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O cardápio certo para ganhar energia

 

Conheça os alimentos indicados pela ciência para aumentar a vitalidade e aprimorar a performance do corpo e da mente

Rachel Costa

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Num mundo de rotinas extenuantes e de correria, ânimo e disposição são duas palavras que todos querem acrescentar à rotina. Mas de onde tirar a energia necessária para dar conta das inúmeras demandas impostas pelo cotidiano? Embora a sensação da maioria das pessoas seja a de que só sendo um super-homem ou uma supermulher para dar conta de tudo, a fonte de mais disposição pode estar bem mais perto do que se imagina, escondida nos alimentos que ingerimos diariamente. É nisso que têm apostado cientistas de várias partes do globo, hoje empenhados na tarefa de formular uma espécie de cardápio ideal que forneça a energia de que o organismo necessita. Se o corpo humano fosse uma máquina, esses pesquisadores estariam em busca dos melhores combustíveis para mantê-lo em atividade, garantindo o menor desgaste e o melhor desempenho possível.

O resultado do esforço é positivo. Até agora, são muitos os achados, boa parte deles concentrada na área da nutrição esportiva. Portanto, beneficia diretamente – mas não somente – aqueles que desejam potencializar sua performance durante a atividade física. Nesses momentos, é sabido que o consumo de energia aumenta, e a forma como o corpo irá consumir o combustível disponível também. Por isso, nada mais razoável do que tentar assegurar às células o máximo possível de potência nessas circunstâncias. Recentemente, cientistas suecos e ingleses divulgaram a descoberta dos mais recentes aliados nesta tarefa: o espinafre e a beterraba.

Esses dois alimentos são ricos em nitrato, substância que, até pouco tempo atrás, não estava entre as mais bem-vistas pela ciência. Chegou-se a levantar a hipótese de que poderia ser tóxica ou mesmo não ter nenhum valor nutricional. No entanto, pesquisa do Instituto Karolinska, na Suécia, que acaba de ser divulgada, revelou que o nitrato age sobre a mitocôndria (organela responsável pela respiração celular), fazendo-a trabalhar de modo mais eficiente. “Dessa maneira, perde-se menos energia durante o exercício”, disse à ISTOÉ Eddie Weitzberg, coordenador do trabalho.
Na pesquisa, os voluntários receberam, durante três dias, um suplemento de nitrato com uma quantidade equivalente ao consumo de duas beterrabas ou um maço de espinafre por dia. No quarto dia, os participantes foram submetidos a uma série de exercícios na bicicleta. O resultado: após o consumo do complemento, as pessoas gastaram de 3% a 5% menos oxigênio para realizar a mesma atividade. Como se o mesmo carro conseguisse ter o mesmo desempenho de antes, porém gastando menos combustível.
Na Inglaterra, a comprovação da eficácia do nitrato foi feita a partir de um trabalho usando suco de beterraba. Pesquisadores da Universidade de Exeter deram a ciclistas meio litro de suco da raiz antes do treino, durante seis dias. “Eles conseguiram aumentar em 16% a distância percorrida”, explicou à ISTOÉ Andrew Jones, um dos cientistas responsáveis pela experiência.

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ADAPTAÇÃO NO CARDÁPIO
Quando se mudou para Londres, a estilista Priscilla Vieira Ramos, 31 anos, se deparou com
o excesso de gordura dos pratos. “Ficava indisposta após as refeições”, conta. Para contornar
o problema, ela deu um jeitinho brasileiro. “Troco o feijão branco com salsicha
no café da manhã, típico dos ingleses, por frutas e iogurte com cereais.”

Outro componente que tem despontado em análises científicas é um velho conhecido dos esportistas: as proteínas, presentes em alimentos como carnes, leite e soja. Sua utilidade na regeneração das fibras musculares após os esportes já é sabida há décadas – os aminoácidos nelas presentes são essenciais para a constituição dos músculos. “Existem oito aminoácidos essenciais que nosso organismo não produz e que precisam vir dos alimentos”, esclarece Antônio Lancha Júnior, coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Atividade Motora da Universidade de São Paulo.
Mas o que se busca saber agora é se o consumo das proteínas durante o exercício – e não somente depois – também pode ser benéfico. O tema ainda é polêmico, mas já há indícios de ganhos durante exercícios moderados, obtidos com a adição proteica em bebidas esportivas. Foi essa a conclusão à qual chegou o professor John Ivy, da Universidade do Texas (EUA). Em seu experimento, ciclistas ingeriram, durante o exercício, uma bebida contendo carboidratos e proteína, enquanto os restantes receberam uma opção contendo apenas calorias. Quem teve o reforço proteico conseguiu, após a exaustão muscular, pedalar um pouco mais.

