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A Loja Secreta PROPAGANDA DUE – (P2)

Ir.´. William Carvalho *

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A Itália é um país relativamente recente. Antes da reunificação italiana em meados do século XIX, a península italiana era formada por reinos independentes, repúblicas, ducados e estados papais. A primeira loja maçônica de que se tem notícia, apesar da divergência dos historiadores (Findel x Gould), fundada naquela península, antes da criação do Reino da Itália, teria sido uma formada em Florença por Lord Sackville em 1773. No entanto, devido a seu envolvimento com a política partidária e a religião, não foi reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A história relata que, em 1877, ainda nos tempos da reunificação de Mazzini e Garibaldi, foi fundada pelo Grande Oriente uma loja maçônica em Roma chamada Propaganda Massonica. Era frequentada por políticos e altos funcionários governamentais que não deviam ter os seus nomes expostos na relação das lojas normais e era diretamente ligada ao Grão-Mestre. Esta seria a Propaganda Uno.

Este artigo busca traçar a trajetória da loja maçônica responsável por um dos maiores escândalos político-maçônico-estratégicos da segunda metade do século XX, ocorrido  em 1981. A loja, inicialmente, quando formada pelo Grande Oriente da Itália – GOI, era uma loja de pesquisa que deveria funcionar dentro do espírito da Propaganda Uno. Posteriormente, em 1981, quando foi dissolvida e declarada ilegal pelo GOI (que também teve o seu reconhecimento suspenso pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 1993), tornou-se letal, secretíssima e irregular – a famosa lojaPropaganda Massonica nº Due (P2). Era dirigida por Licio Gelli, um gênio organizacional e político, que montou um verdadeiro governo paralelo dentro do Estado Italiano com repercussão na política da OTAN, nos EEUU, em algumas esferas da cúpula do Vaticano e na Ibero-América. Deve haver um extremo cuidado ao manipular o assunto da P2, pois está se lidando com conceitos altamente explosivos e polêmicos consoante os seguintes atores: CIA, KGB, Soberana Ordem Militar de Malta, Banco do Vaticano, Opus Dei, Maçonaria Irregular, Comissão Trilateral, Serviço Secreto Italiano, Operação Gládio, Bispo Marcinkus, João Paulo I, Mossad, Jesuítas, Nazismo, Comunismo, Fascismo, Máfia etc.

Gelli foi membro ativo do movimento fascista em 1936, tendo servido ao lado das tropas de Francisco Franco no BatalhãoCamisas Negras durante a Guerra Civil Espanhola. Quatro anos mais tarde, recebeu a carteira do Partido Nacional Fascista Italiano. Em 1942, já se tornara secretário dos fascistas italianos no exterior. No período da IIª Guerra Mundial, Gelli, atuando como membro dos Camisas Pretas de Mussolini, chegou a ser oficial de ligação do Exército Italiano com a divisão de elite SS de Hermann Goering. Em 1944, sentindo que os ventos não mais sopravam favoráveis a Mussolini, criou uma rede de resistência conectada à CIA, graças ao V Exército Norte-americano recém chegado à península. Após a guerra, migrou para a Argentina sendo o primeiro a obter uma dupla nacionalidade: argentino-italiana. No exílio argentino, conseguiu se aproximar de Perón, resultando numa grande amizade e na nomeação para a posição de conselheiro econômico para os assuntos italianos. Com o passar dos anos, Gelli retornou ao seu país de origem, estabelecendo-se como empresário em Arezzo, na Toscana. Culminou sua carreira com a entrada para o mundo das altas finanças e dos negócios em grande escala. Em 1981, foi acusado, veementemente, de fomentar uma conspiração que daria um golpe de estado na Itália. Em 1973, foi citado como traficante de armas para os países árabes e implicado numa transação de três milhões de liras italianas numa operação conhecida como Permaflex, uma firma que trabalhava com a OTAN. Gelli era tão bem articulado com o establishment político estadunidense que chegou a ser convidado para as festas de investidura de três presidentes: Ford, Carter e Reagan. A facilidade de Gelli em atuar no mundo político e econômico era fantástica. Era amigo de Paulo VI, Coronel Kadafi, Ceanescu, Perón (por estas antigas relações argentinas chegou, na Guerra das Malvinas, a negociar mísseis Exocet franceses para as Forças Armadas de Galtieri) e tutti quanti. Afirmam, ainda, que chegou a atuar como captador de fundos para a campanha de George Bush.

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Iniciou-se na maçonaria em 1965, buscando se mirar nos dois Grão-Mestres sucessivos do GOI – Gamberini e Salvini – que se interessavam por uma aproximação mais estreita com o Vaticano. Três anos mais tarde, foi nomeado secretário da P2, elegendo-se seu Venerável Mestre em 1975. Gelli convidou Michele Sindona, o gênio financeiro do Vaticano, que trouxe consigo Roberto Calvi, o banqueiro mais chegado ao Vaticano. Contudo Gelli já tinha atuação marcante, pois, em dezembro de 1969, num encontro promovido no escritório romano do Conde Umberto Ortolani, o Embaixador da Ordem de Malta para o Uruguai, que era, na época, o cérebro da P2, foi montado o Estado-Maior da Loja: Umberto Ortolani, Licio Gelli, Roberto Calvi e Michele Sindona.

Pelos idos de 1974, a P2 contava um efetivo de mais de 1000 membros, destacando-se uma maioria de elementos de escol na sociedade italiana, européia e ibero-americana. Consta num relatório de um dos procuradores italianos encarregados do inquérito da P2: ‘A Loja P2 é uma seita secreta que combinava negócios e política com a intenção de destruir a ordem constitucional do país’. Entre seus membros contavam-se três componentes do Gabinete, incluindo o Ministro da Justiça Adolfo Sarti. Vários ex-Primeiros Ministros, como  Giulio Andreotti que exerceu o cargo entre 1972 e 73 e novamente entre 76 e 79; 43 membros do Parlamento; 54 altos executivos do Serviço Público; 183 oficiais das forças naval, terrestre e aérea, incluindo 30 generais e 8 almirantes (entre eles o Comandante das Forças Armadas, Almirante Giovanni Torrisi); 19 juízes; advogados, magistrados, carabiniere; chefes de polícia; poderosos banqueiros; proprietários de jornais, editores e jornalistas (incluindo o editor do maior jornal do país Il Corriere Della Sera); 58 professores universitários; líderes de diversos partidos políticos (evidentemente, não do Partido Comunista Italiano, por razões óbvias); diretores dos três principais serviços de inteligência do país. Todos esses homens, de acordo com os documentos apreendidos, juraram obediência a Gelli e estavam prontos para responder a seu chamado.

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Os 953 nomes estavam divididos em 17 grupos ou células, cada qual com um líder. A P2 era tão secreta e tão profissionalmente dirigida por Gelli que, até mesmo seus membros, não tinham conhecimento sobre quem pertencia à organização. Aqueles que mais conheciam a organização eram os 17 líderes de células e, mesmo esses, somente conheciam o seu próprio grupo.

Magistrados italianos, examinando cuidadosamente documentos apreendidos na Villa Wanda (nome de sua mulher), de onde Gelli tinha fugido quando a P2 explodiu, encontraram centenas de documentos altamente secretos dos serviços de inteligência. O Coronel Antonio Viezzer, ex-chefe dos serviços secretos de inteligência combinados, foi identificado como a fonte primária desse material, tendo sido preso em Roma por espionar em nome de uma potência estrangeira.

Ainda nessa época, Gelli reuniu-se secretamente com o General Alexander Haig, ex-Comandante Supremo da OTAN e, no momento, Chefe do Gabinete Civil do Presidente Nixon. O encontro foi na própria Embaixada dos EEUU em Roma. Com as bênçãos de Henry Kissinger, então Assessor do Conselho de Segurança Nacional, Gelli saiu do encontro com a promessa de contínuo suporte financeiro para a Operação Gládio e para sua loja maçônica além de um plano para a subversão interna da política italiana.

Reuniu-se, a seguir, com outro membro da P2 – Roberto Calvi, Presidente do Banco Ambrosiano de Milão (la banca dei preti), o segundo maior banco privado da Itália e um dos maiores acionistas do Banco do Vaticano – para dar seqüência ao plano. Calvi, neste ínterim, já tinha começado a bombear dinheiro ilegalmente do seu banco, usando o Banco do Vaticano – o Istituto per le Opere di Religione (IOR) para a lavagem. Gelli tinha Calvi em suas mãos. Convém salientar que, no início de 1967, um ex-chefe do Serviço Secreto Italiano tinha se filiado à loja P2, trazendo consigo mais de 150.000 fichas de pessoas-chave na sociedade italiana. Seja por chantagem ou ideologia, Calvi continuou drenando vastos fundos para Gelli e a P2 até a falência final do banco. Em 1978, outro fato político chocou a sociedade italiana e o mundo: o seqüestro e posterior assassinato do ex-Primeiro Ministro Italiano – Aldo Moro – pelas Brigadas Vermelhas, um grupo revolucionário de tendências pró-soviéticas. Evidências posteriores demonstraram que o assassinato de Moro foi orquestrado pela P2 e que as Brigadas Vermelhas e Negras estavam infiltradas pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Alguns meses após o assassinato de Moro, o mundo assistiu à eleição de Albino Cardeal Luciani para o papado com o nome de João Paulo I. Irradiando simpatia e honestidade, a eleição de Luciani causou um certa angústia em alguns setores da cúria, especialmente nas áreas próximas ao bispo Paul Marcinkus, um bispo de Chicago que dirigia o Banco do Vaticano e que sabia ter seus dias contados, pois estava demasiadamente envolvido em fraudes financeiras, especialmente com Roberto Calvi. Alguns, ainda, têm dúvidas de como o IOR-Banco do Vaticano se envolveu numa tão má circunstância. Um pouco de história poderá esclarecer alguns pontos. Em 1929, o Vaticano e Mussolini assinaram o Tratado Lateranense, conhecido como a Concordata do Vaticano, que funcionou até 1984, quando a religião católica não foi mais reconhecida como a religião oficial do Estado Italiano. Como resultado, a cidade do Vaticano tornou-se um estado soberano dentro da cidade de Roma e independente do governo italiano, tendo a Igreja recebido um aporte financeiro de milhões de liras vindas do Duce. Como compensação, esperava-se uma certa benevolência do Vaticano em relação ao fascismo ascendente. A Igreja, desejando bem investir seus recursos para o pagamento de seus débitos e de suas obras de caridade, criou, primeiramente o APSA e depois o IOR. O IOR tornou-se um paraíso para os ricos italianos que desejavam espoliar o fisco em clara violação às leis bancárias italianas, prevenindo que seu dinheiro não caísse em mãos dos alemães. Contudo, a elite vaticana não estava contente em somente trabalhar com os bancos católicos do país (assim chamados porque emprestavam dinheiro a baixas taxas de juros, visando não violar a lei da usura da Igreja). Necessitavam de financistas leigos para encontrar investimentos seguros e lucrativos para a Igreja. Daí surgem homens do naipe de Michele Sindona e Roberto Calvi. O império italiano de Sindona começou a colapsar em 1974 e o de seu protegido – Calvi – começou em 1978 e culminou com a quebra do Ambrosiano em agosto de 1982. Salienta-se ainda, que, antes do seu indiciamento por morte do investigador italiano Giorgio Ambrosoli, liquidante de seu Banca Privata Italiana, Michele Sindona era, não só o financista da P2 como o conselheiro de investimentos do IOR, ajudando o Banco a vender os seus ativos italianos e reinvesti-los nos EEUU. Em 1980, Sindona foi preso em Nova Iorque e condenado nos EEUU por 65 casos de acusações de fraude e pela falência fraudulenta de seu banco norte-americano – Franklin National Bank – sendo extraditado para a Itália em 1984, onde dois anos depois – março de 86 – foi envenenado em sua cela enquanto cumpria uma sentença por assassinato. Calvi foi condenado em 1981 sob acusação de transação com moeda ilegal.

O Papa Luciani não era bem visto pela extrema-direita italiana, pois esta o considerava indulgente em relação ao comunismo e por seu pai ter pertencido aos quadros do Partido Socialista Italiano. Com 33 dias de pontificado no ano de 1978, João Paulo I, o Papa “Sorriso”, como era popularmente conhecido, foi encontrado morto nos seus aposentos. A súbita morte do Papa deixou um rastro de interpretações e “especulações” que duram até os dias atuais.

Com a morte de Luciani, foi eleito papa o polonês Karol Wojtyla, um papa bem mais conservador, pois fora testado na luta anti-soviética contra o governo polonês. Marcinkus obteve, temporariamente, uma sobrevida, pois o novo papa necessitava urgentemente de providenciar recursos para o sindicato dos estaleiros navais poloneses, um trabalho que viria culminar noMovimento Solidariedade, que determinou o fim do comunismo na Polônia, a queda do Muro de Berlim e, por que não dizer, a derrocada do Império do Mal. A título de curiosidade, a CIA passou a ter uma vigilância eletrônica maior sobre o Vaticano quando detectou um telefonema, em 5 de julho de 1979, de Walesa (líder sindical e futuro presidente da Polônia) perguntando se João Paulo II aprovaria o nome Solidariedade para o movimento político de união sindical que viria a ser implantado. Walesa explicou que a palavra tinha sido tirada da encíclica pontifíciaRedemptor Homis – um documento devotado à redenção e à dignidade da raça humana.

