Categorias
Artigos Ciência Cultos

Monteiro Lobato e as senhas que desmascararam Chico Xavier

Enviado por Neilton Chagas Quirino

 

Monteiro Lobato e as senhas que desmascararam Chico Xavier


Ver “O Grande Mágico”
AMAURI PENA XAVIER – sobrinho de Chico Xavier – “A situação torturava-me, e várias vezes, procurando fugir àquele inferno interior, entreguei-me a perigosas aventuras, diversas vezes saí de casa, fugindo à convivência de espíritas. Cansado, enfim, cedi dando os primeiros passos no caminho da farsa constante. Tinha então 17 anos”.

“Perseguido pelo remorso e atormentado pelo desespero, cometi vários desatinos (…). Vi-me então diante da alternativa: mergulhar de vez na mentira e arruinar-me para sempre diante de mim mesmo, ou levantar-me corajosamente para penitenciar-me diante do mundo, libertando-me definitivamente. Foi o que decidi fazer procurando um jornal mineiro e revelando toda a farsa” (…).

“Meu tio é também um revoltado, não conseguindo mais recuar diante da farsa que há longos anos vem representando”.

“Eu, depois de ter-me submetido a esse papel mistificador, durante anos (…), resolvi, por uma questão de consciência, contar toda a verdade” (Ver também “Estado de Minas”, 20/1/1971; revista“Realidade”, Novembro 1971, pág. 65; etc.).

José Bento Monteiro Lobato, antes da sua morte, acontecida em São Paulo em 1948, deixou duas senhas em envelopes lacrados: uma com Dona Ruth Fontoura, filha do célebre magnata dos laboratórios farmacêuticos de São Paulo, e outra com o juiz e também famoso romancista Dr. José Godofredo de Moura Rangel, de Três Pontas (Minas Gerais), grande amigo de Monteiro Lobato, com quem manteve correspondência durante anos. Pretendendo imitar, mais ou menos bem, o estilo do grande escritor, o psicógrafo Francisco Cândido Xavier afirmou que sua mão escrevia movida pelo espírito de Monteiro Lobato. Espalhou-se por todo o Brasil, e pelo mundo, o grande feito do médium de Pedro Leopoldo e Uberaba.

O que, porém, nem Chico, nem seus propagandistas sabiam, era da existência das senhas com as quais Monteiro Lobato queria que se verificasse se realmente era ele quem se comunicaria do além, ou se tudo não passava de qualidades psicológicas e para-psicológicas dos médiuns.

Tive nas minhas mãos, cópias dos escritos de Chico Xavier atribuídos a Monteiro Lobato assim como as senhas conservadas por Dona Ruth Fontoura: nada, absolutamente nada, nem de longe, de semelhante pude encontrar naquela cópia, nem em outro escrito de Chico Xavier.

A Parapsicologia prova que não existe comunicação, de qualquer espécie, de espíritos de pessoas mortas com vivos.

Não há NENHUM caso de “Supostas” Comunicações de Espíritos com Vivos que não seja facilmente explicado pela Parapsicologia, por mais EXTRAORDINÁRIA e CONVINCENTE que possa parecer.

Há um estudo muito grande sobre o tema para se poder afirmar tal fato.

Tal estudo se baseia na análise dos fatos e em milhares de experiências, utilizando-se de diversas ciências; além de uma série de desafios.

Vamos sucintamente abordar alguns aspectos deste estudo:

Diversos Aspectos:

As Senhas

O que esperavam que fosse ser uma prova da comunicação dos espíritos, na verdade se tornou exatamente o contrário: Milhares de experiências feitas com senhas: Nenhuma foi revelada.

Por Oscar G. Quevedo S.J.

O romancista brasileiro José Bento Monteiro Lobato, antes da sua morte, acontecida em São Paulo em 1948, deixou duas senhas em envelopes lacrados: uma com Dona Ruth Fontoura, filha do célebre magnata dos laboratórios farmacêuticos de São Paulo, e outra com o juiz e também famoso romancista Dr. José Godofredo de Moura Rangel, de Três Pontas (Minas Gerais), grande amigo de Monteiro Lobato, com quem manteve correspondência durante anos.


O psicógrafo Francisco Cândido Xavier pretendendo imitar, mais ou menos bem, o estilo do grande escritor, afirmou que sua mão escrevia movida pelo espírito de Monteiro Lobato.

Espalhou-se por todo o Brasil, e pelo mundo, o grande feito do médium de Pedro Leopoldo e Uberaba.

O que, porém, nem Chico, nem seus propagandistas sabiam, era da existência das senhas com as quais Monteiro Lobato queria que se verificasse se realmente era ele quem se comunicaria do além, ou se tudo não passava de qualidades psicológicas e para-psicológicas dos médiuns.

Tive nas minhas mãos, cópias dos escritos de Chico Xavier atribuídos a Monteiro Lobato assim como as senhas conservadas por Dona Ruth Fontoura: nada, absolutamente nada, nem de longe, de semelhante pude encontrar naquela cópia, nem em outro escrito de Chico Xavier.

