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Lei de blasfêmia é proposta após protestos de muçulmanos no Curdistão

 

PorPortas Abertas

O Projeto de Lei para a proteção dos santuários prescreve até dez anos de prisão e multas de até 43 dólares americanos por crimes vagamente formulados, incluindo "xingar e zombar de Deus" e "xingar, insultar e retratar de forma inadequada profetas". Qualquer meio de comunicação que publique ou transmita material considerado blasfemo poderia ser fechado por até um ano e ser multado.

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    (Foto: AP / Andy Wong)

    Ministros Estrangeiros da reunião especial da Organização da Conferência Islâmica (OIC) Foreign Ministers from the special meeting of the Organization of the Islamic Conference (OIC)

O Projeto é consequência de uma manifestação de muçulmanos enfurecidos contra uma matéria publicada na revista Chrpa, em Erbil, leste do Iraque, e republicada via Facebook em 2010, intitulada "Eu e Deus", um diálogo imaginário, condenado como blasfemo por alguns líderes religiosos locais e um insulto ao Islã por funcionários do governo.

O editor-chefe da Chrpa foi preso por "violação da sensibilidade religiosa", mas isso não foi suficiente para aplacar a ira dos muçulmanos.

Incitado por mullahs (mestres e teólogos islâmicos), centenas de muçulmanos saíram às ruas de Erbil para protestar; eles atiraram pedras na polícia, e atacaram uma rede de televisão, um centro cultural, bares e uma guarita em frente ao Parlamento. Dezenas de pessoas ficaram feridas.

Nos dias posteriores aos protestos, o primeiro-ministro do Governo Regional do Curdistão, Nechirvan Barzani, disse que o governo "vai enfrentar todos os insultos contra o Islã de maneira severa" e propôs a introdução de uma lei de blasfêmia.

Uma comissão parlamentar, em seguida, redigiu o projeto de lei e pretende apresentá-lo para uma votação em breve. O Projeto tem sido criticado pela agência de Direitos Humanos, Human Rights Watch, que convidou os deputados a se oporem à proposta de lei, sob o argumento de que "claramente restringe o direito à liberdade de expressão".

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Embora o projeto de lei aparentemente se aplique a todas as religiões, tem o objetivo de esfriar os ânimos dos muçulmanos. E ele surge em um cenário de crescente fervor islâmico no Curdistão.

Sozan Sahab, um deputado da União Patriótica do Curdistão (PUK), disse:

“Depois da Primavera Árabe vem a Primavera islâmica. Está na região, na atmosfera. Os mulás mudaram”.

Este é um desenvolvimento preocupante para os cristãos no Curdistão, muitos dos quais fugiram para escapar da perseguição em outras partes do Iraque. Eles geralmente têm desfrutado de paz ao lado de outros grupos religiosos no Curdistão. Mas recentemente têm recebido ameaças.

Em dezembro de 2011, lojas e empresas pertencentes a cristãos e Yezidis, outro grupo minoritário, foram incendiadas por muçulmanos em um surto de ataques violentos.

Em um incidente isolado no mesmo mês, um cristão de 29 anos foi sequestrado para que pudessem pedir resgate, algo comum em outras partes do Iraque, mas não no Curdistão, aumentando os temores de que a perseguição aos cristãos volte a se intensificar na região.

A introdução de uma lei de blasfêmia no Curdistão constituiria uma ameaça maior para os cristãos, que sofrem gravemente nos termos dessa legislação em outros países. Desde a Primavera Árabe, leis semelhantes foram propostas e/ou implementadas em vários países da região, incluindo Kuwait,Egito e Tunísia; tem havido uma série de casos de alta visibilidade de pessoas sendo presas por atos ou declarações consideradas insultos ao Islã .

Enquanto a Primavera Árabe parecia prometer maior liberdade e direitos para os cidadãos da região, a difusão de um movimento anti-blasfêmia indica que está ocorrendo um resultado contrário ao esperado.

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Fonte: Barnabas Fund

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São Paulo viu pulverização evangélica na última década, mostra Censo 2010

 

Quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% e evangélicos sem laços com igreja quadruplicou

07 de julho de 2012 | 20h 40

Amanda Rossi – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – A cidade de São Paulo viveu uma pulverização evangélica sem precedentes na última década. Segundo novos dados do Censo, o número de evangélicos sem laços com uma igreja determinada aumentou mais de quatro vezes entre 2000 e 2010, enquanto a quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% nesse período. Juntos, esses dois grupos foram responsáveis por 96% do crescimento do rebanho evangélico da capital em uma década, de 825 mil fiéis.

