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Como Entender a Doutrina da Eleição (sermão inédito)

 

 

SEGUNDA-FEIRA, MAIO 30, 2011

Nº 1797

Sermão entregue na noite de quinta-feira, 31 de Julho de 1884

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres


“Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!”Mateus 15: 24,25

Vocês que conhecem o coração amoroso do nosso Senhor Jesus estão bem certos de que Ele jamais desencorajaria uma alma a se aproximar Dele. Porém, neste caso, “Ele não lhe respondeu palavra” (Mateus 15. 23). Jesus é mudo quando a miséria roga uma palavra a Ele? O Amigo do Homem é geralmente toda atração, todo o encorajamento, extraído e benvindo – ainda assim a impaciente mulher chora em vão para Ele, pela sua filha endemoninhada! Nós não estamos inquietos sobre isso. Nós conhecemos muito bem o nosso Senhor para suspeitar que Ele tenha falta de amor. Ele não está brincando com pássaro ferido. Ele não está em nenhuma forma de amargura. Ele não iria sequer aparentar desencorajar qualquer coração que bate em um peito humano a não ser que haja uma grande necessidade para isso, algum fim gracioso a ser servido.

Ninguém vai ter a imprudência de acusar o nosso Senhor Divino de dureza injustificada para com uma alma que procura a Sua ajuda. O mundo pode suspeitar de que alguns de Seus ministérios foram duros e frios, como os púlpitos de mármore que, nestes tempos de frio, têm sido exaltados entre as pessoas. Eles podem pensar sobre alguns de nós mais com desconfiança do que com afeto, pois não são alguns de nós como grandes criaturas de pedra quase sem sentimentos e difíceis de ter uma aproximação? As pessoas podem suspeitar de que nós somos escassos de afeição, ou que nós temos falta de seriedade – eles podem até sugerir que nós somos grandes defensores da ortodoxia, ou que nós somos tão desconfiados de nossos companheiros, que nós naturalmente adoramos testá-los com palavras ásperas e com proibições, a fim de mantê-los a pelo menos uma milha de distância! Eu sei que eles pensam que nós somos pobres pais, mais preparados com a haste do que com nossas simpatias vivas – e para isso eles têm muita justificação. Eu gostaria que não fosse assim.

Você pode supor coisas duras sobre nós, que somos os Seus servos. A suposição pode ser verdadeira. Ela pode ser difamatória – mas você não pode supor nada do tipo a respeito do Senhor Jesus Cristo – Ele é tão evidentemente amável, gracioso e cordial, que você não poderia ter o coração para suspeitar Dele! Se Jesus já recebeu você, você teve, neste caso, uma prova inquestionável de Sua ternura, e você é, e será, doravante, confiante em Sua compaixão. Você tem certeza de que Ele “não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega,” (Mateus 12.20), pois Ele não esmagou nem apagou você. No entanto, ele desencorajou esta mulher. Não só os discípulos o fizeram, como também o Mestre o fez. Portanto, eu digo que deveria haver uma necessidade secreta para tal feito – deve ter havido um motivo para o bem dela que moveu o brando Senhor a respondê-la com palavras tão duras – e um discurso tão desanimador.

Eu creio que nós, queridos amigos, humildes imitadores do Senhor Jesus Cristo, somos compelidos a encorajar todos em quem há alguma esperança. Sempre que vemos uma alma errante voltando seu rosto para casa, devemos estar prontos para dar uma mão para dirigir os seus passos cambaleantes. Ainda, se imitamos o nosso Senhor, nós seremos guiados a dizer coisas dolorosas as quais, como as sinceras feridas de um amigo, são tão afiadas quanto são salutares. Os lábios de amor nem sempre derramam mel! A bajulação encanta com os seus períodos doces, mas uma sábia afeição muitas vezes usa tons mais duros e cortantes. Há uma tendência em certas pessoas boazinhas demais para confortar demais e deixar para trás algumas Verdades importantes de Deus, pois têm medo que elas sejam mal entendidas. Doutrinas gloriosas que deixaram nossos pais fortes são deixadas às sombras por medo de que elas se tornem pedras no caminho das mentes perturbadas! Estamos chegando a ser um pouco exagerados com o Evangelho preparado para crianças – estão colocando a farinha por tantas peneiras que não haverá um pingo de material restante nela!

Se fosse sempre sábio confortar e encorajar, o Mestre seguiria esta linha das coisas. Mas, desde que Ele não o fez, eu suponho – e acho que ninguém se atreverá a me contradizer – que os homens requerem algo mais além de encorajamento. Nós não lemos que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”? (2 Timóteo 3.16, 17) Existem verdades que não podem ser deixadas para trás porque elas podem não encorajar, pois o uso delas é para repreender e corrigir. Existem verdades que, em certas ocasiões, devem ser ditas, ainda que o efeito temporário possa diminuir o ardor ou entorpecer a esperança do pecador que está vindo a Cristo. Como o nosso Mestre, nós devemos sempre ansiar pela salvação dos pecadores e, como Ele, devemos fazer isso com sabedoria. Nós devemos exibir grande ternura fraternal com os pecadores, e ser muito gentis, assim como um pastor é com os cordeiros – mas esse muito amor, essa muita ternura, vai levar o bem instruído professor a dizer várias coisas que o discípulo preferiria não ouvir!

Nosso pastoreio lida não apenas com as pastagens verdes, mas também com o lugar de lavar as ovelhas e de tosar. Não temos apenas de consolar, mas também de corrigir – nossa é a edificação que tem frequentemente que colocar abaixo pedaços dilapidados de parede a fim de proteger toda a construção – e, portanto, nós ocasionalmente parecemos ser destruidores onde somos verdadeiros construtores, juntos com Cristo! Nosso Senhor sabia que a linguagem clara de uma certa Verdade iria escandalizar Seus discípulos. E Ele, portanto, preservou um silêncio discreto? Não! No tempo devido, Ele entregou a Sua alma e nós lemos que, “à vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (João 6. 66)

Vamos agora considerar por que o Salvador falou desse jeito com essa mulher. Por que Ele anunciou a ela um fato que não podia nem assistir, nem fortalecer a sua fé? Vamos aprender a resposta enquanto prosseguirmos. Nosso Senhor Jesus praticamente desencorajou a mulher cananeia com a Doutrina da Eleição. Eu garanto a vocês que existe uma diferença entre a eleição da nação de Israel e a eleição dos indivíduos – mas não veremos isso esta noite. A questão é esta – foi a Doutrina da Eleição que o Senhor colocou no caminho desta pobre mulher. Ele disse a ela, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Isso foi o suficiente para amortecer o espírito dela, certamente, e o Salvador ainda o colocou diante dela.

Por quê? Bem, eu acho que Ele fez isto, primeiramente, naquela hora, que é melhor isso vir Dele do que dos discípulos. Se você sente que é necessário que alguém deva ser fortemente repreendido, você conclui que é melhor você mesmo fazer isto. Você diz a si mesmo, “se eu enviar essa mensagem pelo melhor amigo que eu tenho, ele vai estragar tudo; ele vai torná-la mais cortante do que eu pretenderia que fosse e vai errar o alvo. Ele vai causar mais dor do que eu pretenderia. Portanto, euvou comunicar a declaração inaceitável por conta própria.” E vocês não têm achado frequentemente uma questão de verdadeira urgência estar à frente dos outros? Sim, você que tem o cuidado dos corações e das mentes, sabe que há momentos em que você deve fazer todo o discurso e gostaria de bloquear todos os outros telefones do mundo! Você conhece a pessoa e os efeitos que certas declarações podem ter sobre ela e, portanto, você orgulhosamente iria monopolizar seus ouvidos por um tempo.

O Salvador sabia que, em tempo oportuno, essa mulher ouviria que a missão de Cristo era apenas para Israel – e ela provavelmente ouviria isso de uma forma que iria abater muito mais o seu espírito do que se Ele, pessoalmente, falasse para ela por conta própria. Então Ele mesmo disse para ela, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Isso quer dizer que, a missão de Cristo enquanto Profeta, enquanto Ele estava aqui em carne, era para Israel – e por Israel Ele costumava restringir os Seus trabalhadores durante a Sua vida. Ele disse isso para ela por conta própria, creio eu, para que ela não ouvisse isso por outra pessoa. Será sábio para nós, quando encontrarmos pobres almas vindo esperançosamente para Cristo, manifestar consideração e prudência – e apresenta-las às mais profundas Verdades de nossa teologia – porque elas vão ouvir falar delas de uma forma ou de outra. E é melhor que elas as tenham ouvido, primeiramente, de Cristãos amáveis e de corações brandos, do que de espíritos duros, negligentes e sem amor, cujo deleite encontra-se em meros termos e frases.

