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Padre mantinha relações sexuais com menor e depois celebrava missas: Eu sentia nojo, diz vítima

Padre também era padrinho da vítima

Padre também era padrinho da vítima Foto: Reprodução

Andréa Machado

G1.com

Foram seis anos de uma relação de abusos que a jovem, hoje com 19 anos, quer esquecer. Com o padre Emilson Soares Corrêa, indiciado por estupro de vulnerável, a vítima resolveu falar sobre seu drama que começou aos 13 anos.

– Eu sentia nojo. Ele nunca deveria ter feito isso comigo. O pior é que ele mantinha relações sexuais comigo e depois celebrava missa, dava hóstia na boca dos outros – conta a jovem.

As relações começaram quando Emilson era pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Cubango, em Niterói. Depois, quando ela se mudou para a casa da mãe, em São Gonçalo, o padre também foi transferido para uma paróquia próxima, a Nossa Senhora do Amparo, no bairro Antonina.

Emilson era pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Cubango, em Niterói

Emilson era pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito,
no Cubango, em Niterói Foto: Andréa Machado / Extra

Era na casa paroquial das duas igrejas que o padre abusava dela, sua afilhada de batismo. Para convencê-la a ficar com ele, o padre oferecia presentes:

– Logo depois do meu batizado, quando eu tinha 13 anos, ele começou os abusos. Passava a mão no meu corpo, me oferecia vários presentes, tomávamos banhos juntos… O ato sexual começou quando eu tinha uns 15,16 anos. Ele dizia que ia me dar uma moto, depois um carro, arrumou a minha casa…

Padre também era padrinho da vítima

Padre também era padrinho da vítima Foto: / Reprodução

Padre é indiciado por abuso de menina de 7 anos

Emilson Soares Corrêa foi indiciado pelo estupro da irmã da jovem que decidiu desabafar. A menina, hoje com 10 anos, foi abusada quando tinha 7 anos.

O EXTRA teve acesso a um vídeo, feito pela vítima mais velha, que mostra Emilson fazendo sexo com uma adolescente em plena casa paroquial. Segundo a vítima, que armou a situação para denunciar o padre, a garota teria 15 anos.

Vítima filmou padre com menina de 15 anos para levar à polícia

Vítima filmou padre com menina de 15 anos para levar à polícia Foto: Reprodução

Padre foi gravado fazendo sexo com menina de 15 anos

Padre foi gravado fazendo sexo com menina de 15 anos Foto: Reprodução

A denúncia foi levada à delegacia pelo pai das meninas. Segundo ele, foi sua ex-mulher que flagrou a filha mais velha discutindo com o padre. Na ocasião, ela revelou à mãe que se relacionava sexualmente com o padrinho.

– Quando soube que minha filha mais velha estava sendo abusada, perguntei à mais nova se havia ocorrido algo com ela. Ela disse que durante um passeio a um sítio, quando tinha sete anos, o padre tocou em sua partes íntimas – contou ele.

Sacerdote é suspenso pela Arquidiocese

Diante da denúncia, a Arquidiocese de Niterói informa que decidiu pela “suspensão temporária do sacerdote”. Atualmente, o padre não é responsável por nenhuma paróquia. O órgão também alegou, em nota, que a acusação está sendo investigada e que “o próprio sacerdote levou a denúncia ao conhecimento do Ministério Público, para que apure a veracidade ou não da mesma”.

A delegada Marta Dominguez disse que só aguarda um depoimento do pai das vítimas para encerrar o inquérito. O padre foi procurado em quatro números de telefone – inclusive aqueles citados em seu depoimento – mas não foi encontrado.

Advogado admite que padre fez sexo com ex-coroinha: ‘A carne é fraca’

O padre Emilson deixa a delegacia

O padre Emilson deixa a delegacia Foto: Bruno Gonzalez / Extra

Rafael Soares

“A carne é fraca. O padre também é um ser humano”. Assim o advogado Roberto Vitagliano justificou a postura de seu cliente, Emilson Soares Côrrea. O pároco foi filmado quando fazia sexo com uma jovem, que seria menor de idade, na casa atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no bairro do Cubango, em Niterói. Segundo Roberto Vitagliano, Emilson admite que manteve relações com a garota, ex-coroinha, quando ela tinha 18 anos – e não 13 como denunciado pela família. Quanto à denúncia de abuso da irmã da jovem – que teria começado quando ela tinha 7 anos -, o padre nega.

