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Pesquisa mostra que a felicidade começa aos 50 anos

 
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 Não importa se a pessoa está empregada, se os filhos ainda moram com ela, ou se é casada. A vida fica melhor depois dos 50 anos. É o que tenta demonstrar uma nova pesquisa com centenas de milhares de americanos: as pessoas tendem a ser mais felizes, menos ansiosas, e menos preocupadas depois que passam de meio século de vida.

     Os cientistas descobriram que a sensação de bem-estar global declina dos 20 aos 50 anos, depois aumenta de forma constante. Alegria e prazer também aumentam depois dos 50. E a maioria dos sentimentos negativos declina com a idade. A preocupação excessiva se mantém constante até cerca dos 50, depois cai. O ódio cai sistematicante aamor, odio, partir dos 20 anos; o estresse atinge o ápice nos 20 anos, começa a declinar, e cai depois dos 50.

    Os padrões são quase idênticos para homens e mulheres, embora as mulheres tenham mais estresse, se preocupem mais e sejam mais tristes em todas as idades, apesar de relatarem melhor bem-estar do que os homens na maioria das idades.

    O estudo, que começou a ser feito em 2008, se deu num universo de nada menos que 350 mil pessoas de todas as regiões dos EUA. A pesquisa, coordenada pelo psicólogo Arthur Stone, da Stony Brook University, no estado de Nova York, teve base em questionários e entrevistas feitos por telefone.

    Uma explicação para este fenômeno, observa Laura Carstensen, psicóloga da Stanford University em Palo Alto, Califórnia, é que pessoas mais velhas são mais experientes em controlar suas emoções. À medida que envelhecem, explica, elas ficam mais conscientes do fato de que o tempo está passando, começam a ter mais cuidado e a ser mais seletivas nas suas escolhas.

    Graças ao trabalho como cientista da Gallup Organization, que conduz uma série de pesquisas por telefone nos Estados Unidos, Stony Brook preparou um questionário sobre emoções específicas que as pessoas sentiram um dia antes de responderem à pesquisa.

     “Esse tipo de questão exige que as pessoas façam muitos julgamentos” comenta Stone.

    As pessoas eram induzidas nos telefonemas a responderem a questões subjetivas. Por exemplo, qual a referência de sucesso para ela: Bill Gates, os parentes, os colegas do trabalho? Outra pergunta era sobre a satisfação que a pessoa tinha com sua vida e sua família. O interessante é que os entrevistados podiam participar depois de o questionário inicial ser feito. Eles podiam enviar mensagens sobre suas reflexões, sobre seu estado de espírito ou sobre seus sentimentos.

     A psicóloga Laura Carstensen diz que o método utilizado no estudo pode criar um novo paradigma em pesquisas subjetivas.

    “Stone encontrou uma forma eficiente de pesquisar sensações e motivações. Muitos dos relatos e achados da pesquisa encontram respaldo na literatura científica sobre emoções em idades diferentes” explica a psicóloga americana.

 

Data: 20/5/2010 15:00:00
Fonte: JB

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Deus chega às aulas de biologia

segunda-feira, 3 de maio de 2010

 

