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Espiritismo: Desculpa, Chico Xavier

Marcelo Lemos

Uma grande controvérsia tem movimentado os bastidores do Espiritismo no Brasil: Seria Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec, o ‘grande codificador’ de Lyon? De um lado há o grupo que acredita na tese e, de outro, como em toda controvérsia, aqueles que a negam. Entre os grupos, e mesmo dentre eles, estão os moderados que erguem voz para alertar do perigo de perderem o foco com discussão tão inútil.
Virtualmente ignorante à discussão a que nos referimos, a grande massa segue sendo bombardeada com propaganda espírita por todos os lados. A Rede Globo, por exemplo, parece ter escolhido 2010 como o “Ano do Espiritismo” – a começar pela novela ‘Escrito nas Estrelas’, de Elizabeth Jhin, e a estreante mini-série A Cura, de João Emanuel Carneiro, estrelada por Selton Melo.

A história, em nove capítulos, com formato de série americana, conta a história de um médico acusado de matar um colega, e que descobre que tem poder de curar as pessoas através de cirurgias espirituais… O autor declarou em entrevista que a história sobre um curandeiro é algo que sempre quis fazer, pois “é uma forma de abordar o sobrenatural de uma forma bem brasileira”.

Nunca a espiritualidade esteve tão em alta, que os cinemas brasileiros não me deixem mentir. O filme “Chico Xavier”, segundo a Folha de S. Paulo, só na semana de estréia, em Abril, arrastou para frente da telona nada menos que 590 mil pessoas. Desde então, mais de 3 milhões de pessoas já assistiram ao filme. Deu um verdadeiro olé em cima do tão aclamado “Lula, filho do Brasil”, que na estréia se contentou com 220 mil espectadores, e ficou muito perto de “Avatar”, superprodução americana, que atingiu perto de 800 mil espectadores na semana de estréia no Brasil.

Seja na tela do cinema, seja na tela da TV, o fato é que o espiritismo anda em alta ultimamente. Sem pesquisar muito, só citando o que podemos lembrar num segundo, ao menos quatro dos mais bem-sucedidos seriados americanos trazem conteúdo espírita: Cold Case; Supernatural, Médium e Ghost Whisperer.

A fórmula parece ir tão bem nos índices de audiência que até seriados mais ‘sérios’, como Grey’s Anatomy, andam flertando com o ‘outro mundo’. Na segunda temporada da série, Meredith Grey, personagem principal da história, fica entre a vida e a morte, e numa EQM, experiência de quase morte, encontra-se com inúmeros falecidos, incluindo um grande amor… Seriam as visões de Grey, apenas reações químicas do cérebro inconsciente? Seriam experiências reais com o sobrenatural? Os autores deixam ao telespectador o sabor de julgar.

Ainda que o risco de alguém vir a se tornar espírita por influencia de qualquer destas obras seja questionável, é de bom juízo, e do dever cristão, conhecer mais de perto o que a Doutrina Espírita pretende ensinar. Tal conhecimento não apenas nos protege de contaminação, como também nos serve de ferramenta na hora de comunicar o Evangelho da Graça àqueles que estejam seduzidos, em maior ou menor grau, por tal filosofia religiosa – e não são poucos, como podemos supor pelos dados acima.

Indo direto ao ponto, e sem pedir desculpas pelo que será dito, o Espiritismo é uma filosofia absolutamente anticristã. Certamente vão chover protestos contra esta afirmação, até porque, os espíritas definem-se a si mesmos como “cristãos”. Na verdade, vão ainda mais longe, ao afirmarem que sua filosofia seria uma mais elevada revelação da mensagem de Jesus. Todavia, basta um breve olhar para se perceber o quanto a Doutrina Espírita contradiz a Mensagem do Cristo.

Para provar este ponto, destaco a forma antibíblica como eles se valem do termo “expiação” – o que nos levará diretamente a outro dogma espírita, a reencarnação. Todo cristão sabe – ou deveria saber – que o termo “expiação” vem lá do Antigo Testamento, quando o povo hebreu foi ordenado a oferecer sacrifícios por seus pecados. Havendo cometido pecado, o homem ofertava a Deus um animal inocente que, tendo seu sangue derramado, expiava a ofensa do pecador, tornado este novamente aceitável a Deus.

“E quando o pecado que cometeram for conhecido, então a congregação oferecerá um novilho, por expiação do pecado…” – Levítico 4.14.