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DISPOSIÇÃO PELA PROTEÍNA
Vegetariana e triatleta, a engenheira mecânica Adriana Baffa, 28 anos,
sempre se hidrata e pesa bem o que come para não faltar proteína.
Sem recorrer à carne, ela encontrou no ovo um aliado.
“Tinha um pouco de receio em comê-lo, pois achava que engordava,
mas percebi que estava enganada.”

Ainda no que diz respeito ao consumo de proteína para melhorar a disposição na atividade física, é de se destacar a descoberta da nutricionista Nancy Rodriguez, da Universidade de Connecticut (EUA). Em vez de bebidas prontas, ela testou o poder da velha e boa combinação do leite com achocolatado. Verificou que a mistura é perfeita. “Além da composição da proteína do soro do leite, há os carboidratos do chocolate e micronutrientes essenciais, como as vitaminas A e D”, disse ela à ISTOÉ.
Avanços importantes também estão sendo registrados na identificação de compostos que fornecem mais energia para a vida de modo geral. Felizmente, a lista é cada vez mais extensa. E, embora os grupos de nutrientes apresentem o mesmo benefício, o fazem por caminhos diferentes. Há alguns de ação mais direta. Um exemplo é o magnésio, mineral presente em amêndoas, castanhas-de-caju e avelãs. A ciência já descobriu que ele participa do processo de transformação do açúcar presente na circulação sanguínea em energia. Outro elemento também fundamental para a formação da reserva de energia do corpo é o fósforo, encontrado em carnes, peixes e ovos, por exemplo.
Mas há aqueles que têm atuação indireta, porém não menos importante. “O óleo de coco extravirgem, por exemplo, ajuda a evitar alterações hormonais que levam ao cansaço e desânimo”, diz a nutricionista funcional e bioquímica Lucyanna Kallouf, de São Paulo. Nesta categoria, os estudos têm apontado outro elemento indispensável: o selênio, mineral presente em abundância em nozes e na castanha-do-pará. “Esse nutriente é vital para a produção de uma enzima que age junto aos hormônios da tireoide”, explica Sílvia Cozzolino, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. A glândula tireoide é responsável por controlar, entre outras coisas, o metabolismo, influindo diretamente na sensação de cansaço físico e mental. Portanto, se algo não vai bem com ela, uma das consequências pode ser justamente a falta de pique.
As vitaminas presentes em frutas oferecem principalmente dois benefícios. O primeiro é proteger o organismo do desgaste causado pelo estresse, sabidamente um inimigo da vitalidade. O segundo é, em alguns casos, contribuir para o melhor aproveitamento de outros elementos indispensáveis quando o assunto é o estoque de energia. Tome-se como exemplo o papel da vitamina C, presente na laranja, acerola e morango, para a absorção do ferro. Esse mineral é extremamente importante para o bom funcionamento da hemoglobina, pigmento cuja função é a de transportar o oxigênio pelo corpo. Descobriu-se que sem vitamina C sua ação fica prejudicada.

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FORÇA GARANTIDA
Calcular calorias faz parte do dia a dia do empresário Fernando Viscardi,
44 anos. A cada refeição, ele pensa o que já ingeriu no dia. “E faço minhas escolhas de modo a
consumir porções adequadas de cada nutriente”, conta. Viscardi capricha em verduras,
ricas em substâncias que ajudam a manter a força e a disposição.

