Bispo Rogério Formigoni foi desligado da Igreja Universal por suposto caso extraconjugal
O bispo Rogério Formigoni, homem de confiança do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, foi expulso da denominação.
Em um vídeo publicado no YouTube, Alfredo Paulo, que é ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, relata que Formigoni confessou à esposa que tinha trocado mensagens com outra mulher, mas que estava arrependido.
O ex-bispo ainda diz que Formigoni foi delatado pelo bispo Renato Cardoso, genro de Edir Macedo, durante uma reunião de pastores realizada no dia 12 de setembro.
Segundo Alfredo, Formigoni foi fotografado com a mulher em seu carro. O registro foi feito por um detetive contratada pelo marido da suposta mulher que trocou mensagens com o bispo.
Apesar de os religiosos decidirem ajudar o colega, Formigoni foi excluído da Universal mesmo por apenas ter enviado e recebido mensagens. Conforme o bispo, não teria havido contato físico com a mulher.
Das metáforas usadas por pastores para descrever a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com outras denominações, há aquela que a compara a uma ilha apartada de um continente evangélico —um segmento que, em 50 anos, avançou 1.400% no Brasil (de 2% para 30% da população).
O bispo Edir Macedo, contudo, está disposto a flexibilizar esse isolacionismo que acompanha a história de sua igreja, segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo.
O principal líder da Universal escolheu um de seus bispos, Eduardo Bravo, para fazer as relações fora da Universal e coordenar a Unigrejas —que, segundo Bravo, já agregou 30 mil pastores.
Esse mesmo projeto promoverá um de seus congressos abertos a responsáveis por outros templos, no próximo dia 8, no Templo de Salomão, em São Paulo, a mais icônica construção da Universal.
Alguns líderes evangélicos ouvidos pela Folha de S. Paulo sobre o tema falaram sobre as impressões acerca de como a Universal era (“se achava melhor do que as outras” e “era como o aluno que sentava sozinho no recreio, mas por escolha própria”, por exemplo) e como avaliam esse movimento de aproximação.
Divididos, exatamente quando se fala da aproximação com outras igrejas, alguns pastores apostam na vocação espiritual da parceria, e há aqueles que dizem que a ficha caiu para a Universal.
Um pastor disse à reportagem que, sozinhos, eles não têm força, atingiram o teto. Precisam de outras igrejas, afirmou um outro pastor, sempre sob anonimato. Eles dizem não querer se indispor com a igreja de Macedo.
Como pano de fundo, haveria ainda o interesse político: angariar apoio para o PRB, costela política da Universal. Isso jamais, diz Bravo à reportagem.
A meta é unir forças para fortalecer um país campeão em “consumo de pornografia, de antidepressivo, em criminalidade e desejos suicidas”.
Uma estratégia detectada pelo professor da USP Ricardo Mariano, especializado na ascensão evangélica no país. O PRB tem ampliado a presença de parlamentares de fora da Universal com visibilidade pública para atrair voto e conferir aparência secular ao partido, mas também de outras igrejas pentecostais, diz.
Caso, por exemplo, do ex-presidente da bancada evangélica João Campos (PRB-GO), pastor da Assembleia de Deus, e do católico Celso Russomanno (PRB-SP).
Como pode isso, se três em cada dez brasileiros se dizem crentes? “A gente observa que as pessoas estão se rotulando evangélicas, mas não queremos um Brasil apenas com quem se diz evangélico.” Daí a ideia de procurar outros pastores, de Silas Malafaia a Robson Rodovalho, e “orar por isso”.
“Temos reuniões ordinárias e estamos nos organizando nos conselhos de pastores”, afirma Rodovalho, bispo da Sara Nossa Terra.
Em entrevista à revista Renovação, Bravo diz que o batalhão de “lavados no sangue de Jesus” tem condições de ampliar e muito os 60 milhões de brasileiros que se declaram evangélicos.
Com selo da Unigrejas, a revista Renovação, recém-lançada publicação, é um bom indicador da disposição interna em estender a mão a outras denominações. A começar pelo editorial, assinado pelo próprio Macedo, que levanta a bandeira branca: “Eu não creio apenas no trabalho da Igreja Universal, mas sim que a missão de todas as igrejas evangélicas é em favor do Reino de Deus”.