O sacrifício de uma vitima inocente realizava a expiação pelo pecado do transgressor. Este é o conceito bíblico de expiação; evidentemente, tal conceito de expiação se aplica a Obra Expiatória realizada pelo Cristo, nosso Senhor e Deus. Tal realidade já se prefigurava desde os tempos proféticos, e é belissimamente sumarizada no poema de Isaías:

“Seguramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho. Porém o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos” – Isaías 53.4-6.

No entanto, nada disso se aplica a teoria espírita sobre a expiação. No espiritismo não existe salvação por Graça, muito pelo contrário, ali a salvação deve ser buscada a duras penas, como recompensa pelas boas ações dos homens.

É bem honesta a forma como um dos espíritos guia de Allan Kardec descreve o mundo imaginado pelo Espiritismo: um purgatório! “Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas” (Livro dos Espíritos, versão digital).

Não existe perdão no Espiritismo, portanto, ali não se fala em Graça Salvadora. O homem, segundo os espíritos guia do kardecismo, não é salvo pela Graça de Cristo, mas por si mesmo. E, neste mundo-purgatório, os homens, através do sofrimento e das boas ações, vão purificando-se, pagando a Deus o que Lhe devem, e alcançando um degrau a mais na evolução espiritual. Mas, como nem sempre dá tempo de pagar todas as dívidas numa única existência, o homem se vê obrigado a reencarnar inúmeras vezes – até que pague o último centavo de sua dívida!

“Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão” Livro dos Espíritos, versão digital

O Espiritismo não é cristão!
Cristo, a Vítima Inocente, é quem realizou uma perfeita Expiação pelos nossos pecados. Não por menos ser posto como doutrina fundamental da fé cristã uma ‘salvação por graça’, como bem expressa o Santo Apóstolo: “… sendo justificados livremente pela Sua graça, pela redenção que está em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para ser uma propiciação, pela fé no Seu sangue, para demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração, digo, da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:24-25).

E se acrescente Efésios 2.4-9: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

Nossa Redenção encontra-se em Cristo justamente pelo fato de que ele “se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5.2). Não reencontramos nosso lugar ao lado de Deus por méritos pessoais, antes, pela Graça de Deus, a qual, por meio de Cristo, nos reconcilia consigo. Este é o ensino de todo o Novo Testamento. “… Cristo morreu por nós. Muito mais então, sendo justificados pelo Seu sangue seremos salvos da ira de Deus por meio dele.” (Romanos 5:8,9). “… nossa páscoa também foi sacrificada, mesmo Cristo.” (1 Coríntios 5:7). “… Cristo morreu por nossos pecados, segundo a Escritura” (I Coríntios 15:3). “Aquele que não conheceu pecado. Fê-lo pecado por nós, para que nEle fossemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). “… ofereceu para sempre um sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12). “Porque Cristo também sofreu pelos pecados uma vez, o justo pelos injustos, para que nos trouxesse a Deus …” (I Pedro 3:18). “Cristo nos redimiu da maldição da Lei, fazendo-Se maldição por nós” (Gálatas 3:13). “… foste morto e remiste para Deus com o Teu sangue homens de toda a tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse. 5:9).

Foi pesquisando o grande sucesso do filme Chico Xavier, e do fenômeno espírita na mídia, que tive a idéia do título deste artigo. Em minhas andanças na Internet, encontrei uma mensagem de um entusiasta que dizia mais ou menos o seguinte: “Obrigado Chico, por tudo o que você nos ensinou, e para o que tem despertado o Brasil, mesmo de onde você está nos vendo!”. Então, pensei com meus botões: “Chico está nos vendo?”. Bem, o caso é que se eu acreditasse nisto, também teria uma mensagem para este ilustre brasileiro: “Me desculpe a franqueza Chico, mas, ainda que sua filosofia tenha lá suas virtudes, ela não é, e jamais foi cristianismo!”.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3.16

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Marina Silva: Utopia com pé no chão


Possível candidata à Presidência em 2010, a evangélica Marina Silva movimenta a sucessão com bandeiras como ética, sustentabilidade e respeito à diversidade

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Quem espera encontrar em Marina Silva ingenuidade política e meras palavras de ordem de uma militante ambientalista vai se surpreender. Sua principal bandeira, a do desenvolvimento sustentável, já se mostra capaz de articular-se com amplos setores da sociedade, mudando os rumos do debate em torno da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora pelo Acre, que se filiou ao PV em agosto, desponta como candidata a presidente e promete não fazer apenas figuração nas eleições do ano que vem. “Quero preservar as utopias”, disse Marina, de 51 anos, ao filiar-se ao novo partido. Antenada com os esforços mundiais para frear o aquecimento global, ela afirma que estamos em uma “esquina civilizatória”, na qual todo o planeta precisará repensar seu modo de crescimento e consumo.

