Categorias
Noticias

Austrália quer que muçulmanas removam véu do rosto

 

10 de julho de 2011 | 13h 54

AE – Agência Estado

As mulheres muçulmanas terão que remover seus véus e mostrar seus rostos para a polícia se forem requisitadas ou poderão ir para a prisão, de acordo com proposta de nova lei do estado mais populoso da Austrália, Nova Gales do Sul. Um intenso debate cultural iniciado pelo projeto de lei reflete o crescente fluxo de migrantes muçulmanos e o desconforto que os sinais visíveis do Islã estão provocando nos habitantes predominantemente católicos da Austrália.

O novo projeto de lei de Nova Gales do Sul, onde está localizada a capital Sydney, prevê que se uma mulher se recusar a remover o véu facial poderá receber uma sentença de um ano na prisão e multa de US$ 5.900. A lei – que deve ser votada pelo parlamento estadual em agosto – foi vista por civis libertários e por muitos muçulmanos como uma reação exacerbada para um caso de trânsito envolvendo uma mulher muçulmana que estava dirigindo o veículo usando o véu que deixa apenas os olhos à mostra.

O governo diz que a lei requer que motoristas e suspeitos criminais removam qualquer cobertura de suas cabeças para que a polícia possa identificá-los. Críticos afirmam que a lei tem uma tendência antimuçulmana à medida que poucas mulheres na Austrália usam burcas, a vestimenta feminina muçulmana que cobre a mulher dos pés à cabeça. Em uma população de 23 milhões de habitantes, apenas cerca de 400 mil australianos são muçulmanos, dos quais estima-se que menos de 2 mil mulheres usam véus faciais e é provável que uma fatia ainda menor dirija. As informações são da Associated Press.

Categorias
Noticias Vídeos

Obra com religiosos empilhados cria polêmica

 

Player: http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2010/02/100219_escultura_religiao_video.shtml

Uma escultura que traz elementos religiosos católicos, judeus e muçulmanos foi vendida em três minutos na feira de arte contemporânea de Madri, Arco 2010, e se tornou a obra de arte mais polêmica do evento.

Chamada Stairway to Heaven (Escadaria para o Paraíso), a obra do artista espanhol Eugenio Merino retrata três homens rezando, um em cima do outro: um muçulmano, sobre ele um sacerdote católico e acima dos dois um rabino judeu, todos eles segurando livros sagrados das religiões dos demais – o Alcorão, a Bíblia e a Torá.

A obra foi vendida por 45 mil euros (R$ 112 mil) a um colecionador belga cuja identidade não foi divulgada. A escultura provocou a ira dos fiéis na Espanha e recebeu queixas oficiais.

Ao lado dela, aparece outra escultura que une uma metralhadora Uzi com uma menorá (candelabro ritual judaico).

A primeira reclamação saiu da embaixada de Israel em Madri. Em uma nota à direção da feira, o governo do Estado judaico diz que as peças “contêm elementos ofensivos para judeus, israelitas e certamente para outros.”

A embaixada classificou as esculturas como “uma mensagem cheia de preconceitos, estereótipos, provocações gratuitas e que fere a sensibilidade por muito que pretenda ser uma obra artística”.

A Conferência Episcopal da Espanha também reclamou. Através de comunicado à Arco os representantes do alto clero descreveram a peça com os religiosos como “provocação blasfema absolutamente desnecessária”.

‘Mentes fechadas’

Mas apesar das reclamações feitas logo no primeiro dia do evento, a galeria espanhola ADN, que representa o autor, não tem medo de represálias e afirma não entender a polêmica levantada pela escultura.

O proprietário da galeria, Miguel Ángel Sanchez, disse à BBC Brasil que a peça “deveria ser vista pelo lado positivo de um encontro religioso porque não há nada de ofensivo ali”.

Já o autor da escultura acha que o problema “não é a obra dele”, mas as interpretações que possam ser feitas “por mentes fechadas”.

“Cada um é livre para pensar o que quiser. Fiz uma peça que fala da unidade de religiões. Uma torre com as três grandes religiões que se juntam para chegar ao mesmo fim, que é Deus”, disse Merino à BBC Brasil.

“Mas se as mentes fechadas querem ver outra coisa, aceito a crítica. Só que eles também têm que aceitar meu trabalho”, afirmou o artista.

Merino admite, no entanto, que a segunda escultura, que mistura a arma com o candelabro, possa afetar a sensibilidade de alguns fiéis.

“É verdade que a metralhadora é uma Uzi, uma arma de Israel famosa nos conflitos com os palestinos. Mas a intenção foi reciclar os elementos para transformar em uma coisa que não mata. No fundo a peça trata da paz”, disse ele à BBC Brasil.

A feira de arte contemporânea de Madri, Arco, é uma das duas maiores do mundo e já está na 29ª edição. Neste ano, o evento termina no próximo dia 21, embora para o público fique aberta até o dia 19.