A luta do Solidariedade contra o governo títere da Polônia serviu para dar uma nova força ao trio Marcinkus-IOR, Calvi-Banco Ambrosiano e, obviamente, Gelli-P2. A P2 providenciava os meios para reforçar as instituições anticomunistas na Europa e na Ibero-América com fundos do IOR e da CIA. Calvi, que foi encontrado enforcado – alegou-se suicídio – sobre a Ponte Blackfriars (Frades Negros) em Londres em 17 de junho de 1982, gabava-se de ter-se encarregado pessoalmente da transferência de 20 milhões de dólares do IOR para o Solidariedade, embora a soma total

drenada para a Polônia tenha sido de mais de 100 milhões de dólares. Durante a saga lendária de Calvi, devem ser citados os seguintes acontecimentos: i) em 1992, o desertor da máfia Francesco Mannino Mannoia disse que Calvi foi estrangulado por Francesco di Carlo, o responsável pelo tráfico de heroína em Londres. A ordem de morte teria partido de Pippo Calo, tesoureiro da máfia e embaixador em Roma. Desesperado por tapar os rombos do seu banco, Calvi teria concordado em lavar grande quantidade de dinheiro da máfia e que, com o passar do tempo, ele teria desviado parte do dinheiro da máfia para manter o banco funcionando; ii) preocupado com a descoberta pela máfia de seus desvios de dinheiro, Calvi teria viajado para Londres para tentar um empréstimo com o tesoureiro da Opus Dei. Se a operação fosse realizada, Calvi pagaria à máfia e salvaria o banco da investigação do Banco Central italiano. Por alguma razão – maquiavelismo da Opus Dei ou beijo mafioso – o empréstimo não se realizou e Calvi enforcou-se ou foi forçado a isso. Após a morte de Calvi, o Vaticano nomeou uma comissão de “Quatro Notáveis” sendo um deles, Herman Abs, ex-presidente do Deutsche Bank.

Com a fuga de Gelli para o seu exílio na Suíça e a morte de Calvi, assistiu-se à derrocada formal da P2. Apesar da dissolução da P2 em 1981 e da expulsão de Gelli pelo Grande Oriente da Itália, o espírito da P2 não feneceu. A prisão, no aeroporto de Fiumicino da Signora Maria Gelli, sua filha, com uma mala cheia de documentos, bem diferentes dos de Villa Wanda, de pessoas envolvidas em espionagem fosse na KGB, fosse no MI6 e outros quejandos podia ter sido uma mensagem de Gelli para um bom entendedor. O saldo entre os principais atores e algumas instituições apresenta-se o seguinte: o octagenário Gelli, depois de fugas rocambolescas, pois esteve no Uruguai, Sérvia, Belgrado, Suíça, Marselha, Aix-en-Provence, acabou, finalmente, preso e extraditado em Cannes em 1998, em uma de suas mansões de alto luxo na Costa Azul da Riviera francesa, é condenado a doze anos de prisão por estar envolvido na bancarrota do Ambrosiano; Calvi e Sindona, mortos; Paul Marcinkus é exilado para uma paróquia perdida nos confins dos Estados Unidos; o GOI não quer mais falar nesse assunto tabu; a maçonaria anglo-saxônica desconhece solenemente a questão (não existe um único artigo sobre o assunto no Ars Quatuor Coronatorum, somente referências esparsas); o Vaticano, por ser um Estado soberano não permite nenhuma investigação dos procuradores italianos sobre o assunto.

Os recursos humanos estratégicos da P2, contudo, ainda atuam na política italiana, pois em junho de 1994, o abastado homem de negócios do norte da Itália – Silvio Berlusconi foi nomeado primeiro-ministro. O piduisti (pedoisista) Berlusconi tentou passar um decreto-lei cujo texto rezava que os delitos de corrupção e de concussão são considerados ‘menos graves’ e, em consequência, a detenção preventiva é suprimida. Será que a lição da P2 foi aprendida?

Ir.’. William Carvalho*  M.’.M.’.

* Obreiro da Loja Equidade & Justiça 2336, Membro da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal, Diretor da Biblioteca do GOB, QCCC e MPS.

BIBLIOGRAFIA

BENIMELI, José A. Ferrer e MOLA, Aldo A. (eds), La Massoneria Oggi, Editrice Italiana, Foggia, Itália, 1992. [Tem um artigo de Licio Gelli intitulado Maçonaria e Poder. Neste artigo Gelli se defende e se apresenta como uma vítima de uma perseguição geral da maçonaria).

CONTE, Charles e RAGACHE, Jean-Robert, Comment peut-on être Franc-maçon?, Revue Panoramiques, Éditions Corlet-Arlés, Paris, 1995.

DAVID A. Yallop, In God’s Name: An Investigation Into the Murder of Pope John Paul I, Ed. Bantam, New York, 1984.

GREELEY, Andrew M., Como se faz um Papa, ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1980.

HENDERSON, Kent, Italian Freemasonry and the P2 Incident, The Transactions of the Lodge of Research Nº 218, Victoria, Australia, 1987, pp. 25-33.

INTERNET (diversos), inclusive com uma página que mostra a veia poética de Licio Gelli <http://www.club.it/autori/licio.gelli/licio.gelli.poesie.html>

KNIGHT, Stephen, The Brotherhood: The Secret World of the Freemasons, Stein and Day, New York, 1984

MARTIN, Malachi, Os Jesuítas – A Companhia de Jesus e a Traição à Igreja Católica, Ed. Record, Rio de Janeiro, 1989.

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As ilustrações fotográficas foram inseridas pelo autor do site

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., é autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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BOHEMIAN GROVE; ELITE MUNDIAL REALIZA CULTOS E SACRIFíCIOS PARA MOLOCH

 

Que verdade é essa.

Você já ouviu falar de Bohemian Grove? Provavelmente não, mas é lá que a elite mundial pratica rituais de ocultismo e busca iluminação para governar o mundo.

O clube da Boêmia, foi fundado em 1872 com a sua sede em San Francisco. Todo verão, em Julho os seus membros participam de um “acampamento”, localizado em Monte Rio, CA. conhecido como Bohemian Grove. São 2.700 hectares de terra intocada dividida em dezenas de acampamentos. No bosque, no fundo da floresta, os líderes do nosso mundo assistem rituais de ocultismo e se envolvem em comportamentos bizarros possivelmente incluindo travestismo e homossexualidade, onde ficam travestidos e correndo bêbados, urinando em árvores em meio a rituais de ocultismo. A mais conhecida dessas cerimônias é a “Cremation of Care”, onde os membros fazem sacrifício de crianças humanas à estátua de uma coruja com 12 metros de altura. A estátua de coruja é Moloch, um deus ou rei. A própria palavra Moloch está associada com o fogo e sacrifício.

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Por várias vezes na bíblia, Deus condenou a adoração à Moloch:

“E eu porei a minha face contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo, porquanto deu da sua descendência a Moloque, para contaminar o meu santuário e profanar o meu santo nome. (Levítico 20:3)

“E edificaram os altos de Baal, que estão no Vale do Filho de Hinom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem veio ao meu coração, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá. (Jeremias 32:35)”

Como podemos ver, essa prática não é de hoje. Desde o antigo testamento, Deus já alertava o povo contra essas abomináveis.

Os membros do clube Bohemian incluem presidentes, funcionários do governo, donos de grandes empresas, a elite mundial em altas posições de autoridade e influência de todo o mundo. Estas são as pessoas que tomam decisões que afetam nossas vidas, os que decidem quando as pessoas vão para a guerra, e, gradualmente, tiram a nossa liberdade. Se houver qualquer lugar para encontrar provas de que o mundo é em grande parte controlado por um punhado de homens poderosos e que conspiram para criar uma Nova Ordem Mundial, então ele seria definitivamente o Bohemian Grove. Bohemian é um clube fechado que acontece todo ano, tudo o que acontece lá é mantido em segredo.

Alex Jones, apresentador de um programa de rádio fez um documentário chamado: Secrets Dark Inside Bohemian Grove, baseado no vídeo que gravou quando ele se infiltrou em Bohemian Grove.

O ex- presidente Bill Clinton a um heckler:

“O clube Bohemian! Você disse Bohemian clube? É onde todos os republicanos ricos vão e ficam nus em volta das árvores, certo? Eu nunca fui ao clube Bohemian mas você deveria ir.Seria bom para você. Você deseja obter algum ar fresco. “

-Presidente Richard M. Nixon nas fitas de Watergate, membro do Clube de Bohemian , a partir de 1953
“A Bohemian Grove, que eu assisti de vez em quando, os orientais e os outros vêm ali, mas é a coisa mais bicha maldita que você jamais poderia imaginar, que San Francisco tem uma multidão que vai lá, é simplesmente terrível! Quer dizer, eu não quero apertar as mãos de qualquer um de San Francisco. “

George HW. Bush era membro, e assim foram os seus dois filhos, George W. Bush e Jeb Bush. Eles também foram todos os membros da Skull and Bones sociedade secreta de Yale. Henry Kissinger é um membro há muito tempo, desde sua juventude ele tinha laços com os Rockefellers que também tomam parte em rituais de ocultismo no bosque. O príncipe Charles da Inglaterra estava lá, assim como Reagan e Nixon. Bill Clinton participou, em 1991, e tornou-se presidente em 1992. Gerald Ford, Donald Rumsfeld, Herbert Hoover, Colin Powell, Newt Gingrich, e Danny Glover, assim como muitos diretores executivos de grandes empresas e representantes de um grande número de universidades de todo o  país têm membros ou tem frequentado. Howard Taft, presidente de 1909-1913 frequentou, e Alan Greenspan, foi visto deixando a Bohemian Grove um mês antes de se tornar presidente da reserva federal. Muitos, se não todos esses nomes e mais também são membros de grupos de mesa redonda, como o Clube de Bilderberg, Council on Foreign Relations e Comissão Trialateral.

Então, por que nossos líderes mundiais envolvidos com atividades ocultas? Hitler também foi intensamente envolvido no ocultismo como um membro da Sociedade Thule e também expressou seu desejo de criar uma Nova Ordem Mundial. A suástica em si é um símbolo ocultista que representa o sol. É amplamente utilizado no hinduísmo e pode ser encontrado em muitas civilizações antigas, incluindo Egito e Suméria. Na queda dos nazistas, operação CIA PAPERCLIP, que Henry Kissinger esteve envolvido, estava ajudando julgamento escapar muitos oficiais nazistas ou morte por contrabandeá-los para a África do Sul, América do Sul e nos Estados Unidos entre outros lugares.

A palavra “oculto” é traduzida significa “obscurecido” ou “escondido”, “misterioso”. O ocultismo é uma religião antiga que sobreviveu a milhares de anos, com os ensinamentos sendo transmitidos através de uma linhagem seleta. As linhagens, por vezes referido como o 13 linhagens Illuminati, são mantidos “puros”. Os ensinamentos secretos têm sido escondidos por códigos e símbolos e são passados de geração em geração pelas sociedades secretas, como a Maçonaria, a Gnose, a Skull and Bones, entre outras.

Na bíblia, TODAS as práticas relacionadas ao ocultismo são severamente condenadas. Tudo que se refere ao mundo espiritual ou provém de Deus, ou de demônios, não existe meio termo.

Deus declara que o culto a imagens é culto a demônios.

“… a carne sacrificada aos ídolos é alguma coisa? Ou o ídolo é alguma coisa? Pelo contrário, digo-vos que os que sacrificam, sacrificam aos demónios e não a Deus, e Eu não quero que vós tenhais parte com demónios” (I Coríntios 10: 19-20).

O culto a Moloch é promovido todos os anos, mas a grande mídia permanece em silêncio, esse tipo de notícia deveria aparecer nas primeiras páginas dos jornais e nos noticiários da televisão.

Segundo Alex Jones, este ano além das grandes corporações e potências políticas, nomes como Tom Cruise e Mark McGuire assinaram seu nome para o livro de visitas. Com uma lista de mais de 1.000 pessoas, além de todas as esferas dos ricos vindo para Sonoma County, no entanto, você não vai ver a mídia informar sobre isso.

Há alguma dúvida ainda que a mídia é controlada?

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.
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Carta a um Maçom – Interessante manifestação histórica sobre Maçonaria e Cristianismo

 

Enviado por Leonardo Conceição dos Santos

Rio de Janeiro, 09 de Julho de 1.963 e.v.

Caro Dr. G.:

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Li, com o maior prazer, a entrevista concedida ao Diário de Notícias, através da qual o Grande Oriente do Brasil manifesta à nação a sua intenção de, finalmente, fazer com que a Maçonaria venha a ocupar na vida brasileira o papel que lhe cabe e sempre lhe coube desde a Independência que, como todos sabemos, foi feita pelos maçons.

Relembrei nessa ocasião minha conversa com o senhor, e as nossas palavras de despedida, nas quais buscou o senhor gentilmente trazer à minha atenção o fato de que (na sua opinião), a Igreja Católica Romana é uma boa introdução à vida adulta para crianças. Eu lhe disse então: "Mas a Maçonaria é infinitamente melhor", e aproveito esta oportunidade para repetir e ampliar estas palavras.

