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EUA e Israel se preparam para cenário de guerra após anúncio sobre Jerusalém

Representantes dos dois países admitem que haverá retaliação de forças islâmicas

           EUA e Israel se preparam para cenário de guerra

No intricado jogo político do Oriente Médio, saber ler nas entrelinhas dos discursos é fundamental para tomar decisões antevendo as próximas “jogadas”. Donald Trump, que já está às voltas com ameaças de guerra com a Coreia do Norte, parece disposto a manter a promessa de campanha e reconhecer Jerusalém como a “capital indivisível” de Israel e mudar a embaixada para lá.

O porta-voz da Casa Branca Hogan Gidley foi categórico em um pronunciamento nesta segunda-feira (4): “O presidente foi claro: não é uma questão de ‘se’, mas uma questão de ‘quando’. Mas nenhuma decisão será tomada hoje e faremos um anúncio nos próximos dias”.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos já anunciou que se prepara para demonstrações de violência contra suas embaixadas e consulados, caso Trump leve seu plano adiante.

 Os diplomatas temem que o anúncio oficial possa provocar a ira do mundo muçulmano, gerando manifestações contra as missões diplomáticas dos EUA ao redor do mundo, informa a mídia americana.

Pelo menos duas mensagens oficiais foram enviadas para embaixadas e consulados alertando sobre possíveis perigos e aconselhando o aumento da segurança.

 Diferentes líderes mundiais alertaram Trump que romper com décadas de política dos EUA e mudar a posição de Washington sobre a capital de Israel – assim como mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém – irá certamente provocar ataques violentos. A previsão é de um “cenário de guerra”.

Depois de Jordânia, Egito e Turquia, a França se posicionou contrária, mostrando que a questão vai além da geografia. A União Européia, parte do chamado Quarteto de Mediadores do Médio Oriente – que inclui os EUA, a ONU e a Rússia – advertiu seu temor com as “graves repercussões na opinião pública em grande parte do mundo”.

Questão religiosa

Mais do que política, esta é fundamentalmente uma questão religiosa. O grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, está anunciando uma “nova intifada” se Washington fizer uma mudança significativa em seu posicionamento sobre Jerusalém, pois os palestinos querem a porção Oriental de Israel como capital de um futuro Estado palestino.

A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), que conta com 57 países membros, fez uma cúpula de emergência para debater o tema e divulgou um comunicado, deixando claro que   interpreta a mudança no status de Jerusalém como um “ataque flagrante às nações árabes e islâmicas”.

 Em Israel, o ministro da Defesa Avigdor Liberman, minimizou as advertências sobre atentados de palestinos e do mundo islâmico em geral, assegurando que “Israel saberá como lidar com todas as consequências” de qualquer mudança de política dos EUA.

De acordo com a emissora israelense de TV Canal 10, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu avisou a Comissão de Assuntos Externos e Defesa do Congresso que as forças de segurança israelenses estão preparadas para uma escalada de violência se Trump anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.

“Estamos preparados para todas as possibilidades. Nossas forças de segurança sabem muito bem como agir, se e quando for necessário”, assegurou Netanyahu. Com informações de Times of Israel e Jerusalém Post

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Turquia ameaça “reunir todo o mundo muçulmano” contra Israel

Trump comunicou à Autoridade Palestina que mudará a Embaixada para Jerusalém

                 Turquia ameaça “reunir todo o mundo muçulmano” contra Israel

O presidente dos EUA, Donald Trump, informou hoje (5) ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, por telefone, que irá levar a embaixada dos EUA para Jerusalém. A informação foi repassada à imprensa pelo porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeineh, acrescentando que os palestinos advertiram Trump sobre “os perigos de tal passo”, sem, contudo, dar maiores detalhes. O Hamas, grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza, já havia prometido iniciar uma intifada.

A mídia americana voltou a afirmar que o presidente americano poderá anunciar na quarta-feira o reconhecimento de Jerusalém como a “capital indivisível” de Israel, segundo autoridades americanas que falaram à agência de notícias Reuters. Trump perdeu na semana passada a data limite em que deveria, segundo uma lei de 1995, justificar a permanência da embaixada americana em Tel Aviv ou adiar por mais seis meses.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira que o país poderia romper os laços diplomáticos com Israel casos os Estados Unidos levassem adiante essa decisão.

Em pronunciamento diante de líderes do seu governo, ele ameaçou: “Senhor Trump, Jerusalém é a linha vermelha para os muçulmanos. É uma violação da lei internacional tomar uma decisão apoiando Israel enquanto as feridas da sociedade palestina ainda estão sangrando”. Ele também fez uma clara ameaça: “Seguiremos com esta situação até o final. Se esse passo for dado, entre 5 e 10 dias reuniremos a Organização para a Cooperação Islâmica em Istambul. E não será apenas isso… Mobilizaremos todo o mundo muçulmano para eventos significativos. Continuaremos a nossa luta, com determinação, até o fim”.