Casada, mãe de quatro filhos, Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima tem o dom de surpreender. Quem poderia dizer que a cabocla acreana, filha de seringueiro, que só aprendeu a ler aos 16 anos, pudesse se tornar a senadora mais jovem da história, eleita pela primeira vez aos 36 anos, em 1994? Formada em história pela Universidade Federal do Acre, ela não parou de estudar, tendo feito vários cursos. Atualmente, com uma agenda superlotada, ainda encontra tempo para uma pós-graduação em psicopedagogia. Herdeira política do líder seringueiro Chico Mendes (1944-1988), Marina foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, quando, após esgotar os esforços para fazer da política ambiental uma prioridade no governo Lula, preferiu voltar ao Senado. Sua saída teve grande repercussão na imprensa internacional.

O impacto provocado por sua desfiliação do PT também não foi pequeno. Mas pareceu o caminho natural de Marina, que une sua voz frágil à firmeza de suas convicções. Em 2007, foi escolhida pelo jornal britânico The Guardian como uma das 50 pessoas em condições de ajudar a salvar o planeta. Sua lista de premiações é longa. Dentre muitos outros, ela recebeu o prêmio 2007 Champions of the Earth, o maior das Nações Unidas na área ambiental. A aparente fragilidade física – ela foi vítima de muitas malárias e de hepatites, além de ter sofrido com a contaminação por metais pesados – desafia o fôlego de quem queira acompanhar seu ritmo de trabalho, que entra pela madrugada.

Formada políticamente pelas Comunidades Eclesiais de Base, Marina não renega o que aprendeu, mas confessa com clareza sua fé evangélica. Desde 1997, congrega na igreja Assembleia de Deus, em Brasília. Ela procura preservar sua vida devocional da curiosidade alheia, evitando também o uso político de sua fé. Nesta entrevista, concedida com exclusividade a CRISTIANISMO HOJE, a senadora, em raro momento, se permitiu falar de sua conversão e de sua vida cristã.

CRISTIANISMO HOJE – Como foi sua conversão à fé evangélica?

MARINA SILVA – A gente sempre tem a chance de se tornar cada vez mais dependente de Deus pelo amor que ele tem para conosco. Mas a maioria de nós busca esse amparo e segurança no momento de dor. E comigo não foi diferente. Eu me converti em 1997, numa situação de problema de saúde muito grave. Meu médico, o doutor Eduardo Gomes, após uma batalha comigo por muito tempo, me mandou para o Massachussetts General Hospital, nos Estados Unidos. Fiquei lá quase um mês, fiz uma série de exames, e o diagnóstico confirmou a contaminação por metais pesados. Não era mercúrio, era antimônio, que gerava problemas semelhantes. Só que o medicamento que poderia ajudar a combater a contaminação por antimônio não estava liberado ainda pela FDA [Food and Drug Administration, órgão do governo americano que regulamenta o setor farmacêutico]. E eles não aplicariam o remédio nem com minha autorização, devido ao risco de desencadear um choque anafilático ou uma hepatite medicamentosa grave – e eu já tinha tido três hepatites e cinco malárias. Na época, meus rins eram muito sobrecarregados e eles disseram que o remédio poderia também levar a uma sobrecarga e fazer uma paralisação renal. Então esqueci esse remédio. Voltei ao Brasil muito triste. Fui à nova consulta, muito mais para chorar minhas pitangas, e meu médico até brincou, dizendo “senadora, a senhora não precisa de médico, precisa de um milagre”. Fui então apresentada a um grupo de oração. E me converti, me batizei e passei a ter uma relação de muita proximidade com a Palavra, de muito recolhimento e muita oração. Foram experiências muito profundas.

E como ficou a saúde?

Depois de dois anos – e toda quinta-feira eu ia para o círculo de oração –, em um momento de oração pelos enfermos, eu estava na fila e me vieram à lembrança as letras “DMSA”. Na hora, não me ative. Mas depois me dei conta que era o tal remédio e pensei: vou tomá-lo. Liguei para o doutor Eduardo e perguntei se poderia tomar o remédio caso eu me comprometesse. E conseguimos, veio o remédio. Tomei a primeira dose, não aconteceu nada… Tomei a segunda e nada e, no terceiro mês, tomei a última. Seis meses depois eu fiz um teste de sangue que finalmente mostrou níveis de contaminação mais baixos do que o limite tolerado pela Organização Mundial de Saúde. Então, eu fui atrás da bênção de Deus e encontrei o Deus da bênção. Talvez, se eu tivesse encontrado primeiro a bênção, tivesse desistido de Deus. Mas ele sabiamente se deu primeiro a mim, e depois veio a bênção. E foi um milagre! Para mim, era um milagre, porque a maior dificuldade era remover aquela montanha do medo, da insegurança por tomar um remédio sobre o qual os médicos não se responsabilizavam. Então essa montanha foi removida pela fé e pela graça de Deus. E a ciência removeu a outra, que foi a do antimônio, que já estava impregnado nos meus tecidos.