Você não pode manter esses jovens em um conservatório! Por que você iria querer fazer tal coisa? É uma política pobre tentar esconder a Verdade de Deus! Há um pouco do ponto de vista Jesuítico nisso. Por que esta Verdade particular deveria estar escondida? Temos vergonha dela? Se sim, é melhor revermos nossa fé, mas, em nome da honestidade comum, não podemos esconder nada do que acreditamos! Quanto mais da luz de Deus, melhor! Quanto mais da Verdade de Deus é conhecida, mais certeza de que coisas boas virão dela! Eu louvo a Deus por conhecer as Doutrinas da Graça desde minha juventude – elas têm sido presentes na minha vida adulta – e eu creio que elas serão a glória da minha velhice! Muito longe de sentir vergonha da Eleição da Graça, ela comanda o entusiasmo de todo o meu ser!

Mais uma vez, eu acho que Ele trouxe essa Verdade à mente dela, daquela forma, porque ela provavelmente poderia ouvir isso de outra forma, quando ela estivesse em condições piores de recebê-la. Agora, esta mulher estava desesperadamente buscando uma bênção de Deus. Todo o seu coração estava acordado, seu espírito estava em chamas – toda a sua natureza estava ansiosa pela bênção. Se ela podia suportar a repressão em qualquer hora de sua vida, era naquela. “Como você sabe?” você pergunta. Eu sei isso meio que por instinto. A história abre para mim uma janela para a alma dessa mulher. Eu estou persuadido de que o Mestre não teria aplicado nada que parecesse com uma Verdade de Deus desencorajadora a ela a menos que Ele tivesse percebido que ela estava apta a suportá-la e, talvez, melhor apta naquele momento do que em qualquer dia futuro. Eu acho que há grande sabedoria em comunicar a Verdade para as pessoas na hora adequada. O Senhor não disse, Ele mesmo, “tenho ainda muito que voz dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (João 16.12)? Justamente naquele momento os Seus discípulos estavam inaptos para ouvir todas aquelas Verdades e, portanto, o oráculo do amor foi silenciado por um tempo. Em outro momento o Salvador abundou sobre eles, assim como Ele faz conosco, toda sabedoria e prudência – e então Ele tornou conhecido a eles o mistério de Sua vontade depois de uma completa providência.

O Senhor não nos ensina toda a Verdade de uma vez, mas de grau em grau Ele nos admite dentro das câmaras de Seu tesouro secreto. Você sabe como um cirurgião, depois de operar um olho cego, diz ao seu paciente, “Sua visão está completamente restaurada, mas durante os próximos dias, eu peço a você que fique em um cômodo escuro. Peço a você que receba luz aos poucos, que você a retenha certamente.” Infinita é a sabedoria do Espírito Santo em iluminar gradualmente as almas! O Senhor não deixa, de uma só vez, o pecador conhecer toda a extensão de seu pecado, nem dá a ele uma completa ideia da punição a esse pecado. E nem dá, penso eu, no começo, todo o conhecimento que ele terá do completo perdão de seu pecado e das inumeráveis alegrias que vêm para os pecadores perdoados através de Jesus Cristo, o Salvador. Aos poucos, assim como alimentamos recém-nascidos, não com carne, mas com leite – aos poucos, assim como você ensina aos jovens alunos na escola. Preceito após preceito, linha após linha – um pouco aqui e um pouco ali. A missão Dele para com a casa de Israel foi uma das Verdades que o Salvador viu que essa pobre mulher cananeia teria que aprender e, portanto, Ele comunicou a ela quando ela tinha fé suficiente para combater todo o desencorajamento e obter a bênção pela qual o seu coração ansiava. Essas duas coisas deveriam provar instrutivamente.

Agora eu vou lidar com almas que estão de certa forma no caso desta mulher. Eu devo considerar a palavra desencorajadora que veio a elas, a qual é de alguma forma similar àquela que veio à mulher cananeia. E depois eu pedirei a elas queimitem o ato louvável dessa mulher em conexão com o seu desencorajamento, pois embora ela parecesse estar repulsa, ela veio a Cristo e O louvou. Antes de concluir, eu gostaria de mencionar algumas considerações úteis a qualquer um que possa estar confuso com esta grande doutrina que eu mencionei agora mesmo. Venha, Santo Confortador, e encha nossos corações com a alegria celeste nesta alegre hora!

I. Primeiramente, A PALAVRA DESENCORAJADORA QUE VEIO A ESTA MULHER. Ela foi, como eu disse, uma certa forma da Doutrina da Eleição – a Verdade inquestionável que Deus desenvolveu para abençoar as ovelhas de Israel pelos trabalhos e depoimentos pessoais de Seu Filho Jesus – e que essas bênçãos não foram, naquela hora, enviadas para o povo de Tiro e Sidom.

A Doutrina da Eleição foi transformada em um grande pesadelo pelos seus oponentes inescrupulosos e seus amigos imprudentes. Eu já li alguns sermõescontra essa doutrina nos quais a primeira coisa que estava evidente era que a pessoa que falava era totalmente ignorante de seu assunto! Um pouco deconhecimento teria feito nosso autor hesitar e deliberar e, portanto, foi como a armadura de Saul para ele – ele preferiu prosseguir com sua loucura! A maneira comum de compor um sermão contra a Doutrina da Graça é esta – primeiro exagerar e difamar a doutrina e depois argumentar contra ela. Se você retira a Verdade sublime assim como ela é encontrada na Bíblia, você não pode dizer muito contra ela! Mas se você coletar um número de expressões bobas vindas de partidários de cabeça quente e as denuncia, sua tarefa será muito mais fácil. Vista a doutrina como um homem e depois a queime! Que trabalho maravilhoso foi feito pelos homens queimando figuras de sua própria produção!

Ninguém jamais acreditou na Doutrina da Eleição como eu tenho ouvido ser expressa por arminianos controversalistas. Eu arrisco-me a dizer que ninguém fora do hospício de Bethlem Royal[1] jamais acreditou que isso foi imputado a nós. É notável que sejamos tão ávidos em condenar os dogmas imputados a nós tanto quanto nossos oponentes podem ser? Por que eles se dedicaram sinceramente a refutar algo que ninguém defende? Eles talvez possam se poupar do problema! Nossos amigos abominam a doutrina como ela é exposta por eles – e nós temos uma mente muito parecida com a deles – apesar de a doutrina, por si só, assim como nós expomos, é querida para nós assim como a vida o é! Eles supõem que nós nunca pregamos o Evangelho livremente para os pecadores – coisa a qual nós nunca falhamos em fazer com uma liberdade que ninguém pode ultrapassar! Eles podem nos dizer como podemos melhorar na pregação do Evangelho? Nós nos alegraríamos em aprender!

Eles dizem que se nós pregamos livremente o Evangelho, somos inconsistentes, carga com a qual não temos nenhuma dor, o que quer que precisemos responder. Enquanto acreditarmos que somos coerentes com a Escritura, nunca entra em nossa cabeça a necessidade de sermos coerentes conosco! Abraçar toda a Verdade revelada de Deus é o nosso desejo – mas resumi-las todas em uma crença simétrica está além de nossas expectativas! Somos criaturas tão pobres e falíveis, que se tentássemos uma vez fabricar um sistema que fosse inteiramente lógico, poderíamos ter certeza de que teríamos que admitir porções de teoria e massas de hipóteses no produto singular. Na teologia, vivemos pela fé, não pela lógica. Nósacreditamos e somos salvos! Mas a partir do momento em que começamos a especular, somos como Pedro afundando nas ondas. Se nos mantermos simplesmente no que a Palavra de Deus diz, vamos encontrar em Verdadesaparentemente em conflito, mas sempre concordantes! Em cada assunto há uma Verdade que se colocar contra outra Verdade – uma é tão verdadeira quanto a outra! Uma não tira a veracidade da outra, nem levanta uma questão contra a outra – e uma deve ser tão confirmada quanto a outra – e as duas estão lado a lado. As duas Verdades relativas formam a grande estrada da verdade prática ao longo da qual nosso Senhor viaja para abençoar os filhos dos homens.