Eu não quis discutir a validade, ou falta de validade da Igreja Romana como campo de treino para crianças, porque não é assunto que se possa propriamente discutir. É assunto que deve — repito, deve — ser pesquisado por todo homem consciencioso e responsável, principalmente por maçom de alto grau e no Brasil, onde essa Igreja teve tanta influência na formação psíquica do povo — com os resultados que estamos vendo no presente.

Para esta pesquisa, vitalmente necessária a todos os maçons neste momento de transição, é necessário uma análise cuidadosa da evidência espalhada pelas obras de muitos pesquisadores imparciais e fidedignos; e isto não pode ser resumido numa breve discussão. Eu estou a par dos fatos; o senhor não estava, na ocasião; e afirmativas de minha parte teriam forçosamente de parecer ao senhor opiniões arbitrárias e caprichosas, principalmente por o senhor, com certeza, suspeitar de mim e de minhas intenções. "Telemitas não são mais benquistos no momento do que o foram os gnósticos em seu tempo!"

A finalidade desta carta é expor, de maneira a mais ordeira e clara, minhas conclusões, e citar obras nas quais me baseio; de forma que o senhor possa, se quiser, consultá-las e tirar suas próprias conclusões, que podem ou não virem a coincidir com as minhas. Peço-lhe apenas que, tendo lido a minha carta, examinado se lhe aprouver, as fontes nela citadas, e chegado, porventura à conclusão de que são ambas de valor a seus irmãos maçons, transmita-lhes a carta assim como as fontes, para que por sua vez, tenha a oportunidade de examinar, ponderar e julgar.

Devo começar por repetir-lhe o que lhe disse por ocasião de nossa conversa, e que tanto chocou seus bons sentimentos e sua honesta devoção: que o homem chamado "Jesus Cristo" nos Evangelhos nunca existiu. Suas peripécias são fictícias; não padeceu sob nenhum Pôncio Pilatos; não foi nem poderia jamais ser a única Encarnação do Verbo; e qualquer Igreja, seita ou pessoa que diga o contrário ou está enganada ou enganando.

Não quero dizer com isto que um homem assim não pudesse ter nascido, pregado e padecido. Pelo contrário: tais homens nascem continuamente, e continuarão a nascer por todos os tempos: Encarnações do Logos, Templos do Espírito Santo, Cruzes de Matéria coroadas pela Chama do Espírito.

Direi mais: Houve, em certa ocasião, um homem que alcançou no mais alto grau a consciência de sua própria Divindade; e este homem morreu em circunstâncias análogas (porém não idênticas!) àquelas narradas nos Evangelhos. Seu nascimento perdeu-se na noite dos tempos: ele foi o original do "Enforcado" ou "Sacrifício" no Tarô, e os egípcios o conheciam pelo nome de Osíris. Foi esse Iniciado quem formulou na carne a fórmula do Deus Sacrificado. Esta é a fórmula da Cerimônia da Morte de Asar na Pirâmide, que foi reproduzida nos mistérios de fraternidades maçônicas da tradição de Hiram, das quais o exemplo mais perfeito foi o Antigo e Aceito Rito Escocês. O Grau 33° desse rito indicava uma Encarnação do Logos, a descida do Espírito Santo; a manifestação, na carne, de um Cristo; a presença do Deus Vivo.

Para os fatos que servem de base às asserções acima, indico ao senhor as seguintes obras de maçons ilustres e merecedores:

LA MISA Y SUS MISTÉRIOS, de J. M. Ragón.

THE ARCANE SCHOOLS, de John Yarker.

DO SEXO À DIVINDADE, do Dr. Jorge Adoum

CURSO FILOSÓFICO DE LAS INICIACIONES ANTIGUAS Y MODERNAS, de J. M. Ragón.

ISIS UNVEILED, de Helena Blavatsky, seção sobre o cristianismo.

Mme. Blavatsky não era dos vossos, mas dos Nossos… Na minha opinião, Dr. G., um maçom de alto grau, com tempo a seu dispor, faria um grande benefício a seus Irmãos ao traduzir para o português as obras citadas acima, principalmente as duas primeiras.

Os documentos incluídos no assim-chamado "Novo Testamento" (a saber, os Quatro Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse) são falsificaçõesperpetradas pelos patriarcas da Igreja Romana na época de Constantino, por eles chamado "o Grande" porque permitiu esta contrafação, colaborando com ela. Constantino não teve sonho algum de "In hoc signo vinces". Tais lendas são mentiras desavergonhadas inventadas pelos patriarcas romanos dos três séculos que se seguiram, durante os quais todos os documentos dos primórdios da assim-chamada "era Cristã" existentes nos arquivos do Império Romano foram completamente alterados.

O que realmente aconteceu na época de Constantino, foi que, aliados os presbíteros de Roma e Alexandria, com a cumplicidade dos patriarcas das igrejas locais, dirigiram-se ao Imperador, fizeram-lhe ver que a religião oficial era seguida apenas por uma minoria de patrícios, que a quase totalidade da população do Império era cristã (pertencendo às várias seitas e congregações das províncias); que o Império se estava desintegrando devido a discrepância entre a fé do povo e a dos patrícios; que as investidas constantes de seitas guerreiras essênias da Palestina incitavam as províncias contra a autoridade de Roma; e que, resumindo, a única forma de Constantino conservar o Império seria aceitar a versão Romano-Alexandrina do Cristianismo. Então, os bispos aconselhariam o povo a cooperar com ele; em troca, Constantino ajudaria os bispos a destruírem a influência de todas as outras seitas cristãs!

Constantino aceitou este pacto político, tornando a versão Romano-Alexandrina do Cristianismo na religião oficial do Império. Conseqüentemente, a liderança religiosa passou às mãos dos patriarcas Romano-Alexandrinos, que, auxiliados pelo exército do Imperador, começaram uma "purgação" bem nos moldes daquelas da Rússia moderna. Os cabeças das seitas cristãs independentes foram aprisionados; seus templos, interditados; e congregações inteiras foram sacrificadas nas arenas das províncias de Roma e Alexandria. Os gnósticos gregos, herdeiros dos Mistérios de Elêusis, foram acusados de práticas infames por padres castrados como Orígenes e Irineu (a castração era um método singular de preservar a castidade, derivado do culto de Átis, do qual se originou a psicologia Romano-Alexandrina). Os essênios foram condenados através do hábil truque de fazer dos judeus os vilões do Mistério da Paixão; e com a derrota e dispersão finais dos judeus pelos quatro cantos do Império, a Igreja Romano-Alexandrina respirou desafogada e pode dedicar-se completamente ao que tem sido sua especialidade desde então: AJUDAR OS TIRANOS DO MUNDO A ESCRAVIZAREM OS HOMENS LIVRES.

Para o escrito acima, indico ao senhor os seguintes livros:

ISIS UNVEILED, seção sobre o cristianismo, de Blavatsky.

OUTLINES ON THE ORIGIN OF DOGMA, de Adolf von Harnack.

DECLINE AND FALL OF THE ROMAN EMPIRE, de Gibbon.

THE AGE OF CONSTANTINE THE GREAT, de Burckhardt.

Quanto as falsificações da Igreja Romano-Alexandrina, indico ao senhor as palavras do grande erudito americano Moses Hadas, em suas notas à tradução do livro de Burckhardt, na página 367, que passo a traduzir:

"A História Augusta apresenta biografias de imperadores, Césares e usurpadores, de Adriano a Numério (117—284), com uma lacuna no período de 244—253. Pretende ser o trabalho de seis autores — Aelius Spartianus, Vulcacius Gallicanus, Aelius Lampridius, Julius Capitolinus, Trebellius Pollio e Flavius Vopiscus — e ter sido escrita entre os reinados de Diocleciano e Constantino, ou cerca de 330. Alguns estudiosos crêem tais asserções verdadeiras, mas outros mantém que a obra foi escrita um século mais tarde e por uma só pessoa. Em tal caso o nome dos seis autores terá sido adicionado para tornar mais convincente o que foi escrito."

Trocando em miúdos, o que ele quer dizer é o seguinte: os patriarcas romanos, ansiosos por esconder seus crimes (especialmente a perseguição a cristãos de outras seitas ou igrejas) e por se declararem os únicos cristãos verdadeiros, destruíram todos os documentos autênticos nos quais conseguiram por as mãos. (Isto lhes era particularmente fácil, já que, desde a era de Constantino, eles foram os guardiães de tais manuscritos). Feito isto, substituíram os destruídos por outros, forjados, que descreviam a sua classe como oprimida pelos imperadores e outras seitas cristãs como inexistentes ou obscenas. (Na realidade, ela bajulara os imperadores desde o começo; o Culto de Átis era o único em Roma ao qual os patrícios podiam ir legalmente.

Um pouco mais tarde, Romanos e Alexandrinos brigaram. Isto porque cada facção queria fazer de sua cidade o centro político e religioso do Império. Foi então que um dos poucos historiadores pagãos que escaparam a atenção dos patriarcas, escreveu: "AS ATROCIDADES DOS CRISTÃOS UNS CONTRA OS OUTROS ULTRAPASSAM A FÚRIA DAS BESTAS SELVAGENS CONTRA O HOMEM" (Ammianus Marcellinus).

O capítulo final da disputa foi a divisão do Império em Romano e Bizantino. Desde então, a Igreja Romana tem-se chamado "Católica", e a Bizantina, "Ortodoxa".

Ambas, é claro, um amontoado de mentiras.

Qual o motivo, o senhor perguntará, para esta perseguição impiedosa às seitas gnósticas e essênias?

No caso dos essênios, as razões foram políticas e dogmáticas. Aproximadamente um século antes do assim-chamado "Ano Um", nascera na Palestina um rabino, cujo nome é desconhecido (embora alguns estudiosos presumam ter sido Ionas ou Jonas). Ele criou um novo sistema de Essenismo, fundando muitos ramos dessa fraternidade judeu-cóptica, e adquirindo um grande número de seguidores na Ásia Menor. Muitos documentos foram escritos acerca dos incidentes de sua vida e doutrina. Foi um Adepto Cristão, ou seja, defendeu tese de que todo homem é um Templo do Deus Vivo; deu testemunho do Logos e do Espírito Santo, e tal foi seu impacto no pensamento religioso de sua época, que os patriarcas Romano-Alexandrinos, ao escreverem a "história de Jesus Cristo", foram forçados a incluí-lo, para evitar suspeitas. Chamaram-no de "João Batista" …

Acerca deste Mestre Essênio, aconselho ao senhor a leitura de:

THE DEAD SEA SCROLLS, AN INTRODUCTION, de R. K. Harrison.

Também este livro deveria ser traduzido para o português por um maçom!

Abaixo, cito uma passagem atribuída a esse Iniciado, extraída de um manuscrito Cóptico intitulado "Evangelho de Maria", apócrifo, desde 1896 no Museu de Berlim. Depois de haver explicado vários pontos de sua doutrina, ele se despede de seus discípulos:

"… Quando o abençoado havia dito isto, ele os saldou a todos, dizendo: ‘A paz seja convosco. Recebei minha paz para vós mesmos. Cuidai-vos de que nenhum vos desvie com as palavras ‘Olha ali’, ou ‘Olha lá’, pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o: aqueles que o buscam o encontrarão. Ide pois, e pregai a Boa Nova do Reino. Eu não vos deixo nenhuma regra, e eu não vos dei nenhuma lei, qual fez o legislador (Moisés) para evitar que vos sentisseis obrigados por ela.’ E quando acabou de dizer isto, ele foi embora." Gnosticism, An Anthology, ed. Robert M. Grant, Collins, London, pp. 65—66, "The Gospel of Mary").

Essa passagem pode ser comparada a muitas outras nos Evangelhos, nos quais quando interrogado, "Jesus" disse explicitamente: "O Reino de Deus está dentro de vós".

E que razão tinham Romanos e Alexandrinos para perseguir e exterminar os gnósticos gregos?

Desta feita o motivo era puramente dogmático. Na época posteriormente atribuída pelos patriarcas ao "nascimento de Jesus Cristo", um Iniciado grego deu vida nova aos Mistérios de Apolus e Dionísio, restabeleceu o culto ao Sol Espiritual e ao Logos, praticou maravilhas taumatúrgicas e, em suma, causou tal impressão que os Romanos-Alexandrinos foram forçados a incorporar diversos "milagres" em sua miscelânea evangélica, de forma que o seu "Jesus" pudesse igualar os prodígios atribuídos a Apolônio de Tyana. Ao mesmo tempo afirmaram que Apolônio havia sido enviado por "Satã" para reproduzir os milagres de "Jesus" e assim desviar as pessoas do "verdadeiro Cristo". Destruíram também, sistematicamente, todos os documentos autênticos da vida de Apolônio, salvo um, a fantástica e inacreditável Vita, atribuída a um pretenso "discípulo" desse grande Adepto.

Novamente lhe indico ISIS UNVEILED e o artigo "APOLLONIUS" na Enciclopédia Britânica.

Devo aqui, Dr. G., apender um parêntese um pouco prolongado, de forma a estabelecer a maneira pela qual o Catolicismo Romano difere do verdadeiro Cristianismo. Para este fim, começarei por apresentar um dos poucos textos que nos chegaram quase sem alterações cometidas pelos patriarcas de Roma e Alexandria. As modificações relevantes vão comentadas entre parênteses, e o texto, apresento o original, intato. É o intróito do Evangelho de "São João":

"No princípio era o Verbo. E o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.

"Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

"A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens.

"A luz resplandece nas trevas, e as trevas não o escondem (isto é, não escondem o fato de que a luz brilha nelas!)

"Houve um homem enviado por Deus, cujo nome foi Jonas (Johannes, no original em grego).

"Ele veio como testemunha da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele.

"Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: a saber, a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina todo homem.

"Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dela, mas o mundo não a conheceu (no masculino da Vulgata, para sugerir ‘Jesus’).

"Veio para o que era seu, e os seus não a receberam (idem).

"Mas, a todos quantos a (idem) receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (e aqui os Romano-Alexandrinos acrescentaram: a saber, os que crêem no seu nome, isto é, no ‘Jesus’ que eles inventaram para servir aos seus

próprios propósitos), os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

"E o Verbo se fez carne, e habitou em nós (a Vulgata aqui põe ‘entre’, o que muda totalmente o sentido da passagem) cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória, glória como a do primogênito do Pai." (O Primogênito do Pai é, claro, Chokmah, o Verbo Espiritual, a Primeira Emanação do Ancião dos Dias Kether. Primogênito também traz à lembrança o "mais velho dos filhos de Deus", Lúcifer ou Satã.)

Na versão acima, original, deste documento cristão, e nas interpolações introduzidas pelos Romano-Alexandrinos, Dr. G., tem o senhor o sumário e a base do dogma católico romano.

Jonas, Apolônio, Simão (Simão Pedro e Simão o Mago; a estes aludiremos depois), Adeptos Cristãos, ensinaram todos os três: "Vós sois o Templo do Deus Vivo. Contemplai a Luz dentro de vós, e sabei que sois Filhos da Luz."

Repetidamente esta mensagem é encontrada nos Evangelhos; mas sempre deformada, condicionada ou "explicada" pelas interpolações e teologismos Romano-Alexandrinos. O resultado é que, algumas vezes, "Jesus" fala como um santo, como uma verdadeira Encarnação do Verbo; o mais das vezes, porém, como fanático e sectarista. Contradições deste tipo abundam.

Este é o resultado das alterações e interpolações dos Romanos e Alexandrinos. Copiaram, adaptando-os às suas necessidades político-financeiras, os documentos essênios que descreviam as pregações de Jonas (entre outros, o "Sermão da Montanha"). Inseriram "milagres" do tipo atribuído a Apolônio de Tyana. Arranjaram um Mistério da Paixão em drama nos moldes dos cultos de Mitras, Adônis, de Átis, de Dionísio e de Oannes — o que era necessário para tornar o seu "Jesus" numa Encarnação do Logos do Aeon de Osíris, o Deus Sacrificado. Tão cuidadosamente misturaram verdade e mentira que durante quase mil e seiscentos anos, todo cristão que procurou encontrar o Verbo em si mesmo — o único lugar onde pode ser encontrado — deparou, nos portais de sua alma, com este fantasma insidioso, esta blásfema quimera, este pesadelo teológico: "Nosso Senhor Jesus Cristo".

"Adora-me! — diz o Egrégora — "Eu sou o filho de Deus. Tu não és nada mais que uma criatura sem valor e pecadora, condenada desde o nascimento e destinada ao inferno não fosse por meu sacrifício; e sem mim nunca alcançarás o céu."

Talvez o senhor comece a compreender agora, Dr. G., a natureza daquilo que nós chamamos a Grande Feitiçaria?

Após mil e seiscentos anos de vitalização por multidões de adorantes, e a absorção de cascas vazias de padres, freiras e fanáticos que se deixaram vampirizar por ele, o Egrégora existe no assim-chamado plano astral, e é um demônio, quer dizer, uma entidade ilusória. Não é um verdadeiro Microcosmo, mas um gestalt de cascões vitalizados, um foco para tudo o que há de negativo, derrotista, piegas, preconceituoso e introvertido na natureza dos cristãos: um lodaçal hostil ao progresso e à evolução deles.

E, no entanto, nada há de mais sagrado ou puro do que o que está oculto neste nome: "Jesus Cristo"… É um híbrido dos títulos pelos quais os cabalistas essênios e os gnósticos gregos, respectivamente, chamavam o Iniciado que alcançasse a esfera de Tiphereth, o Filho — ou seja, a "sephira" ou plano de consciência que em Nosso Sistema corresponde ao Grau de Adeptus Minor, e, no Rito Escocês, ao 33° grau.

Cristo, Chrestos, significa "Bom" e "Ungido". Este era um título nobre nos Mistérios de Elêusis. O Iniciado tem sempre sido um sacerdote-rei desde a antiguidade; a superstição absurda do "direito divino hereditário" dos reis foi outra adulteração dos Romano-Alexandrinos para ajudar os tiranos que os apoiavam. Seria realmente fácil se a verdadeira realeza, dura recompensa da Iniciação, pudesse ser transmitida por métodos dinásticos, ou conferida por um papa! Para fazer justiça a este tema um volume inteiro seria necessário; diremos apenas que os símbolos tradicionais da realeza são os símbolos da completa Iniciação. O Cetro representa o Falo, a imagem material do Verbo; o Globo e a Cruz são formas da Cruz Ansata, símbolo da imortalidade conferida pela Iniciação (mostra a mulher "dominada" pelo homem, ou seja, satisfeita, pelo homem…), a Coroa é Kether, o Sahashara Cakkram em completo funcionamento, a Primeira Sephira, o Ancião dos Dias, o Pai; o Manto púrpura adornado de estrelas ou flores representa o Céu Noturno, a Aura do Sacerdote de Nuit; e, finalmente, as roupagens rubro-douradas são o símbolo do Corpo Solar, o Corpo de Glória do Iniciado — vermelho e ouro sendo as cores heráldicas do Sol.

Quanto ao nome "Jesus", é escrito em hebraico IHShVH (procuncia-se Jehêshua). Note que isto é IHVH (Tetragrammaton) com Shin (Sh) intercalada. Shin é a letra que representa a um só tempo os elementos Fogo e Espírito, e, estando no centro de IHVH, equilibra as Quatro Forças Elementais Cegas do Demiurgo. Jeová — a Palavra de Moisés — torna-se Jeheshua — a palavra de Jonas. Nesta palavra o senhor tem o Deus Crucificado, Dr. G.: nela o Pentagrama, o sinal do homem, a Estrela Flamejante do Santuário; nela a chave cabalística do Tetragrammaton Cristão, INRI, que significa, entre outras coisas, Igne Natura Renovatur Integra, ou seja,Pelo Fogo (do Espírito Santo) a Natureza se Renova Inteiramente…

A diferença básica entre o Cristianismo e as religiões que o precederam é que o Mistério de Osíris, até então revelado apenas a aspirantes cuidadosamente selecionados nos mais profundos recônditos dos mais remotos santuários, foi abertamente oferecido ao mundo. Antes do Aeon de Osíris, no Aeon de Ísis, os homens adoravam a Deus em uma de suas múltiplas imagens (adaptadas à visão espiritual de indivíduos diversos em nações diversas) da mesma forma que uma criança ama e adora sua mãe: como Alguém que protege, alimenta, conforta e ocasionalmente corrige e castiga, mas sempre como alguém exterior a si mesmos.

Foi a revelação do Mistério da Morte de Osíris que acordou os homens para a consciência de que eles, em si mesmos, são a divindade encarnada. Tampouco podemos ir muito longe neste assunto, pois é matéria para outro volume. O Aeon de Virgo-Pisces, com suas vibrações, adaptava-se às idéias de devoção e sacrifício (auto-sacrifício), tornando a Iniciação Racial possível, em larga escala; mas é necessário que o senhor compreenda, Dr. G., que o Mistério de Osíris data da mais remota antiguidade. O Deus Sacrificado é fórmula anterior a destruição de Atlântida, quando o verdadeiro significado dos símbolos, até então geralmente conhecido, tornou-se privilégio de alguns poucos iniciados. Um sacrifício humano anual, para ajudar a colheita, era um rito genérico entre todas as tribos agricultoras da Europa e da Ásia Menor há cinco mil anos; e mesmo nos primórdios do Romanismo, ainda era praticado por tribos indo-européias. O sacrificado era, originalmente, o rei da tribo; reinava durante o ano, e era executado nos Ritos da Primavera, ou Páscoa (em inglês Easter, corruptela de Ishtar). Era tratado como encarnação do deus tribal, e adorado até o momento de sua morte. Com seu sangue os campos de cultivo eram salpicados; sua carne era comida por nobres e sacerdotes e o povo tinha de contentar-se em respirar a fumaça de certas partes queimadas e oferecidas à divindade que ele havia encarnado (estas partes variavam: algumas tribos queimavam os órgãos sexuais, outras o coração).

Eventualmente, com o desenvolvimento da inteligência, a fórmula tornou-se mais conveniente para os reis: algum gênio tribal concebeu a idéia de um vicário; e desde então, um rei substituto era simbolicamente ungido para a ocasião, para ser sacrificado no lugar do rei verdadeiro. Primeiro usavam voluntários, depois velhos e doentes ou criancinhas, a seguir inimigos, e por último animais.

Em muitas tribos, os pais, em vez de se sacrificarem, sacrificavam seus primogênitos (neste caso eram os pais os chefes ou patriarcas das tribos). Na Bíblia, a história do primogênito de Abraão é uma hábil fábula que marca a transição, entre os primeiros judeus, do sacrifício dos primogênitos a Jeová para aquele dos bodes expiatórios.

Sacrifícios humanos, acompanhados de antropofagia ritual, eram costumes no continente Indo-Europeu, na Australásia, no continente Africano e no Novo Mundo. A presença universal de tal rito, numa época em que a arte da navegação era praticamente nula, indica uma origem comum na antiguidade. Esta foi a Atlântida, se bem que o senhor deva notar que seus habitantes não praticavam sacrifícios humanos. Foi precisamente a destruição desta civilização (devida não a "castigo divino", mas a um dos grandes movimentos periódicos da crosta terrestre a intervalos de vinte mil anos) que, havendo deixado apenas algumas colônias em outras terras, resultou na volta à barbárie que ali ocorreu quando os símbolos passaram a ser interpretados da forma mais grosseira. Alguns centros mais adiantados da cultura Atlante mantiveram o verdadeiro significado. Entre eles o Egito, onde os Mistérios Menores (de Ísis e de Osíris), eram celebrados com pleno conhecimento de seu significado verdadeiro (é suficiente que o senhor recorde que no Livro dos Mortos a alma do morto ou da morta é sempre chamada Osíris), e os Mistérios Maiores (de Nuit-Hadit-Hoor) preservados com o máximo segredo.

Foi do Egito que veio a corrente de Osíris, a qual, devido a diversidade de povos e línguas, e as dificuldades de comunicação no plano material, manifestou-se em pontos diferentes do continente Indo-Europeu sob formas diversas, embora seguindo sempre a fórmula do Deus Sacrificado. A corrente começou aproximadamente no ano 500 A.C. Um extático da Ásia Menor, cujas aventuras tornaram-se lendárias e que eventualmente ficou conhecido pelo nome de Dionísio, viajou pela Grécia, Ásia Menor e Índia, ensinando a nova fórmula de Iniciação Racial. Este Iniciado, original verdadeiro do "Jesus Cristo" evangélico, foi um filho espiritual de Krishna, ou antes, de Vishnu, de quem foi Krishna o principal avatar; e sua Palavra era INRI, que é uma modificação da Palavra de Krishna, AUM. Citamos aqui o Capítulo 71 de LIBER ALEPH, um dos mais profundos trabalhos do Mestre THERION:

"KRISHNA tem nomes e formas inumeráveis, e Eu não conheço seu verdadeiro Nascimento humano. Pois sua Fórmula é da mais alta Antiguidade. Mas Sua Palavra se espalhou em muitas terras, e nós a conhecemos hoje em dia como INRI, com o secreto IAO ali velado. E o significado desta Palavra é a Maneira do Trabalho da Natureza em Suas Mudanças; isto é, ela é a Fórmula de Magia pela qual todas as Coisas se reproduzem e se recriam a si mesmas. No entanto, esta Extensão e Especialização foi mais o Trabalho de Dionysus; pois a verdadeira Palavra de Krishna era AUM, implicando antes uma declaração da Verdade da Natureza que uma Instrução prática em Operações detalhadas de Magia. Mas Dionysus, pela Palavra INRI, estabeleceu as Fundações de toda Ciência,da forma como entendemos a palavra Ciência hoje em dia em um Senso particular, isto é, de fazer com que a Natureza externa mude em Harmonia com nossas Vontades."

Este Iniciado, cujo nome carnal é hoje desconhecido, mas que conhecemos por Dionísio (o qual pode ter sido seu nome, pois se tornou bastante comum na Ásia e na Grécia depois de sua morte), viveu e trabalhou aproximadamente quinhentos anos antes da assim-chamada era "Cristã". Foi mencionado por um dos profetas judeus — Isaías — em várias passagens do Livro de Isaías. Estas eram estudadas com veneração profunda pelos velhos Essênios, que sabiam do seu sentido oculto. A passagem principal é citada aqui (parênteses meus):

"Quem acreditou em nossa pregação? A quem foi mostrado o braço de ADONAI? (braço é um eufemismo para o Falo, o órgão material do Verbo. Coxa, braço,quadril, chifre, etc., são eufemismos para pênis, usados tanto no Novo quanto no Velho Testamento para apaziguar as mentes prurientes dos tradutores que, projetando seus próprios traumas psíquicos, acharam que o povo ficaria chocado ao ouvir uma pica chamada de pica. Este tipo de "censura bem intencionada" ainda hoje é praticada: os cristãos todos parecem achar-se capazes de "proteger a virtude" de seus semelhantes!) "Porque foi subindo como um rebento novo (ou seja, como uma Palavra nova, necessariamente mal entendida e temida a princípio) perante Ele, e sua raiz em uma terra seca; não tinha presença nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza tinha ele que nos agradasse.

