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Papa Bento XVI lança bomba póstuma na Igreja Católica

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Papa Bento XVI lança bomba póstuma na Igreja Católica
(Foto AP/Gregorio Borgia, arquivos)
Quando o Papa Bento XVI morreu em 31 de dezembro aos 95 anos, descobriu-se que ele tinha um livro completo pronto para publicação após sua morte. Escrito em italiano, esse livro, Che cos’è il Cristianesimo: Quasi un testamento spirituale ( O que é o cristianismo: quase um testamento espiritual ), está cheio de revelações explosivas e críticas incisivas de seu sucessor, o Papa Francisco. O Papa Bento XVI poderia começar uma contra-revolução dentro da Igreja Católica Romana desde o túmulo? Coisas mais estranhas aconteceram, embora qualquer um de nós demore um bom tempo para pensar em uma.

O Papa Bento XVI explica que não queria que o livro fosse publicado enquanto ainda estava vivo por causa da reação furiosa que seus escritos inspiraram: “De minha parte, na vida, não quero mais publicar nada. A fúria dos círculos contra mim na Alemanha é tão forte que o aparecimento de cada palavra minha imediatamente causa uma gritaria assassina deles. Quero poupar a mim mesmo e à cristandade disso.”

É fácil ver por que este livro inspiraria “gritos assassinos” de alguns cantos da Igreja Católica Romana. Benedict escreve que a Igreja está perto do “colapso” e pinta um quadro dos seminários nos Estados Unidos como centros de homossexualidade promíscua e perversão. “Em vários seminários – explicou o Papa – formaram-se ‘clubes’ homossexuais que agiram mais ou menos abertamente e que transformaram claramente o ambiente nos seminários. Em um seminário no sul da Alemanha, conviviam candidatos ao sacerdócio e candidatos ao ofício leigo de referente pastoral”.

A corrupção estava mais ou menos aberta. “Durante as refeições comuns”, observou Bento XVI, “os seminaristas estavam juntos com representantes pastorais casados, em parte acompanhados por suas esposas e filhos e, em alguns casos, por suas namoradas. O clima do seminário não ajudou na formação sacerdotal”. Ele disse que um “bispo que já havia sido reitor havia permitido que os seminaristas assistissem a filmes pornográficos, presumivelmente com a intenção de capacitá-los a resistir contra comportamentos contrários à fé”.

Essas alegações são muito plausíveis. No domingo, o Times de Londres informou que “a Igreja Católica Romana está investigando alegações de uma ‘festa de sexo’ em uma catedral como parte de uma investigação sobre o mandato de um ex-bispo. Em um movimento altamente incomum, o Vaticano ordenou um inquérito sobre as circunstâncias que cercam a renúncia de Robert Byrne como bispo de Hexham e Newcastle em dezembro”. Parece que “uma série de reclamações foram feitas por indivíduos dentro da diocese depois que surgiram informações sobre uma festa sexual ocorrendo nos aposentos dos padres anexos à catedral de Newcastle”. Como resultado de tudo isso, “a catedral tornou-se motivo de chacota”.

Em meio ao fluxo constante de notícias sobre má conduta sexual por parte dos padres, esse tipo de história infelizmente não surpreende e surge, segundo o Papa Bento XVI, em meio ao esforço de alguns líderes católicos para refazer a própria fé: “Havia bispos individuais, e não apenas nos Estados Unidos, que rejeitaram a tradição católica como um todo, visando em suas dioceses desenvolver uma espécie de catolicidade nova e moderna”. O papa Bento, que respeitava a tradição católica, era o inimigo nesses círculos: “Talvez valha a pena mencionar o fato de que, em não poucos seminários, os alunos pegos lendo meus livros eram considerados inaptos para o sacerdócio. Meus livros foram escondidos como literatura prejudicial e lidos apenas em segredo, por assim dizer.”

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O Papa Bento XVI criticou o Papa Francisco por nada fazer para impedir a corrupção desenfreada: “No contexto da reunião dos presidentes das conferências episcopais de todo o trabalho com o Papa Francisco, está no coração acima de tudo a questão da vida sacerdotal e também que de seminários. No que diz respeito ao problema da preparação para o ministério sacerdotal nos seminários, notamos de fato um grande colapso da forma atual dessa preparação”.