Também não apareceu a senha deixada com o Dr. Godofredo Rangel. Ele próprio o noticiou amplamente. Pessoalmente prefiro publicar a respeito um documento inédito que recebemos do senhor Cecílio Karam, ex-suplente de deputado estadual, fundador e primeiro prefeito do município de Santana da Ponte Pensa (SP) e Diretor de Publicidade do Jornal Federal “A Noite” de São Paulo: “Tendo sido amigo do saudoso Monteiro Lobato e seu companheiro na luta do petróleo e tendo o conhecimento do pacto entre ele e Godofredo Rangel, desejo dar o meu testemunho com referência a esse acontecimento.

“Realmente houve o acordo entre ambos e ficou assentado que o primeiro entre eles que morresse enviaria do além uma mensagem ao sobrevivente. Combinou-se fazer cada um uma senha e para evitar possíveis fraudes, as senhas foram fechadas em envelope lacrado e guardadas em cofre.”

“Falecido Lobato, e sendo algum tempo depois publicada uma mensagem atribuída a Monteiro Lobato e “recebida” por Chico Xavier, apressou-se Godofredo Rangel a examiná-la. Declarou, a seguir, à imprensa: “Não é o estilo de Monteiro Lobato e a senha combinada não foi dada”. Os jornais fizeram amplos comentários.”

O Dr. Godofredo Rangel morreu em 1951 sem ter recebido a senha, apesar de já aberto o envelope e conhecida, em segredo, por ele.

Outro exemplo
O dia 19 de maio de 1954 foi a data designada por Sir Oliver Lodge para que se abrisse o envelope lacrado que continha a sua senha.

Sir Joseph Oliver Lodge foi professor de Física e Reitor da Universidade de Londres, Presidente da Associação Britânica de Sábios, da Sociedade de Física da Grã-Bretanha e da Sociedade Rontgen. Apesar de sua indiscutível capacidade intelectual, Lodge, após a morte de seu filho Raymond na guerra de 1915, acreditou, de uma maneira verdadeiramente delirante, na comunicação dos mortos. Seu filho lhe falava de que estava tendo a terceira dentição astral; que no além, bebia whisky, fumava ótimos charutos e outras “comunicações” assombrosas.

Após 14 anos, conservando o espírito científico, Sir Oliver Lodge pretendeu apresentar à humanidade uma prova da comunicação com os espíritos.

Escreveu sua senha a 10 de junho de 1930. Morreu a 22 de agosto de 1940. Houve que esperar até 14 anos até a data que Lodge marcara para abrir o envelope (“Tomara-se, precavidamente, bastante tempo para recuperar a calma após a sua desencarnação”.).

A SPR (Sociedade de pesquisas psíquicas) fichou 130 médiuns que acreditavam ter recebido mensagens contendo a senha transmitida pelo espírito de Sir Oliver Lodge. Na data marcada, a 19 de maio de 1954, a SPR abriu o envelope. A senha eram 15 notas musicais (de um exercício de piano a cinco dedos).

Nenhum dos médiuns tocara a música, nenhum escrevera as notas, nem sequer tinha descrito, ou feito a mínima alusão a qualquer coisa que, ao menos de longe, pudesse sugerir a senha escolhida por Sir Oliver Lodge.

O grande Mágico

Para novembro de 1976 estava marcada a data de abertura do envelope com a senha deixada pelo mais famoso dos mágicos de todos os tempos, Harry Houdini.

Filho de um rabino húngaro, Houdini nascera a 6 de abril de 1874 em Appleton, Wiscosin, nos Estados Unidos.

Seria supérfluo afirmar que Houdini, cujo verdadeiro nome era Enrich Weiss, sempre se interessou pelo “maravilhoso”. Alguma parcela da fama de Houdini se deve a que desmascarou todos os abundantes truques que freqüentemente, consciente ou inconscientemente, realizam os médiuns.

Mas se Houdini desmascarou tantos médiuns, era porque ia frequentemente observá-los: ele estava muito interessado com a possibilidade de comunicar-se com o espírito de sua falecida mãe que ele amara ternamente. Muitos médiuns lhe transmitiram mensagens em nome de sua mãe. Mas nenhuma convencera a Houdini, nem a qualquer pesquisador imparcial e experimentado.

Seguindo seu interesse pelo maravilhoso e muito especialmente por verificar se havia comunicação dos espíritos, o próprio Houdini deixou com sua esposa uma série de mensagens secretas a serem abertas em diferentes datas. Umas por espaços regulares nos dez primeiros anos seguintes à sua morte. Anos durante os quais esperava Houdini que sua viúva poderia verificar. A última senha, em envelope lacrado, para ser aberto em 1976 pelos membros da “American Society For Psychial Research”.

Houdini morreu em Detroit, Michigan, a 31 de outubro de 1926. Sua viúva, Wilhelmina Rahner (que levava o nome artístico de Beatrice Houdini), durante dez anos, recorreu paciente e ansiosamente toda classe de sessões de espiritismo e acumulou inúmeras correspondências. Centenas e centenas de pretendidas comunicações do seu falecido esposo. Mas jamais apareceu nenhuma das senhas combinadas. Ainda pouco antes de sua morte, em 1943, Beatrice Houdini declarou aos jornalistas que jamais recebera a prometida comunicação de seu marido.