Como se dá hoje sua vida devocional?

Se estiver em Brasília, nos finais de semana eu vou à igreja Assembleia de Deus. Ultimamente, as viagens são muitas. Mas também, durante a noite, eu sou convidada pelas igrejas Brasil afora. Então me sinto congregando intinerantemente. E, obviamente, leio a Palavra, faço minhas orações.

No cenário político nacional, cada vez que alguém se diz evangélico, vem uma chuva de perguntas sobre temas como aborto, eutanásia, homossexualidade, criacionismo. Como a senhora lida com isso?

Fui católica durante muito tempo, e desde 1997 me converti à fé cristã evangélica. Muitos dos fundamentos que tenho, sobretudo os valores éticos na política, eu os trago da minha experiência espiritual primeira, da teologia da libertação, que foram essenciais na minha formação política. Agora, como evangélico, a sua experiência com Deus, a sua intimidade com ele, não pode ser diferente da vivenciada por Jesus Cristo. Ele sabia fazer as mediações corretas. Havia momentos em que ele se recolhia com seus discípulos, ia para o Monte das Oliveiras, ia para algum lugar para viver aquela experiência, mesmo que fosse dentro de um barco isolado. E tinha momentos que ele se colocava para a sociedade, preservando os mesmos princípios, os mesmos valores – mas sendo muito cuidadoso em respeitar as outras pessoas, que não professavam as mesmas crenças, que não tinham a mesma visão. Ele até confrontava a tradição de que você tinha de estar sempre com seus iguais. E procurava estar com os diferentes, e bastante diferentes: publicanos, estrangeiros… E o tempo todo Jesus tinha uma abordagem também muito respeitosa dessas diferenças. Acho que a melhor forma de viver a espiritualidade é seguindo esse exemplo. Jesus tinha uma atitude respeitosa também em relação ao Estado. Em nenhum momento ele quis tomá-lo de assalto ou criar um Estado paralelo. Ele soube muito bem separar as coisas. E quando ele era confrontado, pelos receios políticos que se tinha da sua fé e da sua liderança, do seu ministério, ele dizia que seu reino não era deste mundo. Então, um reino que é de outro mundo fica mais difícil de combater… E fica também mais difícil de temer, sobretudo por aqueles que não acreditam.

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É possível manter a ortodoxia evangélica no contexto de Estado laico?

O Estado laico não é crente, nem ateu, nem agnóstico. É o Estado laico que assegura que eu tenha uma fé e que, em função da minha fé, eu não venha sofrer nenhum tipo de sanção. Que eu possa vivê-la nos diferentes espaços: no meu trabalho, na minha casa, no mundo. O Estado laico não é só para proteger os não-crentes dos crentes, é também para proteger os crentes dos não-crentes e possibilitar que ambos sejam protegidos no espaço em que a alteridade possa ser realizada e vivenciada, sem que isso signifique que você tenha que viver uma “dupla personalidade”. As pessoas querem que você diga que a sua fé não tem nenhuma consequência. Obviamente tem. Mas, como diz a Bíblia, não é por força nem por violência que se convence as pessoas.

Existe ética na política?

Bem, se não existisse ética na política com certeza eu já teria desistido [da política] há muito tempo. Eu acho que a falta de ética está em todos os lugares, e a ética também está em todos os lugares – ou estaríamos contradizendo a ideia de que o trigo nasce junto com o joio. E esse joio da falta de ética talvez nasça mais em alguns lugares porque parece que a terra é mais fértil. Mas o joio, de uma forma muito disfarçada, nasce em todos os lugares, inclusive dentro das igrejas. A Bíblia fala com muita sabedoria: aquele que pensa que está de pé, tenha cuidado para que não caia. É uma luta de todos os dias, de todos os momentos, de todos os instantes, porque ninguém é perfeito. Ninguém pode evocar-se como dono da ética, da moral, da verdade… Mesmo Jesus teve que conviver com os antiéticos – obviamente sem fazer alianças com eles…

A senhora gosta de citar Santo Agostinho. Ele é seu autor preferido?

