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Como o secretismo de uma seita ajudou a propagar o coronavírus

Por Luís M. Faria- via MSN
Na Coreia do Sul, país onde abundam as seitas, o escândalo é apenas o mais recente de muitos

Lee Man-hee fundou a igreja Shincheojin em 1984© Getty Images Lee Man-hee fundou a igreja Shincheojin em 1984 Um dos países mais atingidos pela epidemia do Covid-19 é a Coreia do Sul. Neste momento tem o segundo maior número de infectados depois da China e o quarto maior número de vítimas mortais, a seguir à China, à Itália e ao Irão. Elemento central na situação coreana é uma igreja até agora pouco conhecida fora do país, a Shincheonji, ou, Igreja de Jesus, o Templo do Tabernáculo do Testemunho. É uma de muitas seitas que existem no país maioritariamente não-religioso, mas onde o cristianismo permanece a religião mais praticada, seguida do budismo.

O papel da Shincheonji na epidemia tornou-se conhecido quando uma mulher de 61 anos teve um acidente de automóvel e foi internada. Dias depois, constatou-se que estava infectada. À medida que a sua história foi sendo investigada, percebeu-se que era membro da igreja e que tinha participado em missas e comido num buffet. A quantidade de pessoas que infectou, ao que tudo indica, foi substancial. Fala-se em cerca de quarenta pessoas, que por sua vez terão infectado muitas mais.

Como a mulher foi a 31ª pessoa a ser identificada com o vírus, apelidaram-na “doente 31” e rapidamente começou a ser objeto de vilificação. Mas a culpa não foi só dela. Muitas das suas acções, incluindo o facto de não ter revelado sintomas que já lhe eram percetiveis, correspondem ao que é normal na sua igreja. A Shincheonji obriga os seus membros a comparecerem nos serviços mesmo quando estão doentes. As orações são feitas com os membros muito próximos uns dos outros, e são proibidos de usar máscara no templo, por se considerar que isso ofende a Deus.

Acima de tudo, a igreja encoraja os seguidores a ocultarem a sua condição de membros, em parte para facilitar as práticas de proselitismo subrreptício que têm feito com que seja vista como uma das seitas mais agressivas no país, e mesmo fora, inclusivé na China. Apesar de este país proibir os missionários, a Shincheonji parece ter tido bastante sucesso.

Um profissional de saúde infectado

A epidemia agora desencadeada partiu de um templo da Shincheonji situado em Daegu, uma cidade no sul do país. Membros chineses provenientes da cidade chinesa de Wuhan – o foco original do Covid-19 – poderão estar na origem do surto. Seja como for, a epidemia não demorou a espalhar-se, atingindo alvos por vezes inesperados. Uma das surpresas foi a de descobrir que o diretor do serviço de prevenção de doenças infecciosas da cidade era membro da seita e estava infectado, tal como um polícia e uma professora de uma escola.

Quando o caso da doente 31 foi noticiado e começaram as críticas, a igreja instruiu os fiéis para desobedecerem às ordens do governo e esconderem que eram membros. Numa mensagem que escreveu numa aplicação interna da igreja, Lee Man-hee dizia: “Este caso de doença é visto como a obra do demónio para parar o rápido crescimento da Shincheonji. Tal como as provas que Job atravessou, é para destruir o nosso avanço”.

A Shincheonji é agora acusada de ter impedido as autoridades de monitorizar e isolar as pessoas infetadas. Só depois de as autoridades revistarem instalações da igreja, levando computadores com a lista de membros, é que a igreja disponibilizou finalmente os nomes, garantindo que estava a fazer tudo para ajudar as autoridades.

Recrutamento ardiloso

A Shincheojin foi fundada em 1984 por Lee Man-hee, um homem atualmente com 88 anos que diz ser a reencarnação de Cristo e promete levar 144 mil fiéis para o céu com ele. Neste momento, a igreja conta com mais de 245 mil membros, e mais algumas dezenas de milhares noutros países. Na China, é considerada a seita cristã mais agressiva, até pelo hábito que tem de infiltrar outros grupos religiosos e recrutar entre eles.

Ex-membros da igreja têm descrito um processo típico de recrutamento. São abordados por pessoas simpáticas e joviais que se propõem conviver com eles, muitas vezes sem referir a sua pertença àquela igreja, ou até negando que pertençam a alguma. Quando o potencial recruta já está cativado, sugerem-lhe que participe nalguma atividade, por exemplo um estudo da Bíblia, e o processo vai avançando. Se o recrutamento se concretiza, o novo membro passa a ter as mesmas obrigações dos outros, incluindo a de recrutar ativamente.

