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‘Não há um Deus católico, Jesus é meu professor e meu pastor’, diz papa Francisco

Líder do Vaticano revela mais detalhes sobre a reforma da Igreja

Por Maria Carolina Caiafa | Correspondente do The Christian Post

O papa Francisco, líder da Igreja Católica, segue firme no seu propósito de reforma, acreditando que essa deve ser o seu maior legado. “Este é o início de uma Igreja com uma organização não tão vertical, mas também horizontal”, demonstrou assim a base de suas ideias. E completou: “Estar aberto à modernidade é um dever”.

  • papa
    (Foto: Reuters/Alessandro Bianchi)
    Papa Francisco é o líder católico desde início de 2013, sucedendo Bento XVI.

Na terça-feira (1º), o grupo de oito cardeais convocados pelo argentino começou a apresentar os detalhes para a transformação, colhidos pelo mundo nos últimos meses. No entanto, as mudanças fazem parte de um longo processo.

Na mesma data, foi publicada uma entrevista com o pontífice no jornal italiano La Repubblica. Nessa, Francisco falou sobre sua fé pessoal ao editor ateu Eugenio Scalfari: “Não há um Deus católico, só há um Deus. Creio em Jesus Cristo e em sua encarnação. Jesus é meu professor e meu pastor. Deus, o pai […] é a luz e o criador. Ele é o meu ser”.

O religioso ainda alertou: “Religião sem misticismo é apenas filosofia”.

Outra revelação foi o elogio aos membros da Teologia da Libertação, tendência tradicionalmente atacada pelo Vaticano: “Isso [a perseguição católica] lhes deu um plus político à sua ideologia, mas muitos deles eram crentes com um alto conceito de humanidade”, defendeu Francisco.

Sobre sua escolha para suceder Bento XVI, feita por seus colegas cardeais, no dia 13 de março deste ano (2013), na Capela Sistina, ele comentou: “Minha cabeça estava completamente vazia e uma grande ansiedade caiu sobre mim. Para aliviá-la e relaxar, eu fechei meus olhos e todos os pensamentos se foram, até aquele de não aceitar, o que era permitido pelos procedimentos litúrgicos”.

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E mais uma vez o argentino Jorge Bergoglio falou de humildade. “Igreja missionária e pobre é mais válida do que nunca. […] Essa é a Igreja que Jesus pregava”, lembrou.

Ele criticou o egoísmo. “Não gosto da palavra narcisismo. […] Indica um amor fora de lugar por si mesmo. O verdadeiro problema é que os mais afetados por isso, que na realidade é uma espécie de desordem mental, são pessoas que têm muito poder. […] Muitas vezes, os chefes são narcisistas”, concluiu.

O papa deixou claro sua intenção de descentralização. “Essa visão centrada no Vaticano negligencia o mundo a seu redor e eu farei de tudo para mudá-la”.

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1 em cada 4 padres deixa batina para casar

Segundo movimento das famílias dos sacerdotes casados, 7 mil já pediram dispensa

18 de agosto de 2013 | 2h 04
informações  obtidas no site oestadão.com
Edison Veiga e José Maria Mayrink, de O Estado de S.Paulo

A cada quatro padres brasileiros, um larga a batina para se casar. O dado é do Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados, que estima serem mais de 7 mil os religiosos que solicitaram no País a dispensa do sacramento da ordem em troca do matrimônio. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil não divulga números sobre a questão.

Abel Abati e sua mulher, Neide: 'Não ia ficar solteirão' - Clayton de Souza/Estadão
Clayton de Souza/Estadão
Abel Abati e sua mulher, Neide: ‘Não ia ficar solteirão’

 

São quase 900 anos (desde 1139, no Concílio de Latrão) de história em que padres não podem se casar. O tema é tabu. Nas últimas duas semanas, o Estado entrou em contato com 12 ex-sacerdotes, todos casados. A maior parte deles não quis falar. Outros contribuíram com informações, mas preferiram o anonimato, “para preservar a mulher e os filhos”.