Alguns gostam de seguir em um trilho. Eu confesso uma parcialidade para os dois e eu não gostaria de fazer uma excursão, amanhã, em uma via férrea da qual um dos trilhos foi tirado. Deve ser pesarosamente admitido que a Doutrina da Eleição desencorajou muitos que desejavam o Salvador, mas a verdade é que ela não deve fazer isso. Vista corretamente, é um arauto real vestido de seda e ouro, anunciando livremente aos indignos que o Rei recebe pecadores, de acordo com o bom prazer de Sua vontade! Como isto encorajou alguns de nós! Que tutano e gordura é para nós, agora que encontramos o Senhor! Nos alimentamos disto como uma porção Divina que sustenta, satisfaz e sacia a alma! Quando eu me encontrei com Cristo pela primeira vez, eu estava perfeitamente satisfeito em ser como um dos cachorros debaixo da mesa – mas eu não estaria satisfeito em o ser agora, desde que o Senhor me chamou a um lugar maior! Agora que eu me tornei um de Seus filhos, sou como Lázaro foi, de quem nós lemos, “sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa.” (João 12.2) A bendita Doutrina da Eleição é, para a minha alma, como vinhos puros, bem refinados! É um fato do Amor Divino bem mais profundo e mais glorioso do que eu jamais esperei conhecer! “Água pediu ele, leite lhe deu ela; em taça de príncipes lhe ofereceu nata.” (Juízes 5.25) Nós pedimos por perdão, mas Ele nos deu justificação! Nós pedimos por um pouco de perdão, mas o Senhor nos deu abundante Graça, sim, Graça sobre Graça, dizendo – “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” (Jeremias 31.3) Se um pecador realmente conhece a doutrina da escolha da Graça, ele não fugiria dela, mas sim estaria inclinado a correr aos seus braços!

No entanto, para muitos, isso parece ser como o lado negro da nuvem que o Senhor colocou sobre os egípcios e, portanto, eu vou considerar o desencorajamento que Cristo colocou para esta mulher. Ele disse a ela, primeiramente, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” “Eu fui enviado”, ele pareceu dizer, “aos judeus. Eu fui enviado à casa de Israel, e não a você.” Essa grande Verdade de Deus, ela com certeza iria descobrir cedo ou tarde, e se ela tivesse descoberto mais tarde, ela provavelmente temeria que a cura de sua filha seria tirada dela porque seria recebida em contrariedade com a missão do Messias. Jesus a deixa saber dessa Verdade de uma vez, para que não venha a preocupá-la depois. Quando ela obteve a cura de sua filha, Ele a teria sabendo que a cura foi dada de forma aberta e honesta – e não por um erro da pena, ou um descuido de caridade. Ela deveria ter, de uma vez por todas, a certeza de que o Senhor Jesus não havia Se esquecido – que Ele sabia tudo sobre as limitações de Sua comissão durante Sua vida mortal que em superando isto, Ele sabia o que estava fazendo, e não estava fora de Si pela impetuosidade de Seu espírito.

Agora, não há nada como a escolha de Deus. O Senhor tem um povo que é redimido dentre os homens. O Senhor Jesus tem um povo do qual ele falou, “Eram teus, tu mos confiaste.” (João 17.6) Alguns são ordenados à vida eterna e, portanto, acreditam no Senhor Jesus Cristo. Esse fato desencoraja você? Eu não vejo porque deveria. Por que você não deveria estar nesse número? “Mas e se eu não for?”, alguém pergunta. Por que você não pensa que está? Você não sabe nada sobre isso – portanto, porque fazer suposições? Deixar de fazer suposições seria algo muito mais sensato do que se fermentar com uma poção mortífera de desespero tirada das inúteis cascas de mera suposição! Eu já tenho o suficiente para suportar fatos, sem me sobrecarregar com conjecturas. O que Deus não revelou, nós não estamos aptos a saber. De fato, pareceria bem melhor que estivéssemos em ignorância onde Deus não garante nenhuma informação. O Senhor escolheu um povo para ser salvo e eu fico feliz em pensar que Ele o fez, para que ninguém pudesse provar que eu não faço parte desse número!

Se há alguns que Deus vai salvar, então eu sei, também, quem eles são, pois Ele me diz que eles são tão arrependidos do pecado, o confessam, o abandonam e acreditam no Senhor Jesus Cristo para a vida eterna! Essas mesmas coisas minha alma desejaria fazer – e quando eu o faço, eu sei que faço parte do número dos escolhidos e serei salvo! O que há nisso que possa desencorajar uma alma? No entanto, isso desencoraja alguns. Quando as pessoas estão nas trevas, elas têm medo de qualquer coisa, de tudo! De nada! “Tomam-se de grande pavor, onde não há a quem temer.” (Salmos 53.5) Uma vez que a pessoa entra em um baixo e nervoso estado, a queda de uma folha sugere uma avalanche! A menor sombra de uma nuvem significa a total extinção do dia e um pouco de chuva é o início da consagração final! “Expressão estranha”, você diz. No entanto, ela não é tão singular e ultrajante quanto tantas das inferências feitas por um desânimo resoluto. Ai desses problemáticos – eles sentem que não podem ser salvos porque há uma Israel que Deus escolheu para ser salva!

Nosso Deus colocou diante dessa mulher algo pior que o fato positivo da escolha de Israel. Ele declarou o lado negativo da escolha sagrada. Ele disse “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” É muito pouco o que você e eu, que somos ministros do Evangelho, temos que fazer pregando sobre o que Cristo não foi enviado para fazer. Aqui eu temo que mentes não renovadas, armadas com uma lógica impiedosa, tenham pecado gravemente contra o amor de Deus. A Verdade de Deus tratada Escrituralmente é um remédio santo, mas tratada com as maneiras da escola, pode se tornar uma poção mortífera! Pobres Corações penitentes, não há nada no decreto Divino que tire um de vocês da esperança! “Não falei em segredo, nem em lugar algum de trevas da terra; não disse a descendência de Jacó: Buscai-me em vão.” (Isaías 45.19) Contudo, o Salvador tornou distintamente o lado mais negro da doutrina da mulher, e disse “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”

O que foi pior, no caso dela, foi que ela sabia que essa eleição, como Cristo havia firmado, a excluía, pois Ele disse a ela que Ele não foi enviado senão à casa de Israel e ela bem sabia que não pertencia a essa casa. Ela era uma mulher cananéia, nativa de Tiro e Sidom e, portanto, distintamente excluída – e o próprio Jesus disse isso a ela. Isso deve ter feito a frase cair como uma sentença de morte em seus ouvidos! Se os servos dizem algo assim para nós, nós podemos esquecer, mas se o Mestre diz, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel,” então a questão termina em puro desespero. A pobre mulher cananéia poderia muito logicamente terminar as suas súplicas, dizendo, “O que mais pode ser feito? Eu não posso ir contra a palavra que vem dos lábios do próprio Cristo.” No entanto, ela não o fez, mas, como uma verdadeira heroína, ela pressionou o seu pedido até o alegre fim.

Vocês podem ver que a causa dela para o desencorajamento foi bem pior do que a de vocês jamais poderá ser, pois vocês não sabem que estão excluídos – não há nada na sua raça ou cidade que exclui você. Além do mais, Cristo nunca disse a vocês que vocês estão excluídos. Eu não acho que algum pastor tenha dito isso a vocês, mas se você se congregou a algum ministério sob o Céu que não há esperança para você, você não tem o direito de chegar a tal conclusão! No intento da minha alma, eu nunca desejei o desencorajamento de uma alma sequer entre todos vocês. Prefiro muito morrer para que vocês vivam! Mas se vocês copiaram palavras amargas e chegaram a conclusões miseráveis, então eu devo instar vocês a serem tão sensitivos e bravos quanto aquela mulher foi, que, quando ela recebeu isso não de sacerdotes, mas recebeu do próprio Cristo, que Ele não foi enviado a pessoas como ela, ainda assim ela perseverou, pressionou e foi até Ele e O adorou, dizendo, “Senhor, socorre-me.”

Alguns podem dizer a mim esta noite – “Por que falar sobre essa dificuldade toda?” Eu falo sobre isso porque ela existe. Ela assusta e preocupa muitas mentes. Muitos estão perturbados e os servos de Deus devem lidar com os seus problemas. Muito alegremente eu deixaria esses medos em paz se eles deixassem o meu povo em paz! O duro fato da predestinação encontra muitos homens em um lugar ou outro – até dos caminhos da filosofia ele não escapa! E quando ele vem obscuramente sobre almas verdadeiramente graciosas, muito de seu poder para injúria cairá sobre a ignorância da pessoa abordada. Se fôssemos melhor instruídos, provavelmente não acharíamos nenhum mistério onde tudo é mistério agora! Os homens esqueceram que a ordenação de Deus lida com tudo – não só com o mundo espiritual, mas também com o mundo natural. Ainda assim eles nunca permitem que ela os interfira em seu trabalho pelo pão, sua luta pela riqueza, ou sua corrida pela fama!

Por que eles deveriam dissociar a questão da salvação das dez mil outras questões que estão englobadas no mesmo anel? Por que os homens agem, em outros assuntos, de acordo com o senso comum, mas sobre esse assunto, transformam montículos em montanhas? Eles imaginam que a vontade de Deus seleciona uma ou duas questões e deixa todas as outras de lado! Eles sonham que ela tira a livre atividade e responsabilidade – e transforma homens em máquinas. Eles não conseguem entender que o plano Divino que interfere com nenhuma vontade dohomem, mas seguramente com a vontade de Deus – nem podem ver como tudo se procede pela livre ação das criaturas como se não existisse Deus – e ainda assim Deus comanda tudo. Eu espero que este assunto não tenha aborrecido os homens, mas é inútil desejar. Ele aborreceu desde o início e irá aborrecer até o fim. Como não podemos alterar os fatos, temos que lidar com eles.