Muitos membros são pessoas que se encontravam em situações de relativo desamparo emocional e procura-se que estejam sempre rodeados de amigos da igreja, para dar apoio e sobretudo para garantir que ficam monitorizados em permanência. Os monitorizadores são conhecidos por “olhos”, e os novos membros como “fruta nova” ou “novos frutos”.

Esperança e nacionalismo

Com dez mil missionários em atividade – o maior número depois dos Estados Unidos – a Coreia do Sul é terreno fértil para seitas. Ao longo das décadas, não têm faltado escândalos a envolvê-las. Um dos casos notórios dos últimos anos levou à demissão da presidente Park Geun-hye, em 2016, num caso de corrupção em que um dos protagonistas era uma amiga, filha do fundador de uma seita xamânica, a Igreja da Vida Eterna, que negociava vendas de decisões politicas através de subornos. Outro caso aconteceu em 2014, quando o afundamento de um ferry matou 304 pessoas, na sua maioria crianças. Não demorou a saber-se que o líder de uma tal Igreja Evangélica Batista

tinha reconvertido o navio de uma forma que o deixara sem condições mínimas de segurança.

Ainda em julho passado, o líder de um culto apocalíptico foi preso por sequestrar, espancar e escravizar centenas dos seus seguidores. E também tem havido escândalos sexuais, com líderes que abusam sexualmente de membros durante bastante tempo.

Um professor de Busan que estuda as seitas, Tark Ji-il, explicou ao “South China Morning Post” que o apelo tem muito a ver com a sucessão de tragédias que atingiram o país durante o século XX. Primeiro a ocupação japonesa, depois a guerra civil, e finalmente a ditadura militar: “A igreja falava do reino dos céus, mas os cultos prometiam o reino na terra e o fim iminente do mundo, de modo que tudo podia mudar”. Tudo isso à mistura com apelos nacionalistas, pois a salvação é apresentada como algo dirigido e destinado aos coreanos. Mesmo depois do Covid-19, isso continuará a acontecer durante bastante tempo.

 

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Vídeo viral do TikTok mostra meninas adolescentes comemorando, rindo durante um aborto

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Um cartaz paira sobre uma clínica da Planned Parenthood em 18 de maio de 2018, em Chicago, Illinois. Imagens de Scott Olson / Getty

Um vídeo do TikTok que se tornou viral nas mídias sociais mostra duas adolescentes entrando em uma Planned Parenthood, uma das quais parece comemorativa quando ela está prestes a sofrer um aborto.

vídeo mostra uma garota chamada Ashley que mostra seu estômago enquanto o cinegrafista realiza o teste de gravidez positivo de Ashley. O vídeo é intitulado “Hora do aborto! Tome 2 ”, o que implica que este é seu segundo aborto.

As duas garotas são vistas se aproximando e depois dentro de uma instalação de Planned Parenthood em Pasadena, Califórnia, e Ashley está dançando. Outro casal também está na clínica, mas claramente infeliz por estar lá.

“Há dois modos de aborto”: o vídeo é legendado, contrastando Ashley dançando com o casal sombrio. O vídeo termina mostrando uma imagem de ultra-som do feto de Ashley, presumivelmente momentos antes do procedimento de aborto, enquanto ela ri junto com a amiga que a filma.

O vídeo do TikTok recebeu centenas de milhares de curtidas e milhares de comentários e foi visto milhões de vezes.

Comentando o vídeo, Lila Rose, fundadora da equipe de investigação pró-vida Live Action, ficou horrorizada.

“Nossa capacidade de ser cruel é interminável. Quando a sociedade celebra o aborto, devemos nos surpreender ao ver esse tipo de crueldade? Meu coração se parte por esse bebê indefeso, morto diante das câmeras, sua jovem mãe brincando sobre isso. E isso quebra para ela.” , que viverá com isso a vida toda “, twittou Rose na quinta-feira.

O Federalist informou na quinta-feira que o TikTok havia barrado o Live Action por supostamente violar suas regras de usuário. O vídeo comemorando o aborto foi permitido, apesar de violar várias diretrizes, como “conteúdo violento, imagens de morte e humanos desmembrados”, observou Rose.

Os defensores dos direitos ao aborto, nos últimos anos, fizeram um esforço conjunto para destigmatizar a prática do aborto, apresentando-a como normal. Grupos de advocacia costumam usar a hashtag #ShoutYourAbortion.