Eu, de fato, gosto muito das coisas do Santo Agostinho. Acho que ele deu uma fundamentação muito significativa para o pensamento moderno, por incrível que pareça. Tudo o que ele foi capaz de fazer, integrando parte da filosofia grega com o cristianismo, deu uma contribuição muito relevante, inclusive para a avanço da própria ciência, da civilização ocidental. Não consigo imaginar como seriam as coisas sem essas contribuições. Sou, digamos assim, uma apaixonada pela psicanálise. E para mim foi muito encantador verificar que, antes de Sigmund Freud, Santo Agostinho já esboçava algumas coisas muito interessantes sobre a questão da libido e sobre o inconsciente – ele dizia que atrás da memória lembrada existia uma memória não lembrada, e que parece que é ela que nos dirige. Isso, em Freud, ganha o nome de inconsciente. E Santo Agostinho falava disso, mas falava também de uma outra memória não lembrada, que é o tempo em que nós tivemos a natureza do Éden, antes da queda. E ele tem uma oração muito bonita, uma poesia para mim, referindo-se ao Espírito Santo: “Tarde vos amei, beleza tão antiga e tão nova. Tarde vos amei. É que estáveis dentro de mim e eu estava fora de mim”. E eu li isso várias e várias vezes, e cada vez era maravilhoso, sublime, que é quando a gente se encontra com a natureza daquilo que a gente é. Então, eu gosto muito dele, e gosto muito das coisas de [G.K.] Chesterton e do Philip Yancey, que passou a ser para mim uma leitura muito edificante. E, claro, ler essas coisas “no original” é mais encantador: é na Bíblia…

A senhora já declarou que não faz parte da bancada evangélica. Existe bancada evangélica?

Existe uma articulação. Respeito as pessoas que procuram se organizar, enfim. Há a bancada da saúde, da educação. E tem a bancada evangélica. Mas acho que quando se trata da questão religiosa, a gente tem que procurar estar integrado ao todo, assumir a posição de sal. O sal, ao se cristalizar em si mesmo, não tem como se diluir e dar o sabor. Eu acho que é muito melhor essa diluição e se transformar em sabor. Essa é a minha percepção, sem nenhum demérito para os que assim se organizam e acham que essa é a melhor forma. Quando veio o convite para fazer parte da bancada evangélica, eu expliquei que achava que nós, os cristãos – católicos, evangélicos –, deveríamos atuar como parlamentares brasileiros do Congresso, sem precisar estarmos organizados como uma bancada, como se fosse uma coisa dos evangélicos trabalhando para o interesse dos evangélicos.

De que forma as igrejas podem contribuir para a conscientização e a participação políticas?

De muitas formas, inclusive com os valores que a gente gostaria de ver como reflexo de uma ação política justa, democrática, coerente, honesta. Isso tem que ser traduzido nas razões pelas quais se escolhe em quem votar. Às vezes a gente não faz essa ligação. E as pequenas coisas instituem aquelas que a gente tanto critica. As pessoas podem achar que é uma bênção comprometer o voto da igreja porque alguém promete dar as telhas para o templo… Será? Pois não é, não. Vai dar o púlpito para a igreja. Será?… Não significa que não se deva receber contribuições livres, de quem quer ajudar de forma liberal e feliz, com alegria. No entanto, isso não pode caracterizar nenhum tipo de troca, porque o voto é soberano. É preciso ter essa consciência de que não devemos corromper e nem ser corrompidos no nosso voto.

É errado usar a religião para obter voto?

Se for um uso de uma forma utilitarista, já é um erro em si. Se há alguma identidade programática, de visão, de propostas, aí são identificações legítimas que se expressam no mundo da política. O que você não pode, no meu entendimento, é ter uma relação utilitária e utilitarista com a igreja e transformá-la em palanque. É legítimo para as lideranças que tenham vocação política pleitear o voto. Pois você procurará receber apoio entre aqueles que conhece e dos quais você é conhecido. Assim é no sindicato, é em todos os espaços. O que nós não podemos é perder a dimensão de que na igreja teremos pessoas de todos os partidos, assim como pessoas que não têm partido, e de que aquele espaço ali deve estar à disposição para todas as pessoas. E uma posição tendenciosa faz com que as outras pessoas se afastem.

A senhora vê risco de se repetirem, no Brasil, os mesmos erros que a Igreja cometeu ao longo da história?