"Foi desprezado, o mais rejeitado entre os homens; homem que sofrera e sabia o que é padecer; como um de quem os homens se desviam, foi desprezado, e dele não fizemos caso.

"Em verdade, ele tomou sobre si nossas mazelas; as nossas dores carregou sobre si; e por isto o considerávamos aflito, ferido de Deus e opresso.

"Ele foi golpeado, mas por nossas transgressões; moído, mas por nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe a paz caiu sobre ele, e pelas suas pisaduras nós fomos sarados.

"Andávamos todos desgarrados, como ovelhas, cada um se desviava do caminho, mas ADONAI fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.

"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e como ovelha, muda perante seus tosquiadores, manteve silêncio.

"Por decreto tirânico nos foi arrebatado, e sua linhagem, quem dela cogitou? Pois ele, foi cortado da terra dos vivos; por causa da transgressão do meu povo ele foi ferido.

"Deram-lhe sepultura com os perversos, mas com o rico habitou em sua morte, pois nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.

"Todavia, a ADONAI agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando ele deu a sua alma (a Vulgata tem der, para sugerir que isto é uma profecia sobre — claro — "Jesus Cristo") como oferta pelo pecado, viu a sua posteridade (isto é, seus filhos mágicos) e prolongará seus dias; a vontade de ADONAI prosperará em suas mãos.

"Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com sua compreensão (isto é, Binah; a "entrega da alma" corresponde a passagem do Abismo) justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.

"Por isso eu lhes darei muitos como a sua parte (isto é, como seus discípulos) e com os poderosos (isto é, os Reis ou Potestades — uma das hierarquias celestiais) repartirá ele os despojos; porquanto derramou a sua alma (isto é, o seu sangue — o Vinho de IAO — na Taça de BABALON, que contém o sangue dos santos) na morte; foi contado com os transgressores (isto é, considerado maligno), contudo levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores (isto é, os malignos entre os quais foi contado, os quais eram na realidade os que o condenavam) intercedeu."

Livro de Isaías, LIII, vv. 1—12.

Talvez o senhor compreenda melhor o acima se eu citar aqui alguns versos de um dos Livros Santos de Télema:

"46. Ó meu Deus, mas o amor em Me rebenta sobre os laços de Espaço e Tempo, meu amor é derramado entre aqueles que não amam o amor.

"47. Meu vinho é servido àqueles que nunca provaram o vinho.

"48. Os fumos dele os intoxicarão, e o vigor do meu amor engendrará bebês pujantes de suas virgens."

Liber VII, vii, vv. 46—48.

Há certos segredos iniciáticos, Dr. G., que não podem ser "revelados" pela simples razão que apenas aqueles que os experimentam em si mesmos são capazes de compreender referências a eles feitas. Portanto limitar-me-ei a dizer que a história simples contada nos versos de Isaías descreve a carreira de todoAdepto Cristão. Isto, em teoria, seria também a história de todo Maçom do Grau 33°, mas na prática, embora não tenham os senhores perdido a Palavra, mantém a letra mas não o espírito. Os senhores Maçons caíram bem aquém do que era tencionado por seu sistema — isto principalmente devido ao constante ataque da Igreja de Roma.

Os patriarcas Romano-Alexandrinos que escreveram o Novo Testamento copiaram palavras de verdadeiros Iniciados; resulta que, encerradas em seus Evangelhos adulterados, ainda há várias chaves que aqueles que "tiverem ouvidos de ouvir" (isto é, percepção espiritual: o sentido da audição corresponde ao Akasha hindu, o Elemento do Espírito) podem usar para encontrar a Medicina Universal e o Elixir da Vida…

No entanto, os Romano-Alexandrinos erraram tristemente ao tentar usar de métodos profanos para expandir um Cristianismo viciado por interpretações dogmáticas e ambições temporais de poder político e financeiro. Falharam por não fazerem o preconizado por Jonas aos Essênios: "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Invariavelmente, quando quer que na história da humanidade um sistema de teurgia é conspurcado e se torna uma religião organizada, sofrem os elos entre o sistema e sua fonte espiritual. Os planos não podem ser misturados, e acreditando-se movidos pelas melhores intenções, os Romano-Alexandrinos foram na verdade impelidos por vaidade e orgulho — sentimentos enraizados no ego — precisamente a faculdade que o homem deve destruir na Passagem do Abismo!

O resultado foi que, perdendo o contato com o Logos do Aeon de Osíris, a Igreja Romano-Alexandrina tornou-se instrumento de forças demoníacas — isto é, de forças ilusórias, egóicas — e deu-se desde então a erros espantosos, a crueldades indizíveis.

Conseqüentemente, os verdadeiros Cristãos retiravam-se daquela igreja no momento mesmo em que ela triunfava sobre suas "rivais" Gnósticas e Essênias e aliava-se aos príncipes do mal do mundo. Retiravam-se, e silenciosamente continuaram seu trabalho através de todo o abuso e perseguição que se seguiram; e eventualmente, para contrafazer mais eficientemente os efeitos da Grande Feitiçaria, criaram a Maçonaria.

O senhor sabe, é claro, que o Rito Antigo, ou melhor, a Grande Loja da Inglaterra, foi organizada (e o Rito inteiro reformado) por um certo Elias Ashmole, Judeu, e irmão da R.C. A R.C. (que só existe neste mundo com este nome, desde que o grande iniciado que se ocultou sob o nome de "Christian Rosenkreutz", começou o movimento que resultou na Renascença, na Reforma e nas Revoluções Francesa e Americana) é responsável pelo Mistério do Logos — o Mistério do Cristo. É tarefa dela zelar para que este Mistério jamais seja perdido pela humanidade. Quando quer que, por erros humanos, por oscilações do karma terrestre, ou pelas leis do acaso, a transmissão da Palavra e do Sinal (isto é, a sucessão apostólica) é ameaçada, é a R.C., sob um de seus muitos véus (ela nunca usa abertamente o nome de R.C.!) através de um ou mais de seus Irmãos, que lembra à humanidade o significado espiritual da Encarnação; da Promessa de Ressurreição; da Grande obra; isto é: o Estabelecimento do Reino de Deus sobre a Terra.

A R.C. nunca interfere de forma alguma com a organização ou direção de ritos Maçônicos; nem seus Adeptos, necessariamente ingressam em tais ritos. Apenas, informação em quantidades suficientes é outorgada, e fontes de pesquisa são sugeridas ao exame dos Maçons, para que o significado espiritual dos ritos seja restabelecido pelos próprios Maçons.

A R.C. está abaixo do Abismo: A Grande Ordem que não tem nome é simbolizada pelo Olho no Triângulo, e este é o Collegium Summum, ou a S.S., da A\A\

A A\A\ é apenas uma das Fraternidades Iniciáticas, e abaixo do Abismo é das mais novas. Foi organizada em sua forma presente na primeira década deste século.

Quanto a S.S., é a mesma para todas as Fraternidades Iniciáticas. Isso é fonte de surpresa, às vezes, para iniciados de graus mais baixos, pois chegando a certas consecuções, verificam que Mestres que pareceram pregar doutrinas completamente opostas (como, por exemplo, Maomé e Jonas) estão sentados lado a lado no Aerópago dos Adeptos.

Recapitulando:

Quem é "São João Batista"? É Jonas, Ionas, Jon, Johannes, João, o Mestre da Retidão dos Essênios, cujos sermões são postos nos Evangelhos na boca de "Jesus".

Quem é "Jesus"? É qualquer Adepto, isto é, qualquer indivíduo que tenha atingido o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião, o Paracleto.

Quem é "Jesus Cristo"? É o nome dado pelos Romano-Alexandrinos à sua versão fictícia do Logos do Aeon de Osíris, cuja Palavra foi INRI, a quem Nós conhecemos por Dionísio.

Quem é o "Pai" a quem "Jesus" sempre se refere nos Evangelhos? É o Logos, a LUX, o Verbo, cuja Sephira é Chokmah, o Primogênito de Kether.

Quem é Cristo? Tecnicamente é todo e qualquer Adepto, desde que, no simbolismo Grego, o nome corresponde ao Essênio Jeheshua; mas na prática o título é usado para designar o LOGOS AIONOS.

Do ponto de vista místico, "ninguém atinge o Pai a não ser pelo Filho"; conseqüentemente, desde que todo Adepto Cristão é uma Encarnação do Verbo, a distinção entre o Cristo Solar e o Cristo Interno é mera ilusão do profano. "Ego sum qui sum", diz o Iniciado — AHIH, EU SOU O QUE SOU.

Quando Aleister Crowley estava sendo "julgado" (foi nesta ocasião que o juiz, presidindo, o chamou de "o pior homem do mundo"), o promotor lhe perguntou:

"Não é verdade que o senhor se chama a si mesmo de A Besta do Apocalipse?"

Crowley, que já estava acostumado a esperar o pior de seus semelhantes, respondeu com a paciência e agudeza de humor que lhe eram características:

"Este nome significa apenas O Sol. O senhor pode me chamar de Raio-de-Sol, se quiser."

Isto é: chamá-lo de Adepto, ou seja, Jeheshua, ou seja, Maçom 33°, Dr. G., Sol em miniatura, isto é, Tiphereth

Esta confusão entre o Adepto e seu Pai aparece até em "João Batista" quando ele diz: "Eu sou a Voz (ou seja, o Verbo) que clama no Deserto (isto é, no Abismo)."

O mais antigo símbolo conhecido para o Logos é o Olho dos Egípcios; e o Olho está no Abismo; este é o Olho do Triângulo, e esse é o verdadeiro Baphomet, o Chefe Secreto de todos os Maçons.

Abaixo do Abismo, Ele é representado por dois Adeptos, um do Pilar Branco, o outro do Pilar Negro. O do Pilar Branco é o Adepto Exempto, e ele promulga a Lei; o do Pilar Negro é o Adepto Maior, e ele faz com que as promulgações do Adepto Exempto sejam cumpridas.

Os judeus, depois que pararam de sacrificar primogênitos, tinham dois bodes sagrados para os festivais, um branco e outro negro. O branco era sacrificado a IAO (o nome mais antigo de Jeová); o negro, carregado com as maldições dos sacerdotes, era impelido para o deserto…

Compreende o senhor melhor agora, Dr. G., por que razão a Sala dos Maçons é chamada a Sala do Bode Preto?

O Olho no Abismo é o Olho do Sol, o Olho de Hoor, que, por certas razões ocultas, é identificado com o ânus. É por isso que se dizia, dos adoradores de "Satã", que eles "beijavam o ânus de um bode preto"… E no Egito Antigo, em certo ritual onde cada parte do corpo do Iniciado era colocada em relação com cada parte correspondente de algum ser divino, o Iniciado dizia em dado momento: "Minhas nádegas são as nádegas do Olho de Hoor."

Mas que diabo — perdoe o trocadilho — é na verdade este notório Satã que os padres romanos nos acusam de adorar, e a quem eles culpam por seus fracassos (ao invés de culparem a sua estupidez preconceituosa)?

Quando a Igreja Romana começou a "catequização" das províncias, encontrou continuamente deuses locais. Aprendendo as peripécias lendárias de tais deuses, os engenhosos padres romanos fabricavam um "santo" com as mesmas proezas e diziam aos ignorantes pagões: "Esse seu deus não é mais do que um demônio que tenta lhes desviar de Nosso Senhor Jesus Cristo, e para este fim imita as façanhas de nosso amado mártir Fulano. E se vocês não me acreditam ouçam a história da vida de nosso santo mártir…"

E lá vinha a ladainha.

Dessa forma, a Igreja Romana assimilou em sua liturgia um panteão inteiro de deuses "pagãos" que eram transformados em santos e santas e mártires imaginários — os únicos mártires Cristãos do início do Cristianismo foram os Essênios e os Gnósticos, a quem os Romano-Alexandrinos acusaram, caluniaram e denunciaram aos Imperadores. Exemplos: aqueles que adoravam o Cristo sob a forma de um asno (Priapus); os que adoravam o Cristo sob a forma de um peixe (Oannes); os que adoravam o Cristo sob Seu Nome de Baco ou Dionísio…

Mas houve um deus pagão que os romanos não conseguiram absorver, porque suas peripécias eram por demais viris para serem atribuídas a um "santo romano", que era necessariamente um castrado, no corpo ou no espírito. Por outro lado, seus ritos eram tão vitais, tão universalmente populares nas províncias que era impossível esperar que o povo o esquecesse; depois de seis séculos de tirania Romano-Alexandrina ele ainda era conhecido e adorado: o deus PÃ, o deus de chifres e de cascos de bode…

Portanto, não podendo fazer dele um santo, Dr. G., fizeram dele o diabo.