Como a Folha Universal, jornal da casa, a revista também enaltece temas internos, como o anúncio da estreia, em agosto, da segunda parte da cinebiografia de Macedo, “Nada a Perder”.
As páginas também destacam uma “Santa Ceia da Unidade”, que aconteceu em abril no Templo de Salomão, e trazem o perfil de dois líderes “concorrentes”, Estevam Hernandes (Renascer em Cristo) e José Wellington Bezerra da Costa (Assembleia de Deus Belém).
Há ainda o depoimento de vários outros, vindos da Bola de Neve à Fonte da Vida. Lamartine Posella (Batista Palavra Viva) elogia as novelas bíblicas da emissora do bispo Macedo, a Record: “Um serviço memorável ao Reino de Deus”. Ele e a esposa amam “Jezebel”.
A Universal tem fama de antissocial no segmento. Nunca está, por exemplo, na Marcha para Jesus, maior evento evangélico do Brasil, cria da Renascer. Quando o bispo Eduardo Bravo começou a aparecer em encontros com pastores, muitos se surpreenderam com sua igreja dando as caras por lá.
A Universal é a mais forte das igrejas neopentecostais brasileiras, seguida por outras como a Mundial do Poder de Deus e Internacional da Graça de Deus, de dois dissidentes: respectivamente Valdemiro Santiago, que já foi bispo da igreja de Macedo, e R.R. Soares, que inclusive chegou a ser o principal pregador dela.
“É verdade que a Universal sempre esteve um pouco longe das demais igrejas”, ele admite. Mas quem assistiu a “Nada a Perder” entendeu muito bem por quê, diz. A produção põe Macedo sob ataque constante de vários lados: da Globo, da Igreja Católica, de outros pastores evangélicos.
“As pessoas não acreditavam nesse chamado de Deus que o bispo tinha. Se o primeiro não crê, o segundo, o terceiro, o quarto… Eu vou sozinho.”
Agora, não. A Universal, segundo Bravo, amadureceu. “Sabemos que todos fazemos parte do corpo de Cristo.”
Em mais uma diversificação dos seus negócios, a Igreja Universal do Reino De Deus, do bispo Edir Macedo, decidiu investir em duas novas frentes produtivas e midiáticas.
A primeira é a criação de abelhas e produção do “Mel Celestial” (marca registrada), que é produzido na fazenda da igreja, a Nova Canaã, na Bahia.
O próprio bispo Macedo está fazendo a vez de “garoto-propaganda” do mel em suas redes sociais.
Num vídeo, feito em seu apartamento (aparentemente dentro do Templo de Salomão) ele conta aos seguidores que não vive sem café da manhã.
“Depois de Jesus, da Ester e da família, o café é a coisa mais importante na minha vida”, brinca o bispo no vídeo.
Então ele aparece colocando o produto no iogurte e diz que é o “melhor mel que eu já provei”.
O Mel Celestial será vendido em todos os templos da Universal, e deve custar cerca de R$ 20 a bisnaga (aparentemente de 80 a 100g).
O dinheiro arrecadado com a venda da guloseima será revertido integralmente para a manutenção da Fazenda Nova Canaã, que fica no município baiano de Irecê.
Foi ali que Macedo (e seu sobrinho Marcelo Crivella) idealizaram e decidiram instalar um “conjunto” de fazendas em uma empreitada que começou nos anos 90.
Irecê foi escolhida por então ser uma das cidades com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo no Brasil. Quase tudo produzido pela fazenda é distribuído na região de Irecê.
Hoje a fazenda tem cerca de 100 funcionários e seu princípio é um pouco parecido com os “kibutz agrícolas” israelenses.
Além do mel, a Universal também decidiu investir em um time de futebol na cidade, o Canaã Esporte Clube, segundo informou neste domingo Lauro Jardim, do jornal “O Globo”.
O clube foi fundado em agosto do ano passado, disputa a 2ª Divisão do futebol baiano e está na final do estadual sub-20.
Não é a primeira vez que Macedo aposta no futebol. No início dos anos 2000 ele também montou o Universal Futebol Clube, de Jacarepaguá, Rio.
O time, porém, não foi longe: só jogou um campeonato pela segunda divisão carioca e depois foi desmantelado.