selvagens ou nas profundezas de uma mina, aí o tom muda radicalmente! O entusiasmo em salvar umas tantas pererecas à custa de obras — hidrelétricas p. ex. — que trariam benefícios para milhares de pessoas é substituído por uma frieza de arrepiar! Enquanto uma baleia, um jacaré ou um mico tem os seus direitos, sujeitando os caçadores a penas de prisão inafiançáveis, os embriões e fetos não têm direito algum e ficam ao sabor de direitos dos outros: da mãe, do pai, da sociedade ou — o que é mais horripilante ainda — dos gastos públicos! Os que advogam por seus direitos são "obscurantistas" ou "fundamentalistas religiosos" — até mesmo aqueles que não professam nenhuma.

O aborto é tratado como um direito da mulher ou um problema de saúde pública, o feto que se dane. Só entrou em pauta nos debates eleitorais porque uma das candidatas fingia ser contra a descriminação em nome de princípios religiosos, mas ao invés de se mostrar firme, sugeria um plebiscito. E isto teria, segundo alguns, roubado milhões de votos dos demais, principalmente da candidata oficial. Aliás, a referida ex-candidata é a mesma que move céus e terras para salvar árvores, índios ou jacarés. Então, no segundo turno, o assunto passou a preponderar como mera moeda de troca de votos. Um dos candidatos, querendo ver-se livre da batata quente, afirma que é problema das religiões! Ora, então as religiões devem legislar sobre direitos dos cidadãos de qualquer idade? Vamos viver sob alguma shari’a, ou várias, uma para cada religião? Não cabe mais ao Estado criar leis que defendam de forma positiva o que é um direito natural inviolável? Ou acreditar em direitos naturais é obscurantismo e medievalismo?

Não temo estar saindo do "obsequioso silêncio" que me impus referente à farsa eleitoral que corre por aí porque ambos os candidatos tratam do assunto com a maior frieza, como não se tratasse de vidas humanas em risco. E não me refiro só ao aborto: o uso "médico" de células-tronco embrionárias já começa a formar uma verdadeira indústria de produção e manipulação de embriões humanos despertando a cobiça e a ganância de milhões e milhões de dólares que renderá este caminho inexorável ao "admirável mundo novo" de produção em série de seres humanos geneticamente manipulados.

Mas a manipulação já começa antes, e a primeira vítima é a verdade. Publica-se como manchete que "a criminalização do aborto causa a morte de milhares de mulheres". Numa típica inversão revolucionária do pensamento — para a qual Olavo de Carvalho não cansa de chamar a atenção — atribui-se aos defensores da vida a responsabilidade pela morte de mulheres que se submetem a abortos clandestinos, como se alguma vez tivéssemos defendido que elas sejam abandonadas até morrerem sangrando, se algo vai mal! Usa-se o mesmo argumento hipócrita que serve para o grotesco "casamento" gay: é a criminalização ou o "preconceito" que causam o sofrimento.

Um Tea Party brasileiro?

Esta safadeza a respeito do aborto pode ter desencadeado um movimento conservador brasileiro, algo impensável nas últimas décadas. Será?

Fonte: Mídia Sem Máscara

Divulgação: www.juliosevero.com

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Campanha de Serra faz ofertas a evangélicos

 

A campanha de José Serra (PSDB) está oferecendo benefícios a igrejas evangélicas e a entidades a elas ligadas em troca de apoio de pastores à candidatura tucana. O mesmo foi feito na campanha do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O responsável pelo contato com os líderes é Alcides Cantóia Jr., pastor da Assembleia de Deus em São Paulo.

Ele responde pela "coordenadoria de evangélicos" da campanha, criada ainda no primeiro turno exclusivamente para angariar apoios entre evangélicos.

"Disparo entre 150 e 200 telefonemas por dia, mais ou menos", diz Cantóia, que trabalha numa espécie de guichê montado no térreo do edifício Praça da Bandeira (antigo Joelma), quartel-general da campanha de Serra. No local, ele também recebe pastores para "um café".

Os telefonemas são feitos para pastores de várias denominações em todo o Estado de São Paulo, em busca de pedido de voto em Serra entre os fiéis de suas respectivas igrejas.

Segundo Cantóia, entre os argumentos para conquistar o engajamento dos evangélicos, além do discurso relativo a valores, como a posição contrária à descriminalização do aborto, está a promessa de apoio a parcerias entre essas igrejas e entidades assistenciais a elas vinculadas com prefeituras e governo, em caso de vitória tucana.

Como exemplo, cita a possibilidade de, com os tucanos no poder, igrejas poderem oferecer apoio a crianças e adolescentes, complementando o período que elas passam na escola. Assistência a idosos também é citada.

"O objetivo é levar as crianças para dentro da igreja", afirma o pastor. "Esse é um dos argumentos. Seriam igrejas em tempo integral, complementando a atividade da escola."