É preciso ter muito cuidado. Se a história só se repete como tragédia ou como comédia, por que iremos querer repeti-la? O que aconteceu historicamente no mundo inteiro não pode ser motivo de riso. Então não pode ser comédia. É algo muito grave e que nos ensinou a todos. Temos que perseguir o olhar do Mestre. Ele soube muito bem separar as coisas e não usar seu poder para transformar pedras em pão. Ele soube muito bem usar o poder da igreja, o poder da fé, no momento certo, na hora certa, não teve nenhuma ansiedade em transformar pedras em pão, para deixar bem claro que nós, cristãos, vivemos mais de verbo do que de pão.

O que falta para as igrejas acordarem para a questão ambiental?

Algumas já estão acordando. Já existem muitas iniciativas embrionárias. Mas as igrejas não são diferentes das contradições que existem no mundo. Esse despertamento da questão ambiental é muito recente. Nos últimos trinta anos, essa militância foi se ampliando cada vez mais e agora ela chega também às igrejas. Parece uma incoerência quando a gente diz que ama o Criador e não respeita a criação. A gente levou muito tempo para fazer essa ligação de respeito com a natureza, de respeito à vida, de respeito a outras formas de existência, de um uso cuidadoso dos recursos naturais. Leonardo Boff diz que ficamos muito presos a Gênesis 1.28 – “dominai [a Terra]” – e nos esquecemos de Gênesis 2.15, que diz que Deus colocou o homem no jardim para o cultivar e guardar. Eclesiastes diz que é melhor uma mão cheia com tranquilidade do que duas mãos cheias com aflição de espírito. Já era uma espécie de prenúncio do desenvolvimento sustentável. Quisemos encher as duas mãos e agora estamos vivendo várias aflições de espírito, por não usar adequadamente os recursos naturais. Eu acho melhor uma mão cheia de paz e tranquilidade.

A ministra Dilma Rousseff disse recentemente que sofre preconceito por ser mulher na política. A senhora tem uma experiência parecida?

Ela disse isso no contexto em que foi acusada de usar a máquina pública. Agora, eu acho que a gente tem que ter muito cuidado ao se colocar no lugar de vítima. Se há um desrespeito à lei, não se pode usar essa história do preconceito como escudo. Senão, você banaliza o próprio preconceito. Se eu fizer uma coisa errada, e as pessoas me criticarem, não posso me escudar na condição de mulher para reivindicar o direito de ficar errando porque sou mulher. Se há preconceito, e ele existe em relação às mulheres, não posso utilizá-lo para ficar me vitimizando e continuar fazendo as coisas erradas. Então, alguém me critica e digo, “ah, é porque eu sou mulher”? É uma banalização que não é pertinente.

A senhora disse recentemente que é preciso dar fim ao ciclo de FHC e Lula…

A gente tem que entender a história como processo. Acho que o Brasil acumulou coisas boas e coisasnegativas nos últimos 16 anos. Os acertos precisam ser reconhecidos: conseguimos estabilizar a democracia e consolidá-la; fizemos a estabilização econômica e, além dessa estabilidade, a distribuição de renda e justiça social. São coisas que devem ser preservadas. Tivemos aí a contribuição do sociólogo e a do operário. Mas a história não para por aí, e ainda bem que não. E eu não tenho dúvida de que o grande passo a ser dado na história do Brasil é a nova visão de modelo, saindo da visão de desenvolvimento predatório para o uso sustentável. Saúde, educação, emprego, moradia, mas sem a destruição do meio ambiente – que não venhamos a destruir as bases naturais do nosso desenvolvimento, nossas florestas, nossos recursos hídricos e a fertilidade das terras por processos de erosão e desertificação. O mundo está numa crise de proporções inimagináveis. É uma crise civilizatória, e a humanidade vai ter que fazer um movimento consciente para não inviabilizar as possibilidades de vida na Terra. Um aumento de 2º Celsius na média de temperatura do planeta pode inviabilizar todo o resto. Então, cada país, cada governante, tem que estar comprometido com essa agenda – sobretudo, combatendo o aquecimento global e impedindo as mudanças climáticas.

Se eleita presidente, como lidaria com essas questões?

Qualquer governo terá que integrar as duas coisas: os acúmulos positivos herdados da economia do século 20 e as possibilidades inéditas que começam a surgir da economia verde do século 21. Essa economia nova não nega os avanços positivos que acumulamos às custas da degradação ambiental, mas também não tem como permanecer no mesmo caminho. Vai ter que se reelaborar e repensar como produzir, como consumir, com um questionamento mais profundo. O senador Cristovam Buarque [PDT-DF] chama este momento de esquina ética, ou esquina civilizatória. Estamos diante dela, e como diz Chesterton, não podemos colocar a modéstia no lugar errado. Ele afirma que a modéstia se deslocou para o lugar da convicção. Não podemos ser modestos na convicção de que devemos, sim, proteger os recursos naturais. Um grande ensinamento vem do patriarca Abraão, que plantou uma árvore não para ele, mas para as gerações que viriam.