Escola adota teoria baseada na intervenção de uma inteligência superior na criação da vida, opondo-se às ideias de Darwin
Hélio Gomes
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Uma das maiores polêmicas a chacoalhar a sociedade e a comunidade científica dos Estados Unidos nos últimos anos desembarcou no Brasil. Ao longo da semana passada, um ciclo de debates realizado no Colégio Presbiteriano Mackenzie, um dos mais tradicionais da capital paulista, apresentou a teoria do design inteligente a centenas de estudantes. Criada nos Estados Unidos na metade dos anos 80, ela se opõe à teoria da evolução de Charles Darwin – amplamente aceita pela ciência desde a publicação do clássico “A Origem das Espécies” (1859) – e se baseia na ideia de que uma entidade superior seria a responsável pela criação de todas as formas de vida do Universo. Para os cientistas que defendem o conceito, tal força criativa é chamada de “designer inteligente”. Para os cristãos fundamentalistas americanos, ela é Deus.
A grande questão envolvendo o design inteligente (DI) é a sua introdução em algumas escolas americanas durante as aulas de biologia, e não nas de religião, que, a exemplo do Brasil, não fazem parte do currículo escolar no ensino público. Conceitos pseudocientíficos e ainda não aceitos pela maioria da academia, como a chamada complexidade irredutível – que sustenta que certos micro-organismos biológicos são intrincados demais para terem evoluído de formas mais simples de vida –, são usados por biólogos, químicos e filósofos da ciência integrantes do movimento DI em sala de aula como uma alternativa à teoria da evolução. Em 2005, os pais de 11 alunos de uma escola pública de Dover, no Estado da Pensilvânia, entraram na Justiça para tentar impedir o ensino do DI, alegando que, na verdade, ele seria um conceito criacionista e, portanto, religioso. Eles ganharam a disputa judicial e a teoria foi banida da disciplina na escola.
O evento realizado em São Paulo nos últimos dias trouxe ao Brasil dois dos mais célebres defensores do DI nos Estados Unidos. Stephen C. Meyer, doutor em história e em filosofia da ciência, é um dos criadores do movimento e um de seus mais atuantes portavozes. Autor de três livros, entre os quais o recente “Signature in the Cell” (Assinatura na Célula, inédito no Brasil), ele afirma que sua missão em terras brasileiras era simples: “Viemos para suscitar a discussão – nosso trabalho é científico, e não político ou educacional”, diz Meyer, um dos membros mais atuantes do Instituto Discovery, centro de pesquisas sem fins lucrativos ligado a setores conservadores da sociedade americana. “Como eu creio em Deus, acredito que ele é o designer inteligente. Mas existem cientistas ateus que aceitam a teoria de outras formas”, completa o pesquisador.

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Não é o caso do bió logo americano Scott A. Minnich, também presente no ciclo de debates para apresentar os conceitos do DI aos estudantes brasileiros. “Sim, eu sou religioso”, afirma Minnich. Ele conta que já sofreu preconceito por fazer parte do movimento. “É assim que as coisas funcionam na ciência. Algumas pessoas tentaram convencer o presidente da universidade na qual leciono de que eu estava incluindo o DI nas minhas aulas de microbiologia, o que não era verdade”, diz o biólogo, que também participou das missões que buscaram indícios da produção de armas bioquímicas no Iraque em 2004.
A confusão gerada por uma teoria que se apropria de conceitos científicos para chegar a conclusões com forte viés religioso despertou a ira da ala ateísta. Entre as vozes mais ácidas contra o DI, destaca-se a do biólogo evolucionista britânico Richard Dawkins. Também chamado de “rottweiler de Darwin”, ele ganhou notoriedade graças ao livro “Deus, um Delírio” (lançado no Brasil em 2007 pela Cia das Letras), também transformado em documentário. “É pertinente ensinar controvérsias científicas às crianças”, disse Dawkins em entrevista ao jornal inglês “The Times”. “Só não podemos dizer: ‘Temos dois conceitos sobre o surgimento da vida – um é a teoria da evolução e o outro é o livro do Gênesis. Se abrirmos esse precedente, também teremos de ensinar a elas a crença nigeriana que diz que o mundo foi criado a partir do excremento de formigas”, provoca o biólogo.
Voltando ao cenário brasileiro, vale lembrar que o colégio Mackenzie é uma instituição particular, com origens americanas e de cunho religioso desde a sua fundação. Portanto, o ensino do DI nas aulas de biologia, que acontece desde 2008, é tão válido quanto as aulas de religião ministradas em instituições de ensino católicas. “Acreditamos que a fé influencia todos os aspectos da nossa vida, inclusive a ciência”, resume Davi Charles Gomes, chanceler em exercício do Mackenzie e pastor presbiteriano.

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Fonte: Isto É