Para fim de 1976

Já pouca gente esperava que algum médium aposentasse a senha para abertura do último envelope em novembro de 1976. Mas a “American SPR” tinha que verificar.

Nada: Fracasso Absoluto.

Houdini, que sempre tão meticuloso fora em sua vida para o cumprimento de seus compromissos, depois de morto não acudiu jamais à prometida senha.

Poucos jornalistas fizeram eco deste episódio já sem graça e sem nenhuma novidade.

Milhares de experiências

Em agosto de 1960 criava-se “The Psychical Research Foundation”, que começou a trabalhar arduamente em 1961. Presidente Dr. J. G.. Pratt, o conhecido pesquisador dos inícios da Parapsicologia na Duke University, USA; e o também prestigioso Dr. H.H. Price, parapsicólogo da Universidade de Oxford, ocupou a vice-presidência. Em abril de 1963, tendo como diretor o parapsicólogo Dr. W. G. Roll, começaram a publicar a revista “Theta” (primeira letra da palavra grega Zánatos=morte).

Pretendia a fundação pesquisar a sobrevivência da alma. Até fins de 1973, pretenderam estudar o problema da sobrevivência pela alegada comunicação dos espíritos dos mortos. Os fenômenos que pareciam advogar pela intervenção dos espíritos é que qualificaram como Psi-Theta.

Entre outras verificações, o Dr. Pratt propôs uma experiência semelhante à da senha, ou uma experiência da senha em versão eletrônica.

O Dr. Pratt, já durante a Segunda Guerra mundial lançara a ideia. Milhões de soldados e pessoas civis foram feridos e milhares de feridos acabaram morrendo. Antes de morrerem, deveriam ditar uma senha a máquinas automáticas que as transformariam em símbolos eletrônicos. E estes seriam arquivados em computadores. Após a morte, tentariam por todos os meios comunicar as senhas. As máquinas automáticas de novo os transformariam em símbolos e os computadores verificariam se houve ou não em alguma ocasião, alguma coincidência.

Robert Thouless – inventor do sistema da senha por frases cifradas

Evidentemente, as coincidências deverão ser em número significativo. Não basta alguma coincidência isolada. Porque a possibilidade de explicação por adivinhação para psicológica não fica totalmente excluída, embora bastante dificultada: A adivinhação deveria ser precisamente sobre o autor da senha no intervalo entre a invenção e a morte; sobre o computador não haveria possibilidade de adivinhação porque este só arquiva símbolos eletrônicos praticamente indecifráveis.

Pois bem, até agora, não houve nenhum caso positivo; nenhum espírito de morto se comunicou com o mundo, nunca apresentou a senha que jurara.

Não sabemos se no futuro alguém pretenderá perder mais tempo continuando, ou ampliando a experiência das senhas. Em todo caso, a “Fundação de Pesquisas Psíquicas” desistiu desta experiência, assim como de qualquer outra de Comunicação dos mortos ou Psi-Theta. Agora, dedicam-se a estudar a sobrevivência, não pela já comprovada inexistente comunicação, mas pela análise das faculdades para psicológicas dos vivos.

Como muito bem expõe o Dr Roll, esta análise poderá levar à confirmação da espiritualidade da alma e conseqüentemente a uma dedução lógica da sobrevivência.

Texto extraído da Revista de Parapsicologia número 29 elaborada pelo CLAP- Centro Latino Americano de Parapsicologia.

Brincadeira do copo

A famosa brincadeira do copo não tem nada de brincadeira; é sempre muito perigoso fazer isso. Pode acabar sendo o estopim que faz explodir distúrbios psíquicos latentes no inconsciente. Além de ser super perigoso para a saúde fomentar (estimular) qualquer fenômeno para psicológico…

A respeito desse tema, devemos distinguir dois aspectos:

1) As respostas obtidas;

2) O movimento do copo

Sobre as respostas podemos dizer que pode haver fenômenos tais como telepatia, clarividência, HIP, etc; que são responsáveis pelo êxito, sucesso nas respostas.

Sobre o movimento do copo; não é o copo que mexe e leva os dedos juntos. São os dedos que mexem o copo. Se colocar óleo em cima do copo, verão que escorregões dão os dedos, e o copo não se mexerá.

Também é verdade que, raras vezes, pode haver o fenômeno para psicológico da telecinesia (movimento de objetos pela atuação da telergia dirigida pelo inconsciente);

mexer o copo sem contato. Não são os mortos, nem nenhum espírito de classe alguma; é uma energia física exteriorizada em raras ocasiões. Se afastássemos a mais de 50 metros todas as pessoas, nada disso aconteceria. Se fossem os espíritos ou qualquer entidade que se queria chamar, demônios, etc) que mexessem ou golpeassem, que importaria se as pessoas ficassem a mais de 50 metros??

Mas não são espíritos. São as energias inconscientemente exteriorizadas pelos “dotados” (note-se: exteriorizar fenômenos não é um Dom, como se fosse um poder; pelo contrário se for frequente qualquer manifestação para psicológica, deve procurar tratamento, pois isto prejudica a saúde psíquica.) Essa energia física, precisamente por ser física, não pode se exteriorizar a grandes distâncias.