Queridas almas perturbadas, Jesus quer que vocês venham a Ele sem medo! Ele convida vocês a confiar Nele, sim, mais – Ele comanda vocês a acreditarem no nome Dele! Nada que Ele pensou, ou ordenou, ou propôs, ou predestinou, tem alguma tendência de dirigi-los contra Ele. O que quer que a predestinação seja, ou não seja, algo é certo – “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.” Tudo gira em torno Dele e de Sua Cruz. Venha, e não deixe nada te impedir, nem por uma hora!

II. Agora, observem O ATO LOUVÁVEL DESSA MULHER. Considerando o que ela fez, nós vamos chegar à parte prática do tema. E eu percebo que ela não tentou, em momento algum, negar o que Jesus havia dito. Ele disse, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel,” e ela não respondeu, “Senhor, isso não é verdade.” Ela não questionou nada do que Jesus afirmou – isso seria grossa presunção da parte dela. Ela não deu evasivas, ou objetou, ou levantou oposição. Ela aceitou o que Jesus disse sem nenhum argumento. Ela não tentou dizer que era injusto que Cristo viesse apenas para a casa de Israel. Ela não afirmou, como alguns vergonhosamente fizeram, que Deus deveria lidar com um tanto quanto com outro, caso contrário, Ele estaria fazendo acepção de pessoas. Todo esse tipo de coisas, que temos ouvido tão frequentemente, estava longe da mente dela!

Ela foi silenciosa e submissa à fala do Salvador. Ela sequer argumentou que certamente, em sua instância solitária, poderia quebrar as regras. Ela não argumentou contra nada. Ela deixou a Verdade de Deus, que para ela foi negra, em acordo com Aquele cujo nome é luz. Ela vê a nuvem negra, mas a atravessa, sentindo que não pode ser nada além de uma nuvem – e então ela vem aos pés do Salvador e chora, “Senhor, socorre-me! Eu não entendo isto. Eu estou totalmente em uma névoa e em uma confusão. Senhor, ajude-me! Senhor, eu não peço paraentender, mas eu choro por ajuda. Permita-me a acreditar e receber a bênção, deixe a escura Verdade dizer o que eu posso.”

Muitas pessoas são tão fracas no julgamento que se elas tivessem que batalhar contra uma dificuldade antes de poderem ser salvas, elas iriam perecer na tentativa. Oh, pobre Coração, não batalhe contra nenhuma dificuldade! Deixe-a em paz! Se é uma grande Verdade para homens e você é ainda um bebê, não engasgue-se com a carne para homens. Se um grande mistério intromete-se com você, então voe para Jesus Cristo para que ele o liberte disto – com esta oração em sua boca – “Senhor, ajude-me. Eu estou em uma dificuldade. Ajuda o meu entendimento. Eu estou desanimado – ajuda o meu coração. Mas, especialmente, eu estou cheio de iniquidade – ajuda o meu pobre e lamentável caso e faz por mim o que eu não posso fazer por conta própria. Salva a minha alma e me liberta.”

Agora, então, nós vimos o que ela não fez, e nisto ela é admirável. Agora vejamos o que a mulher realmente fez. Ela veio a Jesus. Leia as palavras, “Ela, porém, veio e o adorou.” Primeiramente, ela veio a Jesus e não foi ao redor disso. Ela não foi a Pedro, ou Tiago, ou João – ela veio a Jesus. Ela não ficou parada e chorando, como ela fez antes, à distância, mas chorou até Ele, ela veio a Jesus, o chamou, ela o agarrou. Eu não duvido de que ela se jogou aos Seus pés, embora ela pudesse abraçá-Lo. Ela foi a Jesus. Agora, de tudo que está abaixo dos céus, pobre Alma, voe para o vivo, pessoal Cristo! Não há ninguém vivo como Cristo, o Salvador dos pecadores, cujo deleite é lidar com as doenças e enfermidades dos homens. Não parem, eu rogo a vocês, em doutrinas, ou em preceitos, ou em pastores, ou em serviços – mas vão diretamente para Cristo – o vivo, pessoal Salvador, ungido do Senhor. Sua esperança está Nele!

“Que caminho devo tomar?” você pergunta. Fosse uma questão de ida física, eu sei que se a estrada fosse longa e sombria, vocês começariam nela, hoje à noite, sem demora. Mas é uma ida mental. Vocês devem ir a Jesus, não com os pés e as pernas, mas com a mente e o coração. Lembre-se de que há tal Pessoa. Considerem-No. Pensem Nele. Acreditem Nele. Reverenciem-No, pois Ele é o Filho do Altíssimo. Confie Nele, pois Ele é “poderoso para salvar” (Isaías 63.1). Isso é ir até Ele. Desde que Ele é um Salvador, deixe-o completar o Seu serviço em você. Você precisa grandemente de salvação – dê a Ele a oportunidade de mostrar o que Ele pode fazer. Diga com a sua alma, “Eu sou o chefe dos pecadores – perdido, arruinado e desatado. Eis que venho a Ele! Seu eu perecer, vou perecer confiando Nele.” Uma alma não pode morrer confiando no Senhor – antes o Céu e a Terra acabarem do que Jesus falhar em salvar a alma que confia Nele!

A mulher foi a Jesus imediatamente depois de ele ter proferido Suas palavras de desencorajamento. Nós lemos no texto, “Ela, porém, veio”. “Ela, porém, veio e o adorou.” O que, porém – quando Ele pareceu se afastar dela – porém? Porque, Ele tinha acabado de falar para ela que Ele não fora enviado para ela. “Ela, porém, veio.” Ele tinha acabado de proferir a mais misteriosa e desencorajadora Verdade de Deus, mas, “Ela, porém, veio.” Esse tipo de fé que vem a Cristo somente em dias de verão, entre os lírios do campo, não é de muito uso! Flores e borboletas e todas as coisas que vem com a calmaria e o brilho logo se vão – nós precisamos de uma esperança que possa sobreviver a geada! Esse é o tipo de fé que vem a Jesus no meio do inverno, quando o frio devora e o assopro feroz atinge os montes de neve. Essa é a fé que salva a alma – a fé que se aventura ao Salvador apesar de qualquer condição meteorológica.

A fé salvadora aprende a acreditar em contradições, a rir de impossibilidades e dizer, “Isso não pode ser, mas mesmo assim, será.” Nossa pobre amiga que foi golpeada pelas palavras do nosso Senhor foi secretamente acolhida pela visão de Sua Pessoa. O que uma palavra pode ser comparada a uma pessoa – comparada com uma pessoa como a de Jesus, o Amigo dos Pecadores? Ela acredita Nelemais do que em Sua forma de falar! Ele diz que não foi enviado, mas ali está Ele! Ele diz que Ele não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa Israel – e ainda assim ali está Ele! Ele veio aqui onde não há nenhum da casa de Israel! Ela parece dizer a si mesma, “Se Ele foi enviado ou não, aqui está Ele. Ele veio por entre os de Tiro e Sidom – e eu vim a Ele! Portanto Ele não está escondido de mim pela sua missão. Eu não entendo a Sua linguagem, mas eu entendo o olhar de Seu rosto. Eu entendo as Suas maneiras. Eu entendo o encantamento de Sua Pessoa bendita. Eu posso ver que a compaixão habita no Filho de Davi. Eu tenho certeza de que Ele tem todo o podee dado a Ele para curar a minha filha – e aqui está Ele. Eu não conheço Sua missão, mas eu conheço Ele e eu ainda vou pleitear com Ele.” Então ela foi a Jesus, e por que você não o faria?

Agora, Alma, essa é a noite mais escura de todas para você? Venha para Jesusagora! Você tem certeza de que o seu caso é sem esperança? Certeza de que a sua condenação está selada? Você escreveu o seu próprio atestado de morte? Você fez uma aliança com a morte e uma aliança com o Inferno? Você tem certeza de que será condenado antes do amanhecer? Então venha para Jesus Cristo agora! “Ela, porém, veio”. Essa é a questão – vir para Cristo quando Ele tem uma espada desembainhada na Sua mão, como Bunyan diz – vir para Cristo quando Ele franze as sobrancelhas – vir para Cristo quando tudo diz, “volte”. “Ela, porém, veio.” Mulher brava! Pela Sua Graça eu irei fazer o mesmo.