– Ele manteve sim relações (com a jovem) desde o ano passado. É uma moça lúcida, bonita e insinuante. Sabia o que estava fazendo – disse o advogado.

O advogado admitiu que o padre fez sexo com a ex-coroinha

O advogado admitiu que o padre fez sexo com a ex-coroinha Foto: Rafael Soares / Extra

Segundo Vitagliano, o padre foi seduzido pela garota:

– O Emilson é uma pessoa simples e apuração dos fatos mostrará que ele é uma vítima. Tanto que comunicou tudo o que aconteceu ao Ministério Público, em novembro do ano passado, antes de os fatos virem à tona. Essa acusação de estupro é uma deslavada mentira. A criança está sendo manipulada pelo pai.

O advogado não quis comentar o vídeo em que Emilson aparece em cenas de sexo com uma jovem porque não teve acesso a eles.

O padre, numa das cenas do vídeo

O padre, numa das cenas do vídeo Foto: / Reprodução

Suspeita de extorsão

A delegada Marta Dominguez, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói, disse, nesta terça-feira, que o pai que acusa o padre Emilson de abusar sexualmente de suas duas filhas pode ser indiciado por extorsão. Isso porque, segundo a delegada, testemunhas que foram à Deam contaram, em depoimento, que o pai chantageava o pároco: caso ele não desse dinheiro ou uma casa para a família, tornaria o vídeo em que Emilson aparece com uma das vítimas público

A delegada disse que o pai da menina pode ser indiciado por extorsão

A delegada disse que o pai da menina pode ser indiciado por extorsão Foto: Rafael Soares / Extra

A delegada já pediu que o pai leve o vídeo à delegacia. Caso ele não o faça em 48 horas, poderá ser indiciado por desobediência. O padre Emilson já responde por estupro de vulnerável. Marta Dominguez estuda o indiciamento dele também por exploração sexual.

O pai das jovens negou a acusação:

– Não existiu nenhum tipo de oferecimento nem de dinheiro nem de imóvel. Tudo está documentado e comprovado.

Ele contou que o padre ia à casa deles pelo menos uma vez por mês:

– Era um absurdo. Minha esposa beijava a mão dele.

Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/advogado-admite-que-padre-fez-sexo-com-ex-coroinha-carne-fraca-7676986.html#ixzz2M5ir09Ey

06-06-16 013

Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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Artigos Estudos

¿San Pedro fue el primer Papa?

HISTORIA

Mario Escobar Golderos

 

Historia e historias de los Papas (1)

¿San Pedro fue el primer Papa?

La Iglesia Católica en su defensa del papado como institución divina argumenta fundamentalmente el texto de Mateo 16: 13-20.