Se, por outro lado, são os dedos que mexem o copo; são movimentos automáticos, inconscientes, feitos pelas pessoas que colocam os dedos sobre o copo. O que o inconsciente pensa, sabe, imagina, supõe, inventa ou adivinha para psicologicamente, pode manifestar-se inconscientemente. Os movimentos inconscientes ou automatismo podem chegar a extremos surpreendentes. Já repararam na habilidade com que mexemos os lábios quando falamos? Desafiem qualquer pessoa a descrever os movimentos que tem que fazer para pronunciar as palavras. Não saberá. Consciente e reflexivamente somos incapazes de comandar esses movimentos. Já observaram a agilidade com que um pianista mexe com os dedos das mãos, e ainda também os pés, e fala com as pessoas sobre outras coisas?? Também o ato de dirigir: quantos movimentos fazemos sem pensar que os estamos realizando…

Não é de se estranhar, pois, que em momentos de “concentração”, de emoção, de exaltação do inconsciente, este possa dirigir com bastante precisão, os movimentos do copo.

É melhor duas ou mais pessoas do que uma só, porque assim, se somam os impulsos de todas ao impulso que imprime a pessoa, que inconscientemente dirige o copo, impulso que pode ser insuficiente.

Não são os espíritos dos mortos que dirigem nossos dedos. Não se trata de nada do além, mas unicamente de manifestações de fenômenos surgidos do inconsciente dos vivos…

PERGUNTA:

“Gostaria de saber se a Igreja Católica admite ser possível que, em raras e especiais condições, possa algum tipo de comunicação entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos”.

Sobre o tema, muito amplo, “Os mortos intervêm no nosso mundo?” publiquei cinco volumes, demonstrando cientificamente que NUNCA. Mas vejo que sua pergunta concretiza-se a dois aspectos:

1) A posição da Igreja Católica,

2) A respeito de alguma rara e especial exceção.

A este tema concreto dedico quase todo o quinto volume que tem o subtítulo “Palavra de Iahweh”.

A Igreja (e a Bíblia), como tal, não tem autoridade direta em ciência; na constatação e análise de fatos de nosso mundo, senão unicamente em doutrina sobrenatural revelada. Por isso não é de estranhar que alguns santos e mesmo excepcionalmente prestigiosos teólogos, tenham caído no erro científico de acreditar em alguma comunicação ‘espírita’.

Na Bíblia refere-se que a Pitonisa de Endor teria evocado o morto profeta Samuel diante do rei Saul (1Sm 5,20). Refere o fato e não lhe corresponde a interpretação. Na realidade a Pitonisa só disse o que captou para psicologicamente no próprio Saul. E nesse pecado gravíssimo e heresia de Saul pretender consultar um morto, é condenado severissimamente (1 Cr 10,13s) e castigado com a perda da realeza e pena de morte.

Pelo contrário, no mesmo livro de Samuel mostra-se que ao rei Davi nem lhe passou pela cabeça essa absurda ideia de que um morto poderia se comunicar: “Agora que o menino está morto…, poderei fazê-lo voltar? Por fim irei (quando morrer) aonde ele está, mas ele não voltará para mim” (Sm 12,23). A mesma negação da comunicação dos mortos repete-se em outros muitos textos bíblicos: Jó 7,9s;10,21;14,7-22;16,22; Sl 88,11; 78,39; etc. A impossibilidade de um morto voltar pela comunicação (nem pela reencarnação) ainda fica mais evidente em contraste com outros numerosíssimos textos que falam da ressurreição para a eternidade e dos milagres de revitalização. A revitalização se dá durante a morte clínica ou parcial do organismo, nunca após oito dias: nem por milagre alguém volta “do além” (após oito dias). [OBSERVAÇÃO DO DONO DO BLOG: – A afirmação parece-me temerária, se considerarmos esta passagem bíblica: “Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas”. (São Mateus 27,52-53). A passagem não registra há quanto tempo tinham morrido estes justos. Por outra, não parece que a expressão “Cidade Santa” se refira à Jerusalém terrestre. Muitos os viram, porém, ficou apenas nisso, pois ninguém mais os tornou a encontrar].

São numerosíssimos os textos bíblicos proibindo qualquer intento de obter alguma comunicação dos mortos. Por exemplo: “Não aprendas a imitar as abominações daqueles povos. Que em teu meio não se encontre alguém…, que interrogue espíritos…, ou que evoque os mortos. Quem pratica essas coisas é abominável a Iahweh e é por causa dessas abominações que Iahweh teu Deus os desalojará… Não deixarás viver os feiticeiros. Não vos voltareis para os necromantes… Aquele que recorrer aos necromantes… voltar-me-ei contra esse homem e o exterminarei” (Lv 18,9-14; 9,31; 20,6).

Conseqüentemente são numerosíssimos os textos da Igreja nesse sentido. Por exemplo o Vaticano II, na Constituição Lumem Gentium, expressamente se manifesta “contra qualquer forma de evocação dos espíritos”. Aliás, essa proibição já constava de 1258 pelo papa Alexandre IV, e depois, pela declaração de 4.8.1856 e da resposta de 24.4.1917.

Mesmo que só fosse por estes textos bíblicos e eclesiásticos, é completamente absurdo atribuir a Deus (ou a uma especial permissão Divina) um milagre em aparente confirmação da heresia, magia, superstição da evocação ou intervenção de um morto.

