A descoberta é composta de três caixas esculpidas em pedra, com cerca de 20 centímetros de altura, usadas para armazenar objetos do culto.
“Seu design meticuloso correspondem às descrições bíblicas do palácio e do Templo de Salomão”, disse Garfinkel, que passou cinco anos escavando Khirbet Qeiyafa, também conhecida como a “Fortaleza de Elá”, uma cidade cercada por muralhas e localizada estrategicamente entre Jerusalém e as cidades habitadas pelos filisteus.
O Antigo Testamento narra com grande detalhe os reinados de Davi e Salomão, durante o século 10 aC, mas até hoje há pouquíssimas evidências que confirmem sua magnitude ou até mesmo a sua existência. Em Jerusalém há abundância de vestígios do período do Segundo Templo (século 6 aC), mas as referências ao primeiro Templo ainda são objeto de debate acadêmico e político.
Um deles é um muro de 70 metros, com uma alta torre de vigia que foi desenterrada perto das muralhas da cidade antiga de Jerusalém, dois anos atrás. Ela foi identificada como um possível trabalho do rei Salomão. Estruturas fortificadas do mesmo tamanho foram encontrados em Khirbet Qeiyafa, cuja construção data entre os séculos 10 e 11 aC.
Entre os achados de agora estão peças de cerâmica, ferramentas feitas de pedra e metal, obras de arte, e três salas que serviriam de santuários. Os itens encontrados, diz Garfinkel, revelam que as pessoas que viviam ali eram monoteístas e não tinham um ícone. Ou seja, não adoravam imagens de escultura de seres humanos ou animais. Os israelitas da Bíblia eram assim, muito diferentes dos povos vizinhos.
“Ao longo dos anos, milhares de ossos de animais foram encontrados, incluindo ovelhas, cabras e gado, mas nunca de porcos. Agora descobrimos três salas de culto, com vários apetrechos, mas nenhuma imagem de culto humana ou animal foi encontrada”, disse Garfinkel.
“Isto comprovaria que a população local obedecia duas proibições bíblicas – carne de porco e imagens esculpidas. E também que seu culto diferia dos cananeus ou dos filisteus”.
Pequenos “santuários portáteis” ou “miniaturas” foram descobertos no local. Eles possuem marcas que os arqueólogos acreditam serem capazes de esclarecer o significado de algumas palavras bíblicas que perderam o seu verdadeiro significado ao longo do tempo.
Na descrição do palácio de Salomão, em 1 Reis 7:1-6, por exemplo, a palavra “Slaot” foi traduzida como “pilares”, mas agora eles dizem que seria melhor ser entendido como “triglifos”, que seriam as vigas do telhado, também comuns nos templos gregos. O termo “Sequfim”, que já havia sido traduzida como “três ordens de janelas”, agora está sendo entendida como “três portas de entrada rebaixadas”.
Foram encontradas casas na cidade cuja altura é exatamente duas vezes sua largura, como são muitos edifícios de Jerusalém. Esse seria o teste de conexão entre a capital e o que se acredita que foi a cidade bíblica de Saaraim, habitada nos tempos de Davi e Salomão e mencionada nos livros de 1 Samuel e 1 Crônicas.
“Saaraim, aqui no Vale de Elá, significa “duas portas”. É uma cidade única do período do Primeiro Templo, pois possuía duas portas de entrada, todas as outras tinham apenas uma”, disse.
Para os pesquisadores, essas últimas descobertas reforçam a corrente de estudo que vê na Bíblia um relato confiável dos acontecimentos históricos. “A precisão das descrições não nos deixa outra opção, mas quem ainda não acredita me explique como tal similaridade é possível”, finaliza Garfinkel.
Hershel Shanks, editor da revista Biblical Archaeology Review, disse ao Christian Post que as descobertas são “extremamente interessantes” e que nem 20% do local foi escavado ainda, então o mais é provável que podem haver algumas surpresas pela frente”.
Data: 10/5/2012 09:16:43
Fonte: Christian Post