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Depois de choques entre muçulmanos e cristãos, premiê egípcio convoca reunião

 

Essam Sharaf adiou viagem para reunião de emergência; confrontos deixaram dez mortos e mais de cem feridos.

08 de maio de 2011 | 7h 30

O primeiro-ministro do Egito, Essam Sharaf, convocou uma reunião de emergência do gabinete de governo depois dos confrontos entre muçulmanos e cristãos durante a noite no Cairo, que deixaram dez mortos.

Segundo a imprensa estatal do país, Sharaf adiou uma viagem ao Barein e Emirados Árabes Unidos para discutir a violência religiosa no bairro de Imbaba que, além de dez mortos, também deixou mais de cem feridos.

"O primeiro-ministro Sharaf convocou uma reunião de emergência do gabinete de governo para discutir os eventos lamentáveis em Imbaba", afirmou Ahmed al-Saman, porta-voz do governo, à agência de notícias estatal Mena.

Os confrontos começaram depois que centenas de muçulmanos conservadores se reuniram em uma igreja alegando que uma mulher cristã que se converteu ao islamismo estava sendo mantida contra a vontade dentro da igreja.

Segundo a agência Mena, a mulher teria se casado com um muçulmano e queria se converter ao islamismo.

O que teria começado como uma discussão entre manifestantes, seguranças da igreja e moradores das proximidades evoluiu para um confronto envolvendo armas, bombas e pedras.

Duas igrejas e algumas casas do bairro foram incendiadas e foram necessárias algumas horas para que os serviços de emergência e militares controlassem a situação.

Segundo o correspondente da BBC no Cairo Jonathan Head, a ocorrência de outro episódio grave de violência em uma comunidade, enquanto o governo militar lidera um processo de transição hesitante é mais um motivo de preocupação para o Egito.

Movimento salafista

Testemunhas afirmaram que centenas de muçulmanos integrantes do movimento salafista se reuniram na Igreja Copta de Santa Mena, no bairro populoso de Imbaba, na noite de sábado.

Eles protestavam contra a alegação de que uma mulher cristã estava sendo mantida presa na igreja.

No entanto, uma pessoa que estava no local, um blogueiro chamado Mahmoud, disse à BBC que as pessoas que viram o início da violência afirmaram que os que começaram o confronto pareciam "bandidos comuns" ao invés de salafistas.

O blogueiro testemunhou o incêndio em uma segunda igreja e ajudou os bombeiros a apagar as chamas.

O grupo salafista, que adotou uma postura mais expressiva desde que Hosni Mubarak deixou a Presidência em fevereiro, já fez outras denúncias de mulheres sendo mantidas contra a vontade dentro de igrejas.

Em março 13 pessoas morreram em confrontos semelhantes em outro bairro. Em abril, manifestantes na cidade de Qena, sul do Egito, cortaram os transportes para o Cairo durante uma semana em protesto contra a indicação de um governador cristão para a região.

Cerca de 10% da população do Egito é formada por coptas. A maioria é de muçulmanos.

De acordo com o correspondente da BBC, esta minoria cristã agora teme pela própria segurança caso os muçulmanos conservadores consigam bons resultados nas eleições, marcadas para setembro. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.



O estadão.com

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Vaticano diz que Bin Laden terá de responder a Deus

 

02 de maio de 2011 | 7h 22

REUTERSOsama bin Laden (CIA photo).png

O líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, terá de responder a Deus por ter matado muitas pessoas e explorado a religião para espalhar o ódio, disse o Vaticano nesta segunda-feira.

O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que embora os cristãos "não se alegrem" com a morte de Bin Laden, este fato serve para lembrá-los da "responsabilidade de cada pessoa perante Deus e homens".

"Osama bin Laden, como todos sabem, tinha a grave responsabilidade de ter espalhado divisão e ódio entre as pessoas, causando mortes de um incontável número de pessoas e explorando a religião com esses objetivos", disse ele.

Lombardi também disse que o Vaticano espera que a morte de Bin Laden "não seja uma ocasião para mais ódio, mas para paz."