Pe. Oscar G. Quevedo, SJ

Fonte: www.divinoespiritosanto.org/psc_comunicespirito.htm

Chico Xavier é uma fraude?

Pode ter fraudado alguma vez. A revista Manchete descobriu que ele escondia embaixo da mesa em que trabalhava uma bolsa de borracha que, quando apertava, soltava, pela sua manga, um cheiro de santidade. Se comprovou também outras fraudes nas chamadas materializações. Ele não contribuiu diretamente para isto porque estava em transe. Apesar de tudo, considero Chico Xavier um homem bom, um homem sincero. A psicografia, isto sim, nada tem a ver com o Além. É um transe. O próprio sobrinho de Chico Xavier, Amaury Pena, disse que foi treinado pelo tio para psicografar, porque estava sendo preparado para ser seu substituto. Infelizmente, ele morreu em um acidente de carro. Psicografar é uma escrita inconsciente, automática. Se Chico Xavier fosse um pouco mais culto nunca diria que psicografa, principalmente por Emmanuel, senador romano dos tempos de Cristo. Naquela época nenhum senador romano poderia se chamar Emmanuel, um nome católico-cristão, que significa “Deus-conosco”. Além disso, se Chico Xavier psicografa um senador romano dos tempos de Cristo, então ele escreveria em Latim. Eu comprovei pessoalmente, várias vezes, que Chico Xavier não entende uma palavra em latim, não escreve em latim.

O senhor nega a comunicação dos mortos com os vivos, entretanto, como explicar a transfiguração do Tabor (em Israel) quando Jesus foi envolvido por uma nuvem e nela apareceram Elias e Moisés? Não foi uma evidência de que os mortos aparecem?

Não. Moisés é um símbolo da Lei e Elias é um símbolo dos profetas. Cristo, ao transfigurar-se, num magnífico Milagre, simbolizou o despertar dos apóstolos que estavam como que dormindo. Foi quando São Pedro disse: “Façamos três tabernáculo e comentem o Evangelho”. Isto aconteceu porque os apóstolos naquele momento, estavam completamente em transe, sem saber o que diziam- e a aparição de Cristo para eles representou, simbolicamente, a Lei e os Profetas. Foi uma metáfora. É preciso que se saiba que, tomar os ensinamento da Bíblia ao pé da letra é falta de respeito. A transfiguração de Cristo foi um Milagre, mas as “presenças”(visões) de Moisés e Elias naquele episódio simbolizavam claramente a Lei e os Profetas, o que Cristo queria que os apóstolos se lembrassem.
Fonte: www.divinoespiritosanto.org/psc_entrevista.htm

“Tudo o que tenho psicografado até hoje, apesar dos diferentes estilos, foi criado por mim próprio, sem nenhuma interferência de almas do outro mundo. Assim como meu tio, tenho muita facilidade de fazer versos e imitar estilos, coisa que em mim, tanto quanto nele, foi notada muito cedo. Meu tio é inteligente, lê muito e, com espírito ou sem espírito, continuará escrevendo seus livros.” (Amauri Xavier Pena, sobrinho de Chico Xavier)

Com shows como esses, Chico foi ficando famoso, graças a reportagens como uma publicada em 1944 por O Cruzeiro, então a revista mais importante do país. Mas ele ganharia manchetes mais bombásticas uma década depois. No fim dos anos 50, Amauri Pena Xavier, sobrinho do médium que também psicografava, deu uma entrevista ao jornal Diário de Minas – dizendo-se uma farsa. “Aquilo que tenho escrito foi criado pela minha própria imaginação”, declarou. Só que o rapaz, de 25 anos à época, também insinuou que as cartas produzidas por Chico Xavier poderiam ser uma fraude. “Assim como tio Chico, tenho enorme facilidade para fazer versos, imitando qualquer estilo de grandes autores. Com ou sem auxílio do outro mundo, ele vai continuar escrevendo seus versos e seus livros.”
super.abril.com.br/religiao/investigacao-ch…

CHICO XAVIER – O TESTEMUNHO DO SOBRINHO
Amauri Xavier Pena, filho da irmã mais velha de Chico Xavier, Dona Maria Xavier, foi escolhido pelo tio para ser seu sucessor. Vinha treinando desde os treze anos. Aos 17 anos cedeu às insistências do tio. Treinado com grande constância na “psicografia”, mostrou maior facilidade do que o famoso tio para imitar os autores que lia. E assim publicou mais de cinquenta textos “psicografados” imitando mais de cinquenta autores, “cada qual no seu próprio e inconfundível estilo. Recebeu também uma epopéia de Camões em estilo quinhentista”, Cruz e Sousa, Gonçalves Dias, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Luís Guimarães Jr., Casemiro Cunha, Inácio Bittencourt, Cícero Pereira, Hermes Fontes, Fabiano de Cristo (?!), Anália Franco…, e até Bocage e Rabindranath Tagore. O boletim espiritista “Síntese”, de Belo Horizonte, fazia a divulgação.