Na Convenção Nacional Democrata de 2016, Ilyse Hogue, presidente da NARAL Pro-Choice America, proclamou  aplausos por ter feito um aborto e o apresentou como uma decisão nobre.

O Business Insider observou no sábado que o aborto é um assunto consideravelmente popular para o conteúdo no TikTok “, com vídeos sob as tags #abortion e #prolife acumulando mais de 70 milhões de visualizações cada, provavelmente porque a plataforma oferece uma ampla variedade de maneiras que os usuários podem comentar suas opiniões sobre o assunto “.

“Alguns vídeos têm opiniões igualmente engraçadas sobre as adolescentes que vão à Planned Parenthood para os procedimentos. Uma é definida como um dos sons populares da plataforma que começa com a buzina antes que o áudio possa ser ouvido dizendo ‘uma criança … não’.”

Lançado em 2017, o TikTok é um serviço de rede social de compartilhamento de vídeos que pertence à ByteDance, uma empresa chinesa fundada em 2012 e é usada para fazer breves vídeos de comédia e talento, geralmente envolvendo sincronização labial.

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Igreja é investigada por anunciar imunização contra coronavírus

Igreja é investigada por anunciar imunização contra o coronavírus.
Igreja é investigada por anunciar imunização contra o coronavírus.

A igreja Catedral Global do Espírito Santo, em Porto Alegre (RS), está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul após anunciar um culto com imunização contra o coronavírus, realizado no último domingo (1), em Porto Alegre.

“O poder de Deus contra o coronavírus”, dizia o convite. “Venha porque haverá unção com óleo consagrado no jejum para imunizar contra qualquer epidemia, vírus ou doença”, dizia ainda a imagem.

“Instauramos um inquérito para investigar se houve ou não crime de charlatanismo, previsto no artigo 283 do Código Penal”, disse à reportagem a delegada Laura Lopes, da 4ª Delegacia da capital gaúcha.

O artigo afirma que é charlatanismo “inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível” e a pena é detenção, de três meses a um ano, e multa.

“Policiais foram ao culto para verificar, mas naquele momento não foi identificado crime. Optamos por instaurar o inquérito em virtude da divulgação que estão fazendo sobre a imunização contra o vírus e outras doenças”, explicou Lopes.

Durante a transmissão pela internet do culto, o pastor Sílvio Ribeiro, disse que havia jornalistas no local, que haviam pedido informação sobre a promessa de cura. A presença da imprensa e da polícia, pode ter evitado que o culto fosse voltado ao coronavírus, conforme anunciado pela igreja.

Embora os policiais não tenham identificado charlatanismo, segundo a delegada, a reportagem de Gaúcha ZH esteve no local e assegurou que o pastor comentou “diversas vezes sobre a doença”. Em uma delas, teria simulado um diálogo: “mas unção com óleo vai curar coronavírus?”, para logo depois dizer que Deus pode curar tudo.

O convite, que circulou pelo Whatsapp, é assinado pela “Casa dos Milagres”, do “Avivamento para as nações”, da Catedral Global do Espírito Santo, na capital gaúcha.

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A reportagem procurou a igreja, que afirmou que atenderia por meio da assessoria do apóstolo Sílvio Ribeiro. O pastor e fieis devem ser intimados pela polícia para prestarem depoimento.

O Ministério Público do estado divulgou um vídeo orientando sobre esse tipo de caso e afirmou que já notificou a igreja, em âmbito administrativo.

“Compreendemos que, diante de uma situação de fragilidade emocional que esse tipo de doença provoca, as pessoas se sintam com necessidade de buscar algum tipo de apoio em outros tipos de áreas. Entretanto, é o Ministério da Saúde, é a Secretaria Estadual da Saúde, é a Secretaria Municipal de Saúde que devem ser procurados. E quem souber da existência desse tipo de culto pode denunciar para todas as autoridades da segurança, inclusive o Ministério Público”, afirmou a promotora Angela Rotunno, coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do MPRS.

O número de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil subiu nesta segunda (2) para 433, segundo dados do Ministério da Saúde.

As principais recomendações para se proteger incluem bons hábitos de higiene, como lavar bem as mãos e cobrir a boca ao tossir e espirrar. A OMS aconselha o uso racional de máscaras descartáveis para evitar desperdício, ou seja, usá-las apenas em caso de sintomas respiratórios, suspeita de infecção por coronavírus ou em caso de profissionais que estejam cuidando de casos de suspeita.

Fonte: Folha de S. Paulo e Notícias ao Minuto