25 DE FEBRERO DE 2013

Hace no mucho tiempo el actual papa de Roma, Benedicto XVI, sorprendía al mundo por su abdicación o renuncia. No es muy común que un Papa deje su cargo en vida, aunque tampoco es el único caso. En unas semanas estaremos hablando de los papas, su historia y contradicciones.
Espero que disfruten de esté viaje al corazón de la Iglesia Católica Apostólica Romana.
El título de papa ha sido discutido a lo largo de la historia. El obispo de Roma, que era como se conocía al papa en los primeros siglos de la Cristiandad, ha sufrido una evolución en estos casi dos mil años de historia hasta convertirse en lo que es hoy. De un sencillo obispo o pastor de los fieles de Roma a un representante del cristianismo en la parte occidental del Imperio Romano, para convertirse más tarde en representante de Dios en la Tierra, infalible en doctrina y uno de los hombres más poderosos del planeta. La pregunta es: ¿Realmente Cristo dejó a un representante suyo en la Tierra? ¿Es el papado una apropiación indebida de la Iglesia Católica?
Cuando Cristo se apareció a sus discípulos tras la resurrección y les ordenó la Gran Comisión de hacer discípulos por toda la tierra, tuvo un trato especial con el apóstol Pedro, que siempre había destacado como uno de los líderes del grupo.
La Iglesia Católica en su defensa del papado como institución divina argumenta fundamentalmente el texto de Mateo 16: 13-20en el que Jesús hace toda una declaración sobre Pedro, que ha reconocido que era el Cristo. El texto dice lo siguiente:
13 Viniendo Jesús a la región de Cesarea de Filipo, preguntó a sus discípulos, diciendo: ¿Quién dicen los hombres que es el Hijo del Hombre?
14 Ellos dijeron: Unos, Juan el Bautista; otros, Elías; y otros, Jeremías, o alguno de los profetas.
15 El les dijo: Y vosotros, ¿quién decís que soy yo?
16 Respondiendo Simón Pedro, dijo: Tú eres el Cristo, el Hijo del Dios viviente.
17 Entonces le respondió Jesús: Bienaventurado eres, Simón, hijo de Jonás, porque no te lo reveló carne ni sangre, sino mi Padre que está en los cielos.
18 Y yo también te digo, que tú eres Pedro,[a] y sobre esta roca[b] edificaré mi iglesia; y las puertas del Hades no prevalecerán contra ella.
19 Y a ti te daré las llaves del reino de los cielos; y todo lo que atares en la tierra será atado en los cielos; y todo lo que desatares en la tierra será desatado en los cielos.
20 Entonces mandó a sus discípulos que a nadie dijesen que él era Jesús el Cristo.
Jesús había cambiado con anterioridad el nombre de Simón de su discípulo por Pedro que quiere decir textualmente piedra. ¿Estaba reconociendo Jesús a Pedro como su máximo representante en la tierra?
Naturalmente, una lectura apresurada nos hace ver que Jesús se está refiriendo a Pedro como una especie de sustituto, pero cuando hacemos una lectura más detallada vemos algo muy distinto.
Jesús se había anunciado en varios momentos como la roca. El autor de la Epístola a los Romanos habla de Cristo como la roca de Sion [1] . El apóstol Pablo, en su primera epístola a los Corintios capítulo 10 y vero 4 dice textualmente: ”y todos bebieron la misma bebida espiritual; porque bebían de la roca espiritual que los seguía, y la roca era Cristo”.
Pero el mismo apóstol Pedro reconoce a Cristo como la Roca en su epístola: “ Piedra de tropiezo, y roca que hace caer, m porque tropiezan en la palabra, siendo desobedientes; a lo cual fueron también destinados[2] ”.
Por otro lado tanto el libro de Los Hechos de los Apóstoles, como todo el Nuevo Testamento nos habla de un gobierno colegiado apostólico, sin caer en una monarquía dirigida por el apóstol Pedro.
Entonces, ¿cómo tenemos que interpretar el texto de Mateo?
Cuando Pedro reconoce que Jesús es el Cristo, está reconociendo que es el Mesías enviado por Dios para salvar al hombre. Entonces Jesús hace un juego de palabras, diciendo como tú eres Pedro, sobre esta piedra o declaración que has hecho edificaré mi iglesia. ¿Sobre qué declaración? La de que Jesús es el Cristo esperado.
Aún puede surgir una duda, ¿por qué le da a Pedro las llaves?
En primer lugar Jesús vuelve a referirse a la verdad que dice Pedro más que a su persona. En el evangelio de Lucas capítulo 11 y versículos 52 dice a los escribas y fariseos:
“!!Ay de vosotros, intérpretes de la ley! porque habéis quitado la llave de la ciencia; vosotros mismos no entrasteis, y a los que entraban se lo impedisteis”.
El apóstol Pedro había encontrado la llave interpretativa de las Sagradas Escrituras al ver en Cristo el cumplimiento de las promesas, por eso él tenía las llaves y con su mensaje podía condenar o salvar al mundo al proclamarlo, ya que el que lo aceptaba era salvo, pero el que no lo aceptaba era condenado.
El hecho de atar y desatar cosas en el Cielo y en la Tierra es el resultado de la predicación de esa verdad de que Jesús es nuestro salvador, por eso el mismo Cristo incluirá en ella a todos los creyentes al decir en Mateo 18:18:
De cierto os digo que todo lo que atéis en la tierra, será atado en el cielo; y todo lo que desatéis en la tierra, será desatado en el cielo” .
En la profecía de Isaías 22:22 vemos como el profeta habla del poder de Cristo para abrir y cerrar: “ Y pondré la llave de la casa de David sobre su hombro; y abrirá, y nadie cerrará; cerrará, y nadie abrirá”. Aunque algunos católicos han interpretado este texto referido a Pedro y sus sucesores en Apocalipsis 1:18, vemos que únicamente uno puede abrir las puertas de los cielos y el Hades: “ y el que vivo, y estuve muerto; mas he aquí que vivo por los siglos de los siglos, amén. Y tengo las llaves de la muerte y del Hades”.
Para concluir. ¿Es pues el papa el vicario de Cristo? ¿Necesitamos un intermediario para que Dios nos hable? La Biblia nos dice que el único abogado que tenemos para con el Padre es Cristo, que Él intercede por nosotros y que Él nos defiende de las acusaciones del Diablo.
Según la Biblia todos somos reyes y sacerdotes, no hace falta una casta sacerdotal que haga ciertos ritos, porque el Sumo Sacerdote, según el orden de Melquisedec, que es anterior al pacto de Abraham, es Cristo, convirtiéndose también en sacrificio vicario, una vez y para siempre [3] .
En las próximas semanas veremos la historia de los papas y su evolución hasta la actualidad.