“Um grande médium” era proclamado, mesmo depois da auto-retratação em Julho de 1958 no “Diário de Minas”. E lá mesmo, perante os jornalistas, imitou diversos estilos de autores famosos. “Tudo o que tenho ‘psicografado’ até hoje, apesar das diferenças de estilo, foi criado pela minha própria habilidade, usando apenas conhecimentos literários”, declarou.

E proclamou que seu tio Chico Xavier “não passa de um grande farsante”. E à revista “Manchete”: “Revoltava-me contra as afirmações dos espiritistas (que diziam que era médium). Levado à presença do meu tio, ele me assegurou, depois de ler o que eu escrevera, que um dia eu seria seu sucessor. Passei a viver pressionado pelos adeptos da ‘terceira revelação’… como absurdamente chamam ao Espiritismo, com ele pretendendo suplantar, após as revelações do Pai e do Filho, a Terceira Revelação pelo Divino Espírito Santo o dia de Pentecostes.”

“A situação torturava-me, e várias vezes, procurando fugir àquele inferno interior, entreguei-me a perigosas aventuras, diversas vezes saí de casa, fugindo à convivência de espíritas. Cansado, enfim, cedi dando os primeiros passos no caminho da farsa constante. Tinha então 17 anos”.

“Perseguido pelo remorso e atormentado pelo desespero, cometi vários desatinos (…). Vi-me então diante da alternativa: mergulhar de vez na mentira e arruinar-me para sempre diante de mim mesmo, ou levantar-me corajosamente para penitenciar-me diante do mundo, libertando-me definitivamente. Foi o que decidi fazer procurando um jornal mineiro e revelando toda a farsa” (…).

“Meu tio é também um revoltado, não conseguindo mais recuar diante da farsa que há longos anos vem representando”.

“Eu, depois de ter-me submetido a esse papel mistificador, durante anos (…), resolvi, por uma questão de consciência, contar toda a verdade” (Ver também “Estado de Minas”, 20/1/1971; revista“Realidade”, Novembro 1971, pág. 65; etc.).

________________________________________

“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”

LUIZ ROBERTO TURATTI.

Postado por OSWALDO DE PAULA GARCIA às 14:01

anotapolpag5.blogspot.com.br/…/as-senhas-que-d…

anotapolpag5.blogspot.com.br/…/as-senhas-que-d…

QUARTA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2012

anotapolpag5.blogspot.com.br/…/as-senhas-que-d…

 

045

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

Categorias
Artigos Ciência

Chico Xavier: A Farsa

Por Johnny T. Bernardo
Publicado originalmente no Almanaque Genizah

Natural de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Francisco Cândido Chavier (1910 – 2002), conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer a função de médium espírita psicógrafo aos 17 anos de idade. É autor de mais de 400 livros psicografados, além de inúmeros bilhetes e breves mensagens. A Federação Espírita Brasileira (FEB) apresentou pessoalmente Chico Xavier, com seus livros, por diversas cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Portugal. Uma das mais destacadas consequências práticas dessas viagens foi a fundação do “Christian Spirit Center”, em Ellon College, Carolina do Norte (EUA).

A Trajetória de um louco

Marcel Souto Maior relata que quando começou a ter as primeiras visões, ainda criança, Chico passou a ser chamado de louco pelo próprio pai e por moradores de Pedro Leopoldo. Só sua mãe o entendia, mas morreu cedo, quando Chico tinha apenas 5 anos. Logo depois da morte, ele começou a ver – e ouvir – o espírito da mãe no quintal da madrinha. Era com ela ( o espírito) que Chico desabafava. [1]

O próprio Chico confessou mais tarde com relação a sua iniciação mediúnica:

“Meu pai queria me internar em um sanatório para enfermos mentais (…) Devia ter suas razões; naquela época me visitavam também entidades estranhas perturbadoras”. [2]

Que entidades estranhas eram essas que visitavam Chico Xavier? Certamente eram os mesmos demônios que o acompanharam durante toda sua vida, e através dos quais ele foi iniciado no espiritismo. Os espíritos que Chico supostamente dizia ver e ouvir, eram na verdade demônios que assumiam a forma de pessoas mortas. Não é de estranhar, pois o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Cor. 11.14).

O Cruzeiro

Quando começou a ganhar fama nacional, lá pelos anos de 1940, Chico Xavier foi procurado por um dos repórteres mais implacáveis da época, David Nasser, da revista “O Cruzeiro”. Cansado de ser alvo da desconfiança e da curiosidade dos repórteres, Chico tentou escapar a todo custo, mas foi vencido por um artifício usado por Nasser. O repórter enrolou a língua, começou a falar um francês arrastado e, com a ajuda de seu fotógrafo estrangeiro, Jean Manzon, convenceu Chico de que eles tinham vindo de muito longe, de Paris, só para entrevistá-lo.

Chico decidiu então dar a primeira entrevista internacional de sua vida e foi além. Reclamou do assédio da imprensa e dos visitantes, e pousou para fotos nas situações mais extravagantes. Até dentro de uma banheira ele apareceu em fotos de página inteira na revista “O Cruzeiro”.

Quando a edição chegou às suas mãos, Chico desabou. No meio da crise e do choro, viu seu guia, Emanuel, surgir no quarto:

– Por que você está chorando?

– Por quê? É muita humilhação, um vexame..