O Papa Bento XVI também alertou que, em meio à desordem da Igreja, o mundo estava se tornando cada vez mais anticristão. Ele observou que os “grandes poderes de tolerância não concedem ao cristianismo a tolerância que propagam, acrescentando que sua “manipulação radical do homem” e “distorção dos sexos por meio da ideologia de gênero” eram inerentemente anticristãs e consideravam a Igreja como um obstáculo: “A intolerância desta aparente modernidade em relação à fé cristã ainda não se transformou em perseguição aberta, mas se manifesta de forma cada vez mais autoritária com o objetivo de conseguir, por meio de legislação apropriada, a erradicação do que é essencialmente cristão”. Quem duvida disso é só consultar as manchetes do dia.

Contra isso, a Igreja Católica Romana e todas as igrejas precisam recuperar sua fé e senso de si mesmas e lutar pela verdade. Em vez disso, eles são consumidos pelo mesmo vírus “progressivo” que infecta todo o resto.

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Muitos usam cargos na igreja só para obter benesses, diz presidente da CNBB

25/02/2013 – 05h30

folha.com

 

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)

Sucessão PapalNa véspera de embarcar a Roma, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, disse que a renúncia do papa Bento 16 representa um "gesto profético" diante das divisões internas da Igreja Católica provocadas por "carreirismo".

"Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético", disse à Folha dom Damasceno, 76, um dos cinco cardeais brasileiros que estarão no conclave, a ser realizado logo após a saída de Bento 16, nesta quinta-feira.

Anfitrião do papa durante visita ao Brasil, em 2007, dom Damasceno disse que o principal legado do pontífice alemão será o seu magistério e que, apesar de grande intelectual, deixa uma lição de humildade e simplicidade.

Juca Varella/Folhapress

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

Antes, em missa celebrada às 8h, dom Damasceno havia exortado a uma basílica lotada a pedir a Deus que os cardeais "possam também estar abertos aos sinais dos tempos de hoje" durante o processo de escolha para o novo papa.

O cardeal também falou em entrevista coletiva, quando endossou a recente crítica do papa à "hipocrisia dentro da igreja": "Muitas vezes, você prega, anuncia e nem sempre vive o que está pregando".

Também ali, dom Damasceno admitiu que "há pessoas em que eu penso mais" para o papado, mas que só decidirá o seu voto durante os encontros em Roma: "Ninguém tem uma estrela na testa para ser identificado como o candidato ideal".

A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha:

*

Folha – O que significa "sinais dos tempos" para o senhor?
Dom Raymundo Damasceno Assis – Significa mudanças profundas que todos nós experimentamos. Estamos falando hoje de uma mudança de época, e não de uma época de mudanças. Não são mudanças superficiais, mas que atingem a pessoa, os seus valores, o seu modo de viver, o seu estilo de vida, a sua maneira de julgar as coisas e de se relacionar com Deus, com o próximo, com a natureza.
O avanço das comunicações está afetando as pessoas no comportamento, nos valores, nas relações. Basta pensarmos hoje no celular, na internet, em todos esses meios modernos de comunicação, blog, YouTube etc.
Há a crise pela qual a família passa, o modelo de família hoje. São muitas as mudanças que estamos enfrentando, e a igreja tem de estar atenta a isso. São sinais dos tempos que nos falam também e que, portanto, o papa e nós, os bispos, temos de estar atentos para responder pastoralmente.
São muitos os desafios, não podemos desconhecer que a igreja também vive neste mundo, numa realidade histórica, não é só humana e divina. E a missão da igreja é responder a esses desafios com o anúncio do Evangelho. Sem perder a fidelidade do Evangelho, mas tem de atualizá-lo. Como fazer? Com que linguagem? De que maneira? Esses são os grandes desafios que nós temos pela frente.