Os evangélicos não determinados englobam tipos diferentes. Entram na conta os que se dizem apenas evangélicos, sem especificar a igreja ou a corrente, os que frequentam cultos diferentes e os que fazem parte de pequenas igrejas não pentecostais. Em São Paulo, o crescimento dos evangélicos não determinados foi tão grande que eles hoje representam a terceira maior corrente religiosa da cidade – perdem para os católicos e os sem religião, mas ultrapassaram a Assembleia de Deus, denominação evangélica que tem o terceiro maior rebanho do País.

Já a corrente dispersa formada por pessoas que frequentam templos pentecostais ou neopentecostais menores deixou para trás, em uma década, dois gigantes do pentecostalismo evangélico – a Igreja Universal do Reino de Deus e a Congregação Cristã do Brasil, que perderam fiéis.

Segundo o antropólogo Ronaldo de Almeida, da Unicamp e do Cebrap, o novo mapa da configuração evangélica da capital paulista é fruto da especialização. "Há uma diversificação e uma maior infidelidade a uma instituição específica. O sujeito ainda se identifica principalmente como evangélico, mas hoje ele molda sua experiência religiosa. Quando quer ouvir um louvor com mais música, vai a uma igreja, quando quer cura, vai a outra, quando busca mensagem espiritual mais forte, busca outras."

A antropóloga Diana Nogueira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, faz um paralelo com pessoas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. "A religião fortalece e ajuda as pessoas, mas não resolve muitos dos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe. Com isso, algumas dessas pessoas vão de igreja em igreja, buscando soluções", diz Diana.

Além da busca diversificada, há o surgimento de igrejas voltadas a nichos específicos, como a Crash Church Underground Ministry – que atrai roqueiros adeptos do thrash metal em seu templo no Ipiranga –, ou a Igreja da Comunidade Metropolitana, em Santa Cecília, voltada para o público homossexual.

"O crescimento das igrejas evangélicas menores é muito visível. São as chamadas comunidades. Seus fundadores são pastores que já pertenceram a igrejas evangélicas maiores", diz o vereador evangélico Carlos Apolinário (DEM).

Levantamento feito em 2008 pela equipe de Apolinário enumerou mais de 18 mil templos evangélicos em São Paulo, a maioria na zonas leste e sul. Ele estima que outras 2 mil tenham sido criadas desde então. Para se ter uma ideia, o total de paróquias católicas não chega a 500 na capital paulista.

Outros dados do Censo chamaram a atenção. A Assembleia de Deus teve um aumento de fiéis de 36% – menor que o da média nacional (46%. Já os evangélicos de missão – grupo que inclui batistas, luteranos, presbiterianos, metodistas e adventistas – tiveram uma queda de 13% em São Paulo e aumento de 11% no País.

Entre as pentecostais, o destaque vai para a perda acentuada de fiéis em São Paulo da Congregação Cristã (27%) e da Igreja Universal (37%), enquanto no País o rebanho de cada uma encolheu 10%. / COLABOROU BRUNO PAES MANSO

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Ciência

Físicos encontram provável ‘partícula de Deus’

 

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Atualizado às 11h17.

Após anos de espera, imprevistos, problemas técnicos e muito suor, os físicos do LHC (Grande Colisor de Hádrons), maior acelerador de partículas do mundo, anunciaram a descoberta de uma nova partícula. E eles acreditam que seja o famoso bóson de Higgs.

Entenda o que Deus tem a ver com o bóson de Higgs
Brasil avança em acordo para fazer parte do Cern
Blog Teoria de Tudo:O homem que virou partícula
Descoberta complica Nobel de Física
Conheça o físico que deu nome à partícula
Leitores se indagam sobre a descoberta da "partícula de Deus"

Caso isso seja confirmado, será o coroamento da teoria científica mais bem-sucedida de todos os tempos –o chamado Modelo Padrão, que explica como se comportam todos os componentes e forças existentes na natureza, salvo a gravidade (explicada pela relatividade geral).

Contudo, cabe atenção para a formulação cuidadosa das afirmações dos pesquisadores.

Físicos encontram provável ‘partícula de Deus’

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France Presse

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A confirmação da nova partícula é resultado das pesquisas que têm sido realizadas no maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Grande Colisor de Hádrons) Leia Mais

Em seu último relatório, no fim do ano passado, eles já sugeriam ter encontrado algo, mas não descartavam um alarme falso.

Agora, eles já cravam categoricamente a existência da nova partícula. Só não admitem com todas as letras que se trata da almejada "partícula de Deus".

"Apesar de os eventos [de colisões de partículas no acelerador] sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de que se trata realmente da partícula predita requer mais medidas comparativas", afirma Sérgio Novaes, físico da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e membro da Colaboração CMS, um dos dois experimentos do LHC que servem de base para o anúncio.

Ossos do ofício, num esforço que envolve análise de dados de milhões de colisões de partículas para que, estatisticamente, seja possível chegar a alguma conclusão definitiva.

De toda forma, o novo achado dá toda pinta de que se trata mesmo do almejado bóson.

O anúncio da descoberta foi feito num evento realizado às 4h (de Brasília) desta quarta-feira, transmitido ao vivo pela internet da sede do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), em Genebra, Suíça, para a abertura da 36ª Conferência Internacional em Física de Altas Energias, em Melbourne, Austrália.

Dirigindo-se aos cientistas reunidos no auditório, o diretor-geral do Cern, Rolf-Dieter Heuer, fez uma pergunta: "Como leigo, eu diria que eu acho que conseguimos. Vocês concordam?". Uma ovação respondeu que sim.

Editoria de arte/folhapress

Entre os convidados no auditório estava ninguém menos que o escocês Peter Higgs, 83 anos, físico que propôs (simultaneamente a outros) na década de 1960 um mecanismo de como as partículas adquirem sua massa e, com isso, emprestou seu nome ao famoso bóson.

Claramente emocionado, com os olhos marejados, Higgs disse aos colegas: "É incrível que isso tenha acontecido durante a minha vida".

Higgs reconheceu o mérito do LHC, um acelerador de partículas de 27 quilômetros, construído de forma circular e subterrânea na região da fronteira franco-suíça.

Em nota, o cientista acrescentou: "Nunca esperei que isso fosse acontecer na minha vida, e devo pedir à minha família para colocar champanhe na geladeira."

SEM ERRO

Os cientistas descartam a essa altura que alguma flutuação estatística seja responsável pelo achado.

A probabilidade de não ser uma nova partícula, e sim algum engano, é de menos de 1 em 1,7 milhão. Cometer um erro desses é tão improvável quanto ganhar na loteria.

Ainda mais porque o resultado é confirmado pela combinação de dois experimentos do LHC Atlas e CMS e está alinhado com os dados obtidos pelo Fermilab, nos Estados Unidos, com seu antigo acelerador Tevatron, hoje desativado.

CONCORRÊNCIA

Na segunda-feira, os americanos chegaram a divulgar suas últimas análises dos velhos dados, que mostravam a indicação de uma partícula com as características do bóson de Higgs e uma energia entre 115 e 135 giga-elétronvolts (GeV), com 90% de confiança.

Entretanto, ainda estava longe do grau de exigência da comunidade para tratar o resultado como uma descoberta.

Fabrice Coffrini/France Presse

O físico escocês Peter Higgs, que propôs um mecanismo de como as partículas adquirem sua massa

O físico escocês Peter Higgs, que propôs um mecanismo de como as partículas adquirem sua massa

Somente agora, com os resultados do LHC é possível cravar a existência da nova partícula, com energia de 125 GeV.

FIM OU RECOMEÇO?

A descoberta do Higgs há anos é apresentada como a principal motivação para a construção do LHC. Agora que a partícula provavelmente foi encontrada, pode ficar para o público uma sensação de vazio. Mas o sentimento não é compartilhado pelos físicos.

"Em primeiro lugar, há um equívoco em associar o LHC só ao bóson de Higgs", afirma Ronald Shellard, físico de partículas do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e vice-presidente da SBF (Sociedade Brasileira de Física).

"Todos concordamos que o bóson de Higgs não vale US$ 10 bilhões. Essa máquina, o LHC, foi concebida para explorar o Universo além do Modelo Padrão. A descoberta do Higgs coroa o maior feito intelectual da história da humanidade até agora, uma teoria que explica uma infinidade de fenômenos naturais", disse. "Mas, para o LHC, ela é apenas o começo."