[1]  Romanos 9:33

[2]  1ª Pedro 2:8.

[3]  Leer el libro de Hebreos.

Autores: Mario Escobar Golderos

©Protestante Digital 2013

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Artigos

Muitos usam cargos na igreja só para obter benesses, diz presidente da CNBB

25/02/2013 – 05h30

folha.com

 

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)

Sucessão PapalNa véspera de embarcar a Roma, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, disse que a renúncia do papa Bento 16 representa um "gesto profético" diante das divisões internas da Igreja Católica provocadas por "carreirismo".

"Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético", disse à Folha dom Damasceno, 76, um dos cinco cardeais brasileiros que estarão no conclave, a ser realizado logo após a saída de Bento 16, nesta quinta-feira.

Anfitrião do papa durante visita ao Brasil, em 2007, dom Damasceno disse que o principal legado do pontífice alemão será o seu magistério e que, apesar de grande intelectual, deixa uma lição de humildade e simplicidade.

Juca Varella/Folhapress

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

Antes, em missa celebrada às 8h, dom Damasceno havia exortado a uma basílica lotada a pedir a Deus que os cardeais "possam também estar abertos aos sinais dos tempos de hoje" durante o processo de escolha para o novo papa.

O cardeal também falou em entrevista coletiva, quando endossou a recente crítica do papa à "hipocrisia dentro da igreja": "Muitas vezes, você prega, anuncia e nem sempre vive o que está pregando".

Também ali, dom Damasceno admitiu que "há pessoas em que eu penso mais" para o papado, mas que só decidirá o seu voto durante os encontros em Roma: "Ninguém tem uma estrela na testa para ser identificado como o candidato ideal".

A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha:

*

Folha – O que significa "sinais dos tempos" para o senhor?
Dom Raymundo Damasceno Assis – Significa mudanças profundas que todos nós experimentamos. Estamos falando hoje de uma mudança de época, e não de uma época de mudanças. Não são mudanças superficiais, mas que atingem a pessoa, os seus valores, o seu modo de viver, o seu estilo de vida, a sua maneira de julgar as coisas e de se relacionar com Deus, com o próximo, com a natureza.
O avanço das comunicações está afetando as pessoas no comportamento, nos valores, nas relações. Basta pensarmos hoje no celular, na internet, em todos esses meios modernos de comunicação, blog, YouTube etc.
Há a crise pela qual a família passa, o modelo de família hoje. São muitas as mudanças que estamos enfrentando, e a igreja tem de estar atenta a isso. São sinais dos tempos que nos falam também e que, portanto, o papa e nós, os bispos, temos de estar atentos para responder pastoralmente.
São muitos os desafios, não podemos desconhecer que a igreja também vive neste mundo, numa realidade histórica, não é só humana e divina. E a missão da igreja é responder a esses desafios com o anúncio do Evangelho. Sem perder a fidelidade do Evangelho, mas tem de atualizá-lo. Como fazer? Com que linguagem? De que maneira? Esses são os grandes desafios que nós temos pela frente.

