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A ciência do beijo

Entrevista

Em seu novo livro, ‘The Science of Kiss’, a cientista e jornalista Sheril Kirshenbaum explica por que o beijo faz todo sentido do ponto de vista biológico e por que os seres humanos gostam tanto de beijar

Aretha Yarak

Burt Lancaster e Deborah Kerr em 'A Um Passo da Eternidade': sentidos aguçados

Burt Lancaster e Deborah Kerr em ‘A Um Passo da Eternidade’: sentidos aguçados (Reprodução)

“O beijo ativa todos os nossos sentidos – como o olfato, o paladar e o tato – para que forneçam pistas sobre a compatibilidade e o potencial a longo prazo do parceiro”

“Embora o beijo possa transmitir bactérias e vírus, é algo relativamente seguro. Existe um número muito maior de germes que podem ser transmitidos por um aperto de mão”

“Ninguém nunca me beijou como você”, diz a esposa infeliz vivida por Deborah Kerr ao amante interpretado por Burt Lancaster, na célebre cena de A Um Passo da Eternidade. O arrebatamento ganha contornos dramáticos no filme de Fred Zinnemann.

Já na vida real, é o resultado genuíno de uma complexa cadeia de reações biológicas cujo propósito, justamente, é nortear a decisão de investir ou não num relacionamento. “O beijo ativa todos os nossos sentidos para que forneçam pistas sobre a compatibilidade e o potencial a longo prazo do parceiro”, diz ao site de VEJA a pesquisadora Sheril Kirshenbaum. Em seu novo livro, The Science of Kissing(“A Ciência do Beijo”, sem previsão de lançamento no Brasil), Sheril explica a origem e a evolução do beijo, por que faz bem à saúde e como pode decidir com quem vamos passar o resto da vida. Leia trechos da entrevista.

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A capa do livro 'The Science of Kiss', de Sheril Kirshenbaum

A capa do livro ‘The Science of Kiss’, de Sheril Kirshenbaum

Qual a origem do beijo? O registro mais antigo do beijo vem da Índia. São textos em sânscrito de 3.500 atrás. No entanto, considerando tantos comportamentos similares no reino animal, especialmente entre primatas, pode-se supor que os humanos, de alguma maneira, sempre se beijaram.

Por que beijamos? O beijo ativa todos os nossos sentidos – como o olfato, o paladar e o tato – para que forneçam pistas sobre a compatibilidade e o potencial a longo prazo do parceiro. Nosso corpo e cérebro nos ajudam a decidir se devemos investir no relacionamento. Ao mesmo tempo, as terminações nervosas existentes nos lábios fazem da experiência algo extremamente agradável. E é função dos hormônios e dos neurotransmissores promoverem o vínculo e a proximidade entre as duas pessoas.
O beijo é uma evolução biológica? Como fica a influência cultural? O ato de beijar é um exemplo maravilhoso de comportamento que combina inclinações naturais e aprendizado. Nós temos um instinto biológico muito forte que nos impulsiona a beijar outra pessoa, mas isso é também um comportamento aprendido e moldado pela cultura e pela própria experiência pessoal. Em regiões onde não existe a tradição de beijar, da maneira como a entendemos hoje, há comportamentos que podem ser considerados similares, tais como lamber, esfregar e até mesmo assoprar, sempre com o mesmo propósito.
Quais são os mecanismos químicos e biológicos envolvidos no ato de beijar? Quando o beijo “combina”, nossas bochechas ficam avermelhadas, nossa pulsação acelera, a respiração fica irregular e as pupilas dilatam  – o que pode explicar por que fechamos os olhos. Beijar libera ainda o “hormônio do amor”, a ocitocina, que trabalha para manter a conexão entre duas pessoas. Portanto, beijar pode ajudar a manter o amor em relacionamentos longos. Também é associado ao beijo o aumento de dopamina, neurotransmissor responsável pelo desejo. Enquanto isso, a serotonina causa pensamentos obsessivos sobre o parceiro. Esse é o mesmo neurotransmissor envolvido em pessoas com TOC. Isso é apenas o começo. É interessante observar como esses hormônios e neurotransmissores são responsáveis por vários dos sintomas que nós associamos à paixão.

