Categorias
Artigos

Buzz Aldrin: “Minha espiritualidade mudou após comungar na Lua”

Na volta à Terra, enfrentei alcoolismo e depressão. Sou espiritual, mas não sou mais a mesma pessoa que fez uma cerimônia religiosa em solo lunar para agradecer pelo sucesso da missão Apolo 11

EM DEPOIMENTO A TIAGO MALI – 
Revista Época
SEGUNDO PASSO Buzz Aldrin, ao pisar na Lua, em 1969. O primeiro homem a andar lá, Neil Armstrong, era o fotógrafo dessa missão (Foto: Universal History Archive/Getty Images)

Lua, 20 de julho de 1969

Três meses antes de embarcar rumo à Lua, ocorreu-me uma ideia. Pensei que, se realmente pousássemos lá, havia uma chance razoável de não conseguirmos voltar à Terra em segurança. O que aquilo representava para a humanidade, o grande passo tecnológico, como descreveu Neil (Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua), estava claro. Mas senti que, se chegássemos lá, faltaria também fazer algo simbólico para que mostrássemos quanto éramos gratos por ter atingido o objetivo. Tinha de ser um símbolo que pudesse ser compreendido por todo mundo. Fiquei um tempo pensando. Cheguei à conclusão de que a comunhão poderia ser esse símbolo de gratidão, que seria reconhecido por católicos, protestantes e, de alguma forma, também por judeus.

Fui criado numa escola religiosa. Frequentava os cultos de uma congregação presbiteriana, a religião de meus pais. Me envolvi com a igreja e fazia leituras nos cultos de domingo de diferentes passagens daBíblia. Tornei-me um presbítero na Igreja Presbiteriana Webster, no Texas. O pastor era um bom amigo. O filho dele e o meu costumavam jogar futebol (americano) juntos. Ficamos um bom tempo pensando no símbolo ideal até chegar à ideia da comunhão. Faltava saber se era permitido que eu administrasse a cerimônia. O pastor me ajudou a arranjar uma permissão da congregação para que eu pudesse conduzir um rito privado fora da Terra e me arrumou um pequeno cálice, o vinho e o pão (o cálice ainda é guardado na Igreja Presbiteriana Webster, onde os fiéis celebram, todos os anos, o “domingo da comunhão lunar”). Levei os objetos para a nave em minha cota de pertences pessoais. E, claro, avisei a agência espacial que pretendia comungar lá em cima.

Edwin "Buzz" Aldrin (Foto: época )

A Nasa me instruiu a não anunciar a comunhão pela transmissão do rádio no momento em que pousasse na Lua. Isso, eu sabia, poderia acarretar problemas para eles. Numa missão anterior, a Apolo 8, o governo já fora bastante criticado após um dos astronautas ter lido o livro de Gênesis na véspera do Natal de 1968. A Nasa não queria mais ser acusada de misturar ciência e religião.

>> Outras reportagens da seção História Pessoal

Depois de pousarmos no solo lunar, ainda dentro do módulo, desliguei meu rádio (antes, pedi que cada um que ouvia a transmissão agradecesse, de sua forma particular, pelos sucessos da missão nas horas anteriores). Li, naquele momento, citações da Bíblia. Peguei, de um plástico, o pequeno cálice, e, de um recipiente, o vinho. Com um sexto da gravidade da Terra, o vinho se comportava de maneira diferente. Foi lentamente fazendo círculos dentro da taça. Fiz assim o ritual de comunhão para mim, com Neil me observando.

>> Primeiros astronautas em Marte deveriam ficar lá, diz Buzz Aldrin

Na volta, poucos sabiam do ocorrido. Apenas gente da igreja e a Nasa. Demorei mais de um ano para descrever publicamente o que acontecera lá. À medida que o tempo passou, uma série de reveses me levou ao alcoolismo e à depressão. (Um ano antes da viagem épica, a mãe de Aldrin se suicidara. Logo depois de ele voltar à Terra, terminou um casamento de 21 anos, depois ingressou em outro matrimônio, que acabou rapidamente. Aldrin já afirmou que esses acontecimentos, somados a um retorno infeliz ao trabalho numa escola de pilotos, o levaram ao alcoolismo.) Minha recuperação da depressão me aproximou de gente que tinha uma visão mais aberta sobre divindades ou sobre um poder superior, sem categorizar uma religião específica. Pensar dessa forma sobre um ser superior ajuda na recuperação, porque remove o pensamento egoísta que impele ao álcool para lidar com os problemas cotidianos. Se, antes, era muito ligado a uma igreja, passei a enxergar a religiosidade de uma maneira mais ampla.

VIU A LUZ Buzz Aldrin,  numa viagem  à Alemanha.  Ele pressiona o governo dos EUA a enviar uma missão tripulada a Marte (Foto: Gaby Gerster/laif)

Esse entendimento se juntou à leitura que comecei a fazer de cientistas, como Albert Einstein e Stephen Hawking. A maneira como eles descreveram a formação do Universo e a evolução da vida até aqui nos leva a entender a espiritualidade de uma forma mais universal, sem recorrer à clássica divisão de religiões. Sou um homem da ciência, mas me considero hoje uma pessoa espiritual, sem me filiar a nenhuma religião específica. Tenho um entendimento que abarca essas tradições, mais no sentido de aceitar uma divindade universal. Depois de voltar da Lua, fui bastante requisitado e viajei para muitos lugares. Conheci muitas outras filosofias, li muitas outras coisas que me deram um outro entendimento do mundo. Hoje, não sou mais o mesmo homem que decidiu que a melhor forma de mostrarmos gratidão pelo sucesso da missão era organizar uma comunhão ainda em solo lunar. Minha espiritualidade mudou.