A polarização entre desenvolvimentistas e ambientalistas não inviabiliza esse processo?

A sociedade primeiro acolhe a ideia, e isso já está acontecendo no Brasil. As pesquisas mostram que as pessoas preferem pagar mais para proteger a floresta. Isso é uma energia fantástica! Nenhum governo poderia desperdiçar uma energia como essa. [O sanitarista] Oswaldo Cruz teve que chamar o Exército para obrigar as pessoas a tomar a vacina contra varíola, no início do século passado. Hoje, 95% das pessoas querem vacinar o planeta contra a destruição. Isso não vai acontecer sem conflitos ou tensões, mas a luta ambiental foge ao padrão do modelo clássico esquerda-direita. É um espaço de integração. A pessoa de direita precisa de água potável, e a da esquerda e a de centro também. Todos vão precisar de terra fértil e de ar puro. Talvez seja o momento de uma integração generosa dos esforços, para que lá na frente possamos pontuar novamente as nossas diferenças.

Se a senhora sair mesmo como candidata de um partido pequeno como o PV à Presidência da República, vai viver uma espécie de luta de Davi contra Golias, não é mesmo?

Sim, eu vou continuar fazendo questão de não usar a armadura de Saul.

Fonte Cristianismo hoje

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Agressores de doméstica evangélica já estão soltos, essa é a justiça brasileira.

 

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Apenas três anos após o crime causar comoção nacional, os rapazes de classe média que espancaram a doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto, confundida com uma prostituta, estão soltos. Presos desde 2007, quatro dos cinco condenados ganharam a liberdade condicional no ano passado, o que, em tese, os obrigaria a comparecer ao Tribunal de Justiça a cada três meses se três deles não tivessem conseguido este ano um indulto, que extinguiu a pena. Como não poderia deixar de ser, os outros dois estão buscando o mesmo benefício. Um não aparece no levantamento do passo a passo da execução penal, feito pelo GLOBO, simplesmente porque, até hoje, encontra-se foragido, nunca passou pela prisão e, no condomínio onde ainda mora sua família, na Barra da Tijuca, ninguém tem informações sobre seu paradeiro.
Jovens cumpriram, em média, 40% das penas
Felippe de Macedo Nery Neto escapou de ser preso. Logo após os outros irem para a cadeia, alegando que apenas dirigia o veículo onde estava o grupo, ele obteve um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça, em caráter liminar, até que o mérito da decisão fosse analisado. Quando o STJ decidiu que Felippe deveria ser recolhido, ele desapareceu.
— Felippe não cumpriu pena alguma. Há um mandado de prisão contra ele, que é considerado foragido — afirma o promotor de Justiça, André Machado Ricci, da 38ª Vara Criminal, onde correu o processo.
Os agressores cumpriram, em média, 40% da pena, cerca de dois anos de prisão. Recentemente, uma decisão na esfera cível os condenou a pagar uma indenização de R$500 mil a Sirlei. Mas o advogado da vítima, Ricardo Mariz, explica que as famílias devem recorrer, já que têm investido muito na defesa:
— Ora, se apenas dois réus têm bens, qual a razão dos outros terem gasto tanto dinheiro com advogados cíveis, se não dispõem de patrimônio?
Os dados da execução penal falam por si. Rubens Pereira Arruda Bruno, condenado a cinco anos e quatro meses em fevereiro de 2008, pediu logo depois autorização para sair da prisão e trabalhar como controlador de lanchas na Vico Transportes Marítimos e Turismo Ltda. Nem houve tempo de apreciar o pedido porque, em novembro do ano passado, ele obteve a liberdade condicional. Este ano, ganhou o indulto. Quanto à empresa em que trabalharia, o nome Vico não está registrado na Junta Comercial do Rio. O pai de Rubens chama-se Ludovico Ramalho e é empresário náutico. Ele se mudou do antigo endereço e não foi localizado. Na época, Ludovico ficou marcado pela frase “Não é justo que essas crianças fiquem presas”.
Outro que obteve o semiaberto foi Julio Junqueira Ferreira, cuja sentença também foi de cinco anos e quatro meses de prisão. Um ano e cinco meses após ser preso, ele teve permissão para trabalhar como auxiliar de almoxarifado na Transegur, tradicional empresa de segurança da cidade. O aval da Justiça foi dado em novembro de 2008. No ano seguinte, Júlio, além de trabalhar, também cursava uma faculdade particular, mas devia voltar à noite para o presídio. Foram apenas mais quatro meses, porque logo entrou em liberdade condicional. A defesa do rapaz, agora, pede o indulto. Procurada, a Transegur informou que Júlio, de fato, trabalhou lá cerca de oito meses, mas saiu logo após ser libertado.
Rodrigo dos Santos Bassalo da Silva, sem proposta de emprego, saiu na condicional em maio do ano passado e já foi indultado. Leonardo Pereira de Andrade foi libertado seis meses depois, mas ele ainda não teve o indulto.
A promotora da Vara de Execuções Penais (VEP), Gabriela Tabet, observa que, todo ano, o Ministério Público questiona, sem sucesso, o indulto natalino concedido pela Presidência da República. Com caráter genérico, ele beneficia os condenados que atendam a alguns requisitos, como pena inferior a oito anos. Uma fração da pena deve ter sido cumprida e o candidato não pode ter registro de falta grave na unidade prisional.
— O que eu acho é que fica, muitas vezes, uma sensação de impunidade, porque o juiz analisou as provas e imputou uma pena ao cidadão, que teve direito a todas as garantias previstas na lei. Com o indulto, o condenado cumpre muito pouco da sentença e a punição ainda é extinta. A sensação é de que o cumprimento da pena ficou aquém do esperado — analisa a promotora Gabriela Tabet.
Ao falar sobre o destino dos rapazes, a vítima, Sirlei, que ainda aguarda uma cirurgia para se recuperar de uma lesão no braço, causada pelas agressões, surpreende:
— Fico feliz de saber que eles estão trabalhando e estudando, que retomaram a vida. Durante um tempo, que eu não sei qual foi, eles ficaram reclusos, longe do conforto e das coisas boas que tinham. São jovens, e todo ser humano tem direito a uma nova chance. Já chega o fato de que eles estão marcados para sempre. A nossa sociedade aponta muito o dedo. A vergonha que passaram vão sempre lembrar, querendo ou não.
Dos advogados localizados, João Mestieri, que defende Felippe Nery, avisa que vai recorrer da indenização, e Edgard Saboya Filho, de Rubens, não quis comentar o processo.