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Após dez anos do 11 de setembro, Bin Laden é morto pelos EUA no Paquistão

 

Ataques de 2001 tornaram Bin Laden um dos nomes mais conhecidos do mundo

 

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02 de maio de 2011 | 7h 33

Osama bin Laden se tornou um dos nomes mais conhecidos do mundo em 11 de setembro de 2001, quando ataques organizados por sua rede contra os Estados Unidos deixaram mais de 3.000 pessoas mortas e centenas de feridos.

Ele nasceu em 1957, e era considerado o 17º dos 52 filhos de Mohamed bin Laden, um empreiteiro multimilionário responsável pela construção de 80% das estradas sauditas.

A morte do pai em um acidente de helicóptero, em 1968, deixou ao jovem Osama uma fortuna de milhões de dólares.

Enquanto estudava engenharia civil na Universidade Rei Abdul Aziz, em Jedá, na Arábia Saudita, Bin Laden entrou em contato com professores e estudantes da linha mais conservadora do islamismo.

Por meio do debate teológico e de estudo, ele abraçou o fundamentalismo islâmico como uma defesa contra o que via como a decadência do Ocidente.

A invasão soviética ao Afeganistão, em dezembro de 1979, mudou a vida de Bin Laden para sempre.

Ele assumiu a causa anti-comunista com fervor e se mudou para o Afeganistão, onde, por uma década, lutou ao lado dos mujahideen que resistiam à ocupação soviética.

Especialistas em inteligência acreditam que a CIA (agência de inteligência americana) teve um papel decisivo em fornecer armas e treinamento aos mujahideen, incluindo Bin Laden.

Vingança

O fim da guerra, com a retirada soviética, levou-o a mudar de posição, com a mudança de foco de sua ira contra Moscou para os Estados Unidos após 300 mil soldados americanos, incluindo mulheres, terem sido estacionados na Arábia Saudita durante a Guerra do Golfo de 1991 contra o Iraque.

A partir de então, Bin Laden prometeu vingar o que via como blasfêmia.

Junto com muitos de seus companheiros mujahideen, ele levou sua mistura de habilidades de combate com fanatismo islâmico para outras facções antiamericanas no Oriente Médio.

Depois de morar temporariamente na Árabia Saudita – que removeu sua cidadania em 1994 – e no Sudão, Bin Laden se mudou de volta para o Afeganistão em janeiro de 1996.

O país, em um estado de anarquia, estava dividido entre diversos grupos islâmicos, incluindo a milícia fundamentalista do Talebã, que havia conquistado a capital Cabul nove meses antes.

Apesar de limitada geograficamente, a riqueza de Bin Laden – que aumentava constantemente com lucrativos investimentos internacionais – permitiu que ele financiasse e controlasse uma série contínua de alianças transnacionais de militantes islâmicos por meio de sua rede Al-Qaeda.

Às vezes, ele trabalhava como intermediário, organizando logísticas e garantindo apoio financeiro. Outras vezes, ele comandaria suas próprias campanhas de violência.

Em fevereiro de 1998, Bin Laden decretou uma fatwa – uma ordem religiosa – em nome da Frente Mundial pela Jihad contra Judeus e Cruzados, afirmando que matar americanos e seus aliados era um dever muçulmano.

Seis meses depois, duas bombas atingiram as embaixadas americanas em Nairóbi, no Quênia, e Dar es Salaam, na Tanzânia. Cerca de 224 pessoas foram mortas e aproximadamente 5 mil ficaram feridas. Bin Laden foi indiciado como o principal acusado, junto com outros 16 militantes.

Do dia para a noite, Bin Laden se tornou um grande espinho para o governo americano. Símbolo da resistência fundamentalista islâmica a Washington, ele logo apareceu na lista dos mais procurados do FBI, com uma recompensa de até US$ 25 milhões por sua cabeça.

Os Estados Unidos dispararam 75 mísseis de cruzeiro contra seis campos de treinamento no leste do Afeganistão em uma tentativa frustrada de matá-lo. Um dos disparos errou o alvo por apenas uma hora de atraso.