Categorias
Artigos

A Peregrinação à Kaaba: quinto pilar do Islam

 

Por: Sami Isbelle, em 05/07/2011 às 18:32 – G1

Depois de analisarmos os 6 pilares da crença islâmica, hoje estamos concluindo a abordagem dos 5 pilares da religião, conforme prometemos no primeiro post deste blog. Esses pilares resumem o que é o Islam, mas se Deus quiser continuaremos postando textos com temas relacionados à nossa religião e aos muçulmanos.

Este quinto pilar consiste em empreender a peregrinação à Kaaba, localizada na mesquita Al Haram, na cidade de Makka, na Arábia Saudita, pelo menos uma vez na vida. Mas o cumprimento desta adoração somente é obrigatório para o(a) muçulmano(a) que tenha atingido a puberdade, goze de plena condição de saúde física e mental, e tenha possibilidades financeiras de realizar tal viagem. Aquelas pessoas que não preencherem esses requisitos
estão isentas desta obrigação.

Quando o muçulmano realiza esta peregrinação, ele está relembrando os rituais praticados pelos profetas Abraão e seu filho Ismael (que a bênção e a paz de Deus estejam sobre eles). Deus, o Altíssimo, incumbiu ambos de erguerem os pilares da Kaaba, que consideramos ter sido o primeiro local onde se adorou a Deus, quando Adão e Eva, após descerem do paraíso, ali fizeram as suas orações. Com o passar do tempo foram perdidos os vestígios da localização exata, então Deus informou a Abraão (que a benção e paz de Deus estejam sobre ele) que enviaria uma pedra do céu para indicar o local de
sua construção. Assim foi feito, e essa pedra encontra-se até hoje posicionada em uma das quinas da Kaaba.

A peregrinação pode ser considerada como o maior congresso anual de paz no mundo, pois para que ela seja aceita por Deus o muçulmano não pode causar nenhum tipo de dano à natureza – como matar plantas ou animais que não sejam para o consumo ou que impliquem em perigo para o ser humano – nem às pessoas que o cercam, sendo vedado discutir, brigar, ofender, etc. Logo, ali se pratica a paz da forma mais plena e abrangente possível, onde se encontram muçulmanos das mais variadas partes do mundo, de diferentes cores, etnias, status social, culturas, idiomas, costumes, níveis de educação, todos com um único objetivo: adorar a Deus.

Os muçulmanos não idolatram a Kaaba. Ela é apenas uma construção cúbica, que não possui nenhuma santidade ou sacralidade, não beneficia nem prejudica ninguém, sendo tão somente a indicação do local para onde todos os muçulmanos do mundo se dirigem em suas orações diárias. Os principais rituais da peregrinação, todos praticados em Makka e em locais próximos, são:

• Circundar a Kaaba no sentido anti-horário sete vezes;
• Percorrer a distância entre os montes de Al Safa e Al Maruá por sete vezes, relembrando o ato de Agar, esposa do profeta Abraão, ao procurar água para o seu filho Ismael (que a bênção e a paz de Deus estejam sobre eles) naqueles locais, onde surgiu neste episódio o poço de Zamzam, que jorra água ininterruptamente até os dias de hoje;
• Arremessar sete pedras pequenas em três pontos distintos, devidamente demarcados, na cidade de Mina, simbolizando o ato realizado pelo profeta Abraão quando foi sacrificar o seu filho Ismael (que a bênção e a paz de Deus estejam sobre eles) seguindo a determinação de Deus. Satanás então apareceu para ele nesses três pontos, tentando dissuadilo de seguir adiante para não obedecer a ordem de Deus, e o profeta Abraão (que a bênção e a paz de Deus esteja sobre ele) reagiu atirando sete pedras pequenas nele, fazendo com que sumisse.

Durante a peregrinação todos os muçulmanos se vestem de forma semelhante, com apenas dois pedaços de pano: um cobrindo da cintura para baixo e outro envolvendo a parte de cima. Desse modo fica evidente que somos todos iguais, ou seja, não somos superiores devido à nossa riqueza, beleza, poder, nível intelectual ou cor. O que irá nos diferenciar diante do nosso Criador é a temência: quem for mais temente a Deus e coerente na prática do Islam, será o melhor perante Ele.

Em Arafat, que é o único local onde todos os peregrinos ficam juntos no mesmo ponto, é o momento em que temos uma ideia de como será o Dia do Juízo Final, onde estarão todos os humanos reunidos aguardando o julgamento. Assim, nós aproveitamos a parada em Arafat para fazer uma autoanálise da nossa vida, verificando se estamos sendo coerentes com os ensinamentos do Islam e quais aspectos em que podemos nos aperfeiçoar. Afinal, é melhor nos autoavaliarmos aqui, enquanto temos a oportunidade de evoluir, do que aguardarmos estagnados a avaliação no Dia do Juízo Final. Além disso, aproveitamos esses preciosos instantes em Arafat para intensificar as nossas súplicas a Deus, o Altíssimo, pedindo perdão pelo que cometemos de errado.

Sami Isbelle é o autor dos livros "Islam: a sua crença e a sua prática" e "O Estado islâmico e a sua organização" e diretor do departamento educacional e de divulgação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ – http://www.sbmrj.org.br/).