Em 2008, Sirley foi pré-candidata a vereadora, relembre:

“Não prometo nada”, adianta Sirley Dias, que, assim como a grande massa da população carente de sua região, está desapontada com a política e as promessas de melhorias não cumpridas. Essa insatisfação, atrelada ao histórico de Sirley ter sido vítima da violência e da desigualdade social, levou a diarista espancada por “pitboys” da Barra da Tijuca, em junho do ano passado no Rio, a alcançar vôos mais altos e tentar uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio.

O convite partiu do senador Marcelo Crivella (PRB), partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Sensibilizado com o caso e a exposição da diarista que foi espancada por cinco jovens, quando esperava por um ônibus para ir a uma consulta médica em Imbariê, bairro de Duque de Caxias (RJ), o senador convidou Sirley a disputar uma vaga. “Não sou oportunista”, frisa a diarista, que, devido às dores, pode ter de operar o braço direito. O motivo do roubo e da agressão, segundo os jovens, foi que eles haviam confundido Sirley com uma prostituta. Dias depois do caso, ela, que é membro da Igreja Assembléia de Deus, disse que perdoou os jovens e, na entrevista à Enfoque, comentou que a atitude dos filhos é fruto da omissão dos pais.

Apesar de morar em um distrito de Duque de Caxias, o título de eleitor da diarista é do Rio de Janeiro. Por ter tido uma vida difícil, já que teve de vender cachorro-quente para complementar a renda e ajudar a mãe, Sirley não terminou os estudos. O que a pré-candidata não teve em sua vida, quer que o seu próximo tenha: acesso à saúde e educação de qualidade e, é claro, mais direitos para as empregadas domésticas. “Quero usar toda a minha experiência de vida para trabalhar por mais recursos para hospitais e escolas. Sei o que é ir ao posto de saúde atrás de um pediatra e não ter médico”, afirma a empregada, que ainda aguarda definição do partido e que, se eleita, será daquelas parlamentares que colocam “a mão na massa”. “Sei que serei uma formiguinha no meio do oceano.”

Data: 30/8/2010 08:15:26
Fonte: O Globo/Redação Creio