Emanuel encerrou a choradeira com um trocadilho:

– Jesus foi para a cruz. Você foi só para Cruzeiro. [3]

Chico foi uma fraude do começo ao fim. Ser entrevistado por um repórter francês seria uma oportunidade unica. A França é o berço do espiritismo moderno, onde Allan Kardec publicou seus primeiros escritos e a partir de onde o espiritismo se alastrou pelo mundo. Ter uma entrevista publicada em Paris seria bom para sua imagem: ele deixaria de ser alvo de críticas no Brasil, e seria reconhecido como médium e santo. Mas no lugar da honra, veio a desonra. O Brasil foi inundado por uma edição da revista “O Cruzeiro”, que trazia estampada na capa uma foto de Chico Xavier dentro de uma banheira numa posição extravagante. Para quem não sabe, Chico Xavier era homossexual e adorava pousar para fotos. Uma atitude estranha para alguém que dizia ser “iluminado pelas forças lá do alto”.

Um bilhete para o além

Marcel Souto Maior nos relata algo inusitado.

“Em 1996, Chico pendurou na porta do quarto um bilhete endereçado aos espíritos.O texto, escrito com letra miúda e trêmula, avisava: naquela noite ele dormia no quarto ao lado, por causa de uma obra na caixa d’ água sobre o quarto. Se algum amigo espiritual quisesse fazer uma visita, deveria ficar à vontade. Chico teria muito prazer em recebê-lo no endereço provisório. Amanhã já voltarei ao meu próprio aposento”, comunicou no bilhete, antes de se despedir. [4]

Como diz o pastor Natanael Rinald: quem entende semelhante barafunda? Chico Xavier poderia ser animador de palco, não fosse um médium confuso. Mesmo supondo que um espírito poderia se comunicar com ele, o que aconteceria se um espírito vindo da Europa se deparasse com um bilhete escrito em português? E se fosse um japonês, um árabe ou um africano? Teria Chico um espírito tradutor a sua disposição? Um bilíngue?

A paranóia emocional de Chico chegou a um ponto tão alto que ele não sabia mais distinguir vivos de mortos.

“Na mesma época, uma senhora se aproximou de Chico no Grupo Espírita da Prece e foi cumprimentada por ele com uma pergunta preocupante:

 

– Desculpe, mas a senhora está viva ou morta?

– Viva, Chico.

– Graças a Deus. Suspirou Chico.

 

Era comum Chico confundir vivos e mortos e cumprimentar o invisível. [5]

O Médium é desmascarado

Como acontece com todos os falsos profetas, Chico Xavier não passou na análise crítica e cientifica e tornou-se desacreditado do ponto de vista religioso, científico e filosófico. Nada do que ele dizia ver e ouvir foi realmente comprovado, e suas alegações de “humildade”, “despreendimento”, “analfabetismo” e “pobreza” sabe-se não corresponder com a verdade.

Antes que qualquer especialista denunciasse Chico como impostor, ele foi denunciado por Amauri Pena, sobrinho e auxiliar do médium. Ele disse, em entrevista ao Diário de Minas, que “tudo o que ele psicografou foi criado por sua própria imaginação, sem que precisasse de interferência de almas do outro mundo. Resolvi contar toda a verdade por uma questão de consciência. Não denuncio meu tio como homem, mas como médium”. [6]

A resposta veio logo em seguida. Amauri Pena foi ridicularizado e denunciado pelo próprio pai como “alcoólatra” e “doente de alma”. Chico Xavier usou todos os recursos e influência que tinha para calar o sobrinho, alegando não ter qualquer relação com ele e que Pena nunca participou de nenhuma reunião ao lado dele. Mais uma vez o médium faltou com a verdade. Todos sabem que Amauri Pena era auxiliar e homem forte de Chico, sendo na época o indicado para substitui-lo futuramente no trabalho de psicografia.

Mal acabou de se recuperar, o médium sofreu um novo revés. A pedido do repórter Hamilton Ribeiro, Chico Xavier “psicografou” uma mensagem do “espírito” da mãe do sr. João Guignone, presidente da Federação Espírita do Paraná. Acontece que tudo não passou de uma artimanha de Ribeiro – a senhora “comunicante” estava viva em Curitiba. Ribeiro continua:

“Agora vou ler a receita psicografada do pedido que fiz hoje em nome de Pedro de Alcântara Gonçalves, Alameda Barão de Limeira, 1327, ap. 82, São Paulo (…)” Na letra inconfundível de Chico, lá esta: Junto dos amigos espirituais que lhe prestam auxílio, buscaremos cooperar espiritualmente ao seu favor. O que pensar disso? “Nem a pessoa com aquele nome, nem mesmo o endereço existem. Eu os inventei”. [7]

Referências Bibliográficas

1. As lições de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, p. 10, editora Planeta

2. Jornal O Estado de São Paulo, 1986

3. As lições de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, p. 21, editora Planeta

4. Ibidem, p. 24

5. Id. Ibidem, p.24

6. Diário de Minas, 20/1/1971

7. Revista Realidade, nov. 1971

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

https://twitter.com/PrMedrado/status/751374679294799872

Categorias
Artigos

Espiritismo galopante

Talvez por excesso de otimismo, tendo a encarar a proliferação de filmes, livros e minisséries de TV sobre espiritismo e Chico Xavier como frutos maduros do oportunismo comercial. A credulidade do homem comum, afinal, precisa ser reavivada de tempos em tempos pela indústria cultural com novas doses de vampiros e zumbis, premonições e psicografias.

