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Pr. Antônio Gilberto: Os Desvios Doutrinários E A Importância Da Doutrina Bíblica Para A Igreja

 índpicePublicado por: Paulo Pontes

Na entrevista, com exclusividade para Seara News, o pastor esclarece assuntos polêmicos, do ponto de vista bíblico, doutrinário e teológico, destacando a importância da doutrina bíblica para a igreja. As citações e referências bíblicas são à luz do texto original.

Ex-cientista da NASA, a agência espacial americana, o pastor Antônio Gilberto é consultor doutrinário da CPAD, membro da Casa de Letras Emílio Conde, mestre em Teologia, graduado em Psicologia, Pedagogia e Letras, membro da diretoria da Global University nos Estados Unidos e autor dos livros “Mensagens, Estudos e Explanações em 1 Coríntios”, “O Calendário da Profecia”, “O Fruto do Espírito”, “A Bíblia: o livro, a mensagem e a história”, “A Prática do Evangelismo Pessoal”, “Verdades Pentecostais”, “A Bíblia através de séculos”, “Crescimento em Cristo” e “Manual de Escola Dominical”, sendo este último o seu maior best-seller, com mais de 200 mil exemplares vendidos. Em outubro de 1997, ele recebeu da Abec (Associação Brasileira de Editores Cristãos) o prêmio Personalidade Literária. É uma das maiores personalidades da literatura no Brasil.

Entre os dias 16 e 18 de novembro, o pastor Antônio Gilberto esteve em Vila Velha/ES, ministrando um Seminário de Escatologia Bíblica, realizado pela Assembleia de Deus Praia da Costa. Durante o evento agendamos uma entrevista, que aconteceu numa sala do hotel onde estava hospedado com sua esposa, na orla da Praia da Costa.

Na segunda-feira, 19, pela manhã, chegamos ao hotel, no horário combinado (Natan, Edenin e eu), e enquanto aguardávamos a liberação da sala, combinamos o tempo da entrevista, algo em torno de 15 minutos, devido aos compromissos do pastor. Mas durou um pouco mais, cerca de 50 minutos! No final, ele agradeceu, e pediu, em um tom extrovertido, para editar e colocar em 5 minutos.  Acompanhou a nossa entrevista, o pastor da igreja anfitriã, Marinelshington da Silva, acompanhado do irmão Alvim, que sairiam em seguida com o pastor Antônio Gilberto para Cachoeiro de Itapemirim, no sul do ES.

Durante a entrevista o pastor citou pontos de sua experiência, para ilustrar e facilitar o entendimento às respostas. Alguns não serão publicados, por questões obvias.  Foram momentos de muita reverência e contrição.

Por Paulo Pontes

Seara News – O movimento neo-pentecostal tem levado as pessoas ao entendimento de que a moda agora é ser pentecostal. O que o senhor diz?

Pr. Antônio Gilberto – O ponto principal está na palavra neo-pentecostal, que é um desvio da doutrina. Se alguém é desse movimento não queira me querer mal, mas o movimento neo-pentecostal ou neo-pentecostalismo, é desvio da doutrina da Bíblia.

A Assembléia de Deus vem entrando nesse campo e aceitando porque nossos queridos pastores – (pastor que eu digo não é ter o título, é o homem conduzir o rebanho. Então o irmão venha entender que eu não estou falando do pastor porque tem o título e a carteira de pastor, mas o homem que Deus colocou à frente do rebanho segundo o Novo Testamento) – não ministra a doutrina. Ensinar, não tem tempo. Eu não estou querendo dizer que o pastor faça isso sozinho, é claro que não faz. Uma igreja quando tem dez membros, quinze membros, o pastor consegue fazer muita coisa, mas quando tem cem, quinhentos, mil, dez mil, é claro que Deus dá para ele uma equipe imensa. Agora eu pergunto: “Quem são esses homens e mulheres que estão ajudando o pastor?” Então, o movimento neo-pentecostal é um desvio da doutrina da Bíblia.

Uma coisa que ajuda na resposta: por que eles se desviaram? – Falta de ensino doutrinário na igreja. É só pular, cantar, falar em buscar o batismo, falar em línguas, etc. E a doutrina bíblica que é a doutrina que equilibra? Então oremos para que eles voltem.

Nós estamos entrando pelo mesmo caminho, porque o movimento neo-pentecostal, do dia para a noite, enche os templos. Mas encher de quantidade, não é encher de qualidade! Deus quer o templo cheio! Mas, como é que um templo se enche pela quantidade? Através da conversão! E como é que um templo se enche através da qualidade? Pelo discipulado! Mas vejamos, nós não temos tempo para ministrar discipulado. O rebanho cresce e muita gente pensa que discipulado é ter um grupo de pessoas que se reúnem certos dias, mas discipulado, aquele que Jesus disse “ide e fazei discípulos”, é algo maravilhoso. Então nós temos milhões e milhões de abandonados, crianças abandonadas nas igrejas (criança que digo, é no sentido espiritual). Fala-se tanto, a prefeitura, Vila Velha, o Brasil, “menor abandonado, menor abandonado”, e na igreja menor abandonado é uma coisa horrível (menor abandonado que eu digo, é na fé). Os irmãos se recordam daquele brado do salmista Davi quando disse “ninguém cuidou da minha alma”. Aquilo dói na alma da gente. Como é que Davi escapou? “Ninguém cuidou da minha alma”. Então, do lado de cá nossa culpa é ministrar a doutrina, porque é difícil, é difícil. A doutrina todo mundo sabe que não é fácil. Não existe uma só doutrina organizada, catalogada como de A a Z, mesmo a mais simples, desdobrada, ou seja, é preciso à pessoa com graça, unção e sabedoria, coligir, reunir, orar, jejuar e horas e horas a sós com Deus. Então o resultado está aí, o movimento neo-pentecostal ganhando tempo em nosso meio, e nós da Assembleia de Deus (a Assembleia que eu digo é a igreja ortodoxa) acabamos sofrendo com isso.

Então essa a minha resposta pode ajudar o irmão depois a passar um filtro, mas, neo-pentecostal (nome bonito: neo-pentecostal) movimento pentecostal novo, nada, desvio! Eu inclusive tenho dado aulas lá a pedido deles, pelo menos lá no Rio de Janeiro, ministrando estudos algumas vezes, mas é difícil devido o tempo. São pessoas conhecidas. Mas nós estamos absorvendo, ou seja, no passado, vinte, cinquenta anos atrás, eram eles que vinham a nós pedir ajuda, batistas que eram batizados, presbiterianos que recebiam o batismo, hoje somos nós que vamos beber lá. Deus tenha misericórdia de nós. Os irmãos não pensem que eu estou dizendo que a Assembleia de Deus é a única igreja certa, a Assembleia de Deus não é uma igreja, é uma denominação. Igreja que eu estou falando é a igreja do Novo Testamento, lá de 1 Co 12.