Como o cérebro reage ao beijo? Um beijo bom envia uma cascata de sinais para o cérebro, que nos fazem sentir bem, reforçando o comportamento, o que nos faz ter vontade de continuar o que estamos fazendo.
Beijar vicia? A dopamina é um neurotransmissor que atinge seu pico durante o beijo. É um tipo de droga natural, associada à recompensa, que nos faz sentir uma onda de euforia e desejo. Ela estimula os mesmo centros de prazer no cérebro que as drogas, nos fazendo querer mais e mais, como um vício.
Beijar é perigoso? Embora o beijo possa transmitir bactérias e vírus, é algo relativamente seguro. Existe um número muito maior de germes que podem ser transmitidos por um aperto de mão.
Qual o maior engano sobre o beijo? Provavelmente o ditado que diz que “um beijo é apenas um beijo”. Na verdade, há muito mais coisas envolvidas.
O que faz um beijo ser memorável? De acordo com John Bohannon, psicólogo da Universidade de Butler, o primeiro beijo pode deixar uma memória muito viva. Ele descobriu que a maioria das pessoas consegue se lembrar detalhadamente da experiência. Isso pode ter alguma relação com os altos níveis de excitação dos nossos sentidos para reunir informações importantes sobre a atividade e a outra pessoa. É um momento muito poderoso e nos ajuda a decidir o que fazer em seguida.
Quais as diferenças biológicas de um beijo romântico e de um social? Os dois tipos de beijo transmitem uma sensação de confiança. Estamos deixando outra pessoa invadir nosso “espaço pessoal”. Entretanto, um beijo social evoluiu historicamente como um tipo de saudação, provavelmente por causa do jeito como nossos ancestrais usavam o nariz para agradecer ou demonstrar reconhecimento. Isso, em certo ponto, provavelmente passou a ser acompanhado de um selinho.

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Sheril Kirshenbaum

A pesquisadora Sheril Kirshenbaum

Qual a diferença na maneira que homens e mulheres encaram o beijo? Existe uma grande diferença entre os gêneros em relação à atitude e às preferências do beijo. Mulheres tendem a descrever o beijo como uma maneira de medir o relacionamento e de descobrir os sinais que o beijo pode dar sobre o futuro. Homens com frequencia descrevem o beijo como um meio de alcançar um determinado fim, esperando por mais contato físico. Felizmente, beijar é prazeroso para ambos os sexos.
Quais os benefícios do beijo para a saúde? Uma vez que o beijo é um meio tão significativo para criar vínculos entre as pessoas, ele é benéfico para a mente e também para o corpo. Vínculos fortes estão ligados a melhores relacionamentos, uma melhor sensação de bem estar, atitudes mais otimistas, baixa pressão sanguínea e menos estresse.

Por que algumas culturas não adotaram o beijo na boca? Enquanto eu produzia meu livro, li alguns relatos de viajantes do século XIX sobre culturas que tradicionalmente não beijavam do como fazemos. Um beijo na boca deve ter parecido bem estranho a estas populações. Entretanto, se ampliarmos a definição de beijo, como Charles Darwin fez, incluindo gestos como assopros no rosto e lambidas, reparamos que há uma similaridade de comportamentos e uma biologia envolvida aparentemente universal.

Fonte: Veja

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

Fóssil de dentes em Israel pode mudar teoria da evolução humana

28/12/2010 – 11h12

 

DA BBC BRASIL

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Fósseis de dentes de 400 mil anos podem mudar a teoria da evolução humana, segundo arqueólogos israelenses que o encontraram.

Os pesquisadores da Universidade de Tel Aviv acreditam que os dentes seriam de seres humanos modernos, tornando o fóssil a mais antiga evidência da existência de um Homo sapiens.

A teoria aceita atualmente é a de que os Homo sapiens se originaram na África há cerca de 200 mil anos antes de se espalhar pelo mundo.

Oded Balilty/AP

Teoria atual é de que "Homo sapiens" se originaram na África há cerca de 200 mil anos antes de se espalhar pelo mundo

Teoria atual é de que "Homo sapiens" se originaram na África há cerca de 200 mil anos antes de se espalhar pelo mundo

Os fósseis de dentes foram encontrados durante as escavações da caverna de Qesem, um sítio pré-histórico encontrado em 2000 a 12 quilômetros ao leste de Tel Aviv.

A descoberta foi relatada em um artigo publicado na revista especializada "American Journal of Physical Anthropology".

PARADIGMAS

O coordenador do estudo, Avi Gopher, diz que mais pesquisas são necessárias para comprovar a teoria de seus pesquisadores, mas afirma que a descoberta tem o potencial de mudar o conceito da evolução humana.

"A datação da caverna mostra que a presença do Homo sapiens nesta parte do mundo é mais antiga do que as outras evidências que tínhamos até então", afirma Gopher.

"Esta conclusão pode ser de grande importância, porque pode ser a primeira evidência para mudar alguns dos paradigmas que usamos em termos da evolução humana", diz o pesquisador.

A equipe da Universidade de Tel Aviv analisou os fósseis com raios X e tomografias computadorizadas. A datação foi feita com base na análise da camada de terra na qual eles foram encontrados.

Segundo a teoria aceita atualmente, os humanos modernos e os neandertais se originaram de um ancestral comum que vivia na África há cerca de 700 mil anos.

Um grupo que migrou para a Europa se desenvolveu nos neandertais antes de serem extintos. Outro grupo, que permaneceu na África, teria gerado os seres humanos modernos, ou Homo sapiens.