Categorias
Cultos Noticias

Arábia Saudita decreta pena de morte para quem carregar Bíblia

Nova lei sobre literatura pode por fim ao cristianismo na região

por Jarbas Aragão – gospelprime

 

Arábia Saudita decreta pena de morte para quem carregar Bíblia
Arábia Saudita decreta pena de morte para quem carregar Bíblia

A Arábia Saudita é o “berço” do Islamismo, tendo em Meca a cidade mais sagrada desta religião. Já é proibido aos não muçulmanos entrarem naquela cidade. De modo geral, a perseguição religiosa só aumenta. Não há igrejas conhecidas e a maioria dos cristãos naquela nação são imigrantes estrangeiros.

Agora, o governo do país que já se diz regido pela lei sharia, anuncia modificações em uma lei sobre literatura. Isso poderá marcar o fim do cristianismo na região. O motivo é simples: está prevista pena capital para quem carregar Bíblias para dentro da Arábia. Ou seja, o que já era considerado contrabando, agora chega ao extremo. Não se pode comprar legalmente uma cópia das Escrituras por lá.

A missão Heart Cry  [Clamor do coração] divulgou em seu relatório mais recente que ao legislar sobre a importação de drogas ilegais, incluiu-se um artigo que aborda “todas as publicações de outras crenças religiosas não islâmicas e que tragam prejuízo”. Ou seja, na prática, entrar com uma Bíblia na Arábia Saudita será o mesmo que carregar cocaína ou heroína.

Segundo a lista publicada anualmente pelo Ministério Portas Abertas, em 2014 a Arábia Saudita figura como o 6º país que mais persegue cristãos.  A conversão para outra religião já era proibida na Arábia Saudita, punida com a morte. Mesmo assim, existem relatos crescentes que muçulmanos estão seguindo a Cristo após sonhos e visões.

O portal WND entrou em contato com a embaixada da Arábia Saudita para confirmar as mudanças na lei, mas a resposta oficial é que não haveria comentários. Por ser um importante parceiro comercial dos EUA, a Arábia raramente recebe cobertura negativa da imprensa.

O teólogo Joel Richardson, que tem escrito vários livros e produz documentários sobre o islamismo e o final dos tempos, afirmou: “Se os muçulmanos verdadeiramente tivessem confiança que sua religião é verdadeira, não teriam medo de pessoas que leem a Bíblia”.

Para ele, o decreto é uma prova que o governo saudita tem medo do impacto do cristianismo.  Produtor do documentário “End Times Eyewitness” [Testemunhas do Final dos Tempos], Richardson acredita que “Se eles estão matando pessoas por carregarem uma Bíblia, este é o cumprimento de Apocalipse 6:9″.

Categorias
Noticias

OAB quer proibir sacrifícios de animais em rituais religiosos

O projeto é visto por representantes do candomblé como preconceito religioso

por Leiliane Roberta Lopes

  • gospelprime

 

OAB quer proibir sacrifícios de animais em rituais religiosos
OAB quer proibir sacrifícios de animais em rituais religiosos

A Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (AOB-RJ), presidida por Reynaldo Velloso, quer proibir os rituais religiosos com sacrifícios de animais.

A decisão foi anunciada durante a  XXII Conferência Nacional dos Advogados no Rio de Janeiro quando Velloso comentou sobre o assunto, gerando muitas críticas de representantes do candomblé que afirmam que tentar impedir os sacrifícios é perseguição religiosa.

“Os animais têm que ser defendidos, mas as pessoas têm que entender os limites da nossa tradição da sacralização do alimento”, disse o babalorixá Ivanir dos Santos que é presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa também do Rio de Janeiro.

Mas para quem alega se tratar de uma tradição, Velloso tem uma resposta ríspida: “Tradição tem que ser na África, não no Brasil”. Sua fala gerou muitas críticas e apesar de ele não ter ligação nenhuma com os evangélicos, ele foi chamado de oportunista e de estar em concordância com eles.

“Isso é perseguição de grupos evangélicos, e ele está querendo usar isso como forma de se notabilizar”,  disse Santos que é totalmente contra a proibição dos sacrifícios de animais.

Mas para o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB a matança dos animais precisa parar. “Só o candomblé e mais religiões de poucos adeptos cometem essa prática. Tem que prevalecer a vontade da maioria. Onde já se viu matar um ser indefeso para uma entidade evoluir? Isso só existe na cabeça das pessoas”, disse.

Para o advogado a religião deve ser limitada pela lei que já proíbe os maus tratos aos animais. “A religiosidade tem que se submeter a todas as regras da vida. Você não tem direito de matar um marginal se ele invadir sua casa.”

Quem concorda com Velloso é a veterinária Andrea Lambert, da Associação Nacional de Implementação dos Direitos dos Animais que pede para que a prática seja combatida e proibida.

“O animal é morto por pessoas que não conhecem a técnica correta para fazer um abate humanitário. Liberdade religiosa não é praticar um crime. Se fosse assim, poderiam matar até um ser humano com esse mesmo argumento”, argumentou ela para o jornal O Dia.