Seara News – Renovação e Inovação são palavras parecidas, mas com significados diferentes dentro da visão pentecostal. Qual a correta definição dos termos, para esclarecimento da nova geração de obreiros, líderes e crentes em geral?

Pr. Antônio Gilberto – Eu confesso, não é correto dizer isso, “dentro da visão pentecostal”, eu sugiro que esse termo seja trocado. Não existe visão pentecostal, existe visão escriturística dentro da visão pentecostal. Irmão Gilberto, por quê? Porque a igreja do Deus vivo, a igreja dos primogênitos, é aquela de Atos capítulos de 1 a 28. Igreja do Senhor.

Por que chamam a gente de pentecostal? Devido o fato de Deus ter despertado a igreja lá pelo século XVIII e XIX, e começou aquele movimento entre os metodistas lá na Inglaterra, depois passou para a América, em 1850, 1870 e foi aumentando, em 1880 eles começaram a jejuar e sentir fome de mais poder e quando o século virou Jesus começou a batizar entre os metodistas. Era coisa nova, batizar, batizar, como é que vamos chamar? Chamaram primeiro de Movimento da Santidade (Holiness Movement) e etc. Até que em 1901 começou a formar um grupo e depois surgiram outros (Apóstolos da Fé). Mas isso é coisa local, em Atos dos Apóstolos é a Igreja como tal.

Prosseguindo, renovação e inovação são termos opostos. Renovação (renovação é claro, espiritual) é a pessoa ser libertada por Deus (Deus usa os instrumentos que Ele quer) e a pessoa buscar o cristianismo bíblico. E onde está esse cristianismo bíblico? No sentido público, de Atos 1 a 28. Graças a Deus pelo livro de Atos. E daí para frente lá se vai principalmente de Romanos até o livro de Judas. Então renovação é algo maravilhoso. Renovação é para quem envelheceu, caiu na rotina, o que é um perigo. Nossos irmãos batistas, presbiterianos, são uma benção de Deus, a gente os ama, mas o que aconteceu com eles, coitados? Rotina, eles caíram na rotina. Quem é que aguenta rotina? Feijão com arroz todo dia, arroz com feijão todo dia, rotina. Não, rotina não minha gente! Então, renovação, todo crente normal precisa viver uma vida renovada. Por que irmão Gilberto? Porque envelhece, espiritualmente falando. E como que acontece isso? O Espírito Santo tendo predominância. E inovação? A inovação, Deus nos guarde! Inovação são modismos descabidos, que surgem na pessoa, passam para a família, passam para a igreja. Por causa de que? Falta de conhecimento doutrinário ungido da parte de Deus. Porque a doutrina é viva, a doutrina tem poder vivo. Então a doutrina é a base fundamental da igreja. Naquela manhã que estivemos junto com os colegas lá no templo, eu li Atos 2.42, bem no princípio do livro de Atos: “e perseveravam na doutrina”. Muita gente pensa que doutrina é conversa fiada, quando o termo que está ali, o termo que o Espírito Santo usou (que às vezes é traduzido diferente) é conteúdo bíblico normativo, conteúdo bíblico normatizador. Pronto, eu estou de parabéns, é isso que eu preciso! Eu preciso, usando uma linguagem secular, de um estatuto, um regimento interno, usando uma linguagem figurada, como é uma empresa, um estado, um país, constituição. Então o que é doutrina? Doutrina é um ensino bíblico normatizador. Nem para a direita nem para a esquerda, sempre permaneciam perseverando na doutrina dos apóstolos. É uma pena que aquilo não continuou. Os irmãos se lembram de que a igreja de Corinto se desviou, inclusive deu problemas, problemas, problemas, e quando chega ao capítulo 15 o que Paulo diz? Muitos de vocês não são salvos. Está lá escrito, infelizmente muitos de vocês não são salvos. Mas não é novidade, porque o Senhor Jesus…, se lembra de João capítulo 2, quando Jesus disse: eu não confio em vocês, vocês estão crendo naquele milagre que aconteceu em Caná, mas não confio. O próprio Jesus não confiava neles, está escrito. E eram crentes. O próprio Jesus não confiava neles, é uma pena! Então, a doutrina é a chave. Agora, é claro, a doutrina não é feito um “b – a – bá”. Mas a doutrina é ungida, a doutrina é inspirada pelo Espírito Santo, tem poder.

Então, renovação, Deus envie sobre nós, busquemos a renovação. Agora inovação, Deus nos guarde. Sim, mas lá, do dia pra noite enche. Encher de quantidade não é encher de qualidade. Deus conta primeiro não é com quantidade. Quantidade é uma benção. Não sou contra! Quem é contra isso? Mas quantidade com qualidade!

Irmão Gilberto, como é que se enche uma igreja de quantidade correta? Conversão, conversão genuína. E como é que uma igreja enche de qualidade? Conversão com discipulado, ou seja, doutrina.

Seara News – Um assunto polêmico, cujo debate já dura por décadas, é o ministério pastoral feminino. Hoje algumas Assembleias de Deus já reconhecem a ordenação de mulheres. Existe respaldo bíblico-doutrinário para isso?

Pr. Antônio Gilberto – Não, não e outra vez não! Não existe! Ordenação… Mulheres no Santo Ministério, tanto venham. Inclusive muitas vezes elas fazem o trabalho melhor do que os homens. Mas ordenar para o Santo Ministério, não tem base nas Escrituras. E como é que isso está acontecendo? É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres. O apóstolo Paulo que é um paradigma, não separou, nunca ordenou mulheres. Agora, mulheres trabalharem no Santo Ministério, tanto venham. Cantoras, professoras de escola dominical e etc. Mas irmão Gilberto, e diaconisa? Lá no livro de Romanos o apóstolo Paulo disse que aquela irmã era diaconisa na igreja de Cencréia. Onde está isso no original? Não existe! Sim, mas o comentário que eu li diz que era diaconisa. Conversa! No grego está na forma masculina, ou seja, Paulo deixou aquela mulher ali provisoriamente, ou então o trabalho era novinho e não tinha homem nenhum para exercer o diaconato, ele disse vem cá “fulana” (Febe), faz o trabalho aqui, a obra de Deus não pode parar por causa de problema humano. Está no masculino.

