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Grupo católico é investigado por abuso psicológico e humilhações em SP

Arautos do Evangelho prega um castigo divino e uma luta entre os filhos da Luz contra os filhos das trevas

Grupo Católico. (Foto: Reprodução / Rede Globo)

Uma reportagem do Fantástico deste domingo (20) denunciou o grupo católico Arautos do Evangelho que mantém um internato na região da Serra da Cantareira, em São Paulo.

Fundado em 1999 após a saída do monsenhor João Clá Dias da TFP (grupo conservador católico que defende a tradição, família e propriedade), os Arautos foram reconhecidos pelo Vaticano em 2001 como associação religiosa.

As denúncias contra o grupo vem de famílias de ex-internos que relatam casos de abuso psicológico, humilhações, assédio e até estupro. No total, 40 pessoas fizeram denúncias ao Ministério Público de São Paulo.

As mães falaram ao Fantástico que seus filhos mudaram de comportamento e foi assim que elas identificaram que algo estava errado.

“Meu filho tinha medo de vir pra casa, meu filho achava realmente que o mundo ia acabar. E que a única salvação dele era dentro dos Arautos do Evangelho”, revelou uma mãe.

Ex-alunos declararam que o internato colocava os jovens contra suas famílias. “Eles ensinavam que a gente não tinha que amar nossos pais, como se eles tivessem ensinado tudo que é de ruim que a gente aprendeu no mundo foi eles que ensinaram”, disse uma jovem que estudou no internato.

Os Arautos do Evangelho pregam sobre a “Bagarre”, uma espécie de castigo universal. Uma ex-interna explicou que a crença difundida pelo grupo é que Deus irá punir a humanidade por conta de seus pecados, com a natureza se revoltando contra o homem e demônios apareceriam para confrontar os filhos da Luz.

“Os filhos da luz são os Arautos e os filhos de trevas somos todos nós, todo o resto. Inclusive, lá dentro, eles têm treinamento pra preparar essas pessoas pro momento da bagarre”, esclareceu a ex-aluna.

Outros denunciantes ainda alegam que sofreram abuso sexual e estupros. Uma moça revelou que, quando tinha 13 anos, foi acordada pela encarregada do alojamento para tomar banho e então percebeu que estava com sangramento e tinha a região íntima inchada e irritada. A jovem acredita que foi dopada.

Outra menina, hoje morando no Canadá, denunciou o próprio João Clá por fazer carícias em seus seios e nádegas, os abusos aconteceram dos 12 aos 16 anos. Uma terceira menina também relatou abusos.

“Ele me chamou depois da missa, entramos na sacristia e aí, quando tava sacristia, vi que ele deu um beijo em uma menina. Eu fiquei pensativa: será que esse beijo é na boca ou na bochecha? Então quando ele me deu um beijo na boca, eu fiquei pensando: ‘Deus o que é isso?’ Uma menina que vivia na Colômbia comigo também me contou que ele deu um beijo na boca. Então eu perguntei e ela disse que bom, então recebeu a graça”.

Em resposta ao Fantástico, os Arautos do Evangelho declarou que a denúncia dos beijos é mentira e fala até em transformar o processo em “denunciação caluniosa” após a conclusão das investigações.

João Clá não é mais presidente do grupo, ele teve um acidente vascular cerebral e em 2017 renunciou ao cargo. A delegacia que investiga o caso já ouviu os representantes do grupo.

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Justiça acata pedido de ateus e ordena retirada de monumentos dedicados à Aparecida

Ação contestava o uso de verbas públicas para a construção dos monumentos.

Estátua de Nossa Senhora. (Foto: Reprodução / TV Vanguarda)

Na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, estava em andamento a construção de uma grande estátua de Nossa Senhora, um projeto que foi barrado pela Justiça após uma ação movida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA).

Na ação, o grupo reclama do uso de verba pública para a promoção da fé católica.

A grande estátua serviria para comemorar os 300 anos do encontro da Imagem da Santa no Rio Paraíba do Sul.