Uma atenção especial vem sendo dedicada à busca do que é preciso para melhorar o fornecimento de energia ao cérebro. Não sem razão. Afinal, é para esse órgão que vão quase 20% das calorias ingeridas pelo ser humano. “O combustível preferido da mente é a glicose”, disse à ISTOÉ o psicólogo e fisiologista Leigh Gibson, da Universidade de Roehampton, na Inglaterra. Uma resposta já é consenso. Para mantê-la com combustível adequado, deve-se ingerir alimentos ricos em carboidratos com regularidade. Mas, de preferência, não aqueles com carboidratos de rápida absorção, como os fornecidos por pães e massas brancas. A escolha certa são opções integrais, ricas em fibras. Se por um lado alimentos como cereais e pães integrais demoram mais para dar a primeira carga de energia para o nosso corpo, por outro eles conseguem oferecer energia por mais tempo, sem muitas oscilações.
Não se pode deixar de fora, ainda, micronutrientes fundamentais para o bom funcionamento cerebral. Os primeiros são o sódio, o potássio e o cálcio (encontrado em grande quantidade em leite e derivados). Eles estão envolvidos em processos que permitem a transmissão correta de informações entre os neurônios. Os outros são o zinco (presente no feijão e na lentilha, por exemplo), ferro, selênio e vitaminas do complexo B e vitamina C. Todos participam da síntese de proteínas e da composição das substâncias que fazem a troca de informações entre as células nervosas. “Além disso, é preciso incluir na dieta substâncias que retardam o envelhecimento cerebral”, completa a neurologista Maria José Silva Fernandes, da Universidade de São Paulo. Entre elas estão vitaminas presentes nas frutas.

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ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA
Para resistir a provas com mais de um dia de duração, o corredor de aventura e consultor
esportivo Rafael Campos, 34 anos, tem várias táticas para prover a energia necessária ao corpo.
“A cada hora, uso ou uma bebida ou um gel contendo carboidrato.” Batata assada, macarrão,
banana e maçã também ajudam. “Levo quando são provas com mais de quatro horas de duração.”

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HUMOR REVITALIZADO
Vinte e seis anos, mas com pele, cabelos e humor de 50. É como
a empresária Bruna Haag Iasi estava se sentindo antes de mudar radicalmente a alimentação.
Na nova dieta, aprendeu a não exagerar demais nos carboidratos e a acrescentar
à mesa alguns alimentos, como a castanha-do-pará, rica em selênio.
“Como um pouquinho toda manhã.”

Outras alternativas consideradas energéticas, como o ginseng e a gingko biloba, ainda necessitam de pesquisas mais detalhadas apontando seus reais efeitos sobre o organismo. Foi essa a conclusão de uma revisão de mais de 30 estudos publicada há pouco mais de um mês pela Organização para a Pesquisa em Ciências da Vida, uma associação de cientistas americanos voltada para analisar questões relacionadas à biomedicina, nutrição e segurança alimentar. “Há algumas evidências da ação da gingko biloba sobre o humor e a atenção, por exemplo, mas nada conclusivo”, disse à ISTOÉ Michael Falk, diretor executivo da organização.

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HIDRATAÇÃO SEMPRE
Beber água nunca foi o forte da carioca Danielle Salgado, 28 anos.
O hábito veio depois que ela começou a correr.
“Sempre tomo um isotônico ou uma água de coco depois do treino”, conta.
Além disso, o copo de água passou a frequentar sua mesa durante o expediente.
“Percebi que, bem hidratada, meu rendimento é melhor.”

Diante das novidades, porém, vale a boa e velha parcimônia. O segredo para tirar mais energia dos alimentos, ensina Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, é pensar mais sobre o que comemos. “Precisamos primeiro entender o que nos faz bem e o que nos faz mal, o que varia de acordo com o metabolismo da pessoa”, analisa. “A partir desse processo, devemos usar o que descobrimos para montar o nosso prato.” Afinal, lembrando da associação inicial entre máquinas e corpo humano, ninguém tentaria fazer um carro movido a gasolina funcionar com álcool – por mais que haja outros veículos que só funcionem com este combustível.