Uma profusão de dados sobre tudo o que foi escrito acima pode ser encontrado nos seguintes livros:

THE GOD OF THE WITCHES, de Margaret Murray.

O LIVRO DOS MORTOS, traduzido do egípcio por Sir Wallis Budge.

THE GOLDEN BOUGH, de Sir James Frazer, na edição completa em vários volumes. Neste trabalho monumental o senhor encontrará um estudo detalhado dos deuses pagãos tornados em "santos" e "mártires" do calendário romano…

Mas, voltando ao deus Pã: a Igreja Romana lutou contra os ritos deste deus durante vários séculos. Os festivais de Pã eram orgiásticos — daí sua popularidade — e celebrados nos Equinócios e Solstícios. Eventualmente, a Igreja Romana foi forçada a incorporar estes rituais em sua liturgia, visto ser impossível eliminá-los; e sabiamente fez deles os festivais mais importantes do culto a "Nosso Senhor Jesus Cristo": a Páscoa (com Corpus Christi), o "Natal", o dia de "São João Batista" e o dia de "São João Apóstolo". Eventualmente, a reforma gregoriana mudou o "Natal" que a princípio era oscilável como a Páscoa e Corpus Christi, e caía no Solstício; e tendo finalmente absorvido o rito orgiástico que então tinha lugar, os padres romanos fixaram a data em 25 de dezembro (dava muito na vista um aniversário oscilante!…) Desde então os católicos romanos, seus derivados posteriores e muitas ordens ocultistas espúrias celebram nessa data a "ressurreição" ou "nascimento" do Sol: isto porque o Solstício de Inverno é o momento em que o Sol, tendo alcançado seu máximo declínio meridional na eclítica, começa sua volta para o Norte, levando o calor que renovará a vida da vegetação na Primavera.

Mas do ponto de vista Iniciático, quem era este Pã?

Como qualquer deus de toda e qualquer terra em todo e qualquer período da história do mundo, era uma das formas pelas quais o Sol Espiritual, que é o Pai verdadeiro, ou o seu Primogênito, que é a "Besta", são adorados. Esta Besta varia segundo a precessão dos equinócios, pois o Equinócio da Primavera se move (devido ao deslocamento do ponto vernal) de signo para signo no Zodíaco aproximadamente a cada dois mil e quinhentos anos e no Zodíaco os signos são alternadamente representados sob a forma humana e a animal.

No Aeon passado, os pontos vernais caíam respectivamente em Virgo e Pisces, a Virgem e o Peixe; no que lhe antecedeu, caíam em Áries e Libra, o Carneiro e a Justiça (a mulher com a espada e a balança dos romanos antigos); no presente, os pontos vernais caem em Aquarius, ou seja, a Mulher com a Taça (BABALON) e em Leo, ou seja, a Grande Besta Selvagem (THERION).

O deus Pã é simplesmente a fórmula do Logos que data do Aeon de Câncer-Capricórnio. Aí está o "diabo" dos padres romanos reduzido às suas verdadeiras proporções. Reduzido?… Bem, é uma questão de ponto de vista…

Não podemos nos aprofundar nesta questão do deus Pã, nem no simbolismo dos chifres, nem mesmo na história completa da luta da Igreja Romana contra o culto do "Diabo"; um culto que, diga-se de passagem, Roma jamais conseguiu destruir, a despeito de seus esforços sinistros. O senhor encontrará os dados fundamentais para tal estudo num livro precioso, publicado pela primeira vez no século XVIII, mas recentemente republicado nos Estados Unidos e na Inglaterra:

TWO ESSAYS ON DE WORSHIP OF PRIAPUS, de Payne Knight.

Limitar-nos-emos a dizer aqui que este era o deus adorado por "bruxos" e "feiticeiras", que preservaram seus ritos orgiásticos apesar de toda perseguição implacável, das calúnias absurdas e do terrível risco de tortura e morte na fogueira, além de outras punições impostas pela Igreja de Roma, não só da Idade Média como até ao século XVIII — e que só não são impostas até hoje devido ao trabalho paciente e silencioso dos Maçons, representantes dos verdadeiros Cristãos…

Depois que Romanos e Alexandrinos estabeleceram seu domínio teológico no Concílio de Nicéia (disto falaremos depois) e instituíram o dogma de "Jesus Cristo" como personagem histórica e "única Encarnação do Verbo", os poucos Essênios e Gnósticos que sobreviveram à "purgação", continuaram, sob o maior segredo, a tradição pura e original dos Mistérios Menores do Egito e da Fórmula de Dionísio.

Várias vezes, no curso destes mil e quinhentos anos, os Iniciados tentaram reconstituir abertamente os ensinamentos Essênios e Gnósticos. Em toda ocasião em que isto aconteceu, a Igreja Romana interveio com fúria demoníaca, assassinando homens, mulheres, velhos e até criancinhas, sem a mínima compunção; ao ponto mesmo (como no caso dos Albigenses) de capitães medievais, homens supostamente embrutecidos pela violência das batalhas selvagens da época, terem ficado tão fartos da chacina que foram perguntar ao papa se, porventura, não estariam exterminando inocentes com os culpados (essa gente morria tão virtuosamente, o senhor compreende!). E foi em tal ocasião que o Bispo de Roma honrou a tradição "Cristã" de sua Igreja com as seguintes palavras:

"Matai a todos; Deus distinguirá os seus."

A matança, Dr. G., incluía até recém nascidos.

E não é que se tratasse de fé cega por parte do Bispo de Roma, na crassa teologia do seu credo. Não é que ele acreditasse realmente na existência de um "salvador" chamado "Jesus", e no fato dos Albigenses serem "criaturas do Diabo". Não, Dr. G., não havia sequer a justificativa do fanatismo — se de justificativa podemos chamá-la — pois os papas romanos sabem, e sempre souberam, que nunca houve nenhum "Jesus Cristo"!

Talvez lhe seja difícil crer no que digo? Pois lembre-se das palavras históricas, proferidas num momento de descuido por um dos mais cínicos e mais prósperos dos papas, Leão X:

"Quantum nobis prodest haec fabula Christi!"

Ou seja: "Quanto nos ajuda esta fábula de Cristo!"

O senhor deve se lembrar de que os documentos originais daquilo que os Romanos chamavam de "Cristianismo" estão preservados na Biblioteca Secreta do Vaticano. É bastante simples para os pouquíssimos prelados a quem a Cúria dá acesso aos documentos mais antigos, verificarem onde acabam os fatos e começa a ficção.

Creio que já falamos suficientemente da história passada da Igreja de Roma. Não deve ser necessário que eu lhe lembre Joana D’Arc, nem Gilles de Rais (contra o qual foram feitas as acusações mais horrendas, mas contra o qual jamais apresentaram evidências — nem sequer um ossinho! — das centenas de crianças que ele havia, supostamente, sacrificado; e seus acusadores, e juízes, dividiram entre si seus consideráveis bens), nem os Templários, nem o Imperador Frederico Hohenstaufen, nem João Huss, nem Michel Servet, nem Henrique IV (assassinado por ordem dos Jesuítas), nem os Cátaros, nem os Albigenses, nem os Huguenotes, nem os Judeus e Árabes de Portugal e Espanha, nem os Gnósticos franceses, alemães, escoceses, irlandeses e ingleses que foram chamados de "feiticeiros" e forçados a confessar obscenidades sob torturas diabólicas, nem Cagliostro, nem uma quantidade imensa de Maçons cujos ossos branquejam a estrada que leva à Roma. Creio que, a um Maçom, não deve ser necessário falar mais do passado dessa igreja infame.

Falemos então do presente — desta época de "reforma" e do "Papa da Paz".

Mudou a Igreja de Roma?

Dr. G., o senhor acha, certamente, que essa propalada reforma romana, que esse muito propagandizado concílio ecumênico, que as duas bulas de João XXIII (na realidade João XXIV: houve uma época, entre outras da história do papado, em que havia três papas. Um deles chamou-se João XXIII, foi forçado a renunciar ao papado quando os dois outros fizeram um pacto contra ele, e pouco após morreu envenenado — por quem, deixamos ao senhor ponderar) — o senhor acha que tudo isso fará da Igreja de Roma algo mais humano, mais próximo de Deus e do Seu Logos?

Muito bem; tenho diante de mim, neste instante em que lhe escrevo, um catecismo católico romano chamado "Doutrina Cristã". É publicado pelas Edições Paulinas e leva o nº 1; é destinado, portanto, ao condicionamento das mais tenras criancinhas. O senhor me disse que, na sua opinião, a Igreja Romana era uma boa introdução à vida adulta para crianças. Se assim é, considere as seguintes passagens que transcreverei desse livreto infame (os parênteses são meus):

"Eu gosto do meu catecismo." (Auto-sugestão inconsciente.)

"O catecismo me ensina o caminho do céu." (Do outro lado, o inferno.)

"O caminho do céu é: conhecer a Deus" (pela boca dos padres), "amar a Deus" (de acordo com a definição de "amor" por parte dos homens que evitam todas as manifestações sadias desse sentimento), "e obedecer a Deus." (Pela boca dos padres, seus únicos representantes legítimos; os demais são servos do diabo, e se alguém tentar definir por si mesmo a obediência a Deus, esse alguém na Idade Média era queimado vivo, e hoje em dia é culpado de orgulho, um dos pecados mortais.)

"Eu irei sempre ao catecismo para conhecer o caminho do céu" (a ameaça velada é que, se a criança não for ao catecismo para aprender o caminho do céu, acabará no inferno).

"Estudarei sempre direitinho o meu catecismo" (e há quem diga que os comunistas inventaram a lavagem cerebral!)

Isto, apenas como introdução. Seguem-se as seguintes notáveis "verdades":

"Jesus morreu na cruz para nos salvar" (falsidade histórica; mas a implicação dogmática é que, desde que somos criaturas condenadas ao inferno desde o nascimento não fosse por "Jesus", precisamos, mesmo na infância, de salvação. Que distância entre isto e "Deixai virem a mim as criancinhas, pois delas é o reino dos céus!…"

"As criancinhas gostam muito de Nossa Senhora (se isto fosse uma cartilha russa, e em vez de "Nossa Senhora" estivesse Lênin, nós chamariamos este tipo de propaganda de atentado contra e mente humana; no entanto, Lênin, pelo menos, realmente existiu! …)

"Nossa Senhora é a mãe de Jesus." (De fato, BABALON é a Mãe do Adepto; mas não é assim que eles interpretam!…)

Mais adiante, o "Credo", com a nota: "O Credo é o resumo da religião que Jesus nos ensinou."

Isto é uma mentira deslavada, pois nem Jon nem Dionísio, os originais do "Jesus Cristo" evangélico, ensinaram religiões. Buda não pregou o Budismo, nem Lao-Tsé o Taoísmo, nem Maomé o Islamismo; nenhum guia espiritual de vulto estabeleceu qualquer dogma formal, com exceção de Moisés; e ele, ao menos, tinha a desculpa de precisar criar uma cultura do nada, de fazer uma nação daquela multidão de ex-escravos supersticiosos e rebeldes que o seguia. São sempre os sucessores dos Magos (diga-se de passagem, os falsos sucessores) que organizam religiões e dissociam o Espírito da Letra, mais cedo ou mais tarde comportando-se de forma completamente oposta àquela recomendada pelo Instrutor.

No entanto, no caso presente, a mentira é dupla; pois além do fato de que Jon não deixou "religião" a ser seguida, o Credo de Nicéia, que é o credo a que o catecismo em questão se refere, não era sequer um sumário da religião que começava a se cristalizar em redor dos ensinamentos de Jon. Este credo era antes um códice dos dogmas que os Romano-Alexandrinos consideravam essenciais ao estabelecimento de sua dominação política, material, temporal, sobre as muitas congregações — igrejas — fundadas na Ásia Menor e na península romana por seguidores e discípulos de Jon, cada qual com variações de doutrina e temperamento determinadas por condições locais e idiossincrasias do discípulo fundador. Estes discípulos foram os originais dos "apóstolos" dos "Atos" (os "Atos" são uma antologia cuidadosamente censurada; e deturpada pela introdução de incidentes e nomes altamente imaginários, de alguns dos discípulos de Jon. As mais gritantes falsidades lá se encontram misturadas a fatos históricos. O propósito de tais falsificações foi a afirmação da autoridade da Igreja Romana, a qual, longe de ser a mais velha das igrejas Cristãs, era a mais nova e certamente a menos Cristã de todas. Um exemplo interessante é "Simão Pedro", que é o mesmo "Simão o Mago" que a ele se opõe nos Atos… Era um Gnóstico a quem a Igreja Romana teve que atribuir a sua fundação, pois ele pregara em Roma e era universalmente respeitado por todas as congregações; mas ao mesmo tempo, teve que ser atacado devido às doutrinas que tinha em comum com os Gnósticos Gregos e os Essênios Hebreus. "Pedro" e "Paulo" são, possivelmente, a mesma pessoa, mas só pesquisas futuras, empreendidas por investigadores sem preconceitos que tenham acesso à verdadeira documentação, poderão esclarecer tal ponto). A história da maneira pela qual os Romano-Alexandrinos forçaram o Concílio de Nicéia a votar neste Credo é um pântano de horrores. Tal era a situação que os patriarcas visitantes não ousavam andar pelas ruas de Nicéia, Roma ou Alexandria, sem terem ao menos uma dúzia de guarda-costas, por medo de serem assassinados por ordem dos patriarcas Romano-Alexandrinos. (Veja-se OUTLINES ON THE ORIGIN OF DOGMA, DECLINE AND FALL OF THE ROMAN EMPIRE e LA MESSE ET SES MYSTÈRES, para uma discussão detalhada deste assunto.)