Qual legado o papa Bento 16 deixará para a igreja?
Ele nos deixa um legado muito rico quanto ao magistério. Grande teólogo, grande pensador, mesmo antes de ser papa, como sacerdote, como professor em uma das principais universidades da Alemanha. Depois, como cardeal em Munique e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ele publicou muitos textos, muitos livros.
Como papa, infelizmente não deixou as três encíclicas que esperávamos. Deixou uma sobre a caridade, sobre a esperança, mas faltou a encíclica sobre a fé. As homilias, as audiências gerais às quartas-feiras são riquíssimas.
Muitos comparavam o papa Bento 16 aos grandes padres do início da igreja, tamanha a riqueza teológica. Será apreciado ainda mais com o passar do tempo.
O papa Bento 16 é chamado de conservador, mas inovou ao renunciar pela primeira vez em mais de 600 anos. O ato abriu uma discussão sobre os rumos da igreja, como a fala recente de um cardeal escocês a favor do fim do celibato?
Primeiramente, você vê que esse termo conservador/progressista é relativo. Muitas vezes, chama-se um papa de conservador e ele faz inovações extraordinárias.
João 23 (1958-63) era considerado conservador. Ele começou a usar aquela toca que nenhum papa mais usava e estabeleceu o latim para a igreja, para Roma, num sínodo em que ele realizou.
E, no entanto, foi ele quem convocou o Concílio Vaticano 2º, que maior repercussão teve na vida da igreja.
O papa Bento 16 realmente inovou nesse sentido. Ninguém esperava essa renúncia. Sabíamos que o papa estava fragilizado fisicamente, faltava força, vigor, como ele disse, do ponto de vista físico e também de espírito.
Isso todo mundo sentia e via pela televisão, mas não se esperava que viria a renunciar. Foi um gesto de humildade, porque reconheceu as suas limitações e não ficou apegado ao poder. Quantos ficam apegados ao poder mesmo estando doente, que não largam de jeito nenhum, que se acham insubstituíveis?
Foi também um gesto de coragem, porque ele tem consciência da repercussão que teria o seu ato. Estamos vendo pelos meios de comunicação o impacto que a renúncia teve em toda a igreja.
E é um sinal profético. Se nós estamos preocupados com poder, com carreirismo na igreja, como ele fez aceno em algumas homilias, que é um dos pecados da igreja, essa busca do poder que cria divisão na igreja, então ele diz: "Eu renuncio, o cargo não é fundamental pra mim, eu cumpri a minha missão até quando eu podia cumprir. O apego ao poder, as honras, a glória do cargo, entrego a quem conduzir melhor a igreja no momento de hoje".
Com a consciência tranquila de quem cumpriu seu dever diante de nós. É um exemplo pra todos. Aqui em Aparecida, o papa nos deu um exemplo de humildade, de simplicidade, até um pouco tímido.

O sr. mencionou o carreirismo. Esse é o grande motivo da divisão interna?
O papa Bento 16 fez uma alusão a isso. Muitas vezes a pessoa está usando o seu cargo não para servir. [Mas] muitas vezes, quem sabe, em busca de benesses, até para se promover mais ainda.
Ele não citou nomes, mas deu a entender que a comunhão é fundamental na igreja, que é fundamental entender na igreja que todo cargo é serviço, serviço à igreja, à comunidade, à sociedade.
Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas, ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético.

Em 2007, o sr. disse que havia chegado a hora de a América Latina evangelizar a Europa. Essa percepção deveria ser levada em conta na escolha do papa?
Eu digo sempre que o continente não é decisivo, mas a América Latina está contribuindo hoje para a evangelização da Europa, da África, da Ásia. É um fato, é verdade.
Quantos brasileiros hoje, padres, membros de novas comunidades e leigos consagrados estão na Europa no campo da evangelização, da comunicação?
Então a América Latina está contribuindo para a Europa, embora não tanto quanto nós gostaríamos.
Mas isso não quer dizer que seja o critério decisivo para a escolha do papa.

Então quais são esses critérios?
Um perfil que atenda às necessidades de hoje da igreja. Isso se faz num processo de discernimento, num clima de oração e reflexão, de partilha de experiências durante o conclave, talvez até antes do conclave, nos contatos entre os cardeais.
É muito difícil antecipar isso, mas, de um modo geral, é uma pessoa de experiência pastoral, de diálogo, que promova o diálogo no mundo de hoje entre os povos, entre as religiões, cristãs e não cristãs, uma pessoa sensível aos problemas sociais. E preparado também do ponto de vista teológico, filosófico, intelectual. É um conjunto de elementos.

Como presidente da CNBB, o que o senhor quer falar ao novo papa?
Os nossos anseios são de uma igreja missionária, dinâmica, uma igreja capaz de renovar-se para cumprir sua missão, que quer justamente estar no estado permanente de missão. Essa missão não é só dos bispos, mas de todo cristão e de todo batizado.
Uma igreja solidária com os pobres sobretudo, que esteja a serviço do mundo, e não o mundo a serviço da igreja.

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A profecia do século – Ap. 17

Veja também: http://www.youtube.com/user/tvadvertenciafinal?v=rCC8gtyCBiM