O deputado Fabricio Alvarado subiu nas pesquisas depois de se opor frontalmente à determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obrigou os países signatários a reconhecer o casamento gay
O deputado Fabricio Alvarado conquistou 25% dos votos no primeiro turno das eleições que vão determinar o novo presidente da Costa Rica, realizado no domingo (04/02). O parlamentar conservador, que se posiciona claramente contra o aborto e o casamento gay, vai disputar o segundo turno em 1º de abril com o ex-ministro Carlos Alvarado, que teve 21% dos votos.
Fabricio, um cantor gospel de 43 anos que é membro da Assembleia Legislativa costarriquenha desde 2014, é membro do Partido Restauración Nacional, de inspiração evangélica. Seu oponente, de 38 anos, ocupou o Ministério do Trabalho e Seguridade Social entre 2016 e 2017 e o do Desenvolvimento Humano e Inclusão Social entre 2014 e 2016. É membro do Partido Acción Ciudadana, legenda social-democrata à qual pertence o atual presidente, Luis Guillermo Solís.
Quem havia despontado como favorito no início da campanha era Juan Diego Castro, do Partido Integración Nacional, mas sequer garantiu seu lugar no segundo turno. Ministro de Segurança Pública entre 1994 e 1996 e da Justiça entre 1997 e 1998, Castro tem 63 anos e é o grão-mestre da maçonaria no país.
Reviravolta
Fabricio criticou duramente em janeiro a Corte Interamericana de Direitos Humanos por determinar aos países signatários – inclusive a Costa Rica, onde, aliás, está sediado o organismo – reconheçam legalmente o casamento entre homossexuais. Para o parlamentar, tratou-se de uma “afronta à soberania nacional” costarriquenha, “que põe em perigo os valores tradicionais da família”.
O seu posicionamento nesse episódio contribuiu para que ele ganhasse popularidade e chegasse ao segundo turno. Pesquisas eleitorais de novembro, anteriores à determinação da corte, apontavam apenas 9% dos votos para Fabricio. Os números começaram a mudar quando o deputado disse que, se eleito presidente, ignoraria a orientação da corte.
Fabricio já era conhecido no meio conservador por sua postura. Em 2017, ele se opôs à implantação de uma nova matéria no currículo das escolas do país, chamada “Educação para a afetividade e a sexualidade integral”. O Ministério da Educação costarriquenho diz que a disciplina deve abordar temas como o prazer, os direitos LGBT e o problema da violência e da falta de consentimento nas relações. Os críticos dizem que a matéria servirá para introduzir a ideologia de gênero nas escolas.