Mas examinemos esse "resumo da religião que Jesus nos ensinou"!

"Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra…" (Já começa deturpado, pois o "Pai" a quem Jon se refere em seus sermões era Dionísio, o Logos do Aeon, o pai espiritual de Jon. O "Criador do Céu e da Terra" era, na verdade, "Criadores", no plural. A Gênese, um trabalho cabalístico, é sempre mal traduzida. Os "Elohim", criadores do céu e da terra, eram literalmente "deuses macho-fêmea", ou seja, uma hoste divina andrógina. Então, o senhor talvez perguntará, quem era Jeová? Era o Pai de Moisés, da mesma forma que Dionísio era o Pai de Jon!…) Mas continuemos:

"…e em Jesus Cristo, um só seu filho, Nosso Senhor…" (Estas dez palavras causaram mais mortes no Concílio de Nicéia do que quaisquer outras. Houve ocasiões em que patriarcas Romano-Alexandrinos provocaram com insultos pessoais outros patriarcas que se opunham a este "um só seu filho" ou a este "Nosso Senhor" até que os ofendidos reagissem — e fossem imediatamente apunhalados por assassinos previamente instruídos. Quanto a parte de "Jesus Cristo" ninguém a ela se opôs seriamente, visto que os verdadeiros Iniciados Cristãos nem sequer se deram ao trabalho de ir ao Concílio, sabendo tratar-se de caso fraudulento, como quaisquer outros concílios convocados pelos Romano-Alexandrinos antes ou depois deste. Os Iniciados Cristãos já começavam a organizar (prevendo a necessidade premente que para eles haveria) as irmandades secretas que apareceriam abertamente na Idade Média, como a Franco-Maçonaria — o grêmio maçom que construiu as grandes catedrais Góticas. Esses franco-maçons formavam uma classe social a parte, pois, não sendo nobres nem padres nem militares, não eram camponeses ou vassalos, tampouco. A Igreja Romana os protegia porque deles precisava para a construção — sendo ela, até hoje, incapaz de construir coisa alguma… E foi através dessas associações de pedreiros que o verdadeiro Cristianismo foi transmitido de reino a reino, de cidade a cidade, e isto, ironicamente, sob a proteção dos romanos… Veja-se THE ARCANE SCHOOLS, ou qualquer bom compêndio de história da maçonaria para maiores detalhes).

"…o qual foi concebido do Espírito Santo…" (Outra fonte de muitos assassinatos foi este dogma. Sobre ele não faremos comentários: padres romanos certamente lerão esta carta, e não temos qualquer intenção de dar a eles quaisquer dados sobre a natureza do Espírito Santo. Já que eles O invocam tanto, devem saber o que Ele é!…)

"…nasceu da Virgem Maria…" (esta Virgem Maria é também a Grande Puta do Apocalipse. É a Grande Puta porque Ela se dá a tudo o que vive; e é a Virgem porque permanece intocada por tudo a que se entrega. Quem é Ela? É a Casa de Deus, a Natureza, a Grande Mãe, e as leis naturais são as únicas leis realmente divinas… Ísis-Urânia, NUIT, Nossa Senhora das Estrelas, é a concepção dessa Mãe Grande e Eterna, copulando desavergonhadamente e avidamente com todas as Suas criaturas, pois em cada uma delas Seu Senhor se manifesta e A ocupa. Ela é também a mais alta e mais verdadeira forma de PÃ. A Ísis eternamente inviolada é esta Virgem Imaculada, e as imagens da Virgem com o Menino Jesus nas Igrejas Romanas são cópias das múltiplas imagens de Ísis com o Menino Hoor, que podem ser examinadas na seção de Egiptologia de qualquer museu).

"…padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos…" (pessoa altamente questionável esse Pôncio Pilatos, do ponto de vista histórico. Recentemente foram "descobertas" e "reveladas" nos E.U.A. umas "cartas da mulher de Pilatos a uma amiga". Estas relatam como a vida do casal tornou-se puro melodrama depois de haverem lavado as mãos no caso "Cristo Jesus". Mais conversa fiada jesuítica, sem dúvida…)

"…foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, está sentado à mão direita de Deus Pai Todo Poderoso donde há de vir julgar os vivos e os mortos." (Tudo isto tem um significado esotérico, e é a verdade de todo Cristo, de todo Adepto; mas os padres de Roma profanam estes símbolos quando os interpretam da forma mais crassa.)

"Creio no Espírito Santo… (eles nem sabem o que Ele é, não tendo merecido Sua presença sequer uma vez, ao longo de mil e seiscentos anos!)

"…na Santa Igreja Católica…" (esta é a única e verdadeira Igreja acima do Abismo, e inclui todos os cultos dos homens; mas os padres romanos querem aludir, naturalmente, à igreja de Roma.)

"…na remissão dos pecados…" (esta "remissão dos pecados", que faz da humanidade uma raça suja e maldita é, de todas as blasfêmias deste credo, a menos perdoável. Esta é precisamente a razão pela qual a Igreja de Roma nunca mereceu a manifestação do Espírito Santo!)

"…na ressurreição da carne…" (isto se refere a doutrina da regeneração, isto é, da Medicina Universal; mas tendo este e outros segredos do Cristianismo primitivo sido perdido pelos romanos, eles interpretam esta frase da forma mais grosseira. Veja-se o RITUAL DE MAÇONARIA EGÍPCIA, de Cagliostro, para maiores detalhes.)

"…na Vida Eterna…" (isto se refere ao Elixir da Vida, novamente mal interpretado.)

"Amém".

Agora, por favor, atente bem para esta passagem que se segue:

"Um dia, alguns anjos fizeram pecado." (Mais adiante explicam o que é pecado.)

"Os anjos maus são chamados demônios."

"Os anjos maus foram para o inferno." (É necessário que haja inferno. Pondere como essas criancinhas eram infelizes, sem saberem que havia inferno antes de entrarem em contacto com a Igreja de Roma!…)

"Para que Deus nos criou? Deus nos criou para conhecê-Lo…" (na versão de Roma.)

"…para amá-Lo e serví-Lo neste mundo…" (os pais tem filhos porque precisam de admiradores e escravos, nenhum ser sobre-humano poderia ter outra motivação…)

"…e depois ir com Ele ao Céu." (Todo cachorro bem treinado merece uma recompensa.)

Convenhamos: a versão romana do Criador mostra bem pouca imaginação criadora!

Mas a insensatez continua:

"Adão e Eva eram felizes no Paraíso. Um dia, porém, fizeram pecado. Que é pecado? O pecado é uma desobediência voluntária à lei de Deus ou À LEI DA IGREJA." (A ênfase é nossa. Note, por gentileza, que os astuciosos roupetas estão duplamente assegurados: primeiro, porque foram eles que escreveram "a lei de Deus"; segundo, porque são eles que escrevem a lei da igreja!)

"Jesus morreu na cruz para nos salvar do pecado." (Eles nem sabem mais o que é "Jesus", e nunca souberam o que é a Cruz.)

"Deus dá o prêmio aos bons e o castigo aos maus. O prêmio para os bons é o céu. O castigo para os maus é o inferno. O céu e o inferno NÃO TERÃO FIM".(A ênfase é nossa. Deus não é apenas destituído de imaginação, é também destituído de misericórdia, para não falar em senso de humor. Este "Deus é um demôniofeito a imagem daqueles que o promovem!")

"Quem vai para o Céu? Vai para o Céu quem morre sem pecado grave". (Note que não é necessário ser virtuoso, alegre, corajoso, honrado, para ir para o céu. As virtudes positivas não tem sentido para as criancinhas "cristãs" à moda romana: é suficiente "morrer sem pecado grave". Veja o senhor, no Apocalipse, o que tem o AMÉM a dizer à Igreja em Laodicéia, Cap. III, vv. 14—22).

"Quem vai para o inferno? Vai para o inferno quem morre em pecado grave."

Desta forma os cavalheiros de Roma podem conservar seu bolo e comê-lo ao mesmo tempo. Se o senhor não é batizado (por eles) ao nascer, está destinado ao menos ao purgatório (favor lembrar que o purgatório é uma invenção relativamente recente, promulgada quando o povo começou a reclamar que Roma mostrava pouca caridade para com os homens: no começo, o inferno era a única alternativa para o céu). A vida do senhor, do nascimento à morte, é completamente subordinada a eles: comunhão, sacramento, confirmação, casamento, confissão… Lembre-se Dr. G., que toda esta teologia que ameaça de tormento eterno aos que não a aceitam, toda esta síndrome de repressão, de escravidão psíquica e social, toda esta maquinação, está baseada nas mentiras deliberadas e conscientes dos patriarcas de Roma e Alexandria! Verdadeiramente, eles podem se gabar: "Quantum nobis prodest haec fabula Christi!"

Mas, infelizmente para eles, Dr. G., o Cristo não é uma fábula.

E o Verbo se fez carne, e habitou em nós.

Tu que és eu mesmo, além de tudo meu;

Sem natureza, inominado, ateu;

Que quando o mais se esfuma, ficas no crisol;

Tu que és o segredo e o coração do Sol;

Tu que és a escondida fonte do universo;

Tu solitário, real fogo no bastão imerso;

Sempre abrasando; tu que és a só semente

De liberdade, vida, amor e luz, eternamente;

Tu, além da visão e da palavra;

Tu eu invoco, e assim meu fogo lavra!

Tu eu invoco, minha vida, meu farol

Tu que és o segredo e o coração do Sol

E aquele arcano dos arcanos santo

Do qual eu sou veículo e sou manto.

Demonstra teu terrível, doce brilho:

Aparece, como é lei, neste teu filho!

Os versos acima, Dr. G., foram escritos por Aleister Crowley, "o pior homem do mundo" de acordo com a opinião dos padres que organizaram a campanha difamatória que o seguiu por toda a vida. Estes versos deveriam ser cantados com orgulho por todo Filho da Luz, ou seja, por cada ser humano, cada Filho de Deus!

O senhor ainda acha que a Igreja Romana pode ser encarregada, por homens responsáveis, honrados e ajuizados, da educação de crianças?

Dr. G., enquanto essa igreja não reconhecer publicamente seus crimes contra Deus e a humanidade; enquanto não renunciar para sempre a essa ameaça de inferno e a esse dogma de pecado com os quais forças negativas, que se opõem a evolução da humanidade, tentam impedir ao homem e a mulher que se tornem Deus por meio do ato sexual (veja o Evangelho de "João", cap. IV, vv. 13—16); enquanto ela for a causadora de masturbação e autismo entre os seus assim-chamados monges e freiras, em vez de permitir que se expressem livremente como homossexuais (qual são freqüentemente) ou como heterossexuais (qual são algumas vezes); enquanto o Bispo de Roma não admitir que ele é um entre muitos e herdeiro de uma história acumulada de erros; em suma, enquanto a Igreja Romana existir (pois no dia em que renunciar a todas as suas infâmias não será mais "Romana", mas finalmente parte da verdadeira Igreja Católica, a Humanidade), a ela se aplicam as palavras de Jon, o filho da Luz copiadas por ela em seus assim chamados "Evangelhos":

"Cuidado com os falsos profetas, que a vós se mostram como cordeiros, mas que internamente são lobos vorazes.

"Pelos seus frutos os conhecereis.

"Nem todo aquele que me diz: Senhor! Senhor! Não temos nós profetizado em Teu nome, não temos expelido demônios em Teu nome, e em Teu nome não realizamos muitos milagres?

"Então eu lhes direi tranqüilamente: Nunca vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade."

"Mateus", VIII, vv.15—23.

Francamente, Dr. G., não posso entender como um Maçom, como um homem sensato e honrado pode, por um momento, defender uma instituição que é uma nódoa na história da humanidade. Nós, verdadeiros herdeiros de Cristo, temos sido acusados de odiar a Igreja de Roma. Sabe Deus que não a odiamos: nós a abominamos e desprezamos com tal intensidade devido aquilo que não só é vil em si mesmo, como aviltante para tudo o que é sagrado e valoroso no homem. Dizem que o diabo corre da Igreja de Roma, e é verdade. Mas não é que nós a temamos: ela nos enoja. É inútil proclamar o efeito maravilhoso que o Romanismo tem exercido sobre a civilização ocidental. A verdade é precisamente o oposto. Roma tem combatido toda reforma e todo progresso a cada passo, aceitando-os apenas no último minuto, e então fingindo — para os incautos — tê-los inventado. A renovação das artes, das ciências, da liberdade humana, jamais veio de Roma; veio dos Maçons, dos árabes, dos judeus, da herança pagã redescoberta na Renascença, dos protestantes alemães, franceses e ingleses, das invasões dos piratas normandos e até das hordas de tártaros e turcos: nunca de Roma.