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Fonte:isto é independente

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Prisão e julgamento do apóstolo Paulo

 

 

A personalidade de Paulo em suas epístolas
As epístolas de Paulo são o espelho de sua alma. Revelam seus motivos íntimos, suas mais profundas paixões, suas convicções fundamentais. Sem a sobrevivência das cartas de Paulo, ele seria para nós uma figura vaga, confusa.
Paulo estava mais interessado nas pessoas e no que lhes acontecia do que em formalidades literárias. À medida que lemos os escritos de Paulo, notamos que suas palavras podem vir aos borbotões, como no primeiro capítulo da carta aos Gálatas. Às vezes ele irrompe abruptamente para mergulhar numa nova linha de pensamento. Nalguns pontos ele toma um longo fôlego e dita uma sentença quase sem fim.
Temos em uma das epístolas direcionadas aos coríntios uma pista de como as epístolas de Paulo eram recebidas e consideradas. Mesmo seus inimigos e críticos reconheciam o impacto do que ele tinha para dizer, pois sabemos que comentavam: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes” (2Co 10.10).
Líderes fortes, como Paulo, tendem a atrair ou repelir os que eles buscam influenciar. Paulo tinha tanto seguidores devotados quanto inimigos figadais. Como conseqüência, seus contemporâneos mantinham opiniões variadíssimas a seu respeito.
Os mais antigos escritos de Paulo antedatam a maioria dos quatro Evangelhos. Refletem-no como um homem de coragem (2Co 2.3), de integridade e de elevados motivos (vv. 4-5), de humildade (v.6), e de benignidade (v.7).
Paulo sabia diferençar entre sua própria opinião e o “mandamento do Senhor” (1Co 7.25). Era humilde bastante para dizer “segundo minha opinião” sobre alguns assuntos (1Co 7.40). Ele estava bem cônscio da urgência de sua comissão (1Co 9.16-17), e do fato de não estar fora do perigo de ser “desqualificado” por sucumbir à tentação (1Co 9.27). Ele se recorda com pesar de que outrora perseguia a Igreja de Deus (1Co 15.9).
Paulo era um homem que amava e prezava pelas pessoas e tinha em alto apreço a comunhão dos crentes. Na carta aos Colossenses vemos quão afetivo e amistoso Paulo poderia ser, mesmo com cristãos com os quais ainda não se havia encontrado. “Gostaria, pois, que saibais, quão grande luta venho mantendo por vós (…) e por quantos não me viram face a face”, escreve ele (Cl 2.1).
Na carta aos Colossenses lemos também a respeito de um homem chamado Onésimo, escravo fugitivo (Cl 4.9; Fm 10), que evidentemente havia acrescentado ao furto o crime de abandonar o seu dono, Filemom. Agora Paulo o havia conquistado para a fé cristã e o persuadira a voltar ao seu senhor. Mas conhecendo a severidade do castigo imposto aos escravos fugitivos, o apóstolo desejava convencer a Filemom a tratar Onésimo como irmão. Aqui vemos Paulo, o reconciliador. E tudo isso ele fez a favor de um homem que estava no degrau mais baixo da escada da sociedade romana.
Contraste essa atitude com o comportamento do jovem Saulo guardando as vestes dos apedrejadores de Estevão. Observe quão profundamente Paulo havia mudado em sua atitude para com as pessoas.
Nesses escritos vemos Paulo como amigo generoso, afetivo, um homem de grande fé e coragem, mesmo em face de circunstâncias extremas. Ele estava totalmente comprometido com Cristo, quer na vida, quer na morte. Seu testemunho é profundamente firmado nas realidades espirituais: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.12-13).