Cantóia afirma, também, tentar intermediar demandas recebidas de pastores junto a prefeituras. Por exemplo, pedidos para que entidades funcionem como creche ou que virem intermediárias do programa Viva Leite, do governo estadual.

Alcides diz ter sido um dos articuladores que levou os pastores Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, e José Wellington Bezerra, de São Paulo, ambos da Assembleia de Deus, a gravarem depoimentos de apoio a Serra, exibidos em sua propaganda na TV.

O Conselho dos Pastores de São Paulo, que reúne representantes de diversas denominações protestantes, estima que cerca de 80 mil pastores em SP apoiem Serra.

Data: 21/10/2010 10:00:04

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UNIVERSAL : Justiça tranca ação contra cúpula da igreja de Edir Macedo

A 16.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou o trancamento da ação penal contra a cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A decisão é extensiva aos dez réus, entre eles o bispo Edir Macedo, líder e fundador da igreja. O Ministério Público Estadual (MPE) pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na decisão, a turma julgadora ordena a anulação de todos os atos do processo que tramitava perante a 9.ª Vara Criminal de São Paulo, até mesmo a denúncia (acusação formal à Justiça). Por maioria de votos, os desembargadores entenderam que, por se tratar de lavagem de dinheiro transnacional, compete à Justiça Federal analisar o caso.

"As condutas imputadas aos pacientes (acusados) tocam, em tese, o território estrangeiro, imprimindo caráter da "transnacionalidade" ao crime de lavagem de dinheiro de que são acusados", anotou o relator do habeas corpus, desembargador Almeida Toledo. "A lavagem de dinheiro realizada parcial ou totalmente no exterior constitui, por si só, o crime que induz a competência da Justiça Federal." Também participaram do julgamento os desembargadores Pedro Luiz Aguirre Menin e o juiz Guilherme de Souza Nucci.

Esse é o mais pesado revés imposto aos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPE.

Em maio, a 16.ª Câmara do TJ-SP havia livrado da ação penal Veríssimo de Jesus, que figurou como diretor das empresas Cremo e Unimetro, por meio das quais o dinheiro arrecadado de forma ilícita pela igreja seria remetido para o exterior, segundo sustenta a acusação.

A decisão de barrar a ação penal contra todos os líderes da Universal teve origem em habeas corpus impetrado pelo criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo em favor de Honorílton Gonçalves da Costa e João Batista Ramos da Silva. Eles integram o alto escalão da igreja.

Ramos da Silva foi deputado federal pelo PFL (atual DEM). Em 2005, ele e outras seis pessoas foram detidas pela Polícia Federal, no Aeroporto de Brasília, tentando embargar em um jatinho particular com sete malas cheias de dinheiro – cerca de R$ 10 milhões em espécie.

O habeas corpus subscrito por Pitombo se apoia em dois argumentos: a falta de individualização das condutas criminosas supostamente praticadas pelos réus e a inexistência de indícios capazes de sustentar a acusação. A denúncia, segundo ele, "falha em esclarecer que papéis teriam os pacientes exercido no sentido de viabilizar a suposta cadeia de acontecimentos descrita".

Acusação. A denúncia do Gaeco resulta de dois anos de investigação. Após analisarem a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados, os promotores dizem ter constatado um esquema criminosa sustentado pelo dízimo pago pelos fiéis. Os recursos seriam recolhidos nos templos, transportados em jatinhos particulares e depositados nas contas da Iurd. Em seguida, o dinheiro seria usado para o pagamento de "despesas a empresas prestadoras de serviços controladas pelos acusados", entre elas, a Cremo e Unimetro. Depois, o dinheiro retornaria à Universal e empresas do grupo.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) elaborado a pedido do Gaeco listou 87 empresas supostamente beneficiadas por recursos oriundos da Universal, entre elas a própria igreja, a Rede Record, Edminas, a Rede Mulher de Televisão, a Editora Gráfica Universal e Rede Família de Comunicação. Uma apuração à parte, coordenada pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, foi aberta para averiguar como a igreja empregou os recursos arrecadados.

Em abril, a empresária Cristiana Marini, sócia da casa de câmbio Diskline, confirmou em depoimento aos promotores ter feito remessas para o exterior a pedido de dirigentes da Iurd. As transações financeiras, de R$ 5 milhões por mês, teriam ocorrido entre 1995 e 2001, o que totalizaria cerca de R$ 400 milhões.

A investigação iniciada no Brasil teve desdobramentos no exterior. A pedido do Gaeco, a Promotoria Criminal de Nova York iniciou apuração contra Edir Macedo e outras nove pessoas por suspeita de estelionato, desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Mas as provas de movimentação bancária remetidas pelos americanos foram consideradas nulas pelo TJ-SP. Decisão do presidente da corte, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, diz que o promotor que requisitou a prova deveria ter pedido autorização a um juiz brasileiro, por se tratar de dados protegidos por sigilo bancário.

Data: 21/10/2010 08:34:33
Fonte: Estadão