Uma vez um pastor presidente de uma grande e renomada convenção, nós estávamos juntos em Goiânia ministrando, e ele no hotel conversando comigo, disse: “estou agora na presidência, vou incentivar, irmão Gilberto, o diaconato das mulheres que está praticamente parado. O que o irmão diz?”

– Eu prefiro primeiro que o senhor que é o chefe, me dê alguma coisa.

Ele disse: “eu me baseio lá em Rm 16, Febe, aquela irmã que era um tesouro na igreja de Cencréia(inclusive quando os irmãos forem a Grécia visitem as ruínas de Cencréia. Eu fui lá visitar, só tem ruínas, e eu fiquei pensando onde é que ficaria aqui a casa dela, porque tudo indica que era uma mulher de muito dinheiro. Paulo disse: “ela me hospedou muitas vezes, e hospedou a muitos”), que era diaconisa, a Bíblia em português diz: que serve ao Senhor na igreja de Cencréia, outra versão que eu tenho diz que ela servia como diaconisa”. Eu me calei, e ele disse: “uma segunda passagem, irmão Gilberto, que eu tenho em mente é lá em Timóteo quando a Bíblia diz: e as mulheres…”

Eu disse: Pastor, a passagem de Romanos no original está no masculino, pode pegar qualquer manuscrito bíblico. Ou seja, ou o trabalho era novinho e não tinha homens habilitados, e o apóstolo Paulo um homem cheio do Espírito Santo, a obra de Deus não ia parar por causa de problema humano. Vem cá, Febe, exerce aqui enquanto não se prepara um homem, ou então não sei a razão, a Bíblia não explica, mas está no masculino.

“E lá em Timóteo?”

Pode pegar o termo original que a oração no grego pára, e quando diz as mulheres, são as esposas dos obreiros. Ele parou, e parou até hoje.

Voltando a pergunta, o que o irmão diz disso? É anti-bíblico. E o que fazer? Quem estiver fazendo vai prestar conta a Deus. Mas infelizmente não é só ordenação de mulheres, é muita coisa que a igreja decide por ela. Eu podia fazer menção aqui, não vou, não há necessidade. Para ninguém pensar que é só esse fato: São várias coisas que a igreja faz sem ter… Por exemplo, há igrejas que só separam (consagram) obreiros para o diaconato se forem casados, não estou criticando a igreja local, há igreja que só separa (consagra) casados, porque o escândalo está sendo grande de obreiros solteiros. Enfim, a igreja que tomou a decisão, não é a Bíblia.

Batismo em águas: tem igreja que a pessoa se entregou pra Jesus, foi perdoada ali mesmo, foi convertida, batiza na água. Tem igreja que diz: “Não, aqui pra ser batizado tem que fazer um cursinho”. Lá na minha igreja, por exemplo, tem um cursinho de três meses, onde está isso na Bíblia? Lugar nenhum. É a igreja que decide!

Realização de matrimônio, esse caso é mais um, só que este é grave.

Então, em resumo, não tem base na Escritura, nem no Antigo, nem no Novo Testamento. Deus quer a mulher no ministério, quanto mais, melhor, para muita tarefa. Mas ordenação para cuidar do rebanho Deus reservou para o homem. De modo que esse negócio está dando problema. E os que estão na Assembleia de Deus? Vão prestar conta a Deus! Vamos brigar com eles? Deixa pra lá, vão prestar conta a Deus! Esse é que é o problema, a Bíblia diz cada um de nós. Eu vou dar conta e os irmãos vão dar conta também. Se o Tribunal de Cristo fosse coletivo…, mas a Bíblia diz cada um. Então nós temos que pensar nisso.

Seara News – Qual o posicionamento do pastor diante das mudanças dos crentes na conjuntura sociológica na pós-modernidade?

Pr. Antônio Gilberto – Em primeiro lugar, o que é pós-modernidade, no sentido bem popular? É o predomínio do humanismo, (não estou falando de humanitarismo, estou falando de humanismo). E o que é humanismo em filosofia? É o homem ser o centro e Deus jogado fora. É isso que o mundo, inclusive o Brasil vive. E como começou isso? Começou há décadas, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Então não é o humanitarismo, porque este é uma coisa maravilhosa, eu estou falando de humanismo. E o que é humanismo, onde está na Bíblia? 2 Timóteo 3, está bem claro isso lá, como sinal da vinda de Cristo. O homem passa a ser o centro de tudo e Deus na periferia jogado fora. E pode ver, a sociedade chegou nesse ponto. Nem na igreja Católica, eles vão à missa só pra marcar ponto, nem sabem quem é o vigário, acabou. A igreja Católica hoje vive somente de forma.

Então qual o posicionamento do pastor diante das mudanças dos crentes na conjuntura sociológica na pós-modernidade? Pós-modernidade é um movimento filosófico de inspiração satânica que começou logo depois da Segunda Guerra Mundial, por volta do ano de 1947.

E qual é a filosofia? O homem é o centro de tudo. Pode-se ver, colégio, faculdade, fábrica e tudo. E Deus? Jogado fora, nem é mencionado.

E no passado? Não, no passado pelo menos em teoria, hoje nem em teoria. E o que é que diz a Bíblia lá nas epístolas? Moralmente o mundo irá de mal a pior. Tecnicamente não. Quem é que não sabe que tecnicamente o mundo está se tornando uma maravilha? São satélites, computadores, é uma benção. Mas moralmente, irmãos queridos, não vai mudar, vai piorar. Mas essa nova geração, e escola, e programas do governo, as associações? Não dá em nada, a Bíblia diz, irá de mal a pior. Em que sentido? Moralmente. Graças a Deus que a igreja está na terra pregando o Evangelho, só que a igreja tem que tomar cuidado pra se manter renovada, e isso custa um preço porque o humanismo, ou seja, o pós-modernismo tomou conta da sociedade e principalmente da juventude. Deus tenha misericórdia da juventude! O irmão Edenin Pontes Neto tem 22 anos, essa idade é difícil. Então um jovem como o irmão, na igreja, devemos levantar as mãos não sei quantas vezes para o céu e louvar a Deus.

Quando eu estive na Escandinávia, pouco tempo em viagem de pesquisa, mas ninguém sabia, os irmãos sabem que foi a Escandinávia que evangelizou a América do Sul, muita gente pensa que foi só o Brasil, na época eles mandaram missionários também para a Argentina, Peru, Chile, Colômbia, nós somos brasileiros destacamos o Brasil. Os irmãos sabem disso, que vieram da Escandinávia, da Suécia, da Finlândia, da Noruega. E vejam, claro que eu estou repartindo isso porque os irmãos são obreiros, se fossem novos convertidos eu não compartilharia isso. Na nossa despedida lá, o pastor da Igreja Filadélfia, pastor Scott, nome bem difícil dele, um pastor ainda bem jovem, disse:

“irmão Antônio Gilberto, eu gostaria de saber como será sua volta”.

