Categorias
Noticias

Premiê israelense vai apresentar plano de paz com os palestinos hoje

 

Benjamin Netanyahu garantiu que o país não voltará às fronteiras de 1967.
O primeiro-ministro discursou durante visita a Washington.

Da France Presse

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (23) que Israel jamais voltará às fronteiras "indefensáveis" de 1967, durante discurso para um lobby pró-israelense em Washington, nos Estados Unidos. Netanyahu disse que apresentará sua visão para a paz com os palestinos em um discurso no Congresso nesta terça-feira (24).

Benjamin Netanyahu (Foto: Jason Reed/Reuters)Benjamin Netanyahu durante discurso na AIPAC (Foto: Jason Reed/Reuters)

"Quero garantir uma coisa, (a paz) deve deixar Israel seguro e este Israel não pode regressar às fronteiras indefensáveis de 1967", destacou Netanyahu ao falar ao Congresso Anual do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC).

Netanyahu visita Washington alguns dias após discordar publicamente do presidente americano, Barack Obama, sobre o processo de paz. A AIPAC é o principal grupo de influência pró-israelense nos EUA, com cerca de 100 mil integrantes.

Categorias
Artigos

Obama fala de amizade com Israel; Netanyahu rejeita fronteiras de 67

20/05/2011 – 15h08

DE SÃO PAULO

Atualizado às 15h38.

O presidente americano, Barack Obama, tentou amenizar a tensão com Israel e reiterou que a relação dos dois países é de amigos. Ao lado do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, ele não citou a proposta feita na véspera de criar um Estado palestino nas fronteiras de antes da guerra de 1967, que incluiria territórios ocupados pelos israelenses.

Já Netanyahu disse que está disposto a comprometer-se com a paz no Oriente Médio, mas rejeitou a proposta de Obama sobre as fronteiras.

Jim Young/Reuters

Presidente americano, Barack Obama, fala ao lado de premiê israelense, Binyamin Netanyahu

Presidente americano, Barack Obama, fala ao lado de premiê israelense, Binyamin Netanyahu

Os dois líderes reuniram-se na Casa Branca um dia após Obama ter declarado apoio à antiga solicitação palestina de formar um Estado com base naquelas fronteiras.

Em declaração a jornalistas no Salão Oval, Obama disse que reiterou sua opinião a Netanyahu nesta quinta. Os dois líderes reconheceram diferenças de ponto de vista".

Obama afirmou que Estados Unidos e Israel têm "laços extraordinários", enquanto Netanyahu disse que ele e Obama "ainda podem trabalhar juntos pela paz.

O discurso causou reação imediata de Israel, que rejeitou o plano e fez com que Netanyahu chegasse em Washington nesta sexta-feira em meio à tensão com o colega americano.

Poucas horas depois do discurso de Obama, Netanyahu respondeu que a criação de um Estado palestino nos termos de Obama é inaceitável e deixaria Israel com fronteiras indefensáveis. No avião rumo a Washington, um assessor do israelense chegou a dizer que Obama não entendia a realidade da região.

Hoje, Obama focou seu pronunciamento aos jornalistas nas preocupações comuns dos EUA e de Israel com a situação na Síria e o programa nuclear iraniano e ressaltou que, na questão das negociações com os palestinos, a segurança do Estado judeu é uma prioridade americana.

"Tivemos uma conversa longa e produtiva sobre uma variada gama de assuntos, como a onda de revoltas na região, o que tem acontecido em países como Egito e Síria, assim como a oportunidade que estas mudanças apresentam", disse Obama, em um pronunciamento de palavras calculadas a jornalistas americanos.

"Nosso principal objetivo deve ser proteger a segurança de Israel, ao lado de um Estado palestino funcional e seguro", disse Obama. "Claro que há diferenças entre nós, em linguagem e ideias, mas isso acontece entre amigos", completou.

PAZ X SEGURANÇA

O americano afirmou ainda que garantiu a Netanyahu que "a paz real só pode acontecer se Israel estiver seguro", mas fez a ressalva de que os EUA acreditam em "um Estado israelense seguro, não vulnerável, mas que resolva as questões dos dois povos".

Obama também ecoou Israel na rejeição à participação do grupo islâmico Hamas nas negociações de paz.

O grupo, que comanda a faixa de Gaza, assinou um acordo histórico de reconciliação com o rival Fatah, que comanda a Cisjordânia, e outras facções palestinas. O acordo inclui a formação de um governo interino e eleições. Com um governo único, o Hamas entraria nas negociações de paz com Israel.

"É muito difícil Israel negociar com uma parte que não reconhece seu Estado. Isso levanta sérias questões sobre o acordo feito entre Hamas e Fatah. O Hamas é dedicado ao terror e não reconhece direito de Israel de existir".

"Desta discussão, eu mais uma vez reafirmo a extraordinária relação entre EUA e Israel. Juntos, podemos trabalhar em um novo período de paz e prosperidade na região, que passará por grandes mudanças", repetiu Obama, em um grande esforço para reaquecer as relações.

POLÊMICA DAS FRONTEIRAS

Já Netanyahu disse que seu país "valoriza os esforços [de Obama] para avançar no processo de paz", e que "todos querem paz, mas [Israel] querem uma paz genuína, que dure de fato, uma paz baseada na realidade e em fatos".

"Teremos que aceitar alguns fatos, não podemos aceitar a volta às fronteiras antes de 1967. Elas não são realistas, não levam em conta as mudanças demográficas que que ocorreram desde então. Os palestinos precisam aceitar essa realidade", afirmou o premiê israelense.

O líder de Israel disse ainda que não pode negociar com um governo palestino apoiado pelo Hamas, organização terrorista que lançou milhares de foguetes contra Israel e é comprometido com sua destruição". "Eles atacaram inclusive você, sr. presidente, por ter matado Osama bin Laden", acrescentou, dizendo ainda que "Abbas tem uma escolha a fazer: ou fica ao lado do Hamas ou escolhe a paz com Israel".

Netanyahu falou ainda sobre a questão dos refugiados palestinos. "Eles querem que filhos e netos desses refugiados sejam aceitos por Israel, mas isso não vai acontecer, isso é uma realidade. O problema dos refugiados precisa ser resolvido, mas não será resolvida por Israel. Discuti todas essas questões com o presidente Obama, temos diferenças de opinião mas também coisas em comum, buscamos alcançar a paz entre Israel e a ANP", afirmou.

O premiê disse ainda que seu país "quer trabalhar com os EUA para alcançar uma paz que não ameace a segurança de Israel". "Assumo essa responsabilidade. A história não dará ao povo judeu uma nova chance, por isso, nos próximos meses, quero trabalhar ao seu lado para alcançar uma paz genuína com nosso vizinhos palestinos e garantir um futuro melhor para Israel e para toda a região", finalizou.