Mas agora, percebam como ela veio. “Ela, porém, veio e o adorou.” Meu coração se regozija grandemente! Eu queria poder imaginar esta cena. Ela não parou para resolver a questão difícil que Ele colocou a ela – ela olhou para Ele e foi até Ele e quando ela ficou perto Dele, ela fez a melhor coisa que podia – ela O adorou! Ela inclinou sua face diante Dele! E quando ela olhou para cima, foi com um olhar de temor reverente e confidência infantil! Bendito seja o Seu nome – se não podemos entendê-Lo, podemos adorá-Lo!

Agora, você tem pensado sobre si mesmo, e quanto mais você faz isso, mais você vai sentir desalento e desespero. Nenhum conforto virá a você por essa estrada. Se eu fosse você, eu desistiria dessa tarefa e começaria a pensar sobre Jesus, o Filho de Deus, o Salvador dos homens. “Oh, mas eu sou um pecador!” Sim, e Ele é um grande Salvador! “Senhor, eu estou tão negro de maldade!” Mas Ele é capaz de nos tornar mais alvos do que a neve! “Ai de mim, eu mereço grandemente esta maldição!” Sim, mas Ele fez-se “maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gálatas 3.13) Pela morte o Senhor tirou essa maldição. Veja Ele, na Cruz, tirando o pecado humano, e veja se você não consegue imitar o exemplo da mulher – “Ela, porém, veio e o adorou.” Agora, tentem, pobres espíritos temerosos – tentem e adorem! Esta é uma reverência que um coração humilde pode fazer em estilo aceitável.

Um coração convencido fará qualquer coisa antes de adorar. O orgulho, o ego e a rebelião não podem adorar – mas corações humildes são felizes nesse ato! Oh, que você possa se curvar comigo diante do Cordeiro de Deus! O adore agora! “Bendito Filho de Deus! Bendito Filho de Deus! Tu te tornaste Homem para os homens e morreste no lugar dos pecadores! Oh, o Teu amor! Teu maravilhoso amor! E Tu foste para a Glória agora. Tu te assentas à destra de Deus e ali eu Te adoro como o meu Senhor e meu Deus! Se eu não Te chamo de meu Salvador, ainda assim, Tu serás o meu Deus! Se eu não me regozijar em Ti, pelo menos irei Te adorar.” Isso é fala santa! Tem um perfume que o Senhor adora! Dessa forma a fé virá até você. Dessa forma vida, paz e todo o resto virão até você. Essa vacilante cananeia “veio e o adorou” – siga ela e compartilhe da sua bem-aventurança!

Então, notem a prece dela. Alguém já observou que se você estivesse em um pedaço de gelo quebrado e não pudesse chegar à margem do rio, ou achasse que não poderia, um dos melhores caminhos seria ficar de quatro e tentar se arrastar o mais cautelosamente que você pudesse – e tentar sair do gelo e de alguma forma chegar à margem. Essa mulher assim procedeu. Ela pareceu cair nitidamente sobre aquela terrível Verdade de Deus a qual ela não podia entender! Ela adora, venera e reverência Aquele que falou isso – e assim ela espalha a sua fraqueza em todos os possíveis lugares de descanso – e vem seguramente para a praia. “Senhor,” ela diz, “socorre-me. Oh, não me deixe para trás, mas socorre-me! Senhor, não me deixe, mas socorre-me! O que quer que o Senhor tenha a me dizer, diga, e eu irei adorá-Lo enquanto o Senhor o diz –

“Ainda que Tu me destruas, eu confiarei,

Louvar-te até mesmo da poeira,”

Mas, Senhor, socorre-me!”

Meu querido ouvinte, faça isso, e faça agora! Nenhuma doutrina irá perturbá-lo mais – eu tenho certeza de que não irá. Caso contrário, você vai inquirir por que você já se deixou perturbar. Você já deixou a predestinação perturbá-lo nas suas questões diárias? Amanhã você espera ganhar alguns xelins em seu trabalho diário, mas pode ser que você não ganhe – talvez você perca. Por que você não diz a si mesmo, “Pode ser que a Providência de Deus decidiu que eu não ganhe nada amanhã; portanto, eu devo ficar em casa e não fazer nada”? Ora, você não é tolo assim! Você vai abrir as cortinas de sua loja, mostrar seus produtos e fazer o seu melhor – ou você vai sair para o seu serviço e buscar o seu salário de costume. Deixe a Providência de Deus fazer o que ela tem de fazer, sua tarefa é fazer o que você pode! Assim é com uma pobre alma sedenta – o trabalho dessa alma é deixar o Senhor fazer o que Ele quer, mas enquanto isso, chorar, “Senhor, socorre-me!” Totalmente submissa, mas adorando de coração, deita-se aos pés de Jesus e acredita que esse Salvador Divino irá salvar toda alma que se apoiar Nele. Esse é o caminho da sabedoria; siga ele! Deus te ajuda a fazer isso, e fazer de uma vez.

Eu não acho que preciso dizer mais alguma coisa para confortar vocês, pois isso já deve ser suficiente, se o Senhor inclinar o seu coração a buscar a Sua face de uma vez. Lembrem-se disso, que nunca houve uma alma que foi até Cristo e Ele a abandonou! Lembre-se, novamente, que nunca poderá haver tal alma, pois Ele disse, “Aquele que vem até mim, de maneira nenhuma lançarei fora.” Lembre-se, de novo, que toda alma que já veio até Cristo, foi porque o Pai a chamou – e que toda alma que chegou, descobriu, depois, que havia uma eleição de Graça que o englobava – e que Ele estava nela! Até essa pobre mulher chegou a ser uma que Cristo foi enviado para abençoar! Embora, como uma questão geral de fato, na Sua vida, Ele veio para a descendência de Israel, assim como os Profetas vieram para Israel, mesmo assim sempre apareceu uma exceção a respeito dos Profetas e, portanto, não há nenhum espanto que pudesse haver exceções no caso do seu Senhor.

Muitas viúvas estavam em Israel nos dias de Elias, mas para nenhuma delas foi enviado o Profeta, salvo uma mulher de Sarepta, que pertencia à cidade de onde essa mulher veio! Muitos leprosos estavam em Israel nos dias de Eliseu, mas nenhum deles foi salvo, a não ser Naamã, o Sírio. Naamã não pertencia à raça favorecida, era um estrangeiro de muito longe – e ainda assim ele recebeu a benção da cura do Senhor Deus de Israel! A eleição de Deus parecia excluir tudo menos os filhos de Israel – mas apenas parecia – sempre havia alguns estrangeiros na linha dos escolhidos. E essa forma particular de eleição que consistiu no ministério pessoal do nosso Senhor, sendo apenas para os Judeus, não causou a exclusão dessa pobre mulher. Para ela, Jesus Cristo havia manifestamente vindo à linha dos escolhidos, pois ali estava Ele! Ele estava fora de Sua própria fronteira! Ele veio até ela!

Agora, neste momento, qualquer coisa que você pense sobre esta ou aquela doutrina, Jesus Cristo veio até você. Eu tenho pregado a vocês a Sua Verdade e vocês a tem ouvido! Sim, e vocês tem sentido algo de seu poder. Entreguem-se a ela, eu peço a vocês. Se vocês se entregarem a ela, e forem até Ele e confiarem Nele, então regozijem-se, pois as linhas do amor eletivo te enlaçaram! Você é Dele! Você não poderia, nem iria chegar a Ele em oração e simples fé se assim não tivesse de ser! Sua vinda a Ele prova que o Seu amor eterno chegou a você! Vá para casa, oh, mulher de espírito triste, e não fique mais triste! Que o Senhor abençoe todos vocês, em nome de Jesus. Amém.

+

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO USE ESTE SERMÃO

PARA TRAZER MUITOS A UM CONHECIMENTO SALVADOR DE JESUS CRISTO

FONTE::Projeto Spurgeon

Traduzido de http://www.spurgeongems.org/vols28-30/chs1797.pdf

Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público

Sermão nº 173—Volume 30  do Metropolitan tabernacle Pulpit,

Original em inglês: How to Meet the Doctrine of Election

Tradução: Maria Eduarda Lyra

Revisão: Armando Marcos

Capa: Beatriz Rustiguel


[1] Bethlem Royal Hospital é um hospital psiquiátrico localizado em Londres

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Dai aos Gays o que é dos Gays e a Deus o que é de Deus

Carlos Moreira

Introdução

Na última quinta-feira, através da publicação da revista Veja, nos deparamos com os detalhes da decisão inédita do Supremo Tribunal Federal sobre duas matérias de suma importância para o povo brasileiro.

No julgamento da primeira ação, proposta pelo governo do Rio, o STF reconheceu que as uniões homoafetivas – casais do mesmo sexo – passam a ter os mesmos direitos das uniões de casais heterossexuais. “O objetivo é que os servidores tenham assegurados benefícios como previdência, concessão de assistência médica e licença”.