Prisão e julgamento do apóstolo Paulo
Os cristãos de Jerusalém ficaram felizes ao ouvir o relatório de Paulo sobre a divulgação da fé cristã. Contudo, alguns cristãos judeus duvidaram da sinceridade de Paulo. Para mostrar seu respeito pela tradição judaica, Paulo juntou-se a quatro homens que cumpriam um voto de nazireu no templo. Alguns judeus da Ásia agarraram Paulo e falsamente o acusaram de introduzir gentios no templo (At 21.27-29). O tribuno da guarnição romana levou Paulo em custódia para impedir um levante. Ao saber que Paulo era cidadão romano, o tribuno retirou-lhe as cadeias e pediu aos judeus que convocassem o Sinédrio para interrogá-lo.
Paulo percebeu que a multidão enfurecida poderia matá-lo. Assim, ele disse ao Sinédrio que fora preso por ser fariseu e crer na ressurreição dos mortos. Esta afirmação dividiu o Sinédrio em suas facções de fariseus e saduceus, e o comandante romano teve de salvar Paulo de novo.
Ouvindo dizer que os judeus tramavam uma emboscada contra Paulo, o comandante enviou-o de noite a Cesaréia, onde ficou guardado no palácio de Herodes. Paulo passou dois anos presos ali.
Quando os acusadores de Paulo chegaram, acusaram-no de haver tentado profanar o templo e de ter criado uma revolta civil em Jerusalém (At 24.1-9). Félix, procurador romano, exigiu mais provas do tribuno em Jerusalém. Mas antes que estas chegassem, Félix foi substituído por um novo procurador, Pórcio Festo. Este novo oficial pediu aos acusadores de Paulo que viessem de novo a Cesaréia. Ao chegarem, Paulo fez valer os seus direitos como cidadão romano de apresentar seu caso perante César.
Enquanto aguardava o navio para Roma, Paulo teve oportunidade de defender a sua causa perante o rei Agripa II que visitava Festo. O capítulo 26 de Atos registra o discurso de Paulo no qual ele contou de novo os eventos de sua vida até aquele ponto.
Festo entregou Paulo aos cuidados de um centurião chamado Júlio, que estava levando um navio carregado de prisioneiros para a cidade imperial. Após uma viagem acidentada, o navio naufragou na ilha de Malta. Três meses depois, Paulo e os demais prisioneiros tomaram outro navio para Roma. Os cristãos de Roma viajaram quase cinqüenta quilômetros para dar as boas-vindas a Paulo (At 28.15). Em Roma Paulo foi posto sob prisão domiciliar, e em Atos 28.30 lemos que ele alugou uma casa por dois anos enquanto aguardava que César ouvisse o seu caso.
O Novo Testamento não nos fala da morte de Paulo. Muitos estudiosos modernos crêem que César libertou o apóstolo, e que ele empenhou-se em mais trabalho missionário antes de ser preso pela segunda vez e executado.
Dois livros escritos antes do ano 200 d.C. — a “Primeira Epístola de Clemente” e os “Atos de Paulo” — asseveram que isso aconteceu. Indicam que Paulo foi decapitado em Roma perto do fim do reinado do imperador Nero (c. 67 d.C.).

Box: A Conversão do apóstolo Paulo
“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do SENHOR, dirigiu-se ao sumo sacerdote. E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. E os homens, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levantate, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado.” (At 9.1-18).

Fonte: Apologetica.com

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Crente fica Doente

 

Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, SP.

Por Augustus Nicodemus Lopes

Creio em milagres. Creio que Deus cura hoje em resposta às orações de seu povo. Durante meu ministério pastoral, tenho orado por pessoas doentes que ficaram boas. Contudo, apesar de todas as orações, pedidos e súplicas que os crentes fazem a Deus quando ficam doentes, é um fato inegável que muitos continuam doentes e eventualmente,
chegam a morrer acometidos de doenças e males terminais.
Uma breve consulta feita à Capelania Hospitalar de grandes hospitais de algumas capitais do nosso país revela que há números elevados de evangélicos hospitalizados por todos os tipos de doenças que acometem as pessoas em geral. A proporção de evangélicos nos hospitais
acompanha a proporção de evangélicos no país. As doenças não fazem distinção religiosa.

Não fazem acepção de pessoas. Para muitos evangélicos, os crentes só adoecem e não são curados porque lhes falta fé em Deus. Todavia, apesar do ensino popular que a fé nos cura de todas as enfermidades, os hospitais e clínicas especializadas estão cheias de evangélicos de todas as denominações – tradicionais, pentecostais e neopentecostais – sofrendo dos mais diversos tipos de males. Será que poderemos dizer que todos eles, sem exceção, estão ali porque pecaram contra Deus, ficaram vulneráveis aos demônios e não têm fé suficiente para conseguir a cura?
É nesse ponto que muitos evangélicos que adoeceram, ou que têm parentes e amigos evangélicos que adoeceram, entram numa crise de fé. Muitos, decepcionados com a sua falta de melhora, ou com a morte de outros crentes fiéis, passam a não crer mais em nada e abandonam as suas igrejas e o próprio Evangelho. Outros permanecem, mas marcados pela dúvida e incerteza.

