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Igreja na Coreia do Sul. (Foto: Yun Dong-jin / AP Images)
No dia 1º de março a Coreia do Sul comemora o Dia do Movimento da Independência, data onde as igrejas realizam um dos cultos mais alegres e importantes do calendário.
Porém neste domingo, as igrejas ficaram com suas portas fechadas diante do surto de coronavírus.
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“Esta é a primeira vez que as igrejas estão adiando oficialmente os serviços nos 100 anos de história protestante e 200 anos de história católica [na Coréia]”, disse Won Jae-chun, professor da Universidade Global Christian Handong em Pohang.
A declaração foi dada ao Christianity Today, quando o professor também relevou que nem durante a guerra da Coreia as igrejas interromperam suas atividades como está acontecendo agora por conta da doença que tem se espalhado pelo país contaminando mais de 3.700 pessoas, deixando 18 mortos.
Para impedir a contaminação, megaigrejas como a Pentecostal Yoido Full Gospel de Seul, Sarang, Onnuri e Myungsung, resolveram transmitir seus cultos via internet, com as portas fechadas, para evitar a aglomeração.
Mais da metade dos 500 participantes de uma pesquisa do Instituto de Dados do Ministério, apoiada pela Igreja Presbiteriana da Coréia (Tonghap) e por muitas megaigrejas coreanas, afirmou que não compareceu a um culto no domingo passado por causa do coronavírus.
Cerca de dois terços dos que não compareceram ao culto disseram que adoravam em casa, e mais da metade deles disse que adorava através dos sites de suas igrejas ou assistia a um dos vários canais cristãos de 24 horas na Coréia.
Um incidente durante um culto no último domingo, 03 de novembro, terminou com um pastor esfaqueado na cidade de Potim, interior de São Paulo, a 179 quilômetros da capital.
Um homem que compareceu à celebração – que estava sendo realizada num projeto social mantido pela igreja evangélica no bairro Vista Alegre – e demonstrou estar alterado. Como seu comportamento estava atrapalhando o culto, ele e o pastor terminaram discutindo.
Em seguida, a discussão virou briga e o homem puxou uma faca e desferiu golpes contra o pastor, que tem 28 anos e agora está internado em estado grave. De acordo com as testemunhas, o agressor deixou o local imediatamente depois de esfaquear o pastor.
A Polícia Militar informou que o agressor se apresentou posteriormente na delegacia e confessou o crime. Já a Polícia Civil informou que durante seu depoimento, o homem manifestou arrependimento e foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio, e por esse motivo permaneceu preso.
Segundo informações do portal G1, tanto o pastor quanto o agressor já tinham passagens pela polícia, sendo que o segundo esteve envolvido em ameaças, violação de domicílio, furto, roubo e desacato. Ele também já tinha sido beneficiário do projeto social mantido pela igreja.
O pastor, que foi levado imediatamente pelos fiéis para o Pronto Socorro da cidade de Aparecida após ser esfaqueado, foi transferido posteriormente para o Hospital Regional de Taubaté, cidade onde ele mora.
O fortalecimento do movimento neopentecostal e a facilidade para a abertura de novas igrejas são apontados como motivos que podem explicar o número considerado elevado.
No Brasil, de 2010 a 2017, a média foi de 25 novas organizações religiosas abertas por dia. São 67.951 entidades que se registraram na Receita Federal sob a rubrica de “organizações religiosas ou filosóficas” no período.
Os números podem ser maiores, já que parte dos estabelecimentos não é registrada. A Receita não tem dados discriminados por religião ou ordem filosófica.
A burocracia para se abrir uma igreja é menor do que em praticamente todas as outras atividades jurídicas. É necessário um registro em cartório, com a ata de fundação, o estatuto social e a composição da diretoria; depois, os dados são apresentados à Receita, para que o órgão conceda o CNPJ; e aí basta procurar a prefeitura e o governo estadual para solicitar, caso necessário, o alvará de funcionamento e garantir também a imunidade tributária para a manutenção de templos. A garantia é constitucional. O artigo 150 da Constituição Federal proíbe a cobrança de impostos de “templos de qualquer culto”.