A segunda ação dizia respeito a uma petição da Procuradoria-Geral da República. Ela reclamava “além do reconhecimento dos direitos civis de pessoas do mesmo sexo, declarar que uma união entre estas pessoas é uma entidade familiar”. Essa decisão, na prática, permite que tais casais possam, por exemplo, adotar filhos ou pleitear que seus relacionamentos sejam convertidos em casamentos.

Polêmicas a parte, pois após a decisão veio de imediato uma reação política quanto à competência do STF de tratar questões que deveriam ser, prioritariamente, conduzidas pelo Congresso Nacional, o que está diante de nossos olhos é o prenúncio de profundas mudanças que se estabelecerão no cenário sócio-cultural-religioso de nosso país.

Colocados estes pontos, surge à questão central da qual trata este artigo: “e nós, na condição de cristãos que somos, como devemos nos posicionar frente a estas decisões?”.

Instâncias de Poder na Época de Jesus

Antes de qualquer consideração, quero trazer-lhe uma porção das Escrituras: “Ele lhes disse: “Portanto, dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” Lc. 20:25. Para que você possa discernir a profundidade e as implicações da resposta de Jesus, é fundamental compreender as funções de duas instâncias político-religiosas da nação de Israel em Seu tempo: o Rei e o Sinédrio.

Desde o ano 4 a.C a Galiléia era governada por Herodes Antipas, que reinou até o ano 39 d.C. Ele era um déspota, dono absoluto de tudo, homem que não devia e não prestava contas a ninguém, além de não possuir ética alguma, contudo, por pertencer a uma linhagem “real”, era temido e aceito pela grande maioria do povo como autoridade política. Mas, na realidade, quem governava de fato a Palestina, desde 63 a.C., eram os romanos. De fato, Herodes era só uma marionete nas mãos do império, um “inocente” útil, uma figura caricata, aparentava ter poder, mas, na verdade, fazia apenas o que lhe era ordenado.

O Sinédrio, por outro lado, e de forma bem diferente, representava o supremo tribunal dos judeus em Jerusalém, uma espécie de senado, e sua influência se estendia tanto a Judéia quanto a Galiléia, além de possuir o controle do Templo. Sua função primordial era julgar assuntos da Lei quando surgia algum tipo de discórdia e sua decisão era final, não cabendo qualquer apelação. O Sinédrio era composto por 71 membros, sendo a grande maioria pertencente ao partido dos Saduceus, os quais representavam o poder, a nobreza e a riqueza.

Voltemos ao texto. Se você for ler todo o capítulo, perceberá que a discussão de Jesus é com mestres da Lei, sacerdotes e líderes religiosos. Eles queriam apanhar Jesus em algum tipo de contradição, fato que seria suficiente para levá-lo diante do Sinédrio (instância religiosa). Por outro lado, se ele cometesse algum tipo de transgressão civil, como um motim, poderia ser levado ao rei Herodes (instância política) e este, por sua vez, o encaminharia para ser julgado pela autoridade romana competente, no caso, Pilatos.

Mas a armadilha não funcionou. A resposta de Jesus deixou todo mundo de “calça curta”, foi um verdadeiro “xeque-mate”: “dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus“. Nela nem se podia encontrar violação contra o império, nem muito menos transgressão religiosa. A questão aqui é: Jesus ficou em cima do muro? Tendo sido ousado em tantas outras questões, “amarelou” nesta?

Eu sempre achei curioso o fato de Jesus não entrar no tema em si, de não questionar se o imposto era certo ou errado, justo ou injusto, devido ou não, se seu destino era para realizar o bem ou apenas para servir de instrumento de enriquecimento ilícito de uns poucos. Na verdade, Jesus fez uma dicotomia perfeita: separou a instância política dos preceitos da religião, e mesmo assim não deixou de pontuar o que era concernente ao Reino de Deus; pôs cada coisa em seu devido lugar!

O Estado Moderno e a Igreja

Como devemos nos posicionar quanto às decisões do STF? Bem, antes de dizer o que penso, deixe-me trazer uma questão conceitual importante sobre a diferença que há entre o poder do Estado e o “poder” da Igreja.

Citando Gustavo Biscaia de Lacerda, Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná, “a separação entre a Igreja e o Estado é um dos princípios basilares do Estado brasileiro e, na verdade, do moderno Estado de Direito. Embora em um primeiro instante pareça que ele refere-se apenas à impossibilidade de o Estado não professar nenhuma fé, ele tem outras aplicações. A separação entre Igreja e Estado não é apenas um princípio negativo, que veda ao Estado a profissão de fé ou à Igreja de intrometer-se nos assuntos estatais; na verdade, o que ele consagra é a laicidade nas questões públicas, no sentido de que não se faz – não se deve fazer – referência a religiões ao tratar-se das questões coletivas”.

“Traduzindo em miúdos”, no Brasil, desde a constituição de 1.891, Igreja e Estado são instituições separadas, que possuem suas próprias leis e jurisdições, e que não podem interferir uma nas ações da outra.

Eu estou certo de que nós teremos muitos protestos, em todo o país, quanto a estas decisões polêmica do STF. Várias instituições religiosas, tanto católicas quanto protestantes, se manifestarão contundentemente de forma contrária. Meu pensamento, todavia, é diferente, e aqui falo por mim mesmo, não sendo representante de nada nem de ninguém a não ser de minha própria consciência.

Parte do texto da ação impetrada pelo governo do Rio de Janeiro diz o seguinte: “… Não reconhecer essas uniões contraria princípios constitucionais como o direito à igualdade e à liberdade, além de ferir o princípio da dignidade da pessoa humana”.

Conclusão

Para mim, há duas formas de um cristão se posicionar frente a estas questões. A primeira é reconhecer o direito do Estado de fazer cumprir as leis, de agir de forma justa quanto à coletividade, de buscar o bem comum independentemente de raça, credo, cor, orientação sexual, ou qualquer outra questão que produza diferenciação, exclusão ou acepção.

Se você me perguntar se eu acho que os gays têm direito a dignidade, direito a receber benefícios aos quais, mediante a lei, façam jus, direito a ser tratados com equidade, eu lhes direi que sim, pois penso ser esta uma questão de Estado e que nos remete ao princípio inalienável da dignidade humana. O fato de discordar da forma como vivem do ponto de vista de sua orientação sexual não é motivo para desejar privá-los de seus direitos civis. E mais, acho que eles possuem os mesmos direitos dos adúlteros, dos mentirosos, dos facciosos, dos sonegadores do imposto de renda, dos avarentos, dos egoístas, dos jactanciosos e dos fofoqueiros. Fico por aqui para não ter de citar a lista de todos os pecados que cometemos, eu e você…

A segunda forma de responder a estas questões me retira do âmbito do Estado e me coloca dentro da “jurisdição” do Reino de Deus. Por esta perspectiva, se você me perguntar se um casal gay pode ser considerado uma “entidade familiar” eu lhe direi que não, pois isto fere um princípio das Escrituras onde Deus estabelece a família como sendo a união entre um homem e uma mulher. Ainda assim, terei de acatar a decisão do Estado, por ser ela de caráter civil, e por ser o Estado laico, mas dou-me ao direito de, na Igreja, pensar de forma diferente, não estabelecendo assim tal decisão como parâmetro ou padrão para a comunidade de fé.

E mais, sendo eu partícipe de uma sociedade democrática, dou-me ao direito de expor meu pensamento de que o Estado pode ir até certo ponto e de que o Evangelho, encarnado em Jesus, vai a partir de então, pois, sendo confrontados um contra o outro quanto a princípios estabelecidos nas Escrituras, “seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso” uma vez que “importa agradar primeiramente a Deus, e não aos homens”. Se esta conta ficar cara, e me cercear meu direito de liberdade, de exercício ministerial, gerar perseguição, ou seja lá o que for, terei uma grande oportunidade de provar qual a natureza, significado e propósito de minha fé.

Assim, resumindo, eu diria o seguinte: “daí aos gays o que é dos gays e a Deus o que é de Deus”. Não deixarei de pregar que o padrão das Sagradas Escrituras para a sexualidade humana é a união entre homem e mulher, mas também não permitirei que minha consciência seja cauterizada pela caducidade da “letra” que mata em detrimento do Espírito do Evangelho, não me darei ao desplante de “coar mosquitos e engolir camelos”, não distorcerei a justiça sendo tendencioso por causa de questões que a Igreja condena, não ficarei cego quando o assunto tratar do que é justo quanto à dignidade humana em razão de preconceitos religiosos, pois fui chamado para ser portador da Graça, não do juízo, quero anunciar a Salvação, não a condenação, ser instrumento do Amor, não do ódio. Quem achar ruim, que vá fazer piquete na rua!

Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Ele posta aqui, no Genizah, e também na Nova Cristandade.

Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/05/dai-aos-gays-o-que-e-dos-gays-e-deus-o.html#ixzz1Nv2bCuTL
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27-5-16-a 006

 Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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O Crente e o Sexo, a Pesquisa.

 

Nesta edição do Almanaque Genizah, temos o orgulho de apresentar os resultados do mais completo estudo sobre a sexualidade da população evangélica.
Uma pesquisa inédita executada pelo BEPEC – Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã – em parceria tecnológica com a AKNA SURVEY, fornecedora de uma das melhores plataformas de pesquisa online do mundo.
O projeto O Crente e Sexo foi concebido pelos editores de Genizah e contou com a participação da Revista Cristianismo Hoje – além do talento de uma série de líderes cristãos, convidados a colaborar nas linhas de abordagem do tema e na análise de dados.
A pesquisa foi realizada por meio digital e envolveu amostragem científica e envio de instrumento de coleta de dados, por e-mail, para 71.552 pessoas, de uma amostra da base de mais de 1,5 milhão de evangélicos cadastrados.

Nesta edição, apresentamos os resultados para o grupo-alvo EVANGÉLICOS CASADOS. Outros grupos, como jovens, solteiros, etc. Serão apresentados oportunamente.

Entre os gráficos, o leitor encontrará comentários destacados de grandes líderes e formadores de opinião na igreja evangélica brasileira acerca de resultados específicos do estudo ou do projeto, de forma genérica. Foram convidados a opinar lideres de diferentes linhas teológicas, denominações e atuação ministerial. Os comentários publicados não representam a opinião do BEPEC, do Genizah ou da Revista Cristianismo Hoje.
Temos a certeza de que os resultados serão de extrema utilidade para os líderes, aconselhadores, acadêmicos e, principalmente, para os próprios casados em Cristo. Ficamos felizes com o estímulo que estes achados oferecem para a produção de textos e projetos abençoadores do povo de Deus.

Para fins de publicação, o estudo está dividido em três partes:
– Parte 1 – Fidelidade e Hábitos;


Parte 2 – Vivências e Atitudes; e


Parte 3 – Percepções.

Qualificação dos Respondentes

Informações acerca da população pesquisada, objetivam cortes, classificação, qualificação, etc.


NOTA 1

A qualificação acima é decorrente da percepção dos respondentes. Estes foram convidados a escolher o grupo que melhor representaria a sua própria igreja. Foram indicadas as principais igrejas / denominações, bem como, grupos nomeados com a linha teológica básica. Estes últimos, com exemplos de igrejas pequenas e médias  pertencentes ao conjunto, de forma que o respondente membro de uma igreja não listada não teve dificuldade de enquadrar a sua igreja / comunidade na categoria mais representativa de sua linha teológica. A qualificação “OUTROS” abarcou as denominações menores difíceis de serem enquadradas nos grupos apresentados, os desigrejados, os movimentos de igrejas em casa e as comunidades emergentes. As seitas mais conhecidas, como as Testemunhas de Jeová, tiveram as suas respostas expurgadas.

NOTA 2


A amostra não inclui pessoas com idade declarada inferior a 16 anos, exceto aquelas pessoas que se declararam casadas.


Em relação a denominação, a amostragem para o envio dos instrumentos de coleta de dados foi construída segundo os resultados obtidos no último Censo do IBGE.  Os gráficos representam a segmentação, segundo as respostas válidas.


Quanto ao tempo de “convertido”, observamos uma população, em média, mais madura no Evangelho. Contudo, vale ressaltar que o gráfico reflete os resultados para a  população EVANGÉLICOS CASADOS, como de resto os demais gráficos, salvo quando de outra forma for apresentado.

Um pouco sobre a metodologia

Este projeto é um esforço conjunto do site Genizah e BEPEC – Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã.
Contou ainda com o apoio da Revista Cristianismo Hoje www.cristianismohoje.com.br e a parceria tecnológica da AKNA , fornecedora da ferramenta de amostragem e coleta de dados digital.
Na fase da pre-pesquisa, foram disponibilizados links para o instrumento de coleta de dados em diversos sites evangélicos de alto tráfego, bem como, redes sociais. Entre outros: Genizah, Gospel Prime, etc. As 2.428 respostas obtidas possibilitaram refinar o instrumento de coleta de dados e ofereceram subsídios para inferências e parâmetros para a amostragem. Os dados coletados nesta fase foram descartados.
Na segunda fase, produzimos uma amostra de e-mails de evangélicos equilibrada, segundo a participação dos grupos de denominações evangélicas no Brasil, sexo e outros fatores. O BEPEC / Genizah possui o maior banco de dados de e-mails de evangélicos brasileiros – superior a 1,5 milhão.
Utilizamos a ferramenta AKNA SURVEY para a amostragem científica, envio de questionários, apuração e tratamento de dados em mídia digital. A ferramenta enviou CONVITE e um link controlado via cookie – uma resposta por máquina – para 71.552 pessoas.
Para o grupo-alvo EVANGÉLICOS CASADOS obtivemos 5.139 respostas válidas. Para o grupo-alvo SOLTEIROS obtivemos 6.721 respostas válidas. As respostas do grupo VIUVOS E DIVORCIADOS ( 734) foram descartadas para análise por grupo, mas mantidas para as questões genéricas, aplicadas à população de EVANGÉLICOS.

O Crente e o Sexo, a Pesquisa. Parte 2 – Vivências e Atitudes


 

`Vivências

Cortes por grupos denominacionais, idade e gênero.



De fato espanta o elevado número de cristãos que dizem ter feito sexo antes do casamento quando sabidamente a Igreja e mesmo grupos ligados à saúde defendem a abstinência. Mas devemos festejar os 49,93%, que fazem valer os princípios bíblicos e seguramente colhem frutos por isso.”

Magno Paganelli

Pastor, escritor, editor

Arte Editorial




O fato que permeia a pesquisa é que a maneira como os evangélicos encaram o sexo antes no casamento está mudando.

Johnny T. Bernardo

Apologista, escritor

INPR Brasil – Instituto de Pesquisas Religiosas




NOTA

Pentecostais incluem todos os ministérios Assembleianos e outras denominações pentecostais (Quadrangular, Deus é Amor, etc.) Os neopentecostais incluem a Universal e suas dissidências (Internacional, Mundial, Mundial renovada, etc.) e outras neopentecostais (renascer, bola de neve, vida nova, etc.). Tradicionais incluem os reformados, os batistas, luteranos, metodistas e demais históricos. Outros são as respostas fora da classificação oferecida pelo instrumento de coleta de dados e ainda algumas minoritárias aqui agregadas neste corte específico, entre outras: Adventistas, igrejas em casa, desigrejados, emergentes e comunidades. Os conjuntos formados servem apenas a este corte, para qualificação denominacional dos respondentes ver Q2.




Pelo visto, o pessoal da confissão positiva está tomando posse da benção até fora de hora…

Carlos Moreira

Pastor, escritor, teólogo

Editor assistente do Genizah

56,07% fizeram o test-drive antes de se comprometerem perante Deus e os homens. Entre os neo-pentecostais o índice é ainda maior: 76,99%. Não se pode manter um discurso puritano ao extremo, fingindo que o problema não existe. Há que se dialogar abertamente com os jovens enamorados quanto aos riscos de uma vida sexual pré-marital.

Bispo Hermes Fernandes

Escritor, compositor, teólogo

Líder da Reina

 


A liderança da igreja está falhando em tudo nesta matéria. De maneira geral, não está preparada para tratar a questão e, quando está, a evita.  A orientação bíblica relativa ao sexo chega aos casais cristãos de forma truncada e poluída. Quando chega! Sobram costumes, achismos, hipocrisia. O resultado é que é o crente anda sem a proteção da Palavra nesta matéria, o resultado está ai.

 

Cláudio Duarte

 

Pastor e conferencista

Batista


O intercurso sexual, entre seres criados à imagem e semelhança de Deus, deve ser regido pelo respeito à dignidade humana. Não podemos usar pessoas. Somos responsáveis por quem cativamos.

 

Antônio Carlos Costa

 

Pastor, teólogo Calvinista
Presidente do Rio de Paz

 

Igreja Presbiteriana







O propósito destes cortes é verificar se o tempo de matrimônio e / ou o tempo de evangelho afetam a ocorrência. Alguns poderiam imaginar que os casamentos mais antigos guardam valores mais tradicionais, incluindo o estudado. Não é o que se verifica neste caso. Já o tempo de evangelho é um fator decisivo. Limites superiores  aos 7 anos de maturidade na fé tendem a produzir resultados mais conservadores.