Além dos atentados na África, Bin Laden foi acusado de envolvimento no ataque de 1993 contra o World Trade Center, em Nova York, na explosão de um carro-bomba na capital saudita, Riad, em 1995, e na explosão de um caminhão-bomba em um acampamento militar saudita que matou 19 soldados americanos.

"Eu sempre mato americanos porque eles nos matam", afirmou. "Quando nós atacamos americanos, nós não fazemos mal a outras pessoas."

No caso das bombas de Nairóbi e Dar es Salaam, suas palavras caíram no vazio. A grande maioria dos mortos e feridos era de africanos, não americanos.

Fuga

A arrogância gerada por sua riqueza levou Bin Laden a oferecer ao governo do Cazaquistão milhões de dólares para comprar suas próprias armas táticas nucleares.

Não é surpresa, então, que se acredite que tanto os Estados Unidos quanto Israel enviaram então esquadrões para assassiná-lo.

E então vieram os ataques de 11 de setembro de 2001. Dois aviões sequestrados foram jogados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.

Outra aeronave se chocou contra o Pentágono, em Washington, e uma quarta caiu na Pensilvânia. Ao todo, mais de 3.000 pessoas morreram nos ataques, levando os Estados Unidos a liderar uma operação contra o Talebã.

Forças aliadas foram enviadas ao Afeganistão em 2001. Nessa época, acreditava-se que Bin Laden pudesse ter sido morto durante uma batalha pelo complexo de cavernas de Tora Bora.

Na realidade, ele havia conseguido escapar e fugir pela fronteira para o Paquisão, país no qual ele havia alcançado uma popularidade normalmente reservada apenas para cantores populares ou atores de cinema.

Em fevereiro de 2003, durante as preparações para a invasão liderada pelos Estados Unidos ao Iraque, uma fita de áudio, supostamente gravada por Bin Laden, foi enviada à TV Al Jazeera, pedindo uma "guerra santa" dos muçulmanos contra o Ocidente.

"Esta guerra dos cruzados diz respeito, mais que nada, a todos os muçulmanos, independentemente de o partido socialista iraquiano ou de Saddam Hussein permanecerem no poder. Todos os muçulmanos, especialmente aqueles no Iraque, deveriam lançar uma guerra santa", disse.

Os Estados Unidos reconheceram na época que a voz era provavelmente de Bin Laden.

Vídeos

A última vez que Bin Laden foi visto por alguém que não era de seu grupo mais próximo de colaboradores foi no fim de 2001, quando ele se preparava para fugir de Tora Bora.

Acreditava-se amplamente que ele havia fugido para o leste, cruzando a fronteira do Paquistão para receber abrigo de líderes tribais leais ao Talebã e opositores ao governo do país, então liderado pelo presidente Pervez Musharraf.

A caçada a Bin Laden deu uma guinada dramática com a prisão no Paquistão, em 2003, de Khalid Sheikh Mohammed , chefe das operações da Al Qaeda e suposto mentor dos ataques ao World Trade Center. Parecia que a rede começava a se fechar no entorno do próprio Bin Laden.

Uma grande ofensiva para capturar Bin Laden foi lançada pelo Exército paquistanês ao longo da fronteira com o Afeganistão entre maio e julho de 2004. Mas um ano depois, Musharraf admitiu que as pistas de Bin Laden haviam sido perdidas.

Apesar de a Al Qaeda ter se mantido prolífica na divlgação de mensagens de áudio, normalmente pela internet e com a voz identificada como a de seu número dois no comando, Ayman al-Zawahiri, vídeos de Bin Laden se tornaram raros.

Suas aparições foram cuidadosamente programadas, segundo os analistas, com o objetivo de influenciar a opinião pública ocidental contra seus líderes.

Um desses vídeos foi divulgado em 2004 – no mesmo ano dos atentados a bomba contra trens em Madri atribuídos à Al Qaeda e dias antes das eleições presidenciais americanas.

Um segundo vídeo apareceu no sexto aniversário dos ataques de 11 de setembro, supostamente para eliminar os rumores de que o líder da Al Qaeda já havia morrido. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.