Igrejas não pagam IPTU, Imposto de Renda (IR) sobre as doações recebidas, ISS, além de IPVA sobre os veículos adquiridos. Aplicações financeiras em nome das organizações também estão livres do IR. Em alguns estados, como no Paraná, há ainda isenção sobre o recolhimento de tributos indiretos, como o ICMS, referente à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços.
De acordo com o auditor fiscal do Paraná Angelo José de Medeiros Baptista, há algumas variações tributárias, que podem gerar cobranças, mas, em regra, templos de qualquer religião têm imunidade constitucional. “Não incide imposto de qualquer natureza. Mas nem toda entidade religiosa é um templo. A PUC (Pontifícia Universidade Católica), por exemplo, é ligada a uma religião, mas tem impostos a pagar”, explica.
O auditor afirma que a garantia de isenção faz com que o processo se torne mais simples. “Já na declaração (de IR) tem um campo lá que pergunta se é empresa, indústria, um templo, etc. Aí já se declara com isento. Porém, se contratar funcionários, um administrativo, por exemplo, em tese pagaria contribuição previdenciária, aí teria que entrar com um pedido para pedir isenção. Mas logo no início, a declaração, ao marcar templo religioso, abre um campo de perguntas que são diferentes de outras empresas. Aí tem campos onde se informa o quanto arrecadou e patrimônio, mas não incide imposto”, afirma.
Mesmo isentos de impostos, os templos religiosos devem cumprir determinadas obrigações para serem instalados. É necessário, por exemplo, alvará da prefeitura, licença dos bombeiros, entre outras autorizações. No caso de impacto ambiental, a instituição também deve realizar contrapartidas que possibilitem licenças pertinentes. Para inaugurar no ano passado o chamado Templo Maior de Curitiba, no bairro Rebouças, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) se comprometeu a realizar sete benfeitorias, principalmente no trânsito.
Organizações também precisam se preocupar com a gestão
O grande número instituições religiosas abertas no Paraná e no Brasil fez o Centro Universitário Internacional Uninter, com sede em Curitiba, lançar neste ano um curso de pós-graduação em Gestão de Igrejas e Instituições Sociais. O curso visa religiosos, teólogos e gestores.
A coordenadora do curso, Patrícia Carla Ferreira, afirma que ele foca principalmente em gestão financeira e legislação aplicadas. “A igreja precisa, como qualquer outra instituição, prestar contas do que faz. O que queremos é instrumentalizar esses gestores para que não entre justamente um escopo suspeito (como suspeitas de lavagem de dinheiro) para que essas possam ser caracterizadas como de gestão transparente”, afirma.
“Embora a gestão de igrejas tenha muitos pontos em comum com a gestão empresarial, instituições religiosas têm suas especificidades e precisam de profissionais especializados”, explica Patrícia.
Além do grande número de igrejas no Estado, a demanda interna da faculdade fez com que o curso fosse idealizado. “Temos o curso de teologia, um voltado para evangélicos e outro da teologia católica. Então, pensamos nos egressos dos cursos de graduação. Eu considero que tem um número bastante grande (de igrejas), como mostram mesmo os dados, e temos expectativa de que essas pessoas venham buscar uma formação”, diz.
“Igrejas e instituições sociais têm objetivos específicos, que só serão atingidos com uma boa gestão. Por isso esse profissional se faz cada dia mais importante”, pontua a professora. A formação é ofertada na modalidade à distância, em que as aulas são disponibilizadas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os estudantes têm acesso ao material didático digital e podem interagir com professores on-line. Também contam com a estrutura do polo de apoio presencial da Uninter mais próximo de sua casa.
Desproporcional
O advogado tributarista Hugo Sellmer avalia que as igrejas usufruem de benefícios desproporcionais em relação a instituições que desenvolvem outras atividades e que geram receita ao Estado. “O poder público estaria deixando de arrecadar com uma instalação do mesmo porte que geraria receita, com IPTU e ITBI, por exemplo, por uma entidade que não gera arrecadação nenhuma. Não trazem, do ponto de vista econômico, beneficio ao município”, analisa.