Considere a evidência histórica, Dr. G.! Durante mil anos, o sistema feudal, tornado odioso justamente pelos abusos decorridos da aliança da igreja com os senhores feudais, oprimiu a população da Europa. Veio a Reforma — e em um século o sistema havia praticamente desaparecido. A Inglaterra católica romana era uma ilhota insignificante perdida no mapa da Europa: veio Henrique VIII, expulsou os jesuítas, criou o Anglicanismo — e em duas gerações a Inglaterra derrotava a Espanha católica romana, tornava-se o maior poder naval do mundo e estava prestes a construir um império mais poderoso que o dos Césares. A França decaiu com os Valois católicos romanos: veio Henrique IV, protegeu os Huguenotes, foi assassinado por isto, mas em um século a França de Luís XIV deslumbraria o mundo. Os protestantes colonizaram a América do Norte; compare o progresso da civilização da América do Norte com a situação das Américas Central e do Sul, colonizadas por padres jesuítas!

Os países onde no momento prevalece o dogma romano, estão atrasados de cinqüenta a cem anos em progresso material, e moralmente, em certas áreas, o atraso é de quinhentos a mil anos. Os países protestantes têm sina muito melhor. Mas, infelizmente, mesmo os protestantes não estão livres da mancha do "pecado original" e do complexo de culpa, como tampouco a crença da necessidade de "salvação" já que usam os textos evangélicos fabricados por Romano-Alexandrinos; e não foi a toa que Ambrose Bierce, por muitos considerado um dos maiores Iniciados americanos, escreveu, como parte da definição da palavra "Cristão" em seu impagável e realista "O Dicionário do Diabo":

"Sonhei-me no alto dum morro, e vejam só:

Em baixo, pias multidões, com ar de dó

Triste e devoto, andavam de cá para lá

Domingadas em suas roupas de sabá,

Enquanto na igreja os sinos gemiam

Solenes, alertando os que em falta viviam.

Foi então que pessoa alta e magra eu vi

Vestida de branco, a olhar para ali

Com a face tranqüila, suave, simbólica,

E os olhos repletos de luz melancólica.

‘Deus te abençoe, estranho!’ — exclamei.

‘Inda que, por teu diverso traje, bem sei

que vens sem dúvida de longínquo cantão,

espero que sejas, como essa gente, Cristão.’

Ele os olhos ergueu, com tão severo ardor

que senti meu rosto a queimar de rubor,

e respondeu com desdém: ‘Como! O que é isto?!

Eu, um Cristão? Na verdade, não! Eu

sou Cristo’."

(Tradução de Soror K.A.)

Se o senhor quiser ler um magnífico estudo psicológico do Romanismo, leia "O ANTICRISTO" de Nietzsche, e quando quer que o senhor encontre a palavra "Cristão", substitua-a por "católico romano". O senhor terá a Igreja de Roma exatamente como é.

Resumindo o conteúdo desta carta:

Todos os homens são filhos de Deus, Todos os homens são capazes de realizar sobre a terra o Reino dos Céus, que está dentro de nós. Somos todos membros do Corpo de Deus, todos Templos do Espírito Santo, e basta limpar o Templo — o que não significa castrar-se fisicamente ou psicologicamente! — para que a Presença se manifeste.

Não há nenhum "Jesus, filho único de Deus" para ser adorado; e quaisquer pessoas que afirmem o contrário ou estão enganadas ou estão enganando.

Está escrito nos "Evangelhos": "Vós conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres."

E também, está escrito, nos originais santos, blasfemados e traídos pelas perpetrações Romano-Alexandrinas, que Jon olhou sorridente para a multidão e, abrindo os braços, lhe bradou:

VÓS SOIS O CAMINHO, A RESSURREIÇÃO E A VIDA!

Pois é eternamente verdade que o Verbo se faz carne; e, neste exato momento, habita em nós.

Amor é a lei, amor sob vontade.

Marcelo Motta

Nota Bibliográfica

e

Addendum

Esta carta foi originalmente escrita no dia 9 de julho de 1963 e.v., endereçada a um maçom osiriano, médico, o Doutor Luiz Gastão Costa Souza, clinicando em Petrópolis, RJ. Foi-nos posteriormente dito, por outro maçom osiriano e ex-Aspirante, Euclydes Lacerda de Almeida, que o Dr. Gastão cuidadosamente guardou a carta, mas se absteve por completo de mostrá-la a outros maçons.

Após o Primeiro de Abril de 1964 e.v., a carta foi copiada a carbono pelo autor, e distribuída livremente nas ruas do Rio de Janeiro a pessoas a quem ele se sentia impulsionado a entregá-la. A segunda versão foi consideravelmente ampliada na parte bibliográfica e histórica. O presente documento representa a terceira, e, esperamos, final versão.

A carta original terminava com os seguinte dizeres:

"Doutor Gastão, este momento é um dos mais graves na história da humanidade. Dos quatro cantos do mundo forças das mais hediondas, das mais diabólicas, forças desalmadas se concentram em um ataque ao Homem, a Deus, à Justiça e à Verdade. Os comunistas encarnam um dos aspectos destas forças; as religiões organizadas do Aeon passado encarnam outros. No momento presente, são pouquíssimos os homens que conservam contato com os planos espirituais; e no entanto eu levanto minha voz em profecia e lhe digo:

Esta é a escuridão da Passagem dos Aeons.

No Novo Aeon, serão os bodes que organizarão a Igreja.

A maçonaria é a chave do Templo de Deus.

Eu avisei o senhor quando nos vimos: se os maçons brasileiros tentarem honestamente limpar a maçonaria das forças malignas que tentam infiltrar-se nela; se eles se despertarem novamente para a luta espiritual e para a luta cívica, eles terão todo o auxílio que for necessário. O Olho ainda está no Triângulo. MAS SE VÓS FIZERDES PACTOS COM DEMÔNIOS, O OLHO SE FECHARÁ SOBRE VÓS.

Não é possível ser maçom e ser católico romano.

Não é possível ser marxista e ser maçom.

Não é possível ser maçom sem ser cristão.

Limpai as Lojas! Ou o Olho se fechará sobre vós.

Calafetai as Lojas! Ou a energia espiritual que nelas se acumula se escoará (esta é a razão por que o vosso segredo é a vossa força).

Serví o Brasil antes de mais nada; acima de toda outra nação; sois brasileiros, e o progresso — como a caridade — começa em casa. Dai aos pobres do vosso excesso, mas não da vossa substância.

Sede verdadeiros maçons: maçons dignos dos que vos precederam, maçons dignos dos que fizeram a Independência, o Segundo Império e a República.

Nunca tenhais medo de lutar pela Verdade e pela Justiça, e perdoai os vossos adversários — mas vencei-os antes! Não agradeçais à Igreja de Roma as concessões que ela vos "faz". Ó meus irmãos — pois como homens, somos todos irmãos — essas "concessões", vós as conquistastes: não ouvis os gemidos de dor? Não vedes os oceanos de sangue, não percebeis a legião de mártires maçônicos, não sentis ainda o cheiro e o clarão das fogueiras? A Igreja de Roma nunca fez concessões de ordem teológica a não ser por razões econômicas e políticas; ela sempre se aliou aos tiranos contra os oprimidos, e aliar-se-á aos marxistas, se necessário, para combater-vos; mas sede fiéis ao Olho e o Olho vos servirá.

Todo o progresso humano; toda lei humanitária; toda proteção à ciência pura; toda tolerância religiosa que existe no mundo presente foi o resultado do trabalho dos maçons! Nunca vos esqueçais disto! Não deveis agradecer ao inimigo aquilo que ele não concedeu, mas que vós conquistastes pelo sacrifício de muitos e pelo paciente trabalho de incontáveis outros.

Repito-vos: sede dignos do Olho, ou o Olho se fechará sobre vós."

O Primeiro de Abril de 1964 e.v. não teria ocorrido se os maçons tivessem cumprido as condições desta profecia. Em vez de fazer isto, a maçonaria brasileira deu os seguintes passos para trás nos anos que se seguiram a esta carta:

1) Dividiu sua direção em duas facções antagônicas.

2) Permitiu a publicação em jornais de fotografias do interior de Lojas, inclusive em funcionamento.

3) Promoveu declarações públicas de aliança com a Igreja de Roma.

4) Espionou-nos e cooperou em armar-nos ciladas na busca por desvendar nossos "segredos". Infelizmente, não temos segredos. Ponde um tratado sobre cálculo tensorial nas mãos de um estudante primário e deixai-o ler o livro a vontade: de nada lhe adiantará. O "esoterismo" é uma farsa: verdadeiros segredos NÃO PODEM ser revelados, pela simples razão de que sem vivência é impossível compreendê-los, mesmo quando são explicados da maneira mais simples e mais franca. Hoje, como em toda época, o mistério é o inimigo da verdade.

Devido ao desleixo ou inércia dos maçons, a profecia da carta se cumpriu e continua cumprindo. Como conseqüência, a maçonaria brasileira só está viva agora na O.T.O. e na Ordem de Télema. Nós não reconhecemos nenhum movimento maçônico do Velho Aeon.

A bom entendedor, meia palavra basta; aos maus entendedores, milhares de discursos não surtirão efeito.

Não existe Lei além de Faze o que tu queres.

Rio de Janeiro, AN LXXIII, 7 de janeiro de 1977 e.v..

Adendo, 20 de agosto de 1987 e.v.:

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A passagem do tempo e a influência do texto original desta carta sobre o Romanismo viram o aparecimento da assim chamada "Teologia da Libertação". Para os incautos, pode parecer que a Igreja Romana está melhorando. Depois da chacina impiedosa dos militantes comunistas nos movimentos populares de reforma agrária (chacina organizada e executada pela direita católica romana brasileira), este movimento, infiltrado de padrecos e outros "pastores" crististas (firmemente apoiados pelo sionismo, diga-se de passagem!), agora reivindica reformas através de "missas" e "procissões". Dirigentes marxistas, como Fidel Castro, fazem ruídos de tolerância para com o romanismo "reformista" que se propagandiza como "amigo e defensor dos pobres".

Os teologismos de Leonardo Boff e "Frei Beto", entre outros, parecem bastante plausíveis àqueles cuja capacidade de raciocínio é rudimentar — como, após um quarto de século de cuidadosa lavagem cerebral, sóe serem a maioria dos latino-americanos. A Igreja Romana espertamente promove esses e outros pseudo-dissidentes através de bem propagandizadas "censuras" e "punições".

Esta mesurada dança de batinas esbarra, entretanto, contra várias rudes verdades. Do ponto de vista material, duas estatísticas falam: primeiro, que a Igreja Romana é o maior proprietário de imóveis do Brasil (sempre através de testas-de-ferro, "irmandades", etc.); segundo, que mais de setenta por cento dos brasileiros não moram em casa própria.

Do ponto de vista psicológico, a "Teologia da Libertação" em nada muda o defeito fundamental do Romanismo: em nada ataca, em nada atinge o Credo de Nicéia. A finalidade dessa "teologia liberadora amiga dos pobres" é simplesmente tornar o romanismo aceitável aos marxistas, que já controlam metade do globo, e estão gradualmente conquistando, pelo menos ideologicamente, a outra metade. Ultimalmente, o que o Vaticano deseja é o que sempre desejou: total controle do poder político e econômico em todo o mundo e total restrição da vida intelectual e moral da humanidade. A "Nova Teologia" é tão "nova" quanto a "Nova República".

Um famoso "médium" brasileiro, autor de muitas "obras psicografadas" assinadas com os nomes de gênios literários falecidos, tanto de nosso país como de outros, recentemente comentou candidamente a uma admiradora que às vezes ele duvida da verdade do que faz; mas que, como a maior parte do dinheiro que angaria é dedicado à caridade, ele acha que faz mais bem do que mal aos seus semelhantes.

Esta opinião tem sido ecoada por muitos charlatões através dos séculos; entre outros aquele que disse: "Quanto nos ajuda essa fábula do Cristo!". Ocorre, entretanto, que os fatos da natureza não podem ser mudados pela ilusão humana. O bem-estar social não nasce da mentira: a "caridade" praticada com uma falsidade como base produz apenas mais gerações iludidas; os últimos quinze séculos, dominados pelo cristismo, deveriam servir de lição — e servem — aos brasileiros verdadeiramente inteligentes, e verdadeiramente interessados no bem-estar e prosperidade da nação. Um escravo bem nutrido ainda é um escravo; e quem está disposto a trocar sua liberdade por um falso conforto não é um ser humano: é um ‘bípede implume’ de Diógenes, ou um ‘macaco falante’ de Kipling, ou um ‘homem baixo’ de Aiwass.

Quanto ao sionismo, o motivo por que auxilia o cristismo é muito simples: os sionistas e o Vaticano formam juntos o maior poder financeiro do mundo assim-chamado "capitalista". O propósito da "Teologia da Libertação" é exatamente análogo ao da "T.F.P.": proteger as enormes fortunas multinacionais da nacionalização e socialização que elas têm invariavelmente sofrido nos países marxistas. Agora, como antes, a religião continua sendo o ópio das massas e a garantia dos ricos. E no que concerne o judeo-cristismo, "teologias da libertação" tem como finalidade simplesmente prolongar essa garantia através dos séculos.

Enquanto não abandonar publicamente e definitivamente o Credo de Nicéia, a Igreja Romana não mudará, e o cristismo continuará. Não se elimina causas atacando seus efeitos; nem mesmo quando o ataque não é fingido.

Amor é a lei, amor sob vontade.,

PARZIVAL XI°