Qual legado o papa Bento 16 deixará para a igreja?
Ele nos deixa um legado muito rico quanto ao magistério. Grande teólogo, grande pensador, mesmo antes de ser papa, como sacerdote, como professor em uma das principais universidades da Alemanha. Depois, como cardeal em Munique e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ele publicou muitos textos, muitos livros.
Como papa, infelizmente não deixou as três encíclicas que esperávamos. Deixou uma sobre a caridade, sobre a esperança, mas faltou a encíclica sobre a fé. As homilias, as audiências gerais às quartas-feiras são riquíssimas.
Muitos comparavam o papa Bento 16 aos grandes padres do início da igreja, tamanha a riqueza teológica. Será apreciado ainda mais com o passar do tempo.
O papa Bento 16 é chamado de conservador, mas inovou ao renunciar pela primeira vez em mais de 600 anos. O ato abriu uma discussão sobre os rumos da igreja, como a fala recente de um cardeal escocês a favor do fim do celibato?
Primeiramente, você vê que esse termo conservador/progressista é relativo. Muitas vezes, chama-se um papa de conservador e ele faz inovações extraordinárias.
João 23 (1958-63) era considerado conservador. Ele começou a usar aquela toca que nenhum papa mais usava e estabeleceu o latim para a igreja, para Roma, num sínodo em que ele realizou.
E, no entanto, foi ele quem convocou o Concílio Vaticano 2º, que maior repercussão teve na vida da igreja.
O papa Bento 16 realmente inovou nesse sentido. Ninguém esperava essa renúncia. Sabíamos que o papa estava fragilizado fisicamente, faltava força, vigor, como ele disse, do ponto de vista físico e também de espírito.
Isso todo mundo sentia e via pela televisão, mas não se esperava que viria a renunciar. Foi um gesto de humildade, porque reconheceu as suas limitações e não ficou apegado ao poder. Quantos ficam apegados ao poder mesmo estando doente, que não largam de jeito nenhum, que se acham insubstituíveis?
Foi também um gesto de coragem, porque ele tem consciência da repercussão que teria o seu ato. Estamos vendo pelos meios de comunicação o impacto que a renúncia teve em toda a igreja.
E é um sinal profético. Se nós estamos preocupados com poder, com carreirismo na igreja, como ele fez aceno em algumas homilias, que é um dos pecados da igreja, essa busca do poder que cria divisão na igreja, então ele diz: "Eu renuncio, o cargo não é fundamental pra mim, eu cumpri a minha missão até quando eu podia cumprir. O apego ao poder, as honras, a glória do cargo, entrego a quem conduzir melhor a igreja no momento de hoje".
Com a consciência tranquila de quem cumpriu seu dever diante de nós. É um exemplo pra todos. Aqui em Aparecida, o papa nos deu um exemplo de humildade, de simplicidade, até um pouco tímido.

O sr. mencionou o carreirismo. Esse é o grande motivo da divisão interna?
O papa Bento 16 fez uma alusão a isso. Muitas vezes a pessoa está usando o seu cargo não para servir. [Mas] muitas vezes, quem sabe, em busca de benesses, até para se promover mais ainda.
Ele não citou nomes, mas deu a entender que a comunhão é fundamental na igreja, que é fundamental entender na igreja que todo cargo é serviço, serviço à igreja, à comunidade, à sociedade.
Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas, ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético.

Em 2007, o sr. disse que havia chegado a hora de a América Latina evangelizar a Europa. Essa percepção deveria ser levada em conta na escolha do papa?
Eu digo sempre que o continente não é decisivo, mas a América Latina está contribuindo hoje para a evangelização da Europa, da África, da Ásia. É um fato, é verdade.
Quantos brasileiros hoje, padres, membros de novas comunidades e leigos consagrados estão na Europa no campo da evangelização, da comunicação?
Então a América Latina está contribuindo para a Europa, embora não tanto quanto nós gostaríamos.
Mas isso não quer dizer que seja o critério decisivo para a escolha do papa.

Então quais são esses critérios?
Um perfil que atenda às necessidades de hoje da igreja. Isso se faz num processo de discernimento, num clima de oração e reflexão, de partilha de experiências durante o conclave, talvez até antes do conclave, nos contatos entre os cardeais.
É muito difícil antecipar isso, mas, de um modo geral, é uma pessoa de experiência pastoral, de diálogo, que promova o diálogo no mundo de hoje entre os povos, entre as religiões, cristãs e não cristãs, uma pessoa sensível aos problemas sociais. E preparado também do ponto de vista teológico, filosófico, intelectual. É um conjunto de elementos.

Como presidente da CNBB, o que o senhor quer falar ao novo papa?
Os nossos anseios são de uma igreja missionária, dinâmica, uma igreja capaz de renovar-se para cumprir sua missão, que quer justamente estar no estado permanente de missão. Essa missão não é só dos bispos, mas de todo cristão e de todo batizado.
Uma igreja solidária com os pobres sobretudo, que esteja a serviço do mundo, e não o mundo a serviço da igreja.