A juíza Luciene Bela Ferreira Allemand aceitou a denúncia, pedindo a remoção de peças em homenagem à Padroeira instaladas em cinco pontos da cidade, conforme reportagem do G1.

“Por certo que o Município é conhecido por abrigar o Santuário Nacional e possuir um vasto comércio religioso e turístico, que fomenta a economia local. Porém, não se pode permitir a subvenção de uma religião específica pelo Poder Público, tampouco que as verbas públicas seja utilizadas para construção de obras religiosas quando existentes outras destinações de suma importância, em evidente a má utilização dos recursos públicos”, diz a decisão da juíza.

A sentença também determina a revogação das áreas doadas e ainda condenou o prefeito afastado de Aparecida, Ernaldo Marcondes, ao ressarcimento dos valores empenhados para a implantação dos monumentos.

Publicada na semana passada, a decisão judicial ainda determina a “proibição definitiva” do financiamento pela prefeitura de obras referentes à religião. Cabe recurso.

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Santa Teresa de Ávila e sua assustadora visão do inferno

Teresa of Avila

Foi algo terrível, mas que fez Santa Teresa se lembrar da misericórdia de Deus
Embora Santa Teresa de Ávila tenha experimentado algumas das experiências mais extáticas da presença de Deus já registradas, ela também teve visões do inferno.Em sua autobiografia, ela escreve sobre uma dessas visões e como isso a atormentou pelo resto de sua vida:

“Eu me encontrava, como eu pensava, mergulhada diretamente no inferno. Percebi que era da vontade do Senhor que eu visse o lugar que os demônios tinham preparado para mim e o qual eu merecia por meus pecados. Isso aconteceu no menor espaço de tempo, mas acredito que seria impossível para mim esquecê-lo. A entrada, pensei, parecia uma passagem muito longa e estreita, como uma fornalha, muito baixa, escura e bem confinada; o chão parecia estar cheio de água que lembrava lama suja e fedorenta, e nela havia muitos répteis de aparência perversa. No final, havia um lugar oco escavado em uma parede, como um armário, e foi ali que eu estava, em confinamento. Mas a visão de tudo isso foi agradável em comparação com o que eu senti lá … Acho que meus sentimentos não poderiam ser exagerados, e ninguém pode entendê-los. Senti um fogo dentro da minha alma, cuja natureza sou totalmente incapaz de descrever … Fui colocada neste lugar que parecia um buraco na parede, e aquelas mesmas paredes, tão terríveis à vista, caíram sobre mim e me sufocaram completamente. Não havia luz e tudo estava na maior escuridão”. 

Foi uma experiência aterrorizante, mas ela entendeu completamente por que Deus permitiu que ela visse em primeira mão os tormentos do inferno:

“A visão foi um dos mais favoráveis ​​sinais que o Senhor me concedeu: foi um grande benefício para mim, tanto ao tirar de mim todo o medo das tribulações e decepções desta vida, como também ao me fortalecer e dar graças ao Senhor, que, como agora acredito, me livrou de tais tormentos terríveis e intermináveis.”

Ela entendeu que, se não tivesse se afastado do vício e adotado uma vida de virtude, esse seria seu destino. Teresa agradeceu a Deus pelas muitas graças que recebeu e por sua misericórdia ao poupar seu tormento.

Além disso, essa visão levou Santa Teresa a sentir grande tristeza pelas pessoas que se aproximavam daquele destino, por meio de suas escolhas deliberadas:

“Também me inspirou com impulsos fervorosos para o bem das almas: pois realmente acredito que, para libertar um delas dessas torturas terríveis, morreria de bom grado muitas mortes. Afinal, se vemos alguém na terra que é especialmente querido por nós sofrendo grandes provações ou dores, nossa própria natureza parece nos levar à compaixão, e se os sofrimentos são severos, eles também nos oprimem.”

O inferno é um lugar muito real e, embora não deva ser nossa única razão para escolher a virtude em vez do vício, é um bom ponto de partida e deve nos levar a uma vida unida a Deus. Nossas escolhas são importantes e a boa notícia é que podemos mudar nossas vidas, não importa o quão longe seguimos no caminho errado.