Eu disse: “eu tenho que pegar um vôo às 16 horas para Berlim e preciso estar liberado, enfim, até a hora do almoço”.

Ele disse: “Olha, eu vou convocar hoje à noite, domingo, o ministério pra uma despedida, com um café, uma palavra da parte do irmão”.

Eu falo um pouquinho de sueco, era pra falar melhor, mas a gente perde o controle. O sueco é muito parecido com o inglês, o finlandês é mais parecido ainda. Bom, veja só o que aconteceu: no momento certo eu estava numa sala muito bonita, aproximadamente uns 60 homens e mulheres, diáconos, etc. Eu compartilhei um texto bíblico, ele apresentou os obreiros que eram obreiros-chave, logo em seguida ele disse:

“Meus irmãos, o irmão Gilberto ele precisa se organizar para viajar, agradeço os irmãos por terem vindo, tiramos foto, agora eu dispenso os irmãos, por favor, deixem o recinto calmamente”.

Ele chegou pra mim e disse:

“Irmão Gilberto, eu preciso, eu e minha esposa que está aqui, ficar alguns minutos com o irmão antes do irmão ir para o hotel”.

Então os obreiros se despediram, nos abraçamos ali, tiramos fotos e foram embora. Logo que saíram, ele disse:

“Vamos para o meu gabinete”.

E quando chegamos lá no gabinete ele disse:

“Olha irmão Gilberto, fomos nós”. Ele disse isso com os olhos lacrimejando e com a voz embargada.

“Irmão Gilberto, o irmão bem sabe que fomos nós que no século passado, a Escandinávia, principalmente a Suécia, que Deus abalou o país, batizou com o Espírito Santo levantou aquela igreja poderosa e uma das primeiras coisas foi mandar missionários, e missionários para o Brasil, Daniel Berg e Gunnar Vingren e dezenas de outros”.

Deus os abençoou que levantaram aquela obra no Brasil e depois vieram os missionários americanos, enfim. Aquilo me doeu. De fato nós estamos pecando.

Ele disse isso comovido:

“A gente nota irmão Antônio Gilberto, ida e volta de obreiros do Brasil pra América, para o Canadá e nós aqui abandonados”. Então com lágrimas nos olhos ele disse: “Venham nos socorrer!”

Aquilo me doeu, eu não agüentei e chorei também. “Venham nos socorrer!” Mas, meu irmão em que sentido?

Ele disse: “Jejuem por nós, jejuem por nós, morram por nós num certo sentido”.

Está difícil a situação na Escandinávia. Agora o pós-modernismo está uma maravilha lá, entre aspas. Então, irmãos, significa que Jesus está voltando. Isso serve para gente botar as barbas de molho.

Seara News – Há uma afirmação de que a igreja evangélica brasileira está cansada, o que ocasiona mudanças de paradigmas em relação aos modelos tradicionais, e leva muitos crentes ao abandono do convívio fraterno, substituindo-o por um modelo de vida cristã alternativa. Como o senhor avalia essa situação?

Pr. Antônio Gilberto – Falta de um avivamento espiritual de acordo com o livro de Atos. Vamos buscar um avivamento de acordo com John Edward? Não! Vamos buscar um avivamento de acordo com “Fulano de tal”? Não! Um avivamento segundo o Livro de Atos do Apóstolos!. Aonde? Capítulo 2, 8, 13 e 19, o livro de Atos. E aquele avivamento de John Edward? Aquilo foi para aquele tempo. Não vamos copiar modelo dos outros. Então a resposta aqui é uma só: um avivamento! Agora, um avivamento com base na doutrina, se não ele pode descambar para a direita. Os irmãos já notaram que sempre que a Bíblia previne sobre desvio, e não tem nenhum texto contrário, sempre que a Bíblia alerta sobre desvio, cuidado com o desvio para a direita e depois para a esquerda?

A Bíblia nunca diz primeiro para a esquerda. Nós fizemos um levantamento criterioso disso à luz do texto original e só tem 11 vezes na Bíblia. Só tem 11 vezes Deus dizendo: cuidado com o desvio para direita e depois para esquerda. Deus nunca diz primeiro esquerda. Não!

E o que é desvio para direita? Desvio para o lado certo, ou seja, exagero, fanatismo, torcer a verdade bíblica, pegar as escrituras e adulterar. Isso arrasa a igreja. Nós estamos tendo essa dificuldade. Essa igreja que eu fui ministrar lá no RJ, neo-pentecostalista, meu Deus! Desvio total. Eu estava ministrando, já do meio para o fim do estudo bíblico, quando um homem se levantou no auditório, começou a pular e profetizar. O pastor que me convidou disse: “irmão Gilberto, me dê licença”. Pegou o microfone e disse:“irmãos diáconos vão lá e mandem esse homem parar!” Os diáconos correram lá e o homem se revoltou, inclusive pegou uma cadeira, levantou e pulou com a cadeira. Aí uma irmã se levantou e disse: “é o espírito, é o espírito!” O pastor disse: “Mas não é o Espírito do Senhor!”.

Olha, levaram uns 5 minutos para ele acalmar. Arrancaram o homem e o levaram de quatro pés lá para o lado de fora. Avivamento… Levaram o homem de quatro pés, seguram nas duas mãos e nos dois pés. E a irmã? Disse o pastor: “Diaconisas venham depressa!”

As irmãs vieram, seguraram a saia dela, saia muito curtinha, e a levaram de quatro pés lá para não sei aonde.

Avivamento… Devido o que? Desvio para direita. O desvio para direita é pior que desvio para esquerda.

O que é desvio para esquerda? Desvio para pecar. Esquerda é o lado do erro. Deus nunca diz: Cuidado com o desvio para esquerda e depois direita. A Bíblia sempre diz… Se lembram de Josué? Josué, não te desvie nem para direita nem para esquerda. Então nós temos que ter cuidado com isso, avivamento é uma benção de Deus, mas um avivamento bíblico, se não pode desviar para direita.

Seara News – O senhor afirmou, durante o seminário, que a família está fragilizada. Qual a conseqüência disso para a igreja e como revitalizar a família?

Pr. Antônio Gilberto – Os irmãos sabem o que é fragilizada? É uma coisa que se quebra com facilidade. Se não for dado um jeito nisso, ele se fragmenta. A família dentro da igreja – fora da igreja, Deus tenha misericórdia – está fragilizada. E qual é o passo seguinte se não houver uma providência Divina? Fragmentar a família. Sabe o que é fragmentar? Virar pedaços. E o qual é o terceiro passo? Ruína. Onde está isso na Bíblia? Lucas 17, quando Jesus alertou. E onde está mais sobre isso? 2 Timóteo 3, está bem claro isso. Lá no final diz: “proibindo o casamento”. Então a igreja vive este tempo, ou seja, em suma, busquemos a renovação, busquemos o avivamento.

Agora, doutrina é a chave: “permaneciam na doutrina dos apóstolos”. Então, os irmãos sabem que isso dói, porque a família é sagrada. Meu Deus, a família é a chave de tudo. De onde vem o governo? De onde vem o município? De onde vem o operário da fábrica? De onde vem o membro da igreja? De algo maravilhoso chamado família. E quais são os dois esteios da família? O marido e a mulher, a mulher e o marido, são os esteios.

Seara News – O que o senhor diz da igreja brasileira em face da atual política governamental?

Pr. Antônio Gilberto – Voltar ao Livro de Atos dos Apóstolos! Como assim? O livro de Atos está repleto de políticos, mas fora da igreja. Nada de mandar na igreja. Lá está o nome de Cláudio, lá está o nome de Festo, lá está o nome de Herodes, o nome de Agripa. Todos eles eram grandes políticos, mas nada de se meter na igreja, ou seja, não deve haver intervenção, intromissão com político e político na igreja pra mandar. O livro de Atos está repleto de políticos, só que no seu lugar e a igreja no lugar dela. Hoje em muitos lugares estamos vendo a mistura. O livro de Atos é o nosso modelo. Lá está Cláudio, César, está Festo… Inclusive o caso de Festo! Por falar nisso, irmãos, é uma coisa terrível, porque ele veio com Berenice, quando veio para comparecer diante de Paulo. Ele veio com sua esposa Berenice. Os irmãos sabiam que Berenice era irmã carnal dele? Vejam como estava o mundo romano! Berenice era irmã carnal e ele vivia com ela e ela com ele como marido e mulher. É pavoroso! A Bíblia não diz isso porque a Bíblia não tem nada haver. Mas quando o irmão pesquisa nos anais, como eu pesquisei em Roma… Irmãos carnais, ele largou a mulher com quem ele tinha casado e se juntou com a própria irmã e apareceu perante Paulo. Terrível, terrível!

Voltando a pergunta… Políticos na igreja? Bem dito seja Deus. Nos cultos, como membro da igreja, tudo bem, agora se imiscuir, não, não, não!

Para ilustrar isso aqui, eu cheguei a mencionar que eu tive um convite, muito honroso de ministrar para os executivos da grande empresa de cimento, a Votorantim. Os irmãos sabem que a Votorantim é uma potência, aqui no Espírito Santo deve ter sucursal, escritório. A Votorantim é magnata, imaginem o privilégio! Eles mandaram um ofício para a Convenção Geral e caiu nas mãos do Pr. José Wellington, nosso presidente, para ele designar alguém para ministrar numa palestra religiosa de 50 minutos, na reunião nacional dos executivos, numa cidade do Rio de Janeiro chamada Friburgo, onde fica uma das grandes fábricas deles. O irmão Wellington ligou pra mim, eu disse: “irmão Wellington por que o senhor não vai?”Ele disse: “Eu não vou nada. Gilberto, você aceita?” Eu disse: Só se eu receber pormenores e o senhor orar por mim. Ele disse: “A gente ora!” Concluindo, eu aceitei e então o secretário da empresa entrou em contato comigo e disse: “A primeira coisa que pedimos, por obsequio, é o senhor enviar o seu currículo, é norma”. Está bem, eu não gosto de mandar para ninguém, mas eu envio. Eu enviei meu currículo. Ele disse: “Segunda coisa, desde agora o senhor está com motorista e carro a sua disposição, é seu. Se o senhor quiser vir de helicóptero, nós temos, pegamos o senhor, levamos em casa. Mas se o senhor quiser vir de avião, daqueles jatos de dois motores, aqui tem aeroporto, tem tudo. O senhor pode trazer sua família. E outra coisa, o senhor quer hotel de cinco, quatro ou três estrelas?” Eu disse que não faço questão de estrelas, contanto que seja bonzinho. Resultado: fomos lá para a reunião e quando completaram os 50 minutos, o mestre de cerimônia (o MC), me chamou a parte e disse: “O auditório está pedindo se o senhor pode prorrogar meia hora mais?” Eu fiquei surpreso. Ele disse: “O auditório está pedindo se o senhor pode prorrogar a palestra por mais meia hora?” Eu disse: Poder, eu posso. Mas eles não vão se cansar? Ele disse: “São eles que estão pedindo! Segundo, o auditório, os executivos estão perguntando se é o possível o senhor responder perguntas?” Eu disse que perguntas já é fórum, e o convite que eu tenho aqui é uma mensagem religiosa. Ele disse: “Está certo, deixe comigo que eu dou a resposta para eles”. Eu digo então, perguntas já é um fórum, eu não me nego se eu souber, mas misturar… Ele disse: “Está certo, o senhor é pastor, deixe comigo”.

Voltando… A que ponto quero chegar? Quando terminou tudo, foi servido um coquetel. O executivo chefe me chamou num canto e disse: “Isso aqui não é um pagamento, ao contrário, isso aqui é um honorário”. Foi uma benção de Deus, Yolanda pulou de alegria. Porque foi um bom dinheiro e eu estava com alguns problemas de aperto financeiro, inclusive um seminário que eu precisava participar na Alemanha e a coisa estava feia, porque a moeda de lá é o Euro e o Euro não é fácil, dói na gente, pois a gente pega um tanto de Real e quando cambia fica pouquinho… Eu agradeci. Aí ele já veio para o lado de fora, com a cúpula dos executivos e disse: “Senhores executivos, setor do Maranhão, setor gaúcho, etc. Senhores executivos, ouçam bem o que nós vamos dizer agora. O reverendo já está saindo, indo embora. Os senhores se lembram de que até agora quem fazia esse trabalho era padre. Todo ano vinha um monsenhor ou um bispo, só, reverendo, que eles só falavam aqui de política. Só vinham falar de política e filosofia. Chega! Política nós temos, filosofia nós temos. Aqui está o doutor ‘Fulano’ que é catedrático de ‘não sei do que’. Reverendo, não dá! Então nós resolvemos mudar agora e chamar um pastor”. Eu digo, como é que estão as coisas na face da terra? Incrédulo mudando. Eu digo, gente isso é uma lição para nós. A gente às vezes não quer mudar nada quando é hora de mudar. Ele disse: “Resolvemos mudar, porque todo ano é um bispo, um arcebispo, um monsenhor. Só reverendo, que ultimamente eles só vinham falando de Planalto, Brasília, ONU, política, etc. E nós queremos é alguma coisa para nossa alma!”Eu lá dentro de mim eu dei um glória a Jesus e ainda falei algumas línguas em segredo, eles viram os lábios se mexendo, mas eu segurando as línguas ali no espírito. E de fato, este ano o convite foi feito para a igreja presbiteriana e quem foi lá este ano foi o reverendo Estevão. Mas vejam como que está o mundo, o mundo pedindo socorro à igreja. Agora eu pergunto, nós temos o pão pra dar? Graças a Deus!

Seara News – Que mensagem o senhor deixa para os crentes capixabas, diante da crise de identidade vivida nos últimos dias?

Pr. Antônio Gilberto – A última mensagem que deixo é que nós precisamos realizar retiros espirituais, realizar reuniões da porta para dentro das igrejas, só para o rebanho do Senhor, para essa finalidade de oração, de estudo da Palavra, de concentração com o fim de buscar de batismo com o Espírito Santo. Mas batismo genuíno! Pois muita gente não busca porque acha que não precisa, quando o batismo com o Espírito Santo, os irmãos sabem, que é uma dádiva tão preciosa que Jesus disse para ficar lá até receber. Mas também quem é batizado, renovar-se, renovar-se, renovar-se! É a nossa mensagem. É a mensagem de Atos. Renovação, renovação espiritual. E concluindo, eu deixaria também para o programa, em Romanos 15.29, onde Paulo disse: “eu vou a vocês, até Roma, só que eu vou pregar o evangelho completo”. Ou seja, que Jesus salva, que Jesus cura, que Jesus batiza, que Jesus renova, que Jesus vem outra vez. Ele disse, “eu vou a Roma sim, só eu vou levar o evangelho pleno”.

Que Deus nos conceda viver o evangelho pleno. Em Romanos 15.29 ele disse: “Eu vou a Roma levando o evangelho pleno”. O evangelho que não é pleno, ele é uma benção, ele abençoa. Mas o evangelho pleno, ele é maravilhoso.

Seara News – Quem é o pastor Antônio Gilberto?

Pr. Antônio Gilberto – Eu sou membro da Igreja Assembleia de Deus no Brasil (em Cordovil/RJ). Pela graça de Deus, salvo por Jesus. Ele por sua graça, além de me salvar, me trouxe para o Santo Ministério e nele tem me usado. Mas toda honra, glória, louvor e mérito é dEle e só dEle. E por sua graça Ele também me deu uma esposa (Irmã Yolanda) paciente, compreensiva, que coloca o ombro debaixo da carga e geme sozinha. Eu chego muitas vezes, às vezes a noite eu venho de certos compromissos, lá está ela sentada ou ajoelhada ou em pé orando, orando, orando. Portanto 75, 80, 85 por cento do que eu faço para Deus, eu devo a Deus através dela. Mas eu sou um servo, os irmãos sabem que duas maravilhas na vida do crente, duas grandes maravilhas, é que o crente primeiramente é filho. Filho de Deus só tem um tipo, ou a pessoa é ou não é. Não existe neto, Deus não tem neto. Deus só tem filhos. E em segundo lugar, servo. Filho de Deus só existe um tipo. Mas tem muito tipo de servo, inclusive tem o servo mal e lá no livro de Isaías 42 tem servo cego. Meu Deus! Está lá escrito. Então Deus tem tido misericórdia e nos tem feito filho e servo.

Algumas outras coisas que são seculares, que qualquer pessoa tem. Algumas faculdades. Alguns idiomas. Mas isso é coisa normal que todo mundo pode fazer. Mas a grande maravilha é que eu sou filho, como os irmãos também são filhos. Não são netos, nem afilhados, filhos de Deus! E a maravilha? Ser servo!

Eu agradeço esse privilégio da entrevista e lhe peço o obsequio do irmão editar e, por favor, coloque isso em cinco minutos. (rs) – “As perguntas são muito bem feitas, muito abrangentes. Cada pergunta dessas merecia uma entrevista à parte”. Pr. Antônio Gilberto

Por Pr. Paulo Pontes / Seara News
Obs.: É permitido a copia para republicações, desde que cite o autor e as respectivas fontes principais e intermediárias, inclusive o Seara News informando o link www.searanews.com.br. Mais informações em nossa página: “Jurídico”.

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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Júlio Severo e os calvinistas

 

Wanderley Dantas

Há certo tempo, deparei-me com mais um texto polêmico do apologeta Julio Severo, intitulado “Renato Russo ou Ana Paula Valadão?” Um texto que precisa ser avaliado, principalmente porque, mais uma vez, o autor acerta o alvo e expõe as mazelas e idiossincrasias do ainda muitíssimo imaturo e circunscrito movimento calvinista no Brasil.

Talvez, antes de continuar este artigo, eu deva apresentar abertamente o que penso de Julio Severo. Então, eu devo dizer que cobeligero ao lado dele no apoio a Israel, mas não pelos mesmos motivos de Julio e isso se explica porque temos teologias diferentes.

Também discordo compreensivelmente de seu pentecostalismo, de suas “visões”, “revelações” e outras questões defendidas por ele. Digo “compreensivelmente”, porque entendo que Julio está sendo coerente com suas premissas. E creio que esse é o ponto que me leva a escrever este texto: entre outras questões de seu artigo que posso considerar secundárias, o cerne da denúncia que o Julio faz é que os calvinistas citados por ele (além de tantos outros Brasil afora) simplesmente são incoerentes com a sua própria teologia.

Mas em qual ponto somos incoerentes? Será na música que ouvimos? Será na música que não ouvimos? Será nas novas “revelações” que não cremos? Será nos “sonhos e visões” dos quais nos acautelamos? É preciso discernir especificadamente qual o ponto nevrálgico do texto de Julio, caso queiramos um calvinismo no Brasil que traduza o melhor que esta tradição tem a oferecer à Igreja Evangélica em nosso país. Portanto, eu creio que certos calvinistas brasileiros precisam sair de suas torres de marfim e ouvir com atenção o que o Julio está falando sobre nós. Sigamos portanto.

Como já disse, Julio Severo é um homem coerente com seus valores e com os pressupostos que dão origem tanto a esses valores como aos seus textos publicados na internet. E esta coerência do Julio o leva a perceber a incoerência dos que se dizem cristãos, mas vivem em evidente prática de vida contrária aos valores mais caros do Evangelho, por isso indaga-se Julio: como pode um ministro da Palavra de Deus, um líder que tem sobre seus ombros a responsabilidade de orientar espiritualmente suas ovelhas, recomendar a estas que escutem um declarado defensor da causa gayzista?

Ora, sejamos honestos e nos vejamos com os olhos do Julio, que, na verdade, expressa a opinião de milhares de outros cristãos brasileiros sobre o que seriam tais calvinistas. Julio também traz o fato que esse mesmo ministro da Palavra de Deus execrou uma conhecida cantora gospel por suas músicas pentecostais (e eu mesmo não vou esquecer das estranhas posturas da tal cantora como engatinhar como leão, ter sonhos com botinhas de pitom, etc), mas, evidentemente, nada disso é o ponto profundo no qual Julio quer, de fato, tratar. Estas questões foram apenas a “captação” que nos chamaria a atenção à real tese de Julio contra aquele grupo de calvinistas que ele denunciou em seu texto.

A denúncia de Julio é outra, portanto. Ela se revela quando ele mostra que o problema com calvinistas como Fábio Ribas e tutti quanti não é apenas uma questão de abordagens teológicas diferentes e de pressupostos e hermenêuticas divergentes, mas, direi mais uma vez, o problema é que aquela turma calvinista não é coerente com a própria teologia que afirmam seguir!

Em outras palavras, concordemos ou não com a teologia do Julio e da Ana Paula Valadão, estes ao menos estão sendo coerentes com aquilo que pregam. E creio que é aqui a ferida exposta pelo Julio e que certos calvinistas brasileiros que têm se destacado na blogosfera fariam muito bem se conseguissem se despir de seu corporativismo, de suas agressões verbais e de sua altives intelectual e percebessem os argumentos apresentados por Julio. Ele não é o único que pensa isso sobre aquele grupo de calvinistas e, se queremos realmente nos comunicar com nossa cultura brasileira, precisamos, então, aprender a nos olhar com os olhos dos outros e ver o que temos feito de errado em nossa comunicação do Evangelho. Olhemo-nos, portanto.

O que é o calvinismo brasileiro? Ora, o que o Julio apresenta ao seu leitor como calvinismo é o que este movimento mostrou como frutos tanto na Europa como nos EUA e, agora, na chamada “América Latina” e, especialmente, no Brasil. Os países da Europa que outrora foram calvinistas hoje são pós-cristãos. Alguém aqui poderia argumentar que a culpa disso não é do calvinismo, mas da teologia liberal.

Contudo, foi em ambiente calvinista que nasceu a teologia liberal e suas sandices. Ao menos, caberia ao calvinismo uma resposta à altura às heresias modernas tanto do liberalismo teológico como do marxismo. Todavia, o calvinismo não foi apenas ineficaz em ensinar e influenciar aquela cultura, como, também, viu muitos dos seus próprios teólogos sucumbirem diante desses inimigos.

Assim como ocorreu entre os calvinistas europeus e americanos, a teologia liberal também seguiu fazendo festa e estrago no hemisfério sul. O que Julio vê nos Estados Unidos é a liberalíssima denominação presbiteriana que começou ordenando mulheres e, agora, gays também! E, sinceramente, aos que olham de fora, pouco importam as diferenças entre as denominações presbiterianas lá de fora e as diversas e independentes denominações existentes no Brasil (IPB, IPC, IPU, etc). O fato é que, um dia, o nascedouro de todas elas foi o mesmo: o calvinismo que abraçamos como sendo a melhor interpretação das Sagradas Escrituras.

O que Julio indaga com sinceridade é como que uma teologia de gigantes como João Calvino, John Knox, Jonathas Edwards, os Puritanos, Spurgeon, Francis Schaeffer entre tantos outros, agora, resume-se miseravelmente a ridicularizar o pentecostalismo, que, gostemos ou não, é um viés interpretativo de irmãos em Cristo que são usados para pregar o Evangelho (eu mesmo e minha esposa viemos de Igrejas Pentecostais).

Mas, ainda assim, não é este o ponto central do artigo do Julio. O que o surpreende não é tão somente a oposição de certos calvinistas ao pentecostalismo no Brasil (até porque há calvinistas não-cessacionistas e há os neo-calvinistas também, grupos de calvinistas que têm sido criticados em sua própria casa por possuírem certas características pentecostais), então, o que Julio Severo realmente quer discutir em seu artigo é acertadamente o casamento histórico de um certo calvinismo com o esquerdismo em suas mais diversas vertentes anti-cristãs, antropocêntricas e humanistas!

O que Julio vê é que a chamada “América Latina” abraçou a teologia liberal, pagã e pós-cristã por meio de líderes cultuados como o católico Leonardo Boff e os ex-ministros presbiterianos calvinistas Rubem Alves e Caio Fábio. Forjaram-se aqui no Brasil a partir destes líderes toda a turma do “Evangelho Integral”, Missão Holística” ou qualquer outro nome que você queira dar a essa coisa que apenas valorizou o que não era cristão e promoveu a absorção dos liberalismos teológico e moral nos quais, agora, nossa geração está atolada.

Embora eu saiba que há uma multidão de ingênuos bem intencionados nesta pregação do Evangelho Integral, devo dizer que seus líderes e mentores de ontem sabiam muito bem o que estavam fazendo e onde queriam chegar. E chegaram! Prova disto é a revolução cultural da esquerda na América do Sul e no Brasil implantando sua ideologia abortista, gayzista, imoral e perversa em seus planos de descristianização da nossa cultura à semelhança do que ocorreu na Europa e ocorre hoje nos Estados Unidos.

Enfim, estes são os frutos que o Julio Severo vê da árvore calvinista. Estaria ele errado? Talvez estivesse errado se ele apresentasse suas acusações de maneira generalizada, mas, pelo contrário, ele chama seus denunciados pelo nome exatamente porque ele sabe que há exceções no calvinismo. Em outras palavras, o calvinismo não é isso que alguns calvinistas midiáticos (e casados com o liberalismo e o esquerdismo) tem apresentado à população brasileira. O problema é que esses que foram citados no artigo de Julio têm um poder enorme para moldar as mentes de tantos desavisados, pensa Julio.

Será que nós calvinistas não vamos parar de olhar para o nosso próprio umbigo e, pelo bem do Evangelho, nos perguntarmos por que pessoas como o Julio nos veem assim? Continuaremos fechados em nossos círculos de amigos no facebook, ou em nossas sociedades na blogosfera, sem nos esforçarmos em ensinar fora do nosso arraial? É esta a imagem que queremos fixar na mentalidade de nossa cultura: teólogos discutindo uns com os outros acerca dos temas eternos, protegidos de dentro de nossas torres de marfim, como senhoras degustando seu chá das cinco, enquanto, na verdade, aparentam aos outros apenas que fofocam frivolidades?

O calvinismo que muitos midiáticos têm apresentado ao Julio e a tantos outros é um calvinismo debochado, irônico, seco, desamoroso e, por muitas vezes, vaidoso demais com os que não participam de nossa panelinha intelectual.

Transformamos os outros em uma caricatura e os ridicularizamos e nem percebemos que, mais uma vez, estamos perdendo a chance de ensinar à cultura que nos cerca a razão de nossa fé. Mas, infelizmente, falta-nos o profundo desejo em ensinar, discutir, apresentar argumentos e se auto-criticar diante de irmãos que pensam diferentemente de nós e isso é um mal desse calvinismo que muitos têm apresentado na blogosfera (e fora dela também).

Ou será que o máximo que o calvinismo consegue produzir é a liberdade para escutarmos Renato Russo, Bob Marley e Iron Maden? É isto o calvinismo? Seria isso o calvinismo de Abraham Kuyper? É esta a proposta da Reforma Calvinista? É isto que temos ouvido de Nancy Pearcey e tantas outras vozes que tem se esforçado em colocar o calvinismo para dialogar criticamente com a cultura na qual ele está inserido? Seria esse o Evangelho de Jesus Cristo? Precisamos ter a humildade de aproveitarmos a denúncia de Julio e nos olharmos neste espelho severo antes que seja tarde demais, porque os outros já estão ficando demasiadamente cansados de olharem para nós e ver as flagrantes contradições que temos com a teologia que nós mesmos pregamos.

Julio Severo ou Fábio Ribas? Não me identifico nem com o pentecostalismo de um e nem com aquele calvinismo do outro, mas acredito que devemos abrir diálogo para a construção de uma Igreja mais madura em terra brasileira. Deus tenha misericórdia de todos nós!

Fonte: O Seringueiro

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La tribu perdida de Manasés vuelve a Israel

Creen que es un cumplimiento profético 

 

La tribu perdida de Manasés vuelve a Israel

Miembros de la tribu Bnei Menashe, llegando al aeropuerto de Tel Aviv.

Unos cincuenta miembros de la tribu de Bnei Menashe, que se identifica como la tribu perdida de Manasés, emigra a Israel desde el noreste de la India.

04 DE ENERO DE 2013, ISRAEL

A finales de diciembre, unas cincuenta personas procedentes del norte de la India llegaban a Israel para establecerse en su nueva patria.  Se trata de miembros de la tribu Bnei Menashe, en el noreste de la India, de los que ya han emigrado a Israel unos 2.000, hasta que hace cinco años el gobierno israelí paralizó su ‘aliya’, es decir, el retorno de las tribus, que se considera un cumplimiento profético de un pasaje de Isaías.
Unos cincuenta miembros de la tribu Bnei Menashe llegaron al aeropuerto de Ben Gurion, cuenta Chris Mitchell para CBN News. Esto es porque ha vuelto a ponerse en marcha el retorno de estos indios de religión judía, después de que el gobierno paralizase su llegada hace cinco años.
“Siento como que estoy en casa”, expresó un miembro de la tribu. “Estoy emocionado, abrumado. No puedo explicar con palabras lo que siente mi corazón”, decía otro de los miembros de la tribu. La decisión del Gobierno permitirá continuar con el retorno de unas 7.000 personas.
“Las diez tribus se perdieron para nosotros durante muchos siglos, pero nunca se perdieron en términos de su identidad”, Michael Freund, uno de los impulsores históricos del retorno de este grupo desde la India.
Para él, se trata de un cumplimiento profético. “El profeta Isaías dice ‘al tera qui ka ani’, que significa ‘No temas porque yo estoy contigo’. ‘Me israch avi zerecha’, que se traduce como ‘desde el Oriente traeré tu descendencia”.
“Estos son los descendientes de Israel y ellos están regresando desde el este”, asegura Freund. “Es como si el titular de hoy fuera escrito por el profeta Isaías unos 2.600 años atrás. Es algo fenomenal”.
UNA HISTORIA A DEBATE
Según la historia bíblica, el imperio asirio exilió a la tribu de Manasés de su tierra hace casi 3.000 años. Algunos mantienen que estos exiliados, que se establecieron en el noreste de la India, mantuvieron sus raíces judías durante más de 2.000 años.
En el caso de la tribu de Bnei Menashe, se produjo un importante debate a mediados de la década pasada sobre si realmente se trataba de descendientes de la tribu de Manasés o si, por el contrario, el mito se había establecido en la población a partir de la llegada de misioneros cristianos a esta tierra en el siglo XIX.
Aunque las pruebas de ADN no dieron una confirmación sobre el asunto, hay signo culturales (una canción que recuerda al canto de María, algunos rituales, la tendencia al monoteísmo) que algunos estudiosos han vinculado con las probables raíces judías de, al menos, parte de los pobladores, que seguramente luego se mezclarían con los habitantes del lugar, guardando algunas de las costumbres judías.
ABANDONARON EL CRISTIANISMO
Parte del impulso por regresar a Israel viene, sin embargo, de una visión que tuvo un líder tribal, Challianthanga, en la que veía a su pueblo regresando a Israel. Desde ese momento, la mayoría de los pobladores adoptaron tradiciones judías que combinaron con su fe en Jesús como mesías. Sin embargo, en 1975 se registra que cientos de habitantes de la tribu rechazan definitivamente su fe en Jesús para abrazar un judaísmo ortodoxo.
De hecho, una de las condiciones impuestas por el Gobierno israelí para aceptar esta masiva llegada es la conversión de los 7.200 habitantes de la tribu al judaísmo.
En el regreso de Bnei Menashe han participado también varias organizaciones cristianas.  “De hecho, los profetas dicen que cuando Dios reúna a su pueblo judío de todos los confines de la tierra, los gentiles ayudarían en la tarea”, explicó David Parsons, de la Embajada Internacional Cristiana en Jerusalén.
En enero se espera la llegada de otros 300 miembros de la tribu.

Fuentes: CBN News, Wikipedia

Editado por: Protestante Digital 2013

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