Eu gostaria de mostrar nesse artigo, todavia, que mesmo homens de fé podem ficar doentes, conforme a Bíblia e a história nos ensinam.

O que diz a história bíblica
Há diversos exemplos na Bíblia de homens de fé que adoeceram. Ao lermos a Bíblia como um todo, verificamos que homens de Deus, cheios de fé, ficaram doentes e até morreram dessas enfermidades. Um deles foi o próprio profeta Eliseu. A Bíblia diz que ele padeceu de uma enfermidade que finalmente o levou a morte: “Estando Eliseu padecendo da enfermidade de que havia de morrer” (2Rs 13.14).
Outro, foi Timóteo. Paulo recomendou-lhe um remédio caseiro por causa de problemas estomacais e enfermidades frequentes: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1Tm 5.23).
Ao final do seu ministério, Paulo registra a doença de um amigo que ele mesmo não conseguiu curar: “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2Tm 4.20).
O próprio Paulo padecia do que chamou de “espinho na carne”. Apesar de suas orações e súplicas, Deus não o atendeu, e o apóstolo continuou a padecer desse mal (2Co 12.7-9). Alguns acham que se tratava da mesma enfermidade da qual Paulo padeceu quanto esteve entre os Gálatas: “a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto” (Gl 4.14). Alguns acham que era uma doença nos olhos, pois logo em seguida Paulo diz: “dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar” (Gl 4.15).
Também podemos mencionar Epafrodito, que ficou gravemente doente quando visitou o apóstolo Paulo: “[Epafrodito] estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.26-27).
Temos ainda o caso de Jó, que mesmo sendo justo, fiel e temente a Deus, foi afligido durante vários meses por uma enfermidade, que a Bíblia descreve como sendo infligida por Satanás com permissão de Deus: “Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.
Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se” (Jó 2.7-8).
O grande servo de Deus, Isaque, sofria da vista quando envelheceu, a ponto de não saber distinguir entre Jacó e Esaú: “Tendo-se envelhecido Isaque e já não podendo ver, porque os olhos se lhe enfraqueciam” (Gn 27.1).
Esses e outros exemplos poderiam ser citados para mostrar que homens de Deus, fiéis e santos, foram vitimados por doenças e enfermidades.

O que diz a história da Igreja
O mesmo ocorre na história da Igreja. Nem mesmo cristãos de destaque na história da Igreja escaparam das doenças e dos males. João Calvino era um homem acometido com frequência de várias enfermidades. Mesmo aqueles que passaram a vida toda defendendo a cura pela fé também sofreram com as doenças. Alguns dos mais famosos acabaram morrendo de doenças e enfermidades. Um deles foi Edward Irving, chamado o pai do movimento carismático. Pregador brilhante, Irving acreditava que Deus estava restaurando na terra os dons apostólicos, inclusive o da cura divina. Ainda jovem, contraiu uma doença fatal. Morreu doente, sozinho, frustrado e decepcionado com Deus.
Um outro caso conhecido é o de Adoniran Gordon, um dos principais líderes do movimento de cura pela fé do século passado. Gordon morreu de bronquite, apesar da sua fé e da fé de seus amigos. A. B. Simpson, outro líder do movimento da cura pela fé, morreu de paralisia e arteriosclerose. Mais recentemente, morreu John Wimber, vitimado por um câncer de garganta. Wimber foi o fundador da igreja Vineyard Fellowship (“A Comunhão da Videira”) e do movimento moderno de “sinais e prodígios”. Ele, à semelhança de Gordon e Simpson, acreditava que pela fé em Cristo, o crente jamais ficaria doente. Líderes do movimento de cura pela
fé no Brasil também têm ficado doentes. Não poucos deles usam óculos, para corrigir defeitos na vista e até têm defeito físico nas mãos.
O meu ponto aqui é que cristãos verdadeiros, pessoas de fé, eventualmente adoeceram e morreram de enfermidades, conforme a Bíblia e a história claramente demonstram. O significado disso é múltiplo, desde o conceito de que as doenças nem sempre representam falta de fé até o fato de que Deus se reserva o direito soberano de curar quem ele quiser.

Fonte: Apolegética.com