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Ciência diz agora que o homem è descendente da “esponja”

Filhos de uma esponja Uma espécie marinha existente há 650 milhões de anos seria o primeiro ancestral comum de toda a vida animal, incluindo os homens, conclui cientista australiano. O organismo também possui células-tronco, o que pode ajudar nas pesquisas sobre essas estruturas

Paloma Oliveto

Publicação: 07/08/2010 07:00

A Amphimedon queenslandica foi o modelo para o sequenciamento genético: semelhanças com os homens - (Maely Gauthier/Divulgação )

A Amphimedon queenslandica foi o modelo para o sequenciamento genético: semelhanças com os homens

Reconhecida como animal apenas no século 19, a esponja acaba de ser elevada ao nível de primeiro organismo pluricelular com a habilidade de se desenvolver a partir de um óvulo fertilizado por um espermatozoide. Isso quer dizer que toda a vida animal — incluindo os homens — é fruto de um ancestral comum. No caso, uma esponja marinha que viveu há cerca de 650 milhões de anos. A partir dessa descoberta, possível graças ao sequenciamento genético da espécie, um grupo internacional de pesquisadores acredita que a ciência terá condições de compreender melhor a origem tanto dos animais quanto de doenças como o câncer.
De acordo com Bernard Degnan, coautor do estudo que foi publicado pela revista especializada Nature, as esponjas e os homens compartilham cerca de 70% de seu material genético. Boa parte desses genes está associada ao câncer. Além disso, o mais simples e antigo grupo de animais que habita a Terra poderá ser importante nas pesquisas sobre células-tronco, pois as esponjas também possuem essas estruturas, capazes de originar todos os órgãos do corpo. “As esponjas têm o que consideramos o ‘Santo Graal’ das células-tronco”, afirmou Degnan, professor da Universidade de Queensland, na Austrália, à agência de notícias France Press. Para ele, “o estudo das esponjas pode modificar a forma como pensamos sobre nossas células-tronco e como poderíamos usá-las em futuras aplicações médicas”.

Recife de corais na Austrália onde vive a esponja estudada: agora, busca para respostas sobre o câncer   - (Marcin Adamska/Divulgação )

Recife de corais na Austrália onde vive a esponja estudada: agora, busca para respostas sobre o câncer

A equipe de pesquisadores debruçou-se no assunto por cinco anos e usou a espécie Amphimedon queenslandica, encontrada na Grande Barreira de Corais australiana, como modelo para o sequenciamento genético. “Apesar de pensarmos nas esponjas como simples criaturas cujo esqueleto nós usamos para nos esfregar durante o banho, elas têm mais similaridades do ponto de vista bioquímico e de desenvolvimento de funções complexas com o homem do que muitos outros animais que acreditamos serem menos simplificados”, explicou ao Correio o professor de biologia celular Daniel Rokhsar, da Universidade da Califórnia. Ele liderou a equipe de cientistas que assina o artigo publicado na Nature.
Câncer
Segundo Rokhsar, que é chefe do programa de genoma computacional da universidade, “a hipótese é a de que a pluricelularidade e o câncer são os dois lados da mesma moeda”. “Se você é uma célula de um organismo pluricelular, você tem de cooperar com as demais células do seu corpo, tendo certeza de que você vai se dividir, já que, supostamente, faz parte do time”, explica. “Os genes que regulam essa cooperação são também os que, quando defeituosos, fazem com que as células se tornem ‘egoístas’ e cresçam de forma descontrolada, em detrimento do restante do organismo.”
No sequenciamento da Amphimedon queenslandica, os cientistas procuraram pelos mais de 100 genes que estão relacionados ao câncer em humanos e encontraram 90% deles no DNA das esponjas. Novas pesquisas vão mostrar qual o papel exato dessas estruturas no momento em que as células deixam de colaborar com as demais e começam a se dividir em excesso, tornando-se um tumor. Normalmente, as células do corpo não se multiplicam fora de controle, porque existem mecanismos que policiam sua atuação. Até agora, porém, a ciência não sabe ao certo por que isso acontece, e nem mesmo se o processo natural da evolução das espécies foi capaz de resolver o problema.
Além dos genes envolvidos com a divisão e o crescimento celular, as esponjas possuem outros também encontrados nas espécies animais, como os que programam a morte de uma célula, fazem o reconhecimento de um organismo estranho, e os genes responsáveis por dotarem uma célula de funções especializadas. “O que marcou a evolução dos animais foi a habilidade das células de um indivíduo de assumirem propriedades especializadas e trabalharem juntas pelo bem de todo o organismo. A esponja representa uma janela desse antigo e importantíssimo evento”, disse um dos coautores da pesquisa, Kenneth S. Kosik, por meio da assessoria de imprensa da Universidade da Califórnia.

“As esponjas têm o que consideramos o ‘Santo Graal’ das células-tronco. O estudo das esponjas pode modificar a forma como pensamos sobre nossas células-tronco e como poderíamos usá-las em futuras aplicações médicas”

Bernard Degnan, professor da Universidade de Queensland, na Austrália