Apesar das críticas, Trump está apenas retomando uma lei aprovada pelo Congresso dos EUA 22 anos atrás. Chamada de “Lei da Embaixada de Jerusalém”, ela reconhece Jerusalém como a capital de Israel e afirma que a embaixada dos EUA deve ser transferida para lá. Mas oferece um disposto que permite ao presidente adiar temporariamente a mudança por motivos de “segurança nacional”. Essa foi a justificativa invocada repetidamente pelos presidentes Bill Clinton a George W. Bush e Barack Obama.

A ameaça de Erdogan também não é novidade. Em maio deste ano, por conta da instalação de detectores de metal e câmaras no Monte do Templo, ele pediu que os fiéis islâmicos invadissem o local, em uma demonstração de solidariedade com os seus “irmãos palestinos”. “Cada dia que Jerusalém permanece sob ocupação é um insulto para nós”, enfatizou.

O presidente turco, fortalecido pelo referendo que ampliou seus poderes, vem tentando se consolidar como o líder do mundo muçulmano. Nos últimos anos já falou várias vezes na possibilidade de seu país invadir Israel para “libertar” Jerusalém.

Sua menção à Organização para a Cooperação Islâmica, da qual ele é o atual presidente, não deve ser interpretada como algo inofensivo. A organização, que reúne 57 países-membros, conta com uma delegação permanente nas nações Unidas (ONU). No mês passado, sua base formalizou a criação da Coalizão Militar Islâmica, que teria capacidade de reunir o maior exército da terra. Seu objetivo declarado é combater o terrorismo, mas para muitos países islâmicos Israel é uma organização terrorista.

A escolha de Istambul, onde essa cúpula pode ocorrer, possui um grande significado histórico. A cidade foi a capital do antigo Império Otomano, que por 1500 anos dominou o território do atual estado de Israel. Essa claramente não é só uma batalha política, mas sobretudo religiosa, uma vez que no centro de Jerusalém está o Monte do Templo, considerado sagrado pelos islâmicos.

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Israel

Palestinos admitem que Israel poderá construir Terceiro Templo no lugar das mesquitas

Classificado de “imaginário”, edificação seria plano para “judaizar” Monte do Templo

           Palestinos admitem que Israel poderá construir Terceiro Templo

Tayeb Abdel Rahim, principal assessor do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, reclamou publicamente esta semana dos “planos da ocupação para judaizar Al-Quds [Jerusalém] e construir uma sinagoga em preparação para edificarem seu Templo imaginário”.

Segundo ele, “devemos ter cuidado… porque Netanyahu está ferido e tentará se vingar e completar seu plano… ele já abriu os portões para os colonos [judeus] profanar e contaminar nossos lugares sagrados e expulsar nosso povo”, discursou, falando em nome de Abbas.

Para o líder palestino, seria preciso a intervenção dos EUA para que se inicie logo um novo “processo de paz”.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana Rami Hamdallah, veio a público reclamar que Israel está em campanha para “falsificação da história”, após as recentes resoluções da UNESCO reconhecerem apenas o direito dos muçulmanos ao Monte do Templo  e ao Túmulo dos Patriarcas em Hebrom.

Os islâmicos ignoram a ligação judaica com esses lugares, apesar deles serem mencionados centenas de vezes no Antigo Testamento. Enquanto Israel comemora em 2017 os 50 anos da reunificação de Jerusalém, os palestinos emitiram um documento acusando-os de promover uma “falsificação da narrativa histórica da Cidade Santa”.

Na tentativa de causar intimidação, os palestinos estão pedindo a intervenção da “comunidade internacional” para protege-los e seus locais sagrados. Para isso, pediram que as Nações Unidas rejeitem qualquer proposta para a candidatura de Israel a cargos na organização, pois isso seria considerado um incentivo ao seu “colonialismo” e “desobediência ao direito internacional”.

 Crise política e religiosa

As tensões entre Israel e Autoridade Palestina voltam a incluir questões religiosas. Geralmente, os líderes palestinos não abordam a possibilidade da construção do Terceiro Templo como algo plausível.

A última vez que isso aconteceu foi em 2013, quando um dos responsáveis islâmicos por Al-Aqsa alegou que os judeus planejavam destruí-la e para isso usavam produtos químicos para corroer os alicerces da mesquita para que ela desabasse.

A Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha ficam no alto do Monte do Templo, local considerado sagrado por islâmicos. No mês passado, palestinos e israelenses tiveram disputas violentas em relação ao local, após o governo de Israel decidir aumentar a segurança e colocar detectores de metal e câmeras para coibir os ataques terroristas.