 

Danilo Fernandes

Survey Director

Profissional de Marketing

Editor do site Genizah



Claro que a liberalização dos costumes tem também a ver com os resultados  da pesquisa. Mas sou propenso a acreditar que as coisas devem ter sido sempre assim, porque regra geral o sexo é tratado como tabu dentro das igrejas, com algumas exceções. Até mesmo entre as famílias os pais ainda têm dificuldade de tratar do tema com os filhos. Ou seja, o ensino sobre a vida conjugal e sexual na maioria dos casos não faz parte da homilia pastoral. O que eventualmente acontece é promover um encontro de casais aqui outro acolá e tudo fica por isso mesmo. Regra geral, os crentes são tratados como “massa” e esquecidos em suas particularidades.

 

Geremias do Couto

 

Jornalista, escritor e conferencista
My Hope Project da Associação Evangelística Billy Graham.

 

Assembléia de Deus




Os dados secundários a seguir – fonte Ministério da Saúde – balizam os indicadores desta pesquisa referentes ao comportamento homossexual de evangélicos dentro da ocorrência média da população total, com suaves nuances. Os homens evangélicos casados apresentam ocorrência de experiência homossexual ligeiramente superior a média da população geral – 10% -, mas dentro da margem de erro das duas pesquisas de maneira que se encontram dentro do perfil populacional brasileiro. Já as evangélicas casadas e solteiras se encontram em patamar inferior no que diz respeito a esta ocorrência. Na população geral, 5,2%, entre as evangélicas casadas 3,7%., nas solteiras 4%.  Finalmente, é importante lembrar que a questão se refere a uma experiência ou mais, em qualquer momento da vida – como também formulada na pesquisa do Ministério da Saúde. Portanto, não explicita se esta experiência ocorreu antes ou depois da conversão ao Evangelho e nem tão pouco indica relacionamento homossexual atual. Esta última questão é  aferida no gráfico 15, para o qual não existem dados secundários comparativos.

 

Danilo Fernandes

Survey Director

Profissional de Marketing

Editor do site Genizah





O Crente e o Sexo, a Pesquisa. Parte 3 – Atitudes e Percepções

 

Esta é a terceira e última parte da pesquisa O Crente e o Sexo – Casados.


Atitudes e Percepções

Amostragem em escalas de dados ordinais, com expressão de percepção por concordância em escalas Likert. (exceto 2 questões de dados nominais).

 

Se a base do casamento sólido não é CRISTO, é o que? SEXO? Deus fez o sexo pra nos alegrarmos, mas daí a se tornar base…

Willy Bretas Galgoul

Editor Ichtus Editorial

Coisas de Crente



 

“Todos concordam, mas […] É a hipocrisia do hipócrita.

Caio Fábio

Pastor, Teólogo
Caminho da Graça

Prega-se algo que não se vive. Por trás de uma fachada puritana se esconde todo tipo de permissividade, e até mesmo perversão.

Bispo Hermes Fernandes

Escritor, compositor, teólogo

Líder da Reina



 

A ocorrência de 37,5% dos evangélicos acreditarem que entre quatro paredes vale tudo mostra que somos vítimas de analfabetismo bíblico, superficialidade da fé e um hedonismo crônico. O modelo atual de igreja, que não discipula adequadamente seus membros, leva a conclusões absurdas como esta. […] O fato de líderes cristãos de grande visibilidade na mídia afirmarem que vale tudo entre quatro paredes colabora para a prática em larga escala de sexo anal, quando a Bíblia infere isso como pecado.

Maurício Zágari

Jornalista, escritor, tradutor

Editor da Editora Anno Dominni

Editor e locutor do programa de rádio Mosaico Cristão (Rádio 93 FM – RJ).


 


Ou seja, para maioria dos respondentes o casal é o dogma.

Caio Fábio

Pastor, Teólogo
Caminho da Graça

Na sociedade contemporânea, talvez pela grande influência da mídia, o sexo entre os casais tem assumido matizes bem diferentes do início do século XX. Para mais de 55% dos entrevistados, desde que ambos concordem, na “cama vale tudo”, ou seja, o que depreende-se daí é que práticas tradicionalmente “problemáticas”, como os sexos oral e anal, hoje já não são mais tabu para estes evangélicos.

Carlos Moreira

Pastor, escritor, teólogo

Editor assistente do Genizah



 

Nos números mostrados, mais da metade – 56,4% – crê que vale tudo na cama, desde que aprovados pelo casal (até brinquedinhos e, quem sabe, lógico, os comprimidinhos com os quais, não existe cristão fraco ou sem apetite). Mesmo que, por conta da ala neo-pentecostal venham padecendo do mesmo mal que atingiu o ramo Católico-Romano, onde um clero (os profissionais da religião e aparentemente inimigos do prazer da criatura) vez por outra manifeste-se tentando legislar para muito além das fronteiras que lhe diz respeito, ditando o que podem ou não os casais no âmbito das suas intimidades.

Rubinho Pirola

Pastor reformado, cartunista

e grato pelo dom do sexo.


 

Ainda assim, por males dessa religiosidade moralista e hipócrita, própria do ser humano – e reconhecida por eles mesmos – continuam os evangélicos muito exigentes com os pecados sexuais do que as falhas de carácter e ética. Parece que como todo grupo religioso – não cristão – cuja pregação é baseada na misericórdia e na tolerância para com a fraqueza humana – ainda também têm eles mais rigor para com os pecados nas camas dos outros do que na sua!

Rubinho Pirola

Pastor reformado, cartunista

e grato pelo dom do sexo.

 

35,8% dos homens casados evangélicos pesquisados concordam plenamente que a orientação pastoral pode ser edificante na vida sexual de um casal. Confesso que este foi um dos dados que mais me chamaram a atenção. Homens costumam ser muito reservados em se tratando de vida conjugal, e não gostam que outros opinem. Por incrível que pareça, entre as mulheres pesquisadas o índice foi ligeiramente menor. 34,8% estariam abertas à orientação pastoral quanto à sua vida conjugal. O problema é que pouquíssimos pastores se vêem preparados para dar este tipo de orientação. A política de muitos deles se baseia na expressão “deixa rolar”. Talvez se deixassem de enxergar Cantares de Salomão como se fosse simplesmente uma alegoria da relação entre Cristo e a Igreja, e passassem a pregar sermões para os casais baseados nesse livro, haveria algum progresso na compreensão de muitos com relação aos prazeres do sexo na vida conjugal.

Bispo Hermes Fernandes

Escritor, compositor, teólogo

Líder da Reina

Por tudo o que vejo e sei acerca do típico agir do público masculino nas atividades das igrejas, fica a certeza de que este querer, manifestado aqui pelos homens (de contar com aconselhamento pastoral na matéria da vida sexual), reside mais no plano da vontade do que da prática. O que é bom! É evidencia de que há muito o que se fazer para reverter o quadro presente e os homens esperam por nossos esforços abertos e com alegria. Contudo, temos um caminho longo a trilhar de forma a alcançar a relevância no ministério junto aos homens. A igreja hoje é extremamente feminina e os pastores são, em geral, despreparados para entregar sermões e aconselhar nas matérias centrais da vida dos homens – isto inclui os desafios da fidelidade, da vida sexual saudável, dos negócios, da cidadania. Por consequência, a ética cristã nos negócios não prevalece e o mesmo acontece no plano moral, sexual, etc. A igreja precisa preparar servos com formação e vivência capazes de aconselhar homens em seus desafios específicos, à luz da Bíblia. Café da manhã devocional pode ser bom, mas não é isto que irá revestir os homens da armadura de Cristo em suas batalhas de segunda à sexta, pelo menos é o que se comprova.

Danilo Fernandes

Editor do Genizah


Comportamento e Percepções

Amostragem em escalas de dados nominais, escalas Likert de 3 e 5 pontos.

A falta de diálogo está no topo das causas de atrito entre os casais. Eu diria mais: Da família. Como se vê no gráfico, tudo se supera com comunicação. Esta é a chave. A começar pelo casal que deve separar um tempo diário para conversar e outro tanto para estimular a família a estar junta, conversar e se acolher. O exterior está sempre propondo atividades que nos separam, mas não podemos abrir mão do espaço de convívio da família e desta com Deus. É este encontro que irá garantir a qualidade de todas as nossas outras atividades.

Cláudio Duarte

 

Pastor e conferencista

Batista

Eu próprio já vi até “tabelinhas do pode isso-não pode aquilo” em algumas dezenas de congregações. Nessas paragens, o livro bíblico de Cantares (de Salomão) cheio de um conteúdo poético-erótico, seria queimado em praça pública, não estivesse no cânon, ainda que se invente às pressas, sempre “interpretações meia-boca” para “suavizar” seu texto.

Rubinho Pirola

Pastor reformado, cartunista

e grato pelo dom do sexo.

Ai está danado… São os Aiatolás da igreja decretando suas leis. […] E é aquele negócio: Não pode “aitolá” aqui, não pode “aitolá” ali…

Caio Fábio

Pastor, Teólogo
Caminho da Graça

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.