Surge agora a dúvida: quando produtores culturais mais “sérios” e reconhecidos também sucumbem às forças do além, haverá aí um fenômeno mais profundo da época, digno da atenção de ateus, céticos e admiradores das ciências naturais? Uma pergunta para Clint Eastwood e Alejandro González Iñárritu.

Aproveitando um raro fim de semana em São Paulo, no meu programa estava uma dose dupla de cinema: “Além da Vida”, de Eastwood, e “Biutiful”, de Iñárritu. Resultou numa dose dupla de espiritismo. No primeiro caso, pelo menos, era óbvia –a começar pelo título– a vinculação com a morte.

Eastwood dispensa apresentações e elogios. É daquelas coisas da vida que ficam melhores quanto mais envelhecem. Seu filme anterior, “Gran Torino”, é cativante. Mas até os melhores vinhos podem estragar-se com o correr do tempo, e uma ou outra garrafa termina com gosto de rolha (“bouchonné”).

O sabor de rolha, revela investigação química, pode originar-se tanto da própria quanto dos tonéis em que o vinho envelhece. Nem sempre é possível separar uma coisa da outra. No caso de “Além da Vida”, Eastwood assumiu o risco de avinagrar o filme com dois supostos fenômenos paranormais de uma vez: experiências de quase morte e comunicações com os mortos.

O primeiro garante o entrecho mais interessante do filme: jornalista francesa tem sua vida virada de ponta-cabeça depois de quase empacotar num tsunami e ter visões intrigantes –luzes intensas, experiência extracorpórea etc. –nos instantes em que se equilibrava entre viver e morrer. Nada implausível. Nada que contrarie o bom senso e não seja em princípio investigável pela neurociência.

Já há até livro sobre o assunto: “The Spiritual Doorway in the Brain” (A Porta Espiritual no Cérebro), do neurologista Kevin Nelson, de quem a Folha publicou uma entrevista recente. Ele entrevistou 55 pessoas que passaram por essas vivências limítrofes e alega ter descoberto nelas uma fronteira mais permeável entre sonho e vigília.

Eis como Nelson começa a explicar, neurologicamente, a experiência de quase morte: “Se o fluxo sanguíneo está diminuindo na região da cabeça, diminui também nos olhos, deixando a visão borrada nas bordas e criando a impressão de que há um túnel com luzes. Já quanto às experiências extracorpóreas, sabe-se que ao ‘desligar’ a região temporoparietal do cérebro, ligada à percepção espacial, podemos tirar a pessoa do seu corpo. Essa é a mesma área do cérebro que é ‘desligada’ durante o REM [fase do sono em que ocorrem os sonhos].”

O problema com “Além da Vida” está no personagem de George Lonegan, vivido por Matt Damon. Trata-se de um vidente recalcitrante, que tenta deixar de exercer o dom de passar a falar de imediato com o morto que o cliente tem em vista, ao tocar suas mãos. Eis aí um fenômeno inabordável pela pesquisa científica. Nem mesmo para documentação (quanto mais explicação), porque ocorre na esfera indevassável da experiência mental subjetiva.

Uma coisa é enxergar luzes, sombras, túneis, silhuetas ou faces –e atribuí-las a vivos e mortos, presentes ou futuros; as ocorrências visuais podem ao menos ser investigadas por seus correlatos físico-químicos no tecido cerebral. Outra, muito diversa, é “falar” com determinada pessoa morta e receber dela informações precisas, opiniões, juízos de valor, admoestações. Não há como registrá-los objetivamente, é preciso confiar em testemunhos. Só candidatos a um prêmio IgNobel se arriscariam.

Apesar disso, a fita de Eastwood põe um arremedo de explicação científica na boca de Lonegan, uma baboseira sobre febre na infância seguida de cirurgia da qual alguma ligação cerebral resultou embaralhada na cabeça do vidente. Um dos pontos mais baixos nas carreiras de Matt Damon e Clint Eastwood.

Também parece supérflua a atribuição de similar aptidão comunicativa além-túmulo a Uxbal, personagem encarnado por Javier Bardem em “Biutiful”, de González Iñárritu. Ajudou a compor uma das cenas mais belas do filme, a do velório de três meninos, mas não chega a justificar a normalização cinematográfica dessa crendice sem pé nem cabeça.

Para dar vazão a esse lixo ocultista, bastam a TV e o rentável nicho de mercado em que pululam pescoços pálidos e sublimação de atos sexuais em mordidas vampirescas. Há gosto para tudo. De Eastwood e Iñárritu se espera biscoito mais refinado, livre do espessante espírita.

Marcelo Leite

MARCELO LEITE é repórter especial da Folha, autor dos livros “Folha Explica Darwin” (Publifolha) e “Ciência – Use com Cuidado” (Unicamp) e responsável pelo blog Ciência em Dia (Ciência em dia). Escreve às quartas-feiras neste espaço.