As histórias e opiniões deles, porém, são parecidas. Quase todos declaram que não saíram da Igreja para se casar – mas quedivergiam de muita coisa e o casamento era consequência. Defendem o celibato opcional. Muitos desempenham papéis pastorais em suas paróquias e acompanham com interesse o papa Francisco. “Estamos contentes com o espírito, as palavras e as atitudes cristãs dele. Mas não dá para saber se e como ele vai enfrentar a realidade dos cerca de 150 mil padres casados no mundo”, diz João Tavares, porta-voz do movimento.

O professor Eduardo Hoornaert, que tem 82 anos e mora em Lauro de Freitas (BA), foi padre por 28 anos. Deixou o sacerdócio em 1982, ano em que se casou. Historiador especializado em história da Igreja no Brasil e na América Latina, continuou escrevendoartigos e livros. Afirma que, embora tenha abandonado os ritos, não se desligou do ministério, “pois o ministério é o Evangelho”.

Hoornaert acredita que uma eventual readmissão de padres casados não é prioridade para o papa, que tem outros problemas a resolver. “Formar missionários com boa formação evangélica, sem essa carga de 2 mil anos de dogmas e leis, é a prioridade”, observa. “É preciso reformular o ministério, e o papa Bergoglio sabe muito bem disso.”

Para o historiador, que já participou de encontros de padres casados, esse segmento não parece ser um celeiro de recursos para a alegada falta de sacerdotes no Brasil, porque é heterogêneo. “Alguns padres que se casaram são movidos pelo saudosismo e gostariam de voltar, enquanto outros se adaptaram. A Igreja tem leis e uma delas é a do celibato”, diz Hoornaert. É bom lembrar, acrescentou, que a maioria dos padres casados da associação tem mais de 50 anos. Os mais jovens que deixaram o sacerdócio e se casaram têm outra cabeça.

Otto Euphrásio de Santana trabalhava na pastoral da Arquidiocese de Natal quando deixou o ministério e se casou, após dez anos de batina. Foi uma decisão difícil, sobretudo por causa da família. Seus dois irmãos bispos – o cardeal d. Eugenio de Araújo Sales, arcebispo do Rio; e d. Heitor de Araújo Sales, bispo de Caicó (RN) e depois arcebispo de Natal – fizeram de tudo para que ele não deixasse o sacerdócio. Optou pelo casamento e não se arrependeu. É ligado à Igreja e está entusiasmado com o pontificado de Francisco (mais informações nesta página).

Adaptação social. Morador da Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, e mineiro de Resende Costa, Francisco de Assis Resende, de 72 anos, foi padre por dois anos: atuou em uma paróquia da Vila Pompeia e foi capelão no Hospital das Clínicas. Abandonou a batina, casou-se com uma então estudante de Pedagogia, teve duas filhas e quatro netos. Ficou viúvo em 2010.

Ele conta que o mais difícil é a adaptação à vida social. “Entrei no seminário com 12 anos. Foram outros 12 até ser ordenado.” Cursou Serviço Social e fez carreira na Volkswagen em São Bernardo do Campo, onde conviveu com o então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, e se aposentou. “No começo, me afastei totalmente da Igreja. Tornei-me um agnóstico. Com o passar dos anos, atuei na Pastoral Social. Hoje em dia, só vou à missa aos domingos.”

Nascido em Videira (SC), Abel Abati tem 73 anos e foi padre por quatro – também atuou no Hospital das Clínicas. Em 1970, abandonou a batina. No mesmo ano, se casou com uma enfermeira do hospital, Neide de Fátima, com quem vive até hoje. “Não ia ficar solteirão”, diz. A união resultou em quatro filhos e quatro netas.

Formou-se em Administração e trabalhou em multinacionais farmacêuticas. Nos anos 1980, numa curta carreira política, foi administrador regional – o equivalente a subprefeito – de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Desde então, parou de frequentar a Igreja. “Não quero ter o carimbo de beato.”

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Irmã franciscana diz que Igreja Católica é muito machista

‘As mulheres terão que lutar para poder ampliar o seu trabalho religioso’, considera ela.

Por Maria Carolina Caiafa | Correspondente do The Christian Post

A mineira Priscilla Dutra Moreira, de 50 anos, ou Irmã Priscilla como é conhecida, considera a Igreja Católica como uma das instituições mais machistas na contemporaneidade. Ela pertence à Ordem Franciscana e espera que sua religião aceite o sacerdócio feminino: “Ninguém vai dar isso a nós. Esses avanços não nos serão concedidos pelos homens ou pela Igreja. As mulheres terão que lutar para poder ampliar o seu trabalho religioso”, afirmou ela à Época, sonhando que, no futuro, mulheres possam rezar missas e consagrar hóstias, indo além da evangelização.

  • Priscilla Dutra Moreira, Irmã franciscana
    (Foto: Facebook/Priscilla Dutra Moreira)
    Irmã franciscana, Priscilla Dutra Moreira, defende maior importância feminina na Igreja Católica.

Nas religiões evangélicas, as mulheres têm um papel muito mais importante que as irmãs católicas. Por exemplo, nos cultos, elas têm espaço para expressar sua opinião. São vários nomes de destaque como as bispas Sônia e Fernanda Hernandes e as pastoras Elizete Malafaia, Ludmila Ferber, Marcia Teixeira, Eyshila e Alda Célia, entre tantas outras.

Segundo Papa Francisco, que esteve no Brasil na última semana, liderando a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), “essa porta está fechada”. O pontífice diz que as formulações de João Paulo II impedem o sacerdócio feminino. Mesmo assim, ele valoriza a posição de Nossa Senhora – “Maria foi mais importante do que os apóstolos”- e reconhece ser necessário construir “uma teologia da mulher”.

Priscilla observa que a “questão não é apenas se uma freira pode ou não rezar missa. É mais ampla. Refere-se ao trabalho em si dentro da Igreja. Vários setores são assumidos apenas pelos homens: as tomadas de decisão, os postos dentro do Vaticano, os próprios vicariatos dentro das dioceses. […] Nas periferias do mundo, vemos muitas religiosas e poucos padres trabalhando. A mulher leva a palavra de Deus às pessoas, às comunidades. Ou seja, como vemos hoje, a prática do Evangelho pode ser feminina, mas a Eucaristia é vetada à mulher”.

A irmã considera que várias características femininas são importantes para o trabalho da Igreja: “A Igreja precisa acordar para mudar. Jesus pregava que a fé se realiza através da convivência, da promoção humana, e as mulheres já fazem isso com extrema dedicação e ternura. […] A nossa forma de nos relacionar com as pessoas é diferente. Os homens são mais racionais e mais durões. E hoje as comunidades estão mais carentes, precisam de carinho. […] A mulher gera a vida, traz a alegria”.

A religiosa explica o significado de teologia da mulher: “A Igreja ainda não permitiu essa especificação defendida pelo papa Francisco. Seria uma teologia voltada para o estudo religioso a partir de uma visão feminina de Deus. Todos nós devemos lembrar que a boa notícia da ressurreição de Jesus foi dada por uma mulher. Foi uma mulher a escolhida e não um homem. A Igreja reduz a importância desse anúncio”.

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Irmã Francisca tem um currículo internacional e de peso: formou em Ciências Religiosas na Itália, fez trabalhos de campo em comunidades carentes na Bolívia e é diretora pedagógica do Instituto Francisca Paula de Jesus, localizado no Méier, zona norte do Rio de Janeiro [RJ].

Parar ler a entrevista completa, acesse o site da Época.