Ex-presidente sempre manteve “laços de amizade” com palestinos
Lula aparece ostentando símbolo palestino
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva começou pelo Rio Grande do Sul sua “caravana pelo Sul”, com fins eleitoreiros nesta segunda-feira (19). Na cidade de Bagé, na fronteira com o Uruguai, ele foi recebido por centenas de manifestantes que o chamavam de “ladrão” e diziam que não era bem-vindo na cidade.
Usando cavalos e tratores, trabalhadores rurais impediam o acesso dele ao carro de som onde iria discursar. Havia vários pixulecos – bonecos de Lula vestidos de presidiários- exibidos no local, sendo um deles, com cerca de 2 metros de altura, colocado em uma gaiola e erguido por um guindaste.
Pixuleco em Bagé
Um detalhe passou despercebido pela mídia. Ao descer no aeroporto de Bagé, o petista foi recepcionado por deputados do PT e posou para fotos usando o lenço palestino conhecido como “Keffiyeh” ou “Hatta”. A região da fronteira abriga uma grande comunidade palestina. Dos cerca de 100 mil que vivem no país, metade está em solo gaúcho.
O uso do lenço possui um profundo significado para quem acompanha o que ocorre no Oriente Médio desde o ressurgimento de Israel como nação, em 1967. Ele é considerado pelos povos do Oriente Médio como um símbolo de “resistência”.
Contudo, o keffiyeh com um desenho em preto e branco que lembra uma rede de pesca era a “marca registrada” de Yasser Arafat. Embora tenha ganhado um prêmio Nobel da Paz em 1994, o palestino era reconhecidamente um líder terrorista.
Nascido no Egito, Arafat assumiu em 1969 a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Sob seu comando, a OLP realizou dezenas de ataques terroristas contra Israel, em atentados que não poupavam nem mulheres nem crianças. Até hoje o lenço popularizado por ele é usado por palestinos que cobrem os seus rostos para não serem reconhecidos quando realizam algum tipo de ataque.
Após os Acordos de Oslo, em 1994, a OLP passou a ser uma espécie de guarda-chuva político e militar, abrigando facções como a Fatah, grupo extremista islâmico que governa com o nome de Autoridade Palestina. O atual presidente e sucessor de Arafat é Mahmoud Abbas.
O fato de Lula usar o lenço que é símbolo de um movimento com histórico de terrorismo não é novidade. Ele já o fez em diversas ocasiões. Na verdade, o petista está acostumado a homenagear outros conhecidos terroristas e ditadores (como Che Guevara, Fidel Castro, Mao Tsé Tung e Hugo Chavéz). Porém, as ligações do ex-presidente com movimentos islâmicos pouco a pouco vêm sendo reveladas.
Lula, o defensor da Palestina
Lula se encontrou com Arafat antes de ser presidente
Em 2010, no último ano de seu mandato como presidente, Lula tomou várias decisões que beneficiaram a Palestina. A principal foi sua visita aos territórios palestinos, em março daquele ano.
“Primeiro vem a rua, depois os investimentos, depois um ponto de encontro entre o povo palestino e o Brasil”, declarou Lula em seu discurso, em 17 de março de 2010. O petista prometeu na ocasião: “o Brasil fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar o povo palestino”.
A promessa de investimentos foi cumprida em junho do mesmo ano, quando autorizou a doação de 10 milhões de dólares (R$ 25 mi no câmbio da época) à Autoridade Nacional Palestina.
Em dezembro do mesmo ano, no apagar das luzes de seu governo e com Dilma já eleita, ele reconheceu a Palestina como nação, nas fronteiras anteriores à guerra dos Seis Dias, em 1967. Isso significa reconhecer a porção Oriental de Jerusalém como sua capital.
Também fez a doação de um terreno de 16 mil metros quadrados, em zona nobre de Brasília para a construção de uma embaixada palestina. A primeira do tipo fora do mundo muçulmano. A pedra fundamental foi inaugurada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas e só ficou pronta em 2016.
O edifício octogonal traz no seu topo um pequeno domo dourado. Os que estão familiarizados com Jerusalém imediatamente percebem que é uma “miniatura” da mesquita Domo da Rocha, no Monte do Templo. Na prática, comunica que a Palestina, que não é uma nação reconhecida oficialmente pela ONU, tem como capital Jerusalém.
Desde aquela época, o Brasil não reconhece Jerusalém como a capital do Estado judeu. A